sábado, 17 de janeiro de 2009

ONU critica ação israelense contra hospital e edifício da organização em Gaza



O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, voltou a exigir um cessar-fogo imediato na faixa de Gaza e criticou duramente os ataques do Exército israelense que atingiram um hospital, uma área de imprensa e a sede da agência de ajuda humanitária da entidade no território nesta quinta.

Os ataques entre Israel e Hamas, que já deixaram mais 1.076 palestinos mortos, completam três semanas nesta sexta-feira, desde que a Força Aérea israelense bombardeou o território palestino contra o lançamento de foguetes do Hamas. O secretário-geral da ONU expressou sua indignação com a "inaceitável" situação de Gaza e afirmou que "o número de vítimas é alto demais".


Jornalista palestino ferido em ataque a edifício de escritórios de órgãos de imprensa "Chegou o momento do fim da violência, de mudar a dinâmica em Gaza e de buscarmos de novo o diálogo de paz para uma solução de dois Estados, o único caminho para que Israel tenha uma segurança duradoura", afirmou o máximo representante da ONU.

Israel foi obrigado a se defender de ter atingido o prédio-sede da UNRWA (a agência da ONU para refugiados palestinos), onde a ONU guardava alimentos e itens de ajuda humanitária. Por causa das explosões, houve um incêndio de grandes proporções.

O ministro da Defesa de Israel, Ehud Barak, lamentou o ataque à sede da UNRWA como um "grave erro". Já o premiê de Israel, Ehud Olmert, minimizou as desculpas alegando que o ataque foi uma resposta a disparos inimigos saídos daquele local.

Metade da população de 1,5 milhão de pessoas de Gaza depende da ajuda da ONU para sobreviver. Foi pelo menos o quarto incidente envolvendo disparos israelenses e a ONU desde o início da ofensiva. No pior deles, uma escola da organização foi atingida por Israel, num ataque que deixou pelo menos 40 mortos.

Nesta quinta-feira, além de atacar o prédio da ONU, Israel também bombardeou um hospital do Crescente Vermelho --a Cruz Vermelha dos países muçulmanos-- e um complexo com os escritórios das mídias árabes e ocidentais.

Hoje, forças do Exército israelense atacaram cerca de 40 alvos na faixa de Gaza, entre eles uma mesquita usada como armazém de armamentos, uma casa de um membro do Hamas, seis postos de comandos de milicianos armados e locais de lançamentos de foguetes contra território israelense.

O Ministério da Defesa israelense ordenou desde a noite desta quinta-feira um fechamento geral das fronteiras com os territórios palestinos --Gaza e Cisjordânia, controlada pelo grupo secular Fatah-- por motivo de segurança. A medida deve durar 48 horas.

Visita pela paz

A escalada ocorreu justamente no dia em que o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, visitava Israel para pedir um cessar-fogo imediato. A possibilidade de um acordo em Gaza "depende da vontade política do governo israelense", disse ele.

Ban ainda expressou esperança em que Israel atenda ao apelo do Conselho de Segurança para não haver "mais sacrifícios nem assassinatos de população civil, nem mais destruição de infraestruturas e propriedades". "Não podemos perder mais tempo. É preciso acabar com o sofrimento dos civis", declarou.

O secretário da ONU se encontrou nesta quinta com o presidente de Israel, Shimon Peres, para quem também criticou os ataques do grupo islâmico Hamas contra o país vizinho. Nesta sexta, Ban deve se encontrar, em Ramala, com o presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina), Mahmoud Abbas, e com o primeiro-ministro palestino, Salam Fayyad.

Cessar-fogo do Hamas

A despeito dos ataques equivocados de Israel, o Exército declarou que matou ao menos um importante líder do Hamas, no que pode ser a pressão final da ofensiva antes de o país concordar com um cessar-fogo do conflito. Nesta sexta, um canal de TV palestino mostrou o corpo de Saeed Siam, o "terceiro na liderança" em Gaza.

Ele foi atingido por um ataque da artilharia israelense no bairro de Sheikh Radwan, na Cidade de Gaza. Segundo a rede de TV CNN, Siam serviu como ministro do Interior para o governo do Hamas até 2007, quando o grupo foi democraticamente eleito na região.

Mesmo com a morte de um de seus chefes, o Hamas aceitou com reservas uma proposta de cessar-fogo, mediada pelo Egito. Em Damasco (Síria), o líder exilado do Hamas, Khaled Meshaal, reiterou as demandas do grupo para uma trégua com Israel em Gaza, afirmando, que qualquer acordo deve contemplá-las.

Fontes diplomáticas afirmaram que líderes israelenses estavam estudando as condições do grupo islâmico para um trégua. Entre elas está o cessar-fogo de um ano, passível de ser renovado, a retirada do Exército de Israel de Gaza em cinco a sete dias, e a abertura imediata de todas as fronteiras do território palestino.

"Primeiro, a agressão deve parar. Segundo, as forças israelenses devem sair de Gaza (...) imediatamente, claro. Terceiro, o cerco deve ser suspenso, e quarto, queremos todas as passagens (de fronteira) reabertas, sendo a primeira delas a de Rafah (Egito)", declara Meshaal.

Israel insiste em que o Hamas deve ser impedido de traficar armas através de túneis sob a fronteira com o Egito, e deve parar de lançar foguetes contra o território israelense a partir da faixa de Gaza.

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