quarta-feira, 8 de abril de 2009

Ritmo de negociações climáticas desagrada países emergentes

As conversas em Bonn devem levar apenas a novas negociações sobre o texto de um pacto sobre o clima.

GERARD WYNN - REUTERS

BONN, ALEMANHA - Os países em desenvolvimento disseram nesta quarta-feira estar decepcionados com a falta de uma definição sobre as metas de cortes nas emissões de gases estufa dos países industrializados, após 11 dias de conversas patrocinadas pela Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a mudança climática.

As conversações envolvendo 175 países, que se encerram em Bonn, na Alemanha, nesta quarta-feira, 8, foram as mais recentes em uma série de encontros prévios com o intuito de estabelecer as bases para um acordo em Copenhague, em dezembro, que substitua ou amplie o Protocolo de Kyoto.

As conversas em Bonn devem levar apenas a novas negociações sobre o texto de um pacto sobre o clima, um resultado decepcionante para os países em desenvolvimento, que terão de esperar pelo menos até junho para um comprometimento dos países ricos.

"Estamos muito decepcionados neste ponto dos acontecimentos", disse à Reuters o embaixador da China para o clima, Yu Qingtai.

"Viemos a Bonn desta vez esperando que finalmente fôssemos focar no mandato central deste grupo de trabalho", afirmou ele, referindo-se à observação das variações dos futuros cortes dos países desenvolvidos. "Há uma falta de interesse muito consistente em se comprometer."

Os países em desenvolvimento esperavam que o encontro de Bonn definisse metas de redução nas emissões para o grupo de países industrializados como um todo.

Mas os países ricos preferiram aguardar os resultados de um debate maior, por exemplo, sobre o quanto suas emissões podem ser compensadas e como contabilizar o efeito do plantio de árvores.

O ritmo das negociações em Bonn também decepcionou ambientalistas e organizações verdes.

"O nível de ambição proveniente de todos os países está muito distante do exigido para limitar o aquecimento a 2 graus Celsius", disse William Hare, do Instituto Potsdam para Pesquisa sobre o Impacto Climático, referindo-se ao nível de aquecimento considerado pela União Européia como um possível gatilho para uma mudança "perigosa".

Já o Greenpeace qualificou como inadmissível o resultado do encontro sobre o clima e apelou "aos chefes de estado de todo o mundo que se assumam pessoalmente a responsabilidade sobre as negociações pelo clima." A ONG qualificou ainda o papel do Brasil nas negociações como fundamental, pedindo que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pressione os países desenvolvidos a adotarem metas de redução de emissão.

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