quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Hamas e Fatah se encontram no Cairo por diálogo entre palestinos

Da Reuters
Por Jonathan Wright

CAIRO (Reuters) - Os dois principais grupos políticos palestinos, Fatah e Hamas, se encontraram na capital egípcia nesta quarta-feira para preparar o diálogo nacional que pode levar a uma negociação de paz com Israel e ao aumento da ajuda para a reconstrução de Gaza.

As conversações, com cerca de uma dúzia de grupos políticos da Palestina, devem começar na quinta-feira em um hotel no subúrbio do Cairo. O diálogo deve ocorrer em meio a sinais de melhora no clima entre Hamas e Fatah, de acordo com autoridades.

Um sinal disso veio quando um parlamentar do Hamas disse que a Fatah, liderada pelo presidente palestino Mahmoud Abbas, libertou cerca de 40 prisioneiros do Hamas na Cisjordânia.

"Cerca de 40 presos políticos foram colocados em liberdade na terça-feira", disse à Reuters Ayman Daraghmeh, do bloco Reforma e Mudança do Hamas, nesta quarta-feira. "Consideramos que esse é um acontecimento positivo."

Um membro da Fatah confirmou em condição de anonimato que 40 presos foram liberados, mas disse que a medida foi tomada por causa do fim das sentenças.

A rivalidade entre a Fatah e o Hamas aumentou após a vitória do Hamas nas eleições parlamentares de 2006. A crise aumentou um ano depois, quando forças do Hamas tomaram o controle de Gaza das mãos da Fatah.

O encontro entre os dois grupos nesta quarta-feira completa uma série de reuniões nas últimas semanas, e o embaixador palestino no Cairo, Nabil Amr, afirmou que elas ajudaram a pavimentar o caminho para o diálogo.

"O simples fato de se encontrarem criou um clima melhor para o diálogo e a concórdia", disse à Reuters em entrevista.

Ezzat al-Rishq, membro do núcleo político do Hamas, disse à rede de televisão árabe Al Jazeera que o clima melhorou. "Houve uma atmosfera positiva e promissora... na sessão de hoje", declarou.

As acusações do Hamas sobre recentes detenções na Cisjordânia haviam piorado as relações entre os dois grupos, que têm diferenças fundamentais na maneira de lidar com Israel.

O Hamas se vê no direito de combater Israel, ainda que esteja preparado para aceitar uma trégua de 18 meses, enquanto que a Fatah renunciou à violência e colocou todas as suas esperanças nas negociações.

Os grupos palestinos pretendem criar um governo de união nacional, provavelmente formado por tecnocratas sem filiação partidária, para lidar com governos estrangeiros, coordenar a reconstrução de Gaza e preparar as eleições presidenciais e legislativas da Palestina.

Mas analistas dizem que será difícil conciliar a necessidade de incluir os pontos-de-vista do Hamas no novo gabinete com as demandas de Estados Unidos e Israel.

Os Estados Unidos e a União Europeia se recusam a negociar com o Hamas sem que ele renuncie à violência e reconheça Israel e a Autoridade Palestina, comandada pela Fatah.

Uma das tarefas mais difíceis será a reconstrução das forças de segurança palestinas, que nos últimos 18 meses estiveram divididas entre o Hamas, em Gaza, e a Fatah, na Cisjordânia.

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