terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Camboja agradece Vieira de Mello por operações antiminas

Criado em 20/08/2003 - 00:00

PHNOM PENH (Reuters) - Moradores do Camboja e funcionários da Organização das Nações Unidas no país agradeceram na quarta-feira (20/08) o brasileiro Sérgio Vieira de Mello pelos esforços dele para acabar com os conflitos armados ali e dar início às operações de retirada de minas terrestres.


O brasileiro de 55 anos, um dos nomes de maior destaque da ONU e apontado como candidato em potencial ao cargo de secretário-geral, foi morto quando um caminhão-bomba atingiu a sede da ONU em Bagdá na terça-feira.


Um ativista incansável da causa humanitária durante seus 33 anos de trabalho na ONU, Vieira de Mello passou grande parte de sua vida em alguns dos lugares mais problemáticos do mundo.


No Camboja, ele desempenhou um papel central no grande programa de ajuda e implementação da democracia em 1991 e 1992, o começo do fim de décadas de guerra no país.


Como diretor da ONU para Repatriação, o brasileiro conseguiu convencer dezenas de milhares de refugiados em campos espalhados ao redor da capital Phnom Penh e perto da fronteira com a Tailândia a voltarem para seus lares a tempo de participarem das eleições de 1993.


"A liderança dele foi impressionante. Ele conseguiu manter as relações certas com os líderes de vários campos de refugiados e das facções militares, incluindo o Khmer Vermelho", disse Dominique McAdams, uma ex-colega de Vieira de Mello e hoje chefe da missão da ONU em Phnom Penh.


O brasileiro também ocupou por um breve período a chefia do Centro de Ação Antiminas no Camboja, em 1992.


A bandeira azul-clara da ONU foi hasteada a meio mastro na capital cambojana em homenagem ao homem que encabeçou os esforços para livrar grandes áreas do país de minas terrestres.


"Ele contribuiu enormemente, e não apenas no Camboja, mas também na ONU, com a introdução do debate a respeito de como lidar com a questão das minas e com a retirada delas", disse McAdams.


Sam Sotha, amigo de Vieira de Mello e hoje chefe da Autoridade Cambojana de Ação Antiminas, encarregada de supervisionar as operações de retirada de minas e de bombas não-detonadas deixadas por três décadas de guerra, elogiou o brasileiro.


"Ele era uma excelente pessoa, que contribuiu enormemente com a retirada das minas terrestres no Camboja", afirmou. "E não apenas o Camboja e a ONU perderam um grande homem, mas o mundo", acrescentou.

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