Bruxelas, 05 Jan (Lusa) - Os esforços da União Europeia (UE) para conseguir uma trégua entre Israel e o Hamas em Gaza estão a ser feitos a várias vozes, como atesta a presença, na região, do presidente cessante do conselho europeu, Nicolas Sarkozy.
O chefe de Estado francês, que deixou a presidência do Conselho Europeu no passado dia 31 de Dezembro, chegou hoje ao Egipto para um périplo pela região para tentar conseguir um cessar-fogo em Gaza.
A visita do Presidente francês acontece um dia depois do apelo da troika europeia, também presente no Cairo, para uma trégua entre Israel e o movimento islamista, que controla Gaza desde Junho de 2007.
Sarkozy esteve reunido na cidade turística de Sharm el-Sheikh, na Península do Sinai, com o presidente egípcio, Hosni Mubarak, segundo a agência oficial egípcia Mena.
A agência acrescentou que o líder francês abordou com o seu homólogo egípcio a possibilidade de alcançar uma trégua em Gaza e também "restabelecer a tranquilidade entre israelitas e palestinianos para retomar as negociações de paz" naquela região.
Os dois líderes não prestaram declarações depois do encontro.
A breve visita ao Egipto de Sarkozy será seguida por outras escalas na Cisjordânia, para se reunir com as autoridades palestinianas, e esta noite deve chegar a Jerusalém.
Terça-feira, Sarkozy reunir-se-á, sucessivamente, com responsáveis da Síria e do Líbano.
A missão oficial da UE, no Cairo desde domingo, é liderada pelo ministro checo dos Negócios Estrangeiros, Karel Schwarzenberg, cujo país assegura a presidência europeia rotativa, integrando ainda o Alto Representante para a Política Externa e Segurança Comum da UE, Javier Solana, e a comissária europeia para os Assuntos Exteriores, Benita Ferrero-Waldner.
Os ministros dos Negócios Estrangeiros francês, Bernard Kouchner, e sueco, Carl Bildt, também integram a comitiva.
Por outro lado, o ex-primeiro-ministro britânico, Tony Blair, actual enviado especial do quarteto para o Médio oriente, também se encontra em consultas na região.
Um porta-voz da Comissão Europeia, Amadeu Altafaj, já fez saber, em reacção ao périplo de Sarkozy pelo Médio Oriente, que "qualquer contribuição é bem-vinda", salientando que "o mais importante" é passar a mesma mensagem.
O porta-voz comunitário esclareceu que a visita do Presidente francês já estava programada, assegurando que se os esforços de Sarkozy para conseguir transmitir a mensagem unânime da UE forem bem sucedidos "ficaremos mais satisfeitos".
"A questão não é quem leva a mensagem, mas sim a sua eficácia", disse Amadeu Altafaj, destacando, no entanto, que a missão oficial da UE "é o centro da acção europeia".
O objectivo dos 27 Estados-membros, segundo ficou acordado na reunião extraordinária de Paris do passado dia 30, é obter um cessar-fogo permanente em Gaza, o acesso imediato da ajuda humanitária à população civil do território e a intensificação do processo de paz.
O porta-voz recordou que a missão europeia não tem previsto um encontro com uma das partes envolvidas no conflito, uma vez que o Hamas integra a lista de organizações terroristas da UE.
O primeiro-ministro checo, Mirek Topolanek, o presidente em exercício da UE desde 01 de Janeiro, afirmou hoje ter um plano que deverá permitir conseguir uma trégua nos combates em Gaza.
"Temos um cenário (que permite) agir mais activamente para, pelo menos, suspender os combates", declarou, sem acrescentar pormenores sobre o conteúdo do plano, durante uma conferência de imprensa.
Topolanek indicou ter debatido este cenário com a chanceler alemã, Angela Merkel, e o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, estando ainda previsto debater a questão, durante o dia, com o ainda Presidente norte-americano, George W. Bush, e o primeiro-ministro israelita, Ehud Olmert.
Também hoje o ministro dos Negócios Estrangeiros italiano, Gianfranco Frattini, propôs ao seu homólogo espanhol, Miguel Ángel Moratinos, a possibilidade de encetar um diálogo com "as partes interessadas" no conflito em Gaza sob a mediação da União do Mediterrâneo.
Frattini contactou telefonicamente Moratinos, mas também a ministra dos Negócios Estrangeiros grega, Dora Bakoyannis, "em virtude dos intensos esforços diplomáticos da Itália para promover uma solução para a crise", referiu um comunicado divulgado pela diplomacia italiana.
Os apelos para um cessar-fogo também foram hoje reforçados em Moscovo.
Os Presidentes russo, Dmitri Medvedev, e palestiniano, Mahmoud Abbas, mantiveram hoje uma conversa telefónica, onde "discutiram o agravamento da situação na Faixa de Gaza, que já fez numerosas vítimas entre a população civil e que está a conduzir o território para uma difícil situação humanitária", informou hoje o Kremlin, em comunicado.
"As duas partes sublinharam a necessidade de um cessar-fogo imediato", concluiu a mesma nota.
Israel lançou a 27 de Dezembro uma operação aérea contra a Faixa de Gaza, à qual se seguiu, a partir de sábado, uma operação terrestre.
Em dez dias, pelo menos 517 palestinianos morreram e cerca de 2.500 ficaram feridos.
Do lado israelita, os `rockets` (foguetes) lançados pelo Hamas fizeram até agora quatro mortos.
O primeiro balanço oficial israelita desde a ofensiva terrestre, divulgado domingo, dá conta de um soldado morto e outros 30 feridos.
SCA.
Lusa/Fim
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