quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Sarkozy, Merkel e Blair apresentam idéias para salvar o capitalismo

PARIS, 8 Jan 2009 (AFP) - O presidente francês, Nicolas Sarkozy, a chanceler alemã, Angela Merkel, e o ex-primeiro-ministro britânico, Tony Blair, apresentaram nesta quinta-feira em Paris propostas para salvar o capitalismo, questionado pela crise, em uma reunião convocada sob o lema "Novo mundo, novo capitalismo".

No discurso inaugural do encontro, Merkel lançou a idéia de criar um "conselho econômico mundial" do mesmo tipo do Conselho de Segurança da ONU.

"É possível que junto ao Conselho de Segurança tenhamos também um Conselho Econômico com um papel diferente do ECOSOC", o Conselho Econômico e Social das Nações Unidas, que coordena políticas nestas áreas entre as agências da ONU.

Merkel também propôs redigir uma Carta Mundial para uma economia sustentável a longo prazo, no modelo da Carta da ONU sobre os direitos humanos.

Além disso, destacou que, embora os países afetados pela crise, inclusive a Alemanha, estejam acumulando montanhas de dívidas com seus planos de incentivo, esta é a única possibilidade de lutar contra as conseqüências da tempestade nos mercados e na economia.

Sarkozy declarou que a crise do capitalismo financeiro determinou a necessidade de o Estado assumir plenamente seu papel e suas responsabilidades.

"Eis aqui o Estado encarando em plenitude seu papel e suas responsabilidades", disse Sarkozy, advertindo que não se trata de nacionalizar toda a economia mundial, nem de criar um capitalismo de Estado.

"Trata-se de equilibrar os respectivos papéis, o do Estado e o do mercado", destacou, insistindo que "no capitalismo do século XXI há um lugar para o Estado".

Criticando implicitamente a especulação, o presidente francês destacou seu ponto de vista sobre o que deve voltar a ser o capitalismo: "um capitalismo de empresários que o Estado deve animar, impulsionar".

"Mas por falta de regulamentação do sistema, ela não deve ser substituída por um excesso de regras", advertiu.

Insistindo sobre a necessidade de reformas, descartou as alternativas ao sistema capitalista e afirmou que o "anticapitalismo é um labirinto sem saída, é a negação de tudo o que permitiu criar a idéia de progresso".

"Deve-se moralizar o capitalismo e não destruí-lo. Não temos que romper com o capitalismo, precisamos voltar a fundá-lo", continuou Sarkozy.

O ex-primeiro-ministro britânico defendeu um "governo" mundial para regular o sistema financeiro diante da crise internacional, em declarações a uma rádio pouco antes do evento.
Blair criticou severamente as normas das atuais estruturas econômicas internacionais, em particular o G7, considerando-as "absurdas".

"Temos instituições internacionais de meados do século XX dirigindo um mundo do século XXI", explicou Blair, que pediu maior participação dos países emergentes, como China, Índia e Brasil, nestas instituições, além de representantes da África e do Oriente Médio.

O presidente do Banco Central Europeu (BCE) Jean-Claude Trichet, o diretor-geral da OMC (Organização Mundial do Comércio), Pascal Lamy, o ministro indiano de Comércio Kamal Nath e o ministro italiano de Economia, Giulio Tremonti, estão também entre os participantes.

Nenhum comentário: