domingo, 18 de janeiro de 2009

Bush abriu portas do Conselho de Segurança ao Brasil, diz embaixador

GISELLI SOUZA
colaboração para a Folha Online

Os oito anos de George W. Bush à frente dos Estados Unidos permitiram ao Brasil ficar mais próximo de conquistar um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas), segundo o embaixador do Brasil em Washington, Antônio Patriota.

13.09.2005/Alan Marques/Folha Imagem
Para embaixador, governo brasileiro avançou no relacionamento bilateral nas questões políticas com os EUA na gestão de Bush
Para embaixador, governo brasileiro avançou no relacionamento bilateral nas questões políticas com os EUA na gestão de Bush

"O governo Bush não chegou a apoiar explicitamente o Brasil, mas ele chegou mais perto disso que qualquer governo anterior. Nas declarações da [secretária de Estado americana, Condoleezza] Rice, ela lembrou que existem argumentos muito sólidos para a participação do Brasil como membro permanente do conselho", disse Patriota.

O Brasil foi membro temporário do conselho nove vezes, sendo a última, entre 2004 e 2005. Os únicos países a terem um assento permanente são: China, França. Rússia, Reino Unido e Estados Unidos. Há vários anos, o país reivindica --ao lado do Japão e da Alemanha-- a ampliação das cadeiras permanentes no órgão que é o mais importante da ONU.

Segundo Rice, "os EUA nunca tinham tido relações estreitas com o Brasil e nem reconhecido a emergência do país, enquanto democracia multicultural, em ocupar um lugar de destaque no cenário mundial", mas que os laços entre ambas as nações "se estreitaram entre esta administração [do presidente George W. Bush] e um presidente de esquerda [o brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva]".

De acordo com o embaixador, em vez de discussões somente no setor econômico, o governo de Bush abriu o leque da agenda política e convergiu em questões ligadas ao racismo e também a missões de paz da ONU, como com o envio de tropas brasileiras ao Haiti.

Para Patriota, a diversificação do diálogo entre os dois países foi também um facilitador na interlocução com o Congresso americano. "Com um leque de temas ampliado, certas dificuldades que poderiam surgir no relacionamento bilateral se diluíram em uma relação mais rica e com convergências novas interessantes", afirma Patriota que cita as tropas no Haiti como um dos principais assuntos entre os interlocutores.

De acordo com o representante brasileiro, as conquistas entre os dois países foram resultado de uma relação amistosa entre os dois governos. Desde o início da gestão Bush e Lula "houve muita empatia pessoal e um diálogo franco e transparente". "Ele [Lula] não exacerbava as divergências, mas botava claramente quais eram as prioridades do Brasil".

Biocombustíveis

Sobre os biocombustíveis, o embaixador cita a vinda de Bush ao Brasil em 2007. Para Patriota, a viagem do presidente americano foi o nascimento de uma parceria em biocombustíveis, com a assinatura do memorando para a cooperação tecnológica para a produção de álcool e o biodiesel.

O não atendimento da reivindicação do Brasil na época --a redução da tarifa cobrada sobre o álcool exportada ao mercado norte-americano- é vista pelo embaixador como algo que "não depende de Bush". "Foi frustrante. Não deixou de ser frustrante. Mas a questão da taxa, ele pessoalmente era a favor da eliminação [...] Ele [Bush] sempre deixou claro que não tinha capacidade de eliminar [a taxa] e que isso era uma prerrogativa do Congresso americano".

Patriota afirma ainda que dificilmente a questão será levada adiante pelo governo do presidente eleito, Barack Obama. "Os democratas não apoiaram agora no Congresso, então dificilmente deverão apoiar com o novo presidente. Porém, é algo que pode mudar. Ninguém sabe o que poderá acontecer".

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