sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

ONU aprova resolução que pede cessar-fogo imediato em Gaza

Documento fala em retirada das tropas israelenses do território. Texto teve 14 votos a favor e a abstenção dos EUA.

Do G1, com agências internacionais

O Conselho de Segurança da ONU aprovou nesta quinta-feira (8) uma resolução que pede cessar-fogo imediato na Faixa de Gaza, a retirada das tropas israelenses e a entrada sem impedimentos de ajuda humanitária no território palestino.

O texto, aprovado por 14 votos a favor e a abstenção dos Estados Unidos, assinala "a urgência e faz um apelo ao cessar-fogo imediato, duradouro e plenamente respeitado, que leve à completa retirada das forças israelenses de Gaza."

A resolução "condena todo ato de violência e hostilidade dirigido contra civis e todo ato de terrorismo", sem citar diretamente os disparos de foguetes do grupo radical palestino Hamas contra Israel.

O documento defende ainda uma paz baseada na visão de uma região onde dois estados democráticos, Israel e Palestina, convivam em paz, com fronteiras seguras e reconhecidas.

Desde o início da ofensiva israelense em 27 dezembro, 763 pessoas morreram do lado palestino e 12 em Israel. Os feridos ultrapassam 3.100.

ONU suspende ajuda

A agência da ONU para os refugiados palestinos (UNRWA) anunciou nesta quinta-feira (8) que vai suspender todas as suas operações na Faixa de Gaza por conta do "risco" causado pela presença de tropas no território palestino sob ataque.

Um ataque de um tanque israelense nesta quinta matou dois motoristas palestinos de um comboio de ajuda humanitário coordenado pela agência, segundo o porta-voz da entidade em Gaza, Adnan Abu Hasna. Ele não disse quanto tempo a suspensão vai durar.

Foto: AFP
Israelense fotografa pedaço de foguete lançado de território libanês que atingiu nesta quinta-feira (8) a cidade israelense de Nahariya. (Foto: AFP)

Richard Miron, porta-voz da ONU, disse que o Exército de Israel havia sido notificado sobre a passagem do comboio, atingido próximo à passagem de Erez, no norte de Gaza. Segundo Hasna, os caminhões estavam identificados pelo símbolo da ONU.

Depois do incidente, todos os comboios da agência pelas passagens de Erez e Kerem Shalon foram suspensos.

O Exército de Israel disse que está investigando o caso.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, condenou os ataques, segundo seu porta-voz.

A Faixa de Gaza teve, pelo segundo dia consecutivo, um cessar-fogo de três horas para que a população civil possa obter mantimentos. A trégua ocorreu novamente entre 13h e 16h (9h e 12h de Brasília), disse Peter Lerner, porta-voz do Exército israelense para a coordenação com os territórios palestinos, que disse que a medida tem por objetivo "permitir que a população se abasteça de artigos essenciais".

A situação humanitária é grave no 13º dia da ofensiva de Israel contra a Faixa de Gaza. Segundo o médico Muawaiya Hassanein, foi possível recuperar vários cadáveres em escombros de prédios e em campos de batalha durante os períodos de cessar-fogo temporário. Apenas em um campo de batalha, 35 corpos foram achados, segundo ele.

O Departamento de Estado dos EUA pediu que Israel amplie o acesso da ajuda, qualificando de "desesperada" a situação humanitária no território.


Foto: Arte/G1
Bombardeios de Israel e dos palestinos nesta quinta-feira (8) (Foto: Arte/G1)


Foguetes disparados a partir do território libanês atingiram o norte de Israel na manhã desta quinta, deixando duas pessoas feridas. Israel revidou ao ataque com um bombardeio na área de origem dos ataques. O ataque despertou temores de que um "segundo front" abra-se no conflito.

Três horas depois do ataque, houve o anúncio de novos disparos, mas foi um "alarme falso". O alarme antiaéreo no norte de Israel teria sido disparado pelo estrondo de um avião ultrapassando a barreira do som, segundo o Exército. O incidente ocorreu por volta das 11h locais (7h de Brasília). O exército do Líbano confirmou a versão.

Ainda não foi confirmado quem lançou os foguetes, mas representantes do movimento islâmico palestino Hamas no Líbano negaram responsabilidade, e a milícia xiita libanesa do Hezbollah disse ao governo libanês que não está envolvida.

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