sábado, 7 de fevereiro de 2009

Resenha de Filme - Rambo IV

Os temas que serão discutidos nesse VI MIRIN são bem conhecidos e alguns viram filmes, como "Diamantes de Sangue" - que mostrava a questão das crianças-soldado, tráfico de diamantes, mercenários entre outras questões em Serra Leoa. Outro tema que entrou para as grandes telas - Birmânia ou Mianmar, em Rambo IV.





Sinopse do site OMELETE (http://www.omelete.com.br/cine/100011161/Rambo_IV.aspx)

Rambo IV (Rambo, 2008), o retorno de John Rambo (Sylvester Stallone) às telas depois do caricato terceiro filme, é também uma volta à velha forma do ex-boina verde. Assisti-lo remeteu-me imediatamente a uma tarde de epifania em 1985, quando, aos dez anos, vi Rambo II - A Missão no cinema. As imagens recebidas ali seguem registradas em alta definição no meu córtex.

Vinte anos depois, o reencontro com o velho e ciclotímico Rambo acontece na região da fronteira entre a Tailândia e Mianmar (que no filme é exclusivamente chamada de Burma, Birmânia em português, nome antigo que não é reconhecido mais pela ONU), onde ele vive em paz. A máquina de matar está aposentada - caça cobras para espetáculos turísticos e navega seu barco pelos rios tailandeses, até que um grupo de missionários chega para levar alguma civilidade ao país vizinho, onde uma guerra civil se desenrola há décadas. Tocado pela insistência e crenças da bela Sarah (Julie Benz) ele aceita levá-los rio acima. Dez dias se passam até que ele seja novamente procurado: o grupo desapareceu, provavelmente capturado pelas milícias que assolam a região. E Rambo parte novamente em direção ao conflito, transportando um grupo de mercenários cuja missão é encontrar os carolas benfeitores.

O roteiro é cheio de problemas e parte da graça é discuti-los. Quando Stallone, co-escritor e diretor, tenta dar alguma profundidade às cenas seus escorregões enfileiram-se. Quanto mais personagens falando, pior fica o filme. O encontro dos missionários com o ex-boina verde, o diálogo de Rambo e Sarah na chuva e a cena no barco, com os mercenários apresentando-se, um por vez, são os piores (sem falar nos inexplicáveis delírios narrativos, como a maca que surge pronta em segundos e a absurda passagem de tempo na fuga do acampamento).

Porém, nada - e repito - NADA consegue estragar a experiência quase religiosa que é assistir aos corpos caindo no chão daí em diante.

Rambo IV é o filme mais sangrento da saga - fato - mas o estilo e a crueza que Stallone consegue imprimir nas cenas de ação colocam o longa entre os melhores do gênero já feitos. Pro inferno com o diálogo ruim. O filme entrega exatamente o que se espera dele - e eu gargarejava satisfeito ao final com o sangue dos vilões (ah, os vilões... liderados por um sujeito de bigodinho, Ray-Ban, cigarro na boca e ainda por cima pedófilo. Candidato estereotipado perfeito à inevitável evisceração no melhor estilo Rambo).

E aquele começo arrastado torna-se uma lembrança longínqua quando John Rambo, aos acordes de sua música-tema, cresce feito uma criatura sobrenatural atrás de um soldadinho birmanês desavisado. Uma cabeça cortada depois, Rambo abraça seu destino - aceita que a "guerra está em seu sangue" - enche as mãos nas manoplas de uma metralhadora montada sobre um jipe e inicia um espetáculo como poucos já vistos no cinema. Com uma mistura de efeitos práticos e computação gráfica verossímil, ele faz sua icônica careta, grita e enche um exército inteiro de chumbo. Orgásmica e anestesiante ao mesmo tempo, sem respiro, a cena levanta o público, puxa aplausos e faz sair da sala os mais sensíveis que aguentaram até ali.

Entre uma e outra dessas cenas de ação tecnicamente perfeitas, que incluem efeitos sonoros capazes de estremecer edificações vizinhas, Stallone ainda acerta a mão numa excelente sequência de infiltração e tensão. Nela ele alterna a invasão do acampamento dos birmaneses pelos mercenários e uma festinha de soldados inimigos. A narrativa é toda construída sem diálogos, apenas nas reações, seja dos "bons" ou dos "maus". Novamente, prova de que quanto menos diálogo, melhor.

Stallone tem um domínio incrível do estímulo visual (outra prova disso é uma bacana montagem de pesadelo/flashback), mas ainda falta-lhe muito caminho a percorrer quando o assunto é o desenvolvimento de personagens e suas interações. E por interações, não nos referimos a encontros entre facão e pescoço.

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