sexta-feira, 27 de março de 2009

Israel usou fósforo branco em Gaza

Substância em contato com a pele provoca queimaduras e pode causar danos mortais no fígado, rins e coração

A organização internacional de defesa dos direitos humanos Humans Rights Watch (HRW) acusou Israel de ter cometido «crimes de guerra» ao utilizar fósforo branco contra a população de Gaza na última operação militar no território em Dezembro e Janeiro.

A organização não governamental (ONG) apresentou, em Jerusalém, o relatório «Chuva de fogo: o uso ilegal de fósforo branco em Gaza por parte de Israel», onde vários testemunhos confirmam o uso desta arma na ofensiva militar de 27 de Dezembro a 18 de Janeiro de 2009, em Gaza.

«O uso de fósforo branco não está proibido per se, mas há normas básicas internacionais que exigem que se tomem todas as precauções possíveis para proteger os civis, algo que não se fez com estas armas em Gaza», declarou Bill Van Esveld, advogado da HRW e um dos autores do relatório, citado pelo jornal espanho «El País».

Em contacto com a pel, este químico, provoca queimaduras e pode causar danos mortais no fígado, rins e coração. Van Esveld considera que «prejudicar deliberadamente civis de forma desnecessária constitui um crime de guerra porque assim determina o protocolo adicional da Convenção de Genebra»

A HRW encontrou mais de vinte fragmentos de bombas de fósforo branco de 155 milímetros em ruas residenciais, telhados de casas, numa escola da ONU, num hospital, num mercado e noutras instalações civis.

Habitualmente, os militares usam fósforo branco para ocultar as operações debaixo de uma capa de fumo, mas também para incendiar determinadas áreas, com os mais de 800 graus centígrados que atingem estas bombas. Apesar de em ambos os casos o uso ser permitido, segundo a HRW, Israel usou repetidamente em áreas densamente povoadas, provocando pelo menos «umas doze mortes» entre a população civil palestina.

O relatório da ONG indica que «Israel, numa primeira fase, negou o uso do fósforo branco em Gaza, mas, perante as numerosas provas que demonstram o contrário, afirmou que foi usado em concordância com a legalidade internacional». «Mais tarde, anunciaram uma investigação interna para averiguar se tinha havido um uso inapropriado desta substância», acrescenta o estudo.

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