O ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, disse hoje em Bruxelas que a União Europeia deve lidar de forma diferente com o conflito inter-palestiniano, acompanhando «na medida do possível» a mudança que também se adivinha nos Estados Unidos.
Amado, que falava à saída de uma reunião dos chefes de diplomacia da UE, apontou que teve oportunidade de defender perante os seus homólogos a necessidade de a Europa adaptar-se ao «novo contexto» no processo de paz no Médio Oriente, «decorrente deste conflito em Gaza mas também de eleições que se irão realizar-se muito recentemente em Israel e sobretudo de uma nova abordagem que a administração norte-americana faz dos problemas do Médio Oriente».
O ministro destacou novamente a recente abertura revelada pelos Estados Unidos para dialogar com o Irã, o que, segundo, Amado representa uma grande mudança na «forma como os EUA abordam a estabilização de todo o Grande Médio-Oriente, com implicações nas relações com Hamas, Hezbolah e Síria», considerados próximos do regime de Teerã.
No mesmo sentido, observou, «ao abrir a perspectiva de diálogo com Irão», o conflito israelino-palestiniano «não será encarado de uma forma tão restritiva» pela nova administração de Washington liderada por Barack Obama «como o foi pela anterior administração», de George W. Bush.
«A observação que fiz foi à necessidade de nós acompanharmos o que são mudanças que nós podemos antever na administração norte-americana, alinharmos na medida do possível as nossas posições com as posições americanas e com as posições que o grupo árabe da região mais assumidamente vem revelando», disse.
Apontando que, além da urgência de dar resposta à questão humanitária «absolutamente inaceitável» na Faixa de Gaza, após o recente conflito, Amado disse que a outra prioridade do momento deve ser «relançar o processo político, e para isso é preciso dar apoio às iniciativas árabes e em particular à iniciativa egípcia para que haja um governo de reconciliação nacional da parte palestiniana».
«Esse governo, do nosso ponto de vista, deve ser apoiado pela UE, e esta é a mudança que acho que se deve assumir na forma como a UE tem lidado com o problema inter-palestino», disse, acrescentando que será «saudável que a UE seja capaz de se adaptar à nova realidade».
debate de hoje sobre a situação no Médio Oriente, durante uma reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros dos 27, ocorreu um dia depois de um encontro extraordinário convocado pela presidência Tcheca da UE para debater com os chefes de diplomacia do Egipto, Turquia, Jordânia e Autoridade Palestina a consolidação do cessar-fogo na Faixa de Gaza.
Na passada quarta-feira, já se havia realizado idêntico encontro dos chefes de diplomacia dos 27 com a sua homóloga israelita, Tzipi Livni.
Nesse mesmo dia, o exército israelense retirou os últimos soldados na faixa de Gaza, após 22 dias de ofensiva dirigida contra o movimento islâmico Hamas, que tomou o controlo do território palestiniano em Junho de 2007.
A ofensiva causou a morte de mais de 1.300 palestinos e enormes estragos.
Diário Digital / Lusa
sexta-feira, 30 de janeiro de 2009
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