terça-feira, 30 de junho de 2009

Análise: Deposição em Honduras pode ter sido ação mal calculada

Stephen Gibbs

de Tegucigalpa para a BBC

A retirada do poder do presidente de Honduras, Manuel Zelaya, pode tê-lo transformado inesperadamente em um herói com amigos poderosos.

Zelaya foi detido em Honduras no último domingo, data marcada para um plebiscito sobre a ideia de uma consulta sobre a possibilidade de uma reforma constitucional.

Depois de ter que abandonar a residência oficial em Tegucigalpa e ser colocado em avião que o levaria para o exílio forçado na Costa Rica, começaram as manifestações de outros presidentes como Barack Obama, dos Estados Unidos, e Hugo Chávez, da Venezuela.

Nos últimos dias, antes de ser afastado no último domingo, Zelaya estava isolado. A Suprema Corte acusou Zelaya duas vezes de agir ilegalmente e o procurador-geral de Honduras afirmou que ele deveria renunciar à Presidência.

Zelaya também tinha demitido o chefe do Exército, general Romeo Vasquez, e os chefes da Marinha e Força Área também tinham renunciado aos seus cargos.

Pouco antes da madrugada de domingo, ele foi acordado por soldados mascarados que entraram em seu quarto e o então presidente foi levado para um aeroporto militar, onde, ainda de pijama, embarcou em um avião que o levou à Costa Rica.

Nenhum país do mundo reconheceu o novo governo hondurenho.

"O presidente Zelaya foi eleito democraticamente. Ele não completou seu mandato", afirmou o presidente americano Barack Obama.

"Este é um golpe contra todos nós", disse o líder venezuelano Hugo Chávez, que acrescentou que fará tudo o que puder para que Zelaya volte ao poder.

Na manhã da segunda-feira o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o Brasil "não reconhece" o novo governo de Honduras e o Itamaraty suspendeu a volta do embaixador brasileiro ao país.

Cidadão comum

O presidente deposto falou que voltará a Honduras na quinta-feira. Mas, se ele espera uma recepção de herói, poderá ficar decepcionado.

O novo governo de Honduras afirmou que Zelaya agora é um cidadão comum e deve ser preso se voltar ao país.

Mas, os últimos eventos em Tegucigalpa, com centenas de manifestantes gritando o nome do presidente deposto, provaram que ele ainda tem partidários.

"Ele é o presidente de Honduras, democraticamente eleito. Ele foi sequestrado por criminosos", afirmou Paulina, professora primária, enquanto insultava os soldados que ocupam o palácio presidencial.

Entretanto, nas semanas antes de deixar o país, a popularidade de Zelaya estava em queda. Uma pesquisa a colocou em um índice de cerca de 30%.

"Nós vimos que isto (a deposição) poderia acontecer há seis meses", disse Miguel, um advogado de Tegucigalpa, enquanto testemunhava manifestantes construindo uma barricada de pneus em chamas no centro da capital. "Por alguma razão, Zelaya se transformou em um radical", acrescentou.

Planejado

Talvez, buscando inspiração no presidente Chávez na Venezuela, Zelaya, que afirmou que a democracia hondurenha favorecia a elite rica do país, começou a voltar sua atenção para Constituição.

Atualmente esta Constituição permite que presidentes tenham apenas um mandato no cargo, de quatro anos. O mandato de Zelaya acabaria em janeiro de 2010.

Seus esforços para mudar a situação pareceriam relativamente pequenos. No domingo passado ele tentava realizar o que seria um referendo para decidir se outro referendo seria realizado para decidir a instauração de uma Assembleia Constituinte.

Mas os inimigos de Zelaya pareciam querer paralisar este processo logo no início. E eles contavam com o apoio de instituições poderosas como a Suprema Corte, o Congresso e o Exército.

O afastamento de Zelaya foi planejado e orquestrado com muita habilidade. Mas os oponentes do presidente podem ter calculado errado o momento de agir.

Zelaya foi transformado em um símbolo da longa e infeliz luta da América Central contra a ditadura militar.

E a questão permanece se, supondo que esta era a intenção de Zelaya, ele realmente poderia ter alterado a Constituição para estender seu mandato.

Mesmo os líderes mais populares, como Hugo Chávez, descobriram que esta tarefa nem sempre é bem-sucedida.

Os generais, juízes e políticos que decidiram que Manuel Zelaya tinha que ser deposto poderiam estar se perguntando se eles não estariam melhores se não tivessem feito nada.

A boa fortuna de Michelle Bachelet

The New York Times
Por Marcela Sanchez

No final de 2008, enquanto o resto do mundo caía em uma das piores recessões em décadas, o governo chileno havia juntado US$ 42 bilhões em reservas - resultado da disciplina fiscal e de um aumento de 60% nas exportações desde 2005.

Agora o Chile é uma nação credora e o único país que teve um aumento na avaliação de crédito da agência de classificação de risco Moody's durante a recessão global. Em 23 de junho, o presidente Obama disse que a presidente do Chile Michelle Bachelet é uma das "lideranças mais fortes que temos, não apenas no hemisfério mas em todo o mundo."

Mas ela nem sempre recebeu elogios assim. Há apenas um ano, a taxa de aprovação de Bachelet era de apenas 44%; em 2007, ela caiu para 35%.

Desde que ela assumiu o poder em março de 2006, Bachelet resistiu repetidamente a seu próprio partido, economizando enquanto outros queriam gastar e pensando a longo prazo enquanto outros buscavam ganhos imediatos.

Como ela mesma perguntou à plateia na Brookings Institution durante sua visita recente a Washington: "Podem imaginar o quanto eu seria mais popular se eu fosse uma populista?". Felizmente para o Chile, Bachelet não é.

O plano de economias de Bachelet permitiu que o Chile investisse no quinto maior pacote de estímulo do mundo, em proporção à renda nacional. O compromisso exigirá gastos deficitários, mas de acordo com o Ministro das Finanças chileno Andres Velasco, o déficit chegará apenas a um total de 4% do PIB do país, bem menos do que os 14% do PIB necessários nos EUA.

Horas antes de encontrar com Bachelet no Salão Oval na semana passada, Obama expressou admiração pelo fato de o Chile ter economizado seus superávits.

"Eles tinham os recursos para lidar com uma queda", disse.
"É uma boa lição para os Estados Unidos. Quando tivemos superávits, eles foram dissipados."

Mas a boa lição não é apenas poupar. Bachelet também está gastando com sabedoria. Ela está enfrentando as vulnerabilidades econômicas do país e reduziu a dependência do Chile dos mercados instáveis.

Sua solução é simples: diversificar aumentando o capacidade humana e evoluir na direção de uma economia baseada no conhecimento.

Esses objetivos estão no centro do investimento de US$ 6 bilhões de Bachelet em educação superior, lançado mais de um ano atrás quando a ideia de uma falência das commodities era remota.

Graças ao fundo, o número de estudantes chilenos que saem do país para continuar sua educação, particularmente em universidades da Califórnia, aumentará quatro vezes esse ano.

"Isso nos ajudará a aumentar nosso capital humano e a capacidade de nossas universidades", disse Bachelet em seu discurso na Brookings. "E então poderemos de fato atingir o objetivo de ser um país desenvolvido no futuro."

Para promover o objetivo e responder diretamente à crise econômica global, o governo de Bachelet desenvolveu um mecanismo inovador para combater o desemprego sem aumentar o número de funcionários públicos.

Através do que Bachelet classifica como um "acordo histórico", alcançado no mês passado e rapidamente aprovado pelo Congresso chileno, o governo e a iniciativa privada irão juntos atenuar os efeitos da recessão sobre os trabalhadores ao mesmo tempo que melhoram sua produtividade. Conhecido como o Acordo Nacional de Emprego, Treinamento e Proteção ao Trabalho, o acordo oferece incentivos fiscais aos empregadores que derem treinamento aos trabalhadores, em vez de demiti-los.

Desde que as companhias empreguem o mesmo número de trabalhadores que tinham em abril, elas podem deduzir até duas vezes e meia os custos do treinamento.

Outras medidas permitem que os funcionários que desejam passar por treinamento deixem o trabalho por cinco meses enquanto recebem metade do pagamento, e mantenham seus empregos quando voltarem.

O governo também dobrará os recursos para auxiliar as chefes de família mulheres para que elas possam obter treinamento de qualidade e entrar para a força de trabalho.

De acordo com as projeções do governo, o plano ajudará aproximadamente 125 mil trabalhadores, o equivalente a reduzir a taxa de desemprego do Chile em 1,5%.

De acordo com Rafael Guilisasti, presidente da Confederação para a Produção e Comércio, pró-empresarial, esse acordo constitui "o primeiro instrumento com elementos modernos suficientes de adaptabilidade do trabalho a situações de crise".

É claro que os empresários preferem mercados mais flexíveis com menos regulamentação.

Mas Guilisasti diz que os líderes empresariais chilenos apreciam as discussões que tiveram com autoridades do governo para encontrar formas de reduzir os efeitos da crise sobre o desemprego.

O acordo é um testemunho da capacidade de liderança e adaptação de Bachelet. Maria de los Angeles Fernandez-Ramil, diretora executiva da Fundacion Chile 21, de esquerda, e autora de um estudo sobre a liderança de Bachelet, caracterizou a relação da presidente com o setor privado como "complexa", na melhor das hipóteses, durante seus primeiros dois anos no governo. Um dos benefícios do acordo, diz Fernandez-Ramil, é que ele "melhorou o relacionamento entre o governo e o empresariado."

A crise econômica ensinou ao mundo que, a longo prazo, a responsabilidade é melhor do que o populismo. Mesmo assim, aqueles que são responsáveis normalmente não veem os benefícios de suas decisões.

Como aconteceu de Bachelet estar no poder quando a crise econômica atacou, ela pôde ver o resultado: esse mês, sua taxa de aprovação subiu para 67%.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Por que ir ao MIRIN?

Os altos e baixos da relação entre Irã e Estados Unidos

SÃO PAULO - Veja os principais fatos que marcaram a conturbada relação entre Estados Unidos e Irã nos últimos 50 anos e que chegaram a provocar o rompimento das relações diplomáticas entre os dois países.

1953 - O Golpe

Em agosto de 1953, a CIA ajudou a orquestrar a derrubada do popular primeiro-ministro iraniano Mohammed Mossadegh, colocando o xá Mohammed Reza Pahlavi no poder. Washington interveio depois que o Reino Unido, que era contra a política de Mossadegh de nacionalizar uma indústria petrolífera britânica, convenceu oficiais americanos de que o premiê estaria levando o país ao comunismo. Assim que o poder britânico enfraqueceu, os EUA se tornaram o símbolo do que muitos consideraram o imperialismo ocidental.

1972 - Fortificando as relações

A visita do presidente americano, Richard Nixon, em 1972, cimentou a aproximação estratégia entre o Irã e os EUA. Porém, a oposição ao xá Mohammed Reza Pahlavi, liderada pelo clérigo exilado aiatolá Ruhollah Khomeini, se preparou.

1979 - A Revolução Islâmica

O aiatolá Khomeini foi detido em 1963 pelas forças de segurança do xá Mohamad Reza Pahlevi, por se opor às medidas liberais que este estava realizando no país, as quais classificou como contrárias ao Islã. Um ano mais tarde, foi enviado ao exílio na Turquia, mas as autoridades do país não o aceitaram. Posteriormente, foi deportado para o Iraque, onde também não foi aceito, sendo, por fim, exilado na França, aonde chegou em outubro de 1978, se instalando em Neauphle-le-Chateau, perto de Paris. No exílio, Khomeini continuou lutando contra o regime do xá e as gravações de seus discursos foram utilizadas pelos grupos de oposição no Irã.

Em 1979, revolucionários iranianos derrubam o xá Reza Pahlevi, que era apoiado pelos EUA, e transformam o país numa teocracia islâmica sob o comando do aiatolá Ruhollah Khomeini. O xá foge para o exílio em janeiro de 1979. No mês seguinte, Khomeini retornou ao Irã para selar a vitória da revolução cujo mantra era "Morte à América".

Tomada da embaixada - Em novembro de 1979, estudantes iranianos tomaram a embaixada americana em Teerã. Cerca de 300 estudantes invadiram o local e fizeram 52 reféns. Após uma fracassada tentativa de resgate, em 1980, eles são soltos em janeiro de 1981, 444 dias depois, após acordo mediado pela Argélia. Após o incidente, Washington rompeu relações diplomáticas com Teerã.

Quatro dias depois, o aiatolá designou um novo governo e proclamou a República Islâmica do Irã. Após a aprovação por plebiscito da constituição, Khomeini se tornou líder supremo da política e da religião no país. Durante seu mandato, o aiatolá dissolveu alguns dos grupos que o tinham apoiado em sua luta para chegar ao poder e decretou a execução de seus opositores e dos membros do antigo regime. Khomeini conduziu a República Islâmica com firmeza até sua morte, em 3 de junho de 1989, quando o país se encontrava imerso no isolamento político internacional.

1986 - Caso Irã-Contras

Os EUA apoiavam o Iraque na guerra contra o Irã (1980-1988), mas em 1986 descobriu-se que os americanos vendiam armas secretamente para os iranianos. O ex-presidente americano Ronald Reagan admitiu os acordos secretos com o Irã e que violavam o embargo americano. O comércio visava a libertação de americanos detidos por militantes xiitas pró-Irã no Líbano. O dinheiro era usado para financiar os contrarrevolucionários na Nicarágua.

1988 - Tragédia do voo 655

O navio americano USS Vincennes disparou um míssil teleguiado que abateu no ar um Airbus da Iran Air, matando 290 passageiros, sendo 66 crianças.

1997 - Reformistas no comando

Os iranianos elegeram o reformista Mohammad Khatami para a presidência, que promoveu um "diálogo entre civilizações". Durante seus dois mandatos, Khatami tentou reativar as relações diplomáticas e conseguiu restaurar os laços políticos e econômicos com outros países, especialmente do Ocidente.

Após os ataques de 11 de setembro de 2001, o Irã ofereceu apoio para as forças americanas na guerra contra os altos líderes do Taleban no Afeganistão, apoiados pelo chefe da Al-Qaeda Osama bin Laden. Teerã ainda ajudou a garantir o sucesso de uma conferência pós-guerra multilateral sobre o futuro afegão. Em janeiro de 2002, o ex-presidente George W. Bush inclui o Irã no chamado "Eixo do mal" e acusou o país de tentar produzir armas nucleares.

2003 - Invasão do Iraque

A coalizão liderada pelos EUA removem o ditador Saddam Hussein do poder, um líder árabe sunita que foi inimigo mortal do Irã, e levou ao poder facções políticas xiitas ligadas ao regime iraniano. Enquanto o Iraque mergulhou na insurgência e na violência sectária, os EUA acusava o Irã de armas, financiar e treinar militantes xiitas que atacavam as forças americanas em missão no território iraquiano. Teerã negou as acusações, culpando a presença das tropas dos EUA pela violência.

2008 - O impasse nuclear

Os EUA lideraram os esforços para endurecer as sanções da ONU contra o Irã por conta de seu programa nuclear e, em março, o Conselho de Segurança aprovou uma terceira rodada de sanções. Teerã afirma que seu projeto atômico está de acordo com as leis, é pacífico e desenvolvido apenas com a finalidade de produzir eletricidade, mas não convenceu o Ocidente.

As tensões entre Irã e EUA pioraram desde a eleição do presidente Mahmoud Ahmadinejad em 2005, que repreendeu o Ocidente, questionou o Holocausto e pediu para que Israel seja varrido do mapa. A surpresa em relação ao governo de Ahmadinejad surgiu quando a Inteligência americana afirmou, no fim de 2007, que o Irã congelou seus planos atômicos militares em 2003.

2009 - A nova administração

O novo presidente dos EUA, Barack Obama, disse que os EUA estão prontos para estender uma mão para o Irã. "É importante estarmos dispostos a dialogar com o Irã para expressar de forma clara onde estão nossas diferenças, mas também onde podemos progredir", disse. "Se países como o Irã estiverem dispostos a abrir a mão, encontrarão a nossa estendida".

Ahmadinejad saudou a oferta do presidente americano, desde que os EUA demonstrem mudanças políticas, não tática. Foi uma mudança de enfoque em relação a George W. Bush, que procurou isolar Teerã, e diplomatas ocidentais disseram que a mudança em Washington pode oferecer uma chance "do tipo que só aparece uma vez em uma geração" para os dois países adversários porem fim a três décadas de hostilidade.


quarta-feira, 24 de junho de 2009

Ex-detentos dos EUA no Afeganistão denunciam maus-tratos à BBC

Ian Pannell

De Cabul para a BBC News

Uma investigação da BBC revelou alegações de abuso e negligência em um centro de detenção americano no Afeganistão.

Ex-detentos alegaram que foram espancados, impedidos de dormir e ameaçados com cães na base militar de Bagram, ao norte da capital, Cabul.

A BBC entrevistou 27 ex-detentos de Bagram em várias partes do país durante dois meses.

O Pentágono negou as acusações e disse que todos os detentos do centro foram tratados humanamente.

Maus tratos

Todos os homens ouvidos pela BBC responderam às mesmas perguntas e foram entrevistados isoladamente.

Eles foram detidos em períodos entre 2002 e 2008, e foram acusados de pertencer ou ajudar a rede extremista Al-Qaeda ou ao Talebã.

Nenhum deles foi acusado de crime ou julgado. Alguns até receberam um pedido de desculpas quando foram libertados.

Apenas dois dos detentos disseram ter sido bem tratados.

Alegações de maus tratos foram feitas repetidamente durante as entrevistas - de maus tratos físicos, colocação de prisioneiros em posições extremamente desconfortáveis, sujeição a calor ou frio excessivo, uso de som insuportavelmente alto e remoção forçada de roupas diante de mulheres soldados.

Afegãos falam à BBC
Detentos dizem que foram drogados em Bagram

Em quatro casos os detentos foram ameaçados de morte, tendo uma arma apontada para eles.

"Eles fizeram coisas que você não faria com animais, imagine com seres humanos", disse um detento conhecido como Dr. Khandan.

"Eles despejavam água fria em você no inverno e água quente no verão. Eles atiçavam cães contra nós. Eles colocavam uma pistola ou arma na sua cabeça e ameaçavam você de morte", afirmou.

"Eles colocavam algum tipo de remédio no suco ou água para tirar-lhe o sono e aí eles te interrogavam."

O resultado da investigação da BBC foi enviado ao Pentágono.

O porta-voz do secretário da Defesa dos Estados Unidos, o tenente-coronel Mark Wright, insistiu que as condições em Bagram "atendem a padrões internacionais de assistência e custódia".

Wright disse que o Departamento de Defesa tem uma política de tratar os detentos humanamente.

"Ocorreram casos bem documentados em que a política não foi seguida, e militares foram responsabilizados por sua atuação", afirmou.

'Limbo'

Milhares de pessoas foram detidas em Bagram nos últimos oito anos e um novo centro de detenção está sendo construído na base.

Alguns detentos vindos do exterior foram levados à força para lá, especialmente paquistaneses e pelo menos dois britânicos.

Desde que assumiu a Presidência dos Estados Unidos, Barack Obama proibiu o uso de tortura e ordenou uma revisão da política para os detentos, que deverá ser detalhada no mês que vem.

Mas, ao contrário dos prisioneiros da base naval americana na Baía de Guantánamo, em Cuba, os de Bagram não têm acesso a advogados e não podem contestar sua detenção.

Os prisioneiros de Bagram estão sendo mantidos "em um limbo legal, sem acesso a advogados ou tribunais", de acordo com Tina Foster, diretora-executiva da International Justice Network - uma organização legal de apoio que representa quatro detentos.

Ela está procurando entrar na Justiça para garantir aos detentos em Bagram os mesmos direitos dos que ainda estão sendo mantidos em Guantánamo.

Mas o governo de Obama está tentando bloquear a iniciativa.

No ano passado, o Supremo Tribunal dos Estados Unidos decidiu que os detentos de Guantánamo deveriam receber direitos legais.

Durante a campanha eleitoral para a Presidência, Barack Obama elogiou a decisão: "A decisão do tribunal é uma rejeição da tentativa do governo Bush de criar um limbo legal em Guantánamo."

"Este é um passo importante para reestabelecer a nossa credibilidade como uma nação comprometida com o Estado de direito e rejeitar uma escolha falsa entre o combate ao terrorismo e o respeito ao habeas corpus."

Foster acusa o novo governo de abandonar esta posição e "usar os mesmos argumentos da Casa Branca de Bush".

Em sua argumentação legal, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos diz que como o Afeganistão é uma zona ativa de combate não é possível conduzir inquéritos rigorosos para casos individuais e que isso desviaria preciosos recursos militares em um momento crucial.

O departamento também argumenta que conceder direitos legais aos detentos pode prejudicar a "habilidade de Obama de ter sucesso em um conflito armado e proteger as forças dos Estados Unidos" ao limitar seus poderes de conduzir operações militares.

Um juiz do tribunal federal de recursos nos Estados Unidos deverá dar um veredicto em breve.

Estas revelações para a BBC são feitas em um momento em que Obama está tentando recompor as relações de Washington com o mundo islâmico e tentando, com mais afinco do que nunca, ganhar a guerra no Afeganistão.

A controvérsia ameaça prejudicar a imagem do novo governo tanto no Afeganistão quanto no Paquistão.

Georgia-Russia: Still Insecure and Dangerous

International Crisis Group
Europe Briefing N°53
22 June 2009

OVERVIEW

Ten months after the “August war” between Georgia and Russia, violent incidents and the lack of an effective security regime in and around the conflict zones of South Ossetia and Abkhazia create a dangerous atmosphere in which extensive fighting could again erupt. Russia has not complied with key aspects of the ceasefire agreements that President Medvedev reached in August/September 2008 with French President Sarkozy in his then EU presidency role. Its 15 June Security Council veto of an extension of the sixteen-year-old UN observer mission mandate in Georgia and Abkhazia and its apparent intention to require the removal of the mission of the Organisation for Security and Cooperation in Europe (OSCE) by the end of the month are blows to regional security that will further fuel tensions. Most of the on-the-ground conflict resolution machinery is thus being dismantled. Moscow should review its counterproductive position and work for a reasonable compromise allowing the UN and OSCE monitors to continue their important work.

Russia says it is guaranteeing security at the request of South Ossetia and Abkhazia, which do not trust international observers. But it has legal obligations to do more for the security and safety of local populations, regardless of ethnicity, and to prevent human rights abuses in areas that are in effect under its control. Most importantly, it must expand efforts to allow the return of internally displaced persons (IDPs), especially the approximately 25,000 ethnic Georgians who have been unable to go back to their homes in South Ossetia.

All sides in the conflict – Georgian, Russian and South Ossetian – committed war-time abuses, but the actions of Ossetian militias, who systematically looted, torched and in some cases bulldozed most ethnic Georgian villages, were particularly egregious. The Parliamentary Assembly of the Council of Europe (PACE) called those abuses “ethnic cleansing” Human Rights Watch cited ample evidence to label them “crimes against humanity” and “war crimes”. The PACE also noted “the failure of Russia and the de facto authorities to bring these practices to a halt and their perpetrators to justice”. Indeed, Russian troops largely stood by, unwilling or unable to perform their security duties.

Since August 2008, Russia has consolidated its position in Abkhazia and South Ossetia in the face of relatively little international criticism. It has not returned its military presence to pre-war levels and locations, as called for in the 12 August six-point plan, and, in April 2009, it sent additional troops to South Ossetia and Abkhazia. In violation of its 7-8 September agreement with the EU, it has prevented the Organisation for Security and Cooperation in Europe (OSCE) from continuing pre-war activities in South Ossetia, including monitoring and implementation of a rehabilitation and reconstruction program. It justifies its positions by saying “new realities” prevail, because it recognised the August independence declarations of South Ossetia and Abkhazia and concluded bilateral security agreements.

It has now gone two steps further, not only vetoing the UN mission that has been working in Abkhazia but also blocking a renewed mandate for the OSCE mission to Georgia that has been active in South Ossetia. Though none of the other 56 OSCE member states support it on this latter step, the fourth biggest OSCE mission is on the verge of closing on 30 June because a mandate extension requires consensus.

Several rounds of discussions sponsored by the UN, EU and OSCE, focusing on security and humanitarian issues, have been held among representatives of the four sides in Geneva without tangible results. The presence of excess troops and lack of a security regime have made it impossible for even some IDPs who lived in the former Russian “buffer zones” in Georgia to feel secure enough to return to their homes. The 2008 wave of IDPs presented the Georgian authorities with a serious challenge, when they were already struggling with at least 200,000 IDPs from the conflicts in Abkhazia and South Ossetia of the early 1990s. Following the August events, the government swiftly built semi-permanent housing for the newly displaced. Now it needs to develop a more comprehensive approach to integrate both new and old IDPs into the country’s broader social and economic fabric.

In August 2008 Crisis Group recommended a series of steps to resolve the conflict. Many of those recommendations remain unsatisfied but still valid. To stabilise the security situation, lessen chances for renewed major hostilities and improve the humanitarian situation, Russia should:

  • re-engage fully in discussions within the Security Council so as to move beyond its 15 June veto and reach agreement on a functional security regime and implementation mechanism that will facilitate a continued role for the UN in Georgia;
  • comply fully with the ceasefire agreements, in particular by withdrawing from areas its troops did not occupy before 7 August 2008 (the Akhalgori district of South Ossetia, Perevi village on the Georgian side of the administrative border with South Ossetia and the Kodori Gorge region of Abkhazia);
  • allow the EU Monitoring Mission (EUMM) and international agencies including the UN immediate, free and unfettered access to South Ossetia to monitor security and provide humanitarian assistance;
  • encourage the South Ossetian de facto authorities to announce that Georgian IDPs will be allowed back immediately and engage with donors to find funding for reconstruction in destroyed villages and other areas of South Ossetia damaged during the war;
  • participate constructively in the Geneva talks; and
  • accept the Greek Chairmanship’s status neutral proposal and support continuation of the OSCE Mission.

The Georgian government and the de facto authorities in South Ossetia and Abkhazia should:

  • agree on joint measures, including international monitoring missions’ access to all areas, to prevent incidents and human rights violations in conflict zones and facilitate voluntary, safe, dignified IDP return;
  • implement a comprehensive integration strategy to increase IDPs’ ability to fully participate in political, social and economic life;
  • avoid belligerent rhetoric and false media reporting on the situation in conflict areas; and
  • welcome humanitarian and reconstruction projects sponsored by Western governments or international organisations, including the OSCE, UN, and EU, and amend laws that could obstruct such work.

The EU, the U.S. and the Council of Europe and other international organisations should:

  • support ongoing international investigations into the conduct of the August war and violations by all sides;
  • suspend Russia’s right to vote in the PACE if it does not cooperate in reversing ethnic cleansing in South Ossetia, in particular by fulfilling its 12 August and 7-8 September commitments;
  • encourage the International Olympic Committee to study whether the 2014 Winter Olympics can be safely held in Sochi, Russia, if an effective security regime has not been established in neighbouring Abkhazia;
  • encourage the Security Council to remain seized of the matter, despite the UN Mission’s termination;
  • urge the UN Secretary-General to continue exercising good offices by appointing a special envoy and pursuing efforts to facilitate the peace process;
  • invest the EU mission with an expanded role to address the situation on the ground; and
  • participate constructively in efforts to resolve immediate security and humanitarian problems, including by encouraging the parties to fully engage in the Geneva talks, as a first step towards broader conflict resolution.

This briefing focuses primarily on the situation in South Ossetia; subsequent reporting will be directed at the situation in Abkhazia.

Full report: http://www.crisisgroup.org/library/documents/europe/caucasus/b53_georgia_russia___still_insecure_and_dangerous.pdf

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Há duas opções no Irã - queda do regime ou radicalização contra opositores

por Gustavo Chacra

Faz 30 anos que caiu o regime do Xá Reza Pahlevi e as semelhanças com o cenário atual são óbvias. Um regime repressor, jovens nas ruas, mortes, um líder. Na época, o equivalente das Guardas Revolucionárias era a sanguinária Savak.

No Ocidente, poucos acreditavam que fosse possível o xá ser derrubado, com todo o seu poderio militar e o apoio dos EUA. Mas os revolucionários, que englobavam não apenas islâmicos, mas também intelectuais, marxistas, democratas, comerciantes dos bazares e uma série de outras classes da complexa sociedade iraniana conseguiram expulsar o antigo governante de Teerã e iniciar um experimento sem paralelo na história recente.

Não se imaginava, naquele momento, que Ruthola Khomeini fosse instalar um regime islâmico. Mas, aos poucos, os radicais se fortaleceram e o Irã se converteu nesta mistura de teocracia com certas liberdades democráticas como o direito ao voto.

O fortalecimento do aiatolá Khomeini se deveu em grande parte à invasão iraquiana, sob o comando de Saddam Hussein. A população iraniana se uniu e o Irã travou o mais sangrento conflito no Oriente Médio depois do fim da Segunda Guerra. O número de mortos supera o total de vítimas da Guerra do Líbano, Guerra do Iraque, Guerra de 1948, Guerra de Suez, Guerra dos Seis Dias e Guerra do Yom Kippur.

Hoje, o levante iraniano envolve algumas das classes presentes em 1979. De novo, muitos jovens. A maioria clama por democracia. Destaque para a presença de mulheres. Relatos de jornalistas em Teerã e no Twitter indicam que, aos poucos, policiais iranianos e mesmo soldados leais ao regime começam a mudar de lado. Foi assim que o xá caiu. Não dá para saber até que ponto os casos são isolados ou até mesmo verídicos. Também dizem que os comerciantes dos bazares, uma força importante na história do Irã, estão com Mir Hussein Mousavi, o herói da vez. Sem falar no ex-presidente Rafsanjani.

Para derrubar o regime, seria preciso um estopim. Este já aconteceu, com a provável fraude eleitoral. Depois, vieram as manifestações. O poder econômico, aparentemente, está com os opositores. Se o Exército mudar de lado, cai Ahmadinejad e, muito provavelmente, o aiatolá Ali Khamanei. Mais uma vez, o Irã estaria na vanguarda da história.

Claro, ainda existe risco enorme de o regime se radicalizar, prender Rafsajani, Mousavi e centenas de jovens. Mas, de qualquer forma, Khamanei se tornou um homem comum, muito longe de representar o que Khomeini representou para o início do regime. O líder supremo está com a credibilidade de um Berlusconi na hora de dar uma opinião. E Ahmadinjead, com toda a sua pinta de honesto, de morar em uma casa pobre e com seu terno envelhecido, provou que não passa de um populista que usa um discurso anti-semita com o suposto intuito de defender os palestinos, apesar de apenas prejudicá-los, enquanto é conivente com a morte de jovens em seu próprio país. Tampouco permite que jornalistas estrangeiros possam cobrir os eventos em Teerã, apesar de ter criticado israelenses e egípcios por este mesmo motivo em Gaza. Nas ruas árabes, sua imagem aos poucos se assemelha à de um Hosni Mubarak.

Análise: Crise no Irã vai além do resultado das eleições

Jon Leyne

Da BBC News em Teerã

A crise após as eleições presidenciais no Irã se desenvolveu em uma velocidade tão vertiginosa que ainda é difícil entender as suas possíveis implicações.

Até cerca de duas semanas atrás, o presidente Mahmoud Ahmadinejad podia alegar que o Irã era um país "quase completamente livre".

Já havia céticos então. Agora, a imprensa estrangeira no país está sendo obrigada a trabalhar sob algumas das mais duras restrições do mundo.

Cabe perguntar onde esta crise pode chegar e o que quer a oposição.

Até o momento, os manifestantes iranianos exigem apenas uma coisa: a convocação de novas eleições, já que eles acreditam que o opositor Mir Houssein Mousavi teria vencido o pleito da semana passada, enquanto os resultados oficiais apontam para uma vitória de Ahmadinejad.

Quando os manifestantes gritam nas ruas "morte ao ditador", não dizem a quem exatamente estão se referindo. Eles podem não apenas estar se dirigindo ao presidente Ahmadinejad, mas também ao líder supremo do país, o aiatolá Ali Khamenei.

Mesmo assim, isto não é um desafio aberto ao sistema islâmico que governa o país desde a Revolução de 1979, pelo menos até agora.

As mulheres que participam dos protestos, por exemplo, ainda não estão tirando os véus que cobrem suas cabeças, embora muitas não gostem de ser obrigadas a usá-los.

Os manifestantes também costumam gritar "Deus é grande", querendo ressaltar que eles são tão religiosos quanto aqueles que apoiam o governo.

Dignidade e prisões

O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad (AP, 16/6)
Oficialmente, Ahmadinejad foi reeleito nas últimas eleições

O governo reage aos protestos com uma exibição de dignidade ferida, como se a ideia de que ele pudesse ter fraudado as eleições fosse impensável, embora a oposição veja a fraude como bastante evidente.

Embaixadores estrangeiros são convocados um a um e censurados até mesmo por ousarem criticar a morte de manifestantes.

Enquanto isso, as autoridades enviam seus "brutamontes", os Basijis - membros da milícia pró-governo - para intimidar os oposicionistas.

Dormitórios estudantis são revirados, manifestantes são detidos durante os protestos.

Blocos de apartamentos de onde os iranianos gritam palavras de ordem são invadidos e carros destruídos.

A onda de prisões chegou a um ponto em que até um dos mais próximos assessores do aiatolá Khomeini, Ebrahim Yazdi, foi detido.

Até agora, nenhuma decisão foi tomada pelo governo para realmente controlar a crise, mas isto deve acontecer cedo ou tarde.

Luta de gigantes

O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei (AP, 12/6)
Khamenei apoiou a vitória de Mahmoud Ahmadinejad no pleito

Enquanto isso, uma disputa de poder está acontecendo no topo do sistema iraniano.

O aiatolá Ali Khamenei apostou sua carreira política no apoio inequívoco à vitória do presidente Mahmoud Ahmadinejad nas eleições.

Khamenei tem muitas cartas nas mãos. Ele é o comandante supremo das Forças Armadas, além de ser apoiado fielmente pelo Conselho dos Guardiões, que está revisando os resultados do pleito.

Até agora, ninguém ousou questionar sua autoridade, pelo menos não abertamente.

Mas, do outro lado, está o ex-presidente Akbar Hashemi Rafsanjani, que tem apoiado as campanhas oposicionistas.

Desde o início da campanha, ficou claro que ele desejava se vingar de Ahmadinejad, que o venceu nas eleições presidenciais de 2005.

Além disso, há provavelmente uma rivalidade mais profunda com o líder supremo do país. Rafsanjani apoiou Khamenei quando ele sucedeu Khomeini, em 1989.

Esta rivalidade veio à tona quando, durante um debate televisionado, Ahmadinejad acusou a família de Rafsanjani de corrupção.

Muitos iranianos acreditam que as acusações podem ser verdadeiras, mas maneira como foram feitas por Ahmadinejad causaram escândalo.

A acusação fez com que Rafsanjani escrevesse uma carta sem precedentes para o líder supremo, pedindo que ele agisse a respeito e fazendo ameaças.

O ex-presidente iraniano Akbar Hashemi Rafsanjani (AP, 12/6)
Rafsanjani tem divergências com Ahmadinejad e Khamenei

Rafsanjani escreveu que, se nada fosse feito, "os vulcões que queimam dentro de peitos flamejantes aparecerão na sociedade, como vemos nas reuniões a que assistimos nas ruas, praças e universidades".

Estas "chamas", disse Rafsanjani na carta, podem se "espalhar pelas eleições e além delas".

Akbar Hashemi Rafsanjani também tem armas poderosas.

Ele é o líder da Assembleia dos Especialistas, o grupo de clérigos responsável por eleger, supervisionar e até substituir o líder supremo do país.

Uma ação do grupo contra Khamenei seria inédita. Mas Rafsanjani recentemente foi reeleito para o cargo com uma grande maioria. Além disso, Khamenei também tem muitos inimigos entre os clérigos.

Rafsanjani também lidera o Conselho de Discernimento, que é responsável por mediar as disputas entre os órgãos do governo.

Além disso, a conhecida riqueza de Rafsanjani não pode ser subestimada.

Futuro

Pode ser que existam partidários do governo que estejam ficando encorajados pelas manifestações, mas há também muitos que têm uma adoração genuína por Ahmadinejad.

Entre os oposicionistas, a crise após as eleições fez com que anos de frustração contra o sistema viessem à tona.

Os dois lados podem estar discutindo agora a questão das eleições. Mas a verdadeira discussão é sobre o futuro do Irã. Esta é uma batalha importante, gigantesca, cujo resultado ninguém pode prever.

Para os fãs de Stars Wars

A cantina da Death Star, em inglês:

sábado, 20 de junho de 2009

As reações à crise iraniana

Bruno Garcez
BBC

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O presidente Barack Obama se limita a dizer que as cenas de violência no Irã, que mataram ao menos oito pessoas, lhe causaram ''profunda preocupação''.

Hoje, o líder supremo do Irã, Ali Khamenei, pediu a suspenção de manifestações de rua contra o resultado da eleição e as supostas fraudes que atingiram o pleito, lançando ameaças veladas de repressão.

Obama se viu forçado a reagir.

Mas o líder americano manteve o tom cauteloso, dizendo que ''todo mundo está assistindo'' aos desdobramentos da crise e acrescentando que os manifestantes têm o direito de se exprimir sem o risco de sofrer violência.

Obama tem evitado questionar a lisura do processo e preferiu não se aprofundar nas amplas denúncias de fraude que se seguiram ao pleito.

Muitos nos Estados Unidos compreendem a preocupação do presidente em evitar que os americanos sejam vistos como ''penetras'' em assuntos internos iranianos.

E, com isso, ameaçar polarizar ainda mais o clima no país e oferecer um pretexto para uma repressão violenta ao movimento oposicionista do Irã.

Mesmo com toda a cautela, o líder supremo do Irã, Ali Khamenei, já está acusando os americanos de ingerência na política iraniana.

Mas o Congresso e o Senado dos Estados Unidos decidiram que é hora de agir, se anteciparam ao líder americano e aprovaram nesta sexta-feira moções condenando o regime do Irã.

Para o candidato presidencial derrotado, o senador John McCain, Obama deveria falar publicamente que ''esta é uma eleição fraudada, corrupta'' e que os Estados Unidos apóiam o povo iraniano contra um regime opressivo.

A prudência do líder americano é o outro lado da moeda da ''real politik'' manifestada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Assim que indagado sobre os resultados da eleição, Lula afirmou que seria improvável ter havido fraude, visto que Mahmoud Ahmadinejad conquistou mais de 60% dos votos.

O líder brasileiro chegou a dizer que os protestos e denúncias lembravam a disputa de um Flamengo e Vasco, comentário quase quase idêntico ao do próprio Ahmadinejad, que comparou a divergência a um jogo de futebol.

Tanto o silêncio americano como o pragmatismo brasileiro se devem ao fato de que Estados Unidos e Brasil têm interesses em relação ao Irã que vão além do resultado da disputa eleitoral.

Os americanos buscam negociar diretamente com os iranianos o fim do programa nuclear do país.

E o Brasil, que deseja ter cada vez mais um papel ativo em fóruns multilaterais e finalmente assegurar o tão buscado assento no Conselho de Segurança da ONU, quer se cercar de amigos em tudo que é canto.

Por isso, o presidente Lula se apressou em dizer que o convite para Ahmadinejad visitar o Brasil segue de pé e que continua interessado em ir ao Irã.

Ele prefiu não levar em conta os inúmeros questionamentos sobre a legitimidade do regime iraniano, caso se confirme o quadro atual, e as perspectivas de uma explosão de violência no país, caso a tensão se intensifique.

Por isso, ainda que fazendo uso de expedientes totalmente distintos, ambos países estão colocando interesses nacionais acima da natureza do regime com o qual se negocia.

O líder da França, Nicolas Sarkozy, também demonstrou ponderação, mas salientou que não se pode deixar de identificar erros, quando estes são percebidos.

''Sou sempre favorável ao diálogo com o Irã, mas quando temos que condenar, nós condenamos.''

Lula e Obama deveriam analisar a frase do colega francês e encará-la como um conselho.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Libertados de Guantánamo, muçulmanos uighurs relaxam nas Bermudas

The New York Times

Erik Eckholm
Em Saint George (Bermudas)

Quase sete anos após terem chegado a Guantánamo acorrentados, acusados de serem combatentes inimigos, e quatro dias depois do voo inesperado, feito durante a madrugada, para as Bermudas, quatro muçulmanos uighurs aproveitam a nova situação de liberdade em que se encontram para relaxar. Eles mostram-se gratos pelos apertos de mão oferecidos por vários moradores e maravilhados com a beleza serena desta ilha agradável com paisagem de cartão postal.

Usando bermudas cáqui e camisas polo recém-compradas, os quatro homens robustos, membros de uma aguerrida minoria étnica do oeste da China, poderiam muito bem passar desapercebidos em meio à população, se não fosse pelas barbas cerradas. Cheirando flores de hibisco, aproveitando a liberdade para passear pelas ruas e portos de belas paisagens, eles manifestam surpresa devido à boa sorte que possibilitou que viessem parar aqui após um cativeiro que incluiu mais de um ano de confinamento em solitárias.

"Ontem fui nadar no mar pela primeira vez. Foi o dia mais feliz da minha vida", diz Salahidin Abdulahat, 32.

Enquanto almoçavam peixe e batatas fritas no domingo, eles elogiaram as Bermudas pela coragem frente às potenciais pressões da China. Uma coragem que, segundo eles, poderosos países europeus foram incapazes de demonstrar.

Eles fazem parte de um grupo maior de uighurs que fugiram da perseguição chinesa contra os muçulmanos no oeste da China e passaram parte do ano de 2001 em um campo de refugiados uighurs no Afeganistão. Eles fugiram, aparentemente desarmados, quando os norte-americanos bombardearam o campo. Mais tarde foram denunciados às autoridades por moradores de vilas paquistanesas em troca de recompensas pagas pelos Estados Unidos.

Os quatro que foram trazidos para cá - assim como os outros 13 uighurs que ainda estão em Guantánamo, mas que deverão partir em breve para outros países - foram inocentados por autoridades e tribunais norte-americanos, que afirmaram que eles não pegaram em armas contra os Estados Unidos e nem possuem vínculos com o terrorismo global.

Mas as propostas para transferi-los como residentes para os Estados Unidos provocaram um furor político que o governo Obama não deseja agravar.

No domingo os quatro exibiram uma surpreendente ausência de ressentimento contra os Estados Unidos, e afirmaram - conforme fizeram durante os interrogatórios anos atrás em Guantánamo - que nunca foram anti-americanos e que só desejam viver as suas vidas tranquilos.

"Antes perguntávamos por que os norte-americanos estavam fazendo aquilo conosco", disse Abdulahat. "Mas agora viemos parar aqui neste lugar belíssimo. Não queremos olhar para trás, e não nutrimos nenhum ressentimento em relação aos Estados Unidos".

Embora dois deles falem um pouco de inglês, todos comunicaram-se em uighur, auxiliados por uma mulher uighur que em Guantánamo prestou serviços de tradução e interpretação para eles e os seus advogados.

A transferência deles para esta colônia britânica, conhecida pelo iatismo e pelas casas pintadas com tons pastéis, foi um pequeno passo rumo ao objetivo do governo norte-americano de fechar Guantánamo até janeiro. A iniciativa criou uma tempestade política para o primeiro-ministro bermudense, que, segundo dizem alguns, agiu de forma autocrática, e irritou o Departamento de Relações Exteriores britânico, que afirma não ter sido consultado de forma apropriada.

Mas a maioria das objeções aqui dizem respeito ao caráter secreto do acordo, e não a temores quanto à possibilidade de que ex-terroristas andem soltos pela ilha, ao contrário da reação de certas pessoas nos Estados Unidos. Os detalhes do acordo não foram revelados.

Embora alguns moradores menos afluentes tenham dito que acham injusto oferecer emprego e cidadania a pessoas que o próprio Estados Unidos recusou-se a aceitar, muitos outros deram de ombros e manifestaram orgulho pela hospitalidade bermudense. Quando os homens saem da casa à beira-mar na qual estão morando temporariamente até obterem empregos e descobrir o que farão a seguir, os habitantes da região muitas vezes vêm até eles para dar-lhes um aperto de mão e desejar-lhes sucesso. Os quatro dizem que ficam profundamente comovidos com isso.

Xinjiang - a terra natal deles, uma região preponderantemente muçulmana no oeste da China na qual muitos moradores sofrem com o regime chinês - não tem mar. Muitos dos detentos uighurs viram o oceano - ainda uma presença distante e misteriosa - pela primeira vez na vida através das cercas de Guantánamo.

Agora eles podem entrar no mar. Khaleel Mamut, 31, diz que foi pescar de barco no sábado e pegou um peixe pela primeira vez na vida. "Fiquei muito alegre", diz ele. "Você simplesmente joga o anzol na água e pega um peixe". Quando lhe dizem que a pescaria nem sempre resulta em um sucesso tão rápido, um deles brinca, sugerindo que os peixes estão participando do comitê de boas vindas das Bermudas.

Eles têm promessas de vistos de trabalho e, em talvez cerca de um ano, também de cidadania, de acordo com o advogado norte-americano. Isso permitirá que tirem passaportes e tenham direito a viajar.

"A ideia é que eles se tornem bermudenses", afirma o general da reserva Glenn W. Brangman, que foi incumbido pelo governo de ajudar os recém-chegados e que os saúda com abraços apertados. Segundo o atual acordo, a Bermuda não permitirá que os quatro visitem os Estados Unidos. Não se sabe se eles alguns dias poderão pisar em território estadunidense, mesmo que obtenham a cidadania bermudense.

Os quatro afirmam que não querem nada com a China, que exigiu a repatriação dos quatro e que provavelmente os colocaria na prisão.

Durante os interrogatórios em Guantánamo, os quatro e os outros uighurs disseram que foram parar no Afeganistão após terem fugido da perseguição chinesa, e que desejavam trabalhar pela "libertação" do povo uighur - uma atitude que é tida como traição pela China.

Muitos disseram que lhes mostraram como disparar um fuzil Kalashnikov quando estavam no acampamento uighur, mas que não contavam com nenhum treinamento real, nada sabiam a respeito da Al Qaeda, não combateram os norte-americanos e não consideravam estes seus inimigos.

Os quatro faziam parte de um grupo maior que estava escondido em cavernas nas montanhas perto de Jalalabad depois que o campo de refugiados em que se encontravam foi bombardeado pelas forças norte-americanas no final de 2001. Famintos, assustados e desarmados, eles seguiram para o Paquistão, onde os moradores das vilas os entregaram às autoridades em troca de recompensas pagas pelos norte-americanos.

Após terem passado anos em cativeiro, as autoridades norte-americanas concluíram que eles não podiam ser considerados combatentes inimigos. Em outubro do ano passado um tribunal ordenou que eles fossem libertados. Porém, a libertação foi adiada porque não se conseguia encontrar um país que os aceitasse, e uma outra determinação de um tribunal proibia que eles fossem transferidos para os Estados Unidos.

Em 2007, cinco uighurs foram mandados para a Albânia. Há negociações em andamento para o envio de todos ou a maioria dos 13 uighurs restantes para a ilha de Palau, no Oceano Pacífico.

Na manhã da última quinta-feira os bermudenses souberam que os quatro tinham chegado antes do alvorecer, por meio do primeiro-ministro Ewart F. Brown, que negociou sigilosamente com os norte-americanos, e que disse que fez "a coisa certa". Os oponentes, que já consideravam Brown autocrático, pediram um voto de desconfiança contra o primeiro-ministro, algo que poderá ocorrer dentro de semanas.

Ao mesmo tempo, o governo britânico daqui manifestou o seu descontentamento por não ter sido informado sobre o acordo, e o Departamento de Relações Exteriores britânico reclamou com Washington.

O destino de Brown pode ser incerto, mas ao se depararem com os quatro homens, muitos residentes os receberam bem.

Washington encontra-se em uma situação delicada no que diz respeito aos uighurs. Os Estados Unidos buscaram o apoio da China na suas iniciativas anti-terroristas após os atentados de 11 de setembro de 2001. Os norte-americanos rotularam de terrorista um obscuro grupo pró-independência uighur e em 2002 permitiram que autoridades chinesas entrassem em Guantánamo para interrogar os uighurs presos. Os quatro homens que encontram-se aqui disseram que o interrogatório foi a pior parte da prisão em Guantánamo, já que os agentes chineses os questionaram durante horas, sem que ninguém lhes oferecesse comida, e fizeram ameaças a eles e às suas famílias.

Com base nos relatos dos homens, fica claro que a presença deles no Afeganistão estava vinculada à sua animosidade contra a China. Não existe qualquer indicação de que em 2001 eles pretendiam participar de uma jihad global.

Agora, apesar dos protestos da China, eles estão sendo soltos e enviados para outros países.

Mas, no domingo, enquanto pensavam no inesperado rumo tomado pelas suas vidas, os quatro disseram com um certo prazer que todos esses problemas parecem agora distantes.

Tradução: UOL

Em meio a novos protestos, Irã critica 'interferência externa'

BBC

Dezenas de milhares de iranianos voltaram às ruas da capital, Teerã, para protestar nesta quarta-feira contra os resultados das eleições presidenciais realizadas na semana passada.

Os manifestantes cobram a realização de novas eleições e reclamam de fraude na votação da última sexta-feira, que - segundo resultados oficiais - terminou com a vitória do presidente Mahmoud Ahamadinejad.

Em meio aos novos protesto, o governo do Irã convocou embaixadores estrangeiros para reclamar de "comentários intrometidos e impertinentes" e "interferência intolerável" de outros países em assuntos internos iranianos.

Entre os embaixadores convocados pelo Ministério do Exterior iraniano estava o enviado suíço que representa os interesses americanos no Irã.

Em Washington, o Departamento de Estado americano disse que os Estados Unidos não estão interferindo no debate que os iranianos realizam sobre a eleição da semana passada e suas consequências.

Marcha

Durante o dia, testemunhas afirmaram que uma grande multidão se reuniu em uma praça no centro de Teerã para participar de uma marcha de protesto. Muitos usavam preto como uma demonstração de luto pelos que morreram nos confrontos com a polícia nos últimos dias.

Protesto em Teerã (imagem do usuário do Twitter identificado como Madyar)
Manifestantes reclamam de fraude nas eleições presidenciais iranianas

Uma manifestação ainda maior, convocada pelo candidato derrotado nas eleições, Mir Hossein Mousavi, é esperada nesta quinta-feira. O líder oposicionista convocou uma manifestação pacífica e afirmou que será um dia de luto pelas oito pessoas mortas nos recentes protestos.

Segundo o correspondente da BBC em Teerã, Jon Leyne, é difícil verificar o número de participantes nos protestos desta quarta-feira. Alguns estimam que entre 70 mil e 100 mil pessoas foram às ruas - outros falam em 500 mil pessoas.

As autoridades iranianas proibiram os jornalistas estrangeiros de acompanhar manifestações não autorizadas e também de se movimentar livremente pela capital, mas não há controle sobre o que esses jornalistas podem escrever ou afirmar.

De acordo com Leyne, o governo ameaçou prender blogueiros, mas ainda não apresentou uma estratégia mais clara para enfrentar os protestos.

Faixas verdes

Relatos indicam que a marcha desta quarta-feira, na região central de Teerã, teria sido silenciosa para evitar uma provocação às autoridades.

Os manifestantes levaram cartazes em que reforçavam a reclamação de fraude nas eleições. A televisão estatal iraniana exibiu rapidamente imagens do protesto.

Muitas pessoas usaram preto e verde, cor associada à campanha eleitoral de Mousavi. Em Seul, na Coreia do Sul, seis jogadores da seleção iraniana de futebol, incluindo o capitão do time, entraram em campo com faixas verdes nos braços para disputar uma partida pelas Eliminatórias da Copa do Mundo.

Desde o último sábado, quando os protestos se intensificaram, oito pessoas morreram em enfrentamentos entre manifestantes e forças policiais.

O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, pediu calma à população e o fim das tensões.

Prisões e batidas

Na manhã desta quarta-feira, relatos indicavam que duas figuras da oposição, o ativista e jornalista Reza Jalaipour e o comentarista Saeed Laylaz, foram presas no Irã.

Laylaz é um analista político e econômico crítico ao governo do presidente Mahmoud Ahmadinejad e presença frequente em reportagens da imprensa estrangeira.

Cerca de cem opositores foram presos no domingo em meio aos protestos. Muitos foram liberados posteriormente.

Durante a madrugada, membros da milícia Basij teriam realizado operações em residências estudantis em diversas cidades do país. Estudantes teriam sido agredidos e prédios, revistados. O reitor da universidade na cidade de Shiraz renunciou ao cargo.

Os estudantes estão entre os mais ativos membros da oposição iraniana, e a atuação das forças policiais em ambientes estudantis tem criado tensões. No incidente mais ilustrativo dos últimos dias, 120 professores da Universidade de Teerã pediram demissão após uma batida na instituição.

Em meio à crise, o Conselho dos Guardiões do Irã - órgão que supervisiona a eleição presidencial - anunciou que está disposto a recontar os votos do pleito contestados pela oposição.

Mas um porta-voz do conselho disse à TV estatal iraniana que a eleição não será anulada, como exigem os candidatos moderados. A oposição diz que a recontagem seria insuficiente, já que milhões de cédulas eleitorais teriam desaparecido.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Irã 'quer ter a opção de arma nuclear', diz AIEA

BBC

O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Mohammed El-Baradei, disse acreditar que o Irã esteja dominando a tecnologia nuclear e que o país busca a opção de poder fabricar uma arma nuclear.

Mohammed ElBaradei disse em entrevista à BBC que os países com armas nucleares são tratados de maneira diferente dos que não as possuem.

Segundo ele, a Coreia do Norte, com uma bomba, foi convidada para a mesa de negociações, enquanto o presidente Saddam Hussein, do Iraque, que não possuía a arma, foi "pulverizado".

"Eu tenho a impressão que o Irã gostaria de ter a tecnologia para permitir que ele tenha armas nucleares", disse El-Baradei.

Potência

"Eles querem enviar uma mensagem para os vizinhos, para o resto do mundo: 'Não mexam conosco.'"

"Mas o objetivo final do Irã, como entendemos, é que ele quer ser reconhecido como uma grande potência no Oriente Médio."

"Este é o caminho deles para conseguir reconhecimento, para conseguir poder e prestígio. Esta também é uma apólice de seguro contra o que eles ouviram no passado sobre mudança de regime."

No resto do mundo, El-Baradei disse que a maior ameaça é a possibilidade de armas nucleares caírem nas mãos de um grupo extremista.

O diretor-geral da AIEA disse que o princípio de dissuasão nuclear não se aplicaria a tais grupos.

O único futuro seguro, de acordo com El-Baradei, é um desarmamento nuclear generalizado liderado pelas atuais potências nucleares que possuem um total de 27 mil ogivas nucleares.

Carter Decries Gaza Curbs, Asks Israel to Halt 'Abuse'

Washington Post Foreign News
Wednesday, June 17, 2009

JERUSALEM, June 16 -- Former president Jimmy Carter said Tuesday that Palestinians in the Gaza Strip were being treated "more like animals than human beings" by Israeli rules that have limited travel, banned the import of all but basic goods and prevented reconstruction since a three-week war ended earlier this year.

"Never before in history has a large community been savaged by bombs and missiles and then deprived of the means to repair itself," he said.

Carter called the situation "a terrible human rights crime," noting that the restrictions force people to rely on smugglers for many items.

"This abuse must cease. The crimes must be investigated. The wall must be brought down, and the basic right of freedom must come to you," he said at a United Nations school during a visit to Gaza that included meetings with top officials of the Islamist Hamas group, which holds power in the area.

Israel has imposed economic, financial and other restrictions on Gaza in an effort to undermine the group, whose armed wing has fired thousands of rockets and mortars at Israel. In response to the rocket fire, Israel launched a war against Hamas in late December. Israeli officials say they will maintain the embargo until they are certain that shipments into Gaza will not benefit the organization, whose founding charter advocates Israel's eradication.

The United States considers Hamas a terrorist group, though President Obama has called on Israel to relax the restrictions and acknowledged in a recent speech in Cairo that the organization has support among Palestinians.

Carter, who met with Ismail Haniyeh, the Hamas leader in Gaza, said he told the group's officials that they should halt attacks, recognize Israel and join peace talks.

"They have made statements and taken actions that suggest they are ready," Carter said, referring to a recent meeting he had in Syria with exiled Hamas leader Khaled Meshal. Carter said Meshal told him that Hamas would accept a peace agreement if Palestinians approve it in a referendum.

Haniyeh said the group would accept an agreement if Israel returned all land it occupied in the 1967 Arab-Israeli war.

"If there is a real project that aims to resolve the Palestinian cause on establishing a Palestinian state on 1967 borders, under full Palestinian sovereignty, we will support it," Haniyeh said. He did not say whether that would involve recognizing Israel or agreeing to halt Hamas's armed resistance.

The United States has no official contact with Hamas, and a State Department official said Carter went to Gaza as a private citizen.

Celso Amorim: Brasil, Rússia, China e Índia são os 'New Kids on the Block'

O Globo

O chanceler brasileiro, Celso Amorim, recorreu a um fenômeno musical dos anos 80 e 90 do século passado para falar da importância dos chamados Brics (Brasil, Rússia, Índia e China). Em entrevista a correspondente do GLOBO em Moscou, Vivian Oswald, o ministro comparou a relevância dessas nações ao sucesso da banda "New Kids on the Block", de Boston (EUA). Ainda de acordo com Celso Amorim, o uso de moeda comum para o comércio e a criação de um banco de fomento estão na pauta do grupo. Em Ekaterinburgo, na Rússia, Lula e os líderes dos outros países pediram reforma monetária.

Pode-se falar na institucionalização dos Brics?

CELSO AMORIM: Assinar um tratado e dizer que vai formar grupo não é imediato. Mas haverá reuniões periódicas. Na busca de respostas à crise, os Brics podem dar uma grande contribuição. Uma opção é o comércio em moeda comum, como fazemos com a Argentina. Quando (o presidente russo Dmitri) Medvedev se encontrou com o presidente Lula em novembro, o comércio da Rússia com o Brasil caiu brutalmente por razões externas. Os ministros dos quatro países podem tratar deste assunto nos próximos encontros.

A ideia da criação de um banco de fomento continua na pauta?

AMORIM: Podemos desenvolver um banco de fomento entre os quarto países. Evidentemente, outras coisas mais urgentes tomaram a frente na agenda. Mas os Brics podem, sim, ter um papel importante nesta área. Vê-se pelo aporte de U$ 10 bilhões que o Brasil fez no FMI, outros US$ 10 bilhões da Rússia, US$ 50 bilhões da China. Isso só confirma que eles podem atuar juntos.

Os Brics tendem a tomar lugar de outros grupos?

AMORIM: Os Brics são importantes mas não vieram para substituir outras alianças especiais que já temos constituídas, como o Ibas (Índia, Brasil e África do Sul), a aproximação dos países latino-americanos, a parceria estratégica que temos com a União Europeia ou as excelentes relações com os EUA. São relevantes pelo seu peso na economia mundial. São os New Kids on the Block.

Qual o papel do G-8?

AMORIM: O G-8 (que reúne os sete países mais ricos do mundo e a Rússia) não tem mais sentido como diretório para tratar os destinos do mundo, nem econômico nem político. Se decidirem algo e os Brics não estiverem com eles, terá valor reduzido. O G-20 (grupo com as 20 maiores economias do mundo) vai existir como a formação mais importante. O mundo está mudando. E não dá para ter sete países ditando as regras.

Os quatro países são muito diferentes. Especialistas dizem que China pode não assumir compromissos profundos para preservar, por exemplo, seu relacionamento com os EUA?

AMORIM: A China está destinada a ser a maior economia do mundo. Mas o fato de se tornar a maior economia do mundo não vai acontecer como foi com os EUA. A China tem carências energéticas e alimentares. A relação dela com os Brics ou países como o Brasil vai ter que ser muito importante. Prova do interesses dos chineses pelo Brasil é o empréstimo para a Petrobras. Querem também abrir um banco de desenvolvimento no Brasil. A relação entre a China e os EUA é boa. As reservas internacionais chinesas ajudam a sustentar o Tesouro americano. Não acho que vá haver desengajamento por parte dos chineses nas decisões dos Brics.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Obama promete romper ciclo de recompensas à Coreia do Norte

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse nesta terça-feira que o governo americano vai quebrar o ciclo pelo qual o governo da Coreia do Norte cria uma crise para, logo em seguida, ser recompensado com concessões por parte da comunidade internacional.

"Esse é um padrão pelo qual eles passaram a esperar", afirmou Obama. "Nós vamos quebrar esse padrão."

Em entrevista coletiva na Casa Branca, ao lado do presidente da Coreia do Sul, Lee Myung-bak, Obama declarou que uma Coreia do Norte com armamentos nucleares representa "uma grave ameaça" ao mundo.

O presidente americano afirmou ainda que os Estados Unidos vão buscar "vigorosamente" o fim do programa nuclear norte-coreano.

O líder sul-coreano reforçou o tom das declarações de Obama e disse que seu país não vai permitir, "em nenhuma circunstância, que a Coreia do Norte tenha armas nucleares".

Sanções

Em 25 de maio, a Coreia do Norte realizou um teste nuclear e também testou o lançamento de mísseis de curto alcance. Em resposta, o Conselho de Segurança da ONU aprovou por unanimidade, na última sexta-feira, a imposição de sanções mais severas ao país.

A nova resolução autoriza os países membros da ONU a inspecionar carregamentos norte-coreanos transportados por terra, mar ou ar e destruir qualquer material suspeito de estar relacionado a armas de destruição em massa.

A medida do Conselho de Segurança também amplia o embargo ao comércio de armas com a Coreia do Norte, proibindo que o país venda tanto armamento pesado como armas leves.

Em resposta às sanções, o governo norte-coreano anunciou que pretende enriquecer urânio e transformar o plutônio que extrair deste processo em armas nucleares.

Brasil será sede de próxima cúpula dos BRICs, em 2010

Dmitry Medvedev (dir.) e Luiz Inácio Lula da Silva em Ecaterimburgo
Medvedev (à direita) e Luiz Inácio Lula da Silva na reunião em Ecaterimburgo

Os líderes dos quatro países emergentes reunidos na sigla BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) concluíram sua primeira cúpula, em Ecaterimburgo, na Rússia, prometendo uma maior cooperação em diferentes áreas e com o anúncio de que o Brasil sediará o próximo encontro do grupo, em 2010.

A segunda cúpula, ainda sem data, é reflexo de um avanço na formalização do grupo. Estão previstos ainda encontros entre ministros de áreas como Fazenda e também de integrantes dos bancos centrais.

O documento final deixa claro também que os BRICs, como grupo, apóiam as aspirações da Índia e do Brasil de desempenhar um papel maior na Organização das Nações Unidas (ONU).

"Quanto maior for nossa cooperação, mais fortes seremos", disse o presidente russo Dmitri Medvedev. "Queremos uma ordem mundial justa", acrescentou, durante a declaração final à imprensa.

Apesar dessa maior cooperação entre os quatro, os líderes deixam claro, na declaração conjunta, o papel principal que deve ser desempenhado pelo G20 em meio à atual crise e não deixam dúvidas sobre a ambição de que sejam feitas reformas nas instituições financeiras que deem mais voz aos países emergentes e em desenvolvimento.

"As economias emergentes e em desenvolvimento têm de ter mais voz e representação nas instituições financeiras internacionais e sua direção deve ser indicada através de um processo aberto, transparente e baseado no mérito."

Moeda

O tema que gerou mais polêmica às vésperas da reunião, a possível busca de uma alternativa ao dólar como moeda de reserva, ganhou uma menção vaga, sem referência específica ao dólar, no documento.

"Nós acreditamos que existe uma forte necessidade de um sistema monetário internacional estável, previsível e mais diversificado", diz o documento.

"Não foi mencionada um moeda comum ou uma nova moeda neste momento. Houve menções como ‘não podemos ficar sujeitos a flutuações de uma moeda de um único país', mas também compreensão de que essas coisas ocorrem muito gradualmente e que mudanças no sistema monetário, de maneira brusca, criariam outra crise. Mas isso foi parte indireta da discussão", disse o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, durante uma coletiva.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por outro lado, mencionou, segundo Amorim, o comércio bilateral entre Brasil e Argentina, feito nas moedas locais.

A iniciativa representa apenas 5% do comércio entre os parceiros de Mercosul, mas o Brasil tem interesse em adotar iniciativas semelhantes no comércio com os outros parceiros do grupo.

"Isso poderá ser discutido em uma reunião como esta de ministros de Economia e Comércio", disse Amorim.

O presidente brasileiro sugeriu ainda a criação de um conselho empresarial dos BRICs.

Em uma declaração separada, o grupo destacou que as flutuações no preço global dos alimentos, aliadas à crise financeira, estão ameaçando a segurança alimentar.

No documento, eles destacam que é importante analisar os desafios e oportunidades apresentadas pela produção de biocombustíveis e seu uso não apenas sob o ponto vista da segurança alimentar, como também da segurança energética e desenvolvimento sustentável.

Análise: Situação em Teerã é imprevisível e tem potencial explosivo

Jon Leyne

De Teerã para a BBC News

Com a continuação de manifestações contra os resultados da eleição presidencial no Irã, a situação na capital, Teerã, está se tornando imprevisível e potencialmente explosiva.

Durante todo o domingo, multidões se concentraram em diversas áreas, em protestos que não haviam sido organizados.

Em congestionamentos, motoristas tocavam a buzina para expressar oposição ao governo. Multidões nas calçadas cantavam e faziam sinais de vitória com as mãos.

Em alguns lugares, a polícia compareceu em grande número. Alguns policiais estavam aparelhados para enfrentar confrontos. Outros apareceram na garupa de motocicletas.

Aparentemente, eles receberam instruções claras para não abrir fogo. Embora fosse possível ouvir tiros ocasionais, a maior parte da polícia usava cassetetes de maneira brutal.

Aspirações sufocadas

É difícil obter um quadro confiável da dimensão dos protestos em Teerã e, mais ainda, no resto do país.

Mas eles se propagaram rapidamente durante a noite. O barulho da multidão foi ouvido até mesmo nos bairros de classe média, que costumam ser mais sossegados.

Muitos iranianos subiram nos telhados das casas para gritar slogans como "abaixo o ditador".

Os protestos se transformaram em um desafio não apenas ao resultado das eleições, não apenas ao presidente Mahmoud Ahmadinejad, mas também ao líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei. Isso significa um desafio a toda a base da república islâmica.

Durante dois anos, pude observar jovens e ambiciosos iranianos tocando suas vidas em meio a uma crescente frustração.

Eles sentem que o sistema sufoca suas aspirações. Agora, eles acreditam que sua inteligência e seu orgulho foram insultados por um resultado eleitoral que muitos iranianos acreditam ter sido fraudado de uma forma grosseira.

E a forma quase despreocupada com que o presidente Ahmadinejad rejeitou as reclamações apenas aumentou a raiva dos iranianos.

Sem precedentes

Apesar dos protestos, o presidente Ahmadinejad ainda tem muitos partidários.

Muitos deles apareceram no comício de vitória que o presidente fez no centro de Teerã na tarde de domingo.

Ele concentrou seu discurso em críticas a governos de outros países e à imprensa internacional, responsabilizando-os pelos problemas na eleição.

Agora existe o risco de que os dois lados das manifestações no Irã se enfrentem.

E muitos temem que o governo dê a autorização para que a polícia abra fogo se a situação ficar fora de controle.

Mas ainda é difícil avaliar que tipo de concessão política poderá ser feita.

Ahmadinejad continua com sua postura de desafio, confiante no apoio do líder supremo. E a oposição vai descobrir que o recurso (contra o resultado das eleições) tem mínimas chances de ser bem sucedido.

É uma situação sem precedentes nos 30 anos de história da república islâmica e é impossível prever seu resultado.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

David Beckham visita programas de sobrevivência infantil na Serra Leoa

David Beckham visitou a Serra Leoa, um país onde uma em cada quatro crianças morre antes de completar cinco anos de idade. O motivo da viagem realizada com a UNICEF foi o de chamar a atenção para a sobrevivência infantil, um tema essencial para o progresso de muitas nações e para a humanidade no seu conjunto. David Beckham é Embaixador de Boa-Vontade da UNICEF desde Janeiro de 2005.

"Na Serra Leoa, uma em cada quatro crianças morre antes do seu quinto aniversário. Isto é chocante e trágico, especialmente porque as soluções são simples: coisas como a vacinação contra o sarampo ou o uso de redes mosquiteiras para prevenir o paludismo", declarou David Beckam após a sua visita ao país. A viagem de David Beckham coincide com a publicação do relatório da UNICEF “A Situação Mundial da Infância 2008: Sobrevivência Infantil”, que analisa os progressos realizados e os desafios ainda pendentes para conseguir cumprir o Objectivo de Desenvolvimento do Milénio número 4. O cumprimento deste objectivo pressupõe a redução do número de mortes de crianças em dois terços entre 1990 e 2015.

Beckam na Serra Leoa

De acordo com os dados do relatório sobre A Situação Mundial da Infância 2008, 27% das crianças de Serra Leoa morrem antes dos cinco anos, o que confere ao país a triste posição de primeiro na lista dos países com piores taxas de sobrevivência infantil. Em nenhum outro lugar do mundo a necessidade de pôr em marcha estratégias para salvar vidas de crianças é mais evidente do que na Serra Leoa.

David Beckam visitou a localidade de Bombali, no Norte, onde se registam as mais elevadas taxas de mortalidade infantil do país. Aí teve a oportunidade de visitar um centro de saúde onde pôde constatar em primeira mão quais são as principais causas que impedem muitas crianças de ultrapassar a primeira infância. O paludismo por si só causa 33% das mortes, seguido da diarreia, da má nutrição e de doenças como o sarampo e a tuberculose. Os números são trágicos, e o que também é trágico é que todas estas causas são evitáveis com intervenções de baixo custo.

A UNICEF coopera com os centros de saúde da Serra Leoa para inverter esta situação. Beckham pôde testemunhar algumas iniciativas nas quais a UNICEF apoia as comunidades, vacinando as crianças e mães e promovendo a educação sobre a importância de práticas de higiene para evitar as doenças diarréicas. O apoio da UNICEF permite aos técnicos de saúde a chegarem a centenas de crianças.
Num centro de alimentação terapêutica, David Beckham ficou a conhecer as estratégias seguidas pela UNICEF para libertar da má nutrição grave bebés que chegam a pesar menos de 70% do seu peso normal. Para além da alimentação terapêutica com leite enriquecido e biscoitos de vitaminas, a UNICEF promove o aleitamento materno exclusivo como a melhor maneira de proteger a saúde dos bebés até aos seis meses de idade. Para ter êxito, é necessário que as mães conheçam as vantagens do aleitamento e que elas próprias tenham uma alimentação adequada. Com estas intervenções básicas, o centro visitado por David Beckham consgeuiu inverter a má nutrição de 90% das crianças internadas.

Sobrevivência infantil

Por dia morrem mais de 26 000 crianças menores de cinco anos devido a causas evitáveis, o que indica que, apesar dos grandes progressos realizados, ainda há muito caminho a percorrer. Porém, existem motivos para ter esperança: pela primeira vez na história o número de mortes de crianças no mundo desceu abaixo dos dez milhões, o que revela que o trabalho para promover a sobrevivência funciona e existem intervenções eficazes que permitem avançar ainda mais. O êxito, segundo o relatório sobre A Situação Mundial da Infância 2008, "é uma questão de vontade e acção".

“Não podemos fechar os olhos face às dezenas de milhares de crianças pequenas que morrem por dia nos países em desenvolvimento, maioritariamente de causas evitáveis", afirma Beckham. "Salvar estas crianças é uma prioridade fundamental para a UNICEF e, como Embaixador, espero poder chamar a atenção do mundo para esta realidade”.

Fotogaleria

©UNICEF HQ08-0014 David Turnley

Serra Leoa: David Beckham, Embaixador de Boa Vontade da UNICEF, joga futebol com um grupo de rapazes nos subúrbios de Makeni na Província Norte do país.

©UNICEF HQ08-0008 David Turnley

Serra Leoa: David Beckham administra a vacina oral da polio a Mariatsu, um bebé com dois dias de vida, durante uma visita à maternidade na cidade de Mangorea no Norte do país. A mãe, Alice, segura o bebé nos braços com a ajuda da enfermeira Ângela. A mãe de Mariatsu tem apenas 16 anos e espera poder voltar à escola logo que possível.

Amazônia em risco, contacte o Lula HOJE

Caros amigos,

Quarta-feira passada o Senado brasileiro passou a Medida Provisória (MP) 458 que regulariza terras ocupadas de forma ilegal na Amazônia. Isso significa que milhões de acres de terra da Amazônia que são hoje um patrimônio da união estimado em 70 bilhões de Reais, serão privatizados. A maior parte destas terras irão parar nas mãos de grileiros, os grande responsáveis por violentas disputas por terra e pelo desmatamento da Amazônia.

O governo brasilieiro está enviando uma mensagem perigosa que aqueles que ocupam a Amazônia de forma ilegal e violenta serão beneficiados. A projeto de regularização da Amazônia não começou mal - a idéia era proteger pequenos agricultores que precisavam do título legal de suas terras. Porém, no meio de caminho ele foi corrompido pelos interesses do poderoso agronegócio, incluindo assim provisões perigosas que garantiriam a eles a maior parte das terras beneficiada pelo programa.

Nós só temos até esta quarta-feira para pedir para o Presidente Lula vetar estes pontos da MP, garantindo assim a proteção da Amazônia. Somente uma mobilização coordenada e massiva de pessoas de todos os estados brasileiros poderá convencer o Presidente Lula a vetar os pontos cruciais da MP. Só dependemos de um pequeno esforço de cada um de nós – ligue para o gabinete do Presidente Lula agora mesmo e diga para ele:

1. Nós não queremos que grandes empresas se beneficiem da MP 458 pois são elas as responsáveis por grande parte do desmatamento e queimadas da Amazônia

2. Nós queremos que o Presidente diferencie pequenos agricultores de grande proprietários, portanto pedimos uma mudança em três pontos da MP:

  • Vetar os incisos II e IV do artigo 2º que permite a “ocupação e exploração indireta”, garantindo assim que apenas as pessoas que moram na terra tem direito ao título legal.

  • Vetar artigo 7º que permite título à empresas privadas. Somente terras de indivíduos devem ser regularizadas

  • Incluir um artigo que proiba a comercialização das terras regulamentadas por 10 anos, para evitar a especulação comercial das terras

    • Gabinete do Presidente:
      (61) 3411.1200 (61) 3411.1201


Nos próximos dois dias será garantida a privatização de uma grande parte da Amazônia, dando início a um perigoso e irreversível processo de desmatamento. Enquanto o mundo aumenta as suas preocupações ambientais, buscando uma economia livre de carbono e um maior respeito pelos nossos recursos naturais, nós não podemos deixar que o nosso governo venda a Amazônia. Nós só temos 2 dias! Ligue para o Gabinete do Lula hoje, depois encaminhe este email para todos os seus amigos e familiares!

Depois de ligar clique no link para registrar o seu nome, para que possamos acompanhar o número de participantes desta campanha:

http://www.avaaz. org/en/nao_ privatize_ a_amazonia/

Com esperança,

Alice, Graziela, Ricken, Ben, Luis, Paula, Pascal, Iain, Brett, Paul, Raluca e toda a equipe Avaaz

Ruralistas privatizam a Amazônia:
http://www.greenpea ce.org/brasil/ amazonia/ noticias/ ruralistas- privatizam- a-amaz-n

Carta aberta da senadora Marina Silva ao presidente da República:
http://www.greenpea ce.org/brasil/ amazonia/ noticias/ carta-aberta- da-senadora- marin

MP 458: Marina Silva alerta para legalização de terras griladas:
http://www.senado. gov.br/agencia/ verNoticia. aspx?codNoticia= 91856&codAplicativo= 2

MP 458 é prêmio ao crime de apropriação ilegal da Amazônia:
http://www.correioc idadania. com.br/content/ view/2993/ 9/

A Amazônia na mesa do Presidente:
http://www.socioamb iental.org/ nsa/detalhe? id=2894

Marina resiste, Kátia defende a grilagem:
http://www.greenblo g.org.br/ ?p=1390

Brazil: Land reform or deforestation boost for the Amazon?:
http://globalvoices online.org/ 2009/06/04/ brazil-land- reform-or- deforestation- boost-for- the-amazon/


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terça-feira, 9 de junho de 2009

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Genocídio do Camboja

AVISO: as fotos mostradas nesse vídeo são bem fortes, e não são apropriadas para os mais sensíveis.



Pol Pot, the Khmer Rouge, and Genocide in Cambodia

During their three-year, eight-month, and 21-day rule of Cambodia, the Khmer Rouge committed some of the most heinous crimes in modern history:

- The entire population of Cambodia's urban areas was evacuated from their homes and forced to march into rural areas to work the fields.

- Every man, woman, and child was forced into slave labor for 12-15 hours each day.

- An estimated two million people (21% of Cambodia's population) lost their lives. Many of these victims were brutally executed; many more died of starvation, exhaustion, and disease.

That these crimes were committed so recently (1975-1978) makes them all the more sickening. The country's scars are still plainly visible:

- The population is suspiciously youthful (50% is under the age of 15).

- The economy is in shambles. This is partially thanks to the Khmer Rouge's execution of the upper and educated classes. The fact that they destroyed most of the vehicles and machines in the cities can't have helped.

- New human remains turn up around the exhumed mass graves of the Killing Fields of Cheoung Ek on a daily basis. Silent reminders of the tragedy, these bones and teeth are ceremoniously placed into makeshift shrines in tree hollows and cement planters.

It's hard to comprehend the motivations behind an atrocity like the Cambodian genocide. What could have been going through the minds of the Khmer Rouge officers and their leader Pol Pot?

"Hey Pol, I've got an idea, man. Let's turn the country upside down and get real primitive. Evacuate all the cities, march everyone out to the country. And then start farming, man! Big time. And if anyone resists, let's execute them. In fact, let's kill a whole lot of people. I'm talking hundreds of thousands. Maybe millions. And do it real cruel-like. Bash their heads against trees, electrocute 'em, drown 'em in vats of cold water..."

Fear must have been the prevailing motivator in the regime. How could an officer commit such monstrous crimes against his own countrymen? For fear that something even worse would happen to him.

The Khmer Rouge atrocity seems to follow a time-honored recipe for genocide: the obsessive desire to reach a religious or political ideal coupled with a healthy dose of madness.

Why don't we learn? It seems as if past atrocities of genocide haven't served as a warning, but instead as a blueprint for how to repeat them.

But if history has proven human beings to be intrinsically fallible, it has also proven us to be extraordinarily resilient. Pol Pot cast a heavy shadow over Cambodia, but the people have managed to persevere, begin anew, and find joy in life again.