sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

O Brasil no combate às mudanças climáticas

Por Ernesto Cavasin Neto

Em seu último dia, a Conferência do Clima em Poznan três dominam os trabalhos dos delegados: o estabelecimento dos fundos de adaptação, a divisão de recursos para tais fundos e a incorporação de novas modalidades no Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), como a captura e estoque de carbono (CCS).

O Brasil está ativamente discutindo tais questões e foi um importante ator nesse cenário. Grandes avanços nos compromissos de longo prazo dos países foram obtidos com a liderança de delegados brasileiros. Nesta quinta-feira, o ministro do Meio Ambiente lançou o Plano Nacional sobre Mudanças Climáticas (PNMC) em evento paralelo à COP e, em seu discurso na plenária das Nações Unidas, apresentou as ações brasileiras.

Sobre o PNMC, é importante esclarecer que se trata de um esforço e um objetivo nacional. Não se deve confundir com a adoção de metas pelo Brasil no âmbito das negociações internacionais. A posição brasileira em relação à adoção de metas para países em desenvolvimento continua sendo a de não aceitá-las.

Apesar da evolução das negociações em Poznan, ainda há muito a se fazer, e olhando no ambiente global precisamos correr contra o tempo para que a COP 15 em Copenhague não naufrague por falta de entendimentos. Combater as mudanças climáticas só é possível com ação global. E a posição norte-americana ganha relevância nesse cenário.

Diversos eventos e discussões sobre a posição dos EUA sobre o tema ocorreram na conferência. Senadores, deputados e políticos norte-americanos vieram à Polônia para apresentar suas ações e discutiram os melhores modelos e compromissos a ser adotado pelo país, tudo muito interessante, mas os delegados norte-americanos continuam com a mesma posição dos últimos anos.

A declaração do recém-eleito presidente dos EUA sobre o possível modelo de combate as mudanças climáticas do país também não agradaram muito. A proposta de Obama não traz compromissos sérios e está muito aquém do atual modelo de Kyoto, pois prevê que os EUA somente igualem suas emissões de 1990 em 2020. O que Kyoto prevê é redução de 5,2% das emissões até 2012 em relação a 1990.

Com isso não se espera que os EUA ratifiquem em breve o atual protocolo e voltem às negociações para combater o aquecimento global. Até Copenhague a pressão da opinião pública mundial poderá ajudar o novo governo a repensar suas posições em relação ao tema, mas será muito difícil os EUA tomarem uma posição firme em curto prazo.

Poznan não foi o lugar onde grandes decisões foram tomadas, mas o local onde elas estão em construção. A conferência apresentou grande progresso nas negociações e alcançou seu maior desafio que é trilhar um caminho seguro para um fecharmos um acordo positivo na Dinamarca em dezembro de 2009.

Ernesto Cavasin Neto é gerente de sustentabilidade da PricewaterhouseCoopers e membro da delegação brasileira na COP14

DiárioNet

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