quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Dith Pran morre aos 65 anos, vítima de câncer

Foto: Reuters/The New York Times/Handout
Reuters

O fotógrafo cambojano Dith Pran, cuja experiência de vida sob o regime do Khmer Vermelho inspirou o filme "Os gritos do silêncio", morreu neste domingo (30) em Nova Jersey devido a um câncer de pâncreas.


A notícia foi comunicada publicamente por seu amigo e antigo correspondente de guerra do "New York Times", Sydney Schanberg, que também foi representado no filme, que estreou em 1984.


Dith Pran trabalhava para Schanberg como assistente e intérprete no Camboja em 1975, quando o país passou para as mãos do Khmer Vermelho.


Após cobrir a chegada ao poder deste regime marxista, as autoridades não deixaram Pran sair. Mas deram mais liberdade ao jornalista americano, que sempre se lamentou de ter tido que abandonar Pran.


Após quatro anos de torturas e castigos, Pran conseguiu escapar para a Tailândia e ali enviou uma mensagem a seu antigo companheiro, que saiu imediatamente dos Estados Unidos para encontrá-lo, em um emotivo reencontro.


"Durante quatro anos busquei sem sucesso qualquer prova de vida de Pran. Já estava perdendo toda a esperança. Mas sua ligação de emergência foi como um milagre para mim. Devolveu-me a vida", confessou pouco depois o correspondente do "New York Times".


Em 1980, Schanberg escreveu em uma reportagem, e posteriormente em um livro, o sofrimento de seu companheiro, relato que serviu de inspiração para o filme, que ganhou três estatuetas do Oscar.


O artigo, que recebeu o título de "The death and Life of Dith Pran" (A Morte e Vida de Dith Pran, em tradução livre) deu a Schanberg um Prêmio Pulitzer, em 1976.


Após escapar do Camboja, Pran se instalou nos Estados Unidos e começou a trabalhar para o "New York Times" como assistente do departamento de fotografia, onde aprendeu a mexer nas câmaras nas ruas de Nova York.


Dith Pran, que no momento de sua morte tinha 65 anos, fundou uma organização para conscientizar o mundo sobre o regime do Khmer Vermelho, que governou o Camboja entre 1975 e 1979, e que foi responsável pela morte de mais de um milhão de pessoas.


Além disso, foi embaixador de Boa Vontade do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur).


Quando o líder dos Khmer Vermelho, Pol Pot, morreu em 1998, Pran lamentou que o ditador nunca tivesse sido julgado perante a Justiça pelos crimes cometidos, entre eles a morte de seus três irmãos.

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