terça-feira, 30 de dezembro de 2008

China sobre oleodutos em Mianmar



PEQUIM: A China vai começar a construir dutos de gás e óleo através de Mianmar no ano que vem, permitindo-a evitar o estreito de Malacca para a importação de petróleo bruto direto do Oriente Médio, a mídia estatal afirmou ontem.

Os dutos, que passar pela província de Yunnan, no Sudoeste da China, também vão fortalecer o acesso do país para as ricas reservas de energia em Mianmar, afirmam relatos.

Yuunnan vai começar a construção dos dutos no primeiro semestre do próximo ano. O Sr. Mi Dongsheng, chefe da Comissão de Reforma e Desenvolvimento da Província de Yunnan, foi citado pelo China Daily ao dizer que a obra faz parte de um plano de gastar 72 bilhões de yuan (16,1 bilhões de dólares) em progetos de energia no próximo ano.

Saindo da cidade portuária de Kyaukphkyu, na Baía de Bengal, em Mianmar, e indo para a capital provinciana de Yunnan, Kumming, gaseoduto custará 1 bilhão de dólares, e o óleoduto, 1,5 bilhão, afirmou o jornal japonês Nikkei.

A Estatal CNPC (China National Petroleum Corporation), a maior produtora de óleo da China, será dona de 50,9% do projeto, numa cooperação com a Myanmar Oil&Gas Enterprise, afirmou o jornal.

Em Maio, a CNPC disse que iria explorar as reservas de petróleo e gás em Mianmar ,e no leito do mar do país, juntamente com a Daewoo International Sul-Coreana, mas não forneceu detalhes.

Analistas afirmam que além de Yunnan, as outras províncias e regiões do Sudoeste da China também se beneficiariam dos dutos.

Os dutos tem sido discutidos em Yunnan, bem como entre entre essa província e Mianmar, por pelo menos cinco anos, mas eles foram colocados em espera. A razão do projeto ter sido revivido pode ser a tentativa da China de aquecer a sua economia para aguentar o esfriamento da crise financeira internacional.

A demanda da China por petróleo tem se expandido rapidamente nos últimos anos para manter seu enorme crescimento econômico, com importações que beiraram 200 milhões de toneladas no ano passado, subindo mais de 10% em relação a 2006, afirmou o China Daily

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Geopoliticamente, possuir rotas alternativas de suprimento de energia para a China é atraente," disse o Sr. Jason Feer, um analista de Cingapura trabalhando para a Argus Media, uma firma de pesquisa para o mercado de energia. "O Estreito de Malacca é uma via muito ocupada. É também muito estreita. Sempre houve preocupações de que ela poderia ser interrompida devido a terrorismo ou pirataria."

Aproximadamente 80% das importações de petróleo da China de áreas como o Oriente Médio e África são transportadas atraves do Estreito, relatos da mídia chinesa reportam. Mas alguns analistas duvidam que o projeto de Mianmar vai virar realidade, já que o investimento é tão grande que poderia ser uma melhor opção continuar a depender do Estreito de Malacca.

A rota marítima tem se mantido com um bom nível de segurança, apesar de que as importações demorariam sete dias a mais para chegar a China.

Poucas Companhias ocidentais investem em Mianmar devido ao seu péssimo registro de direitos humanos, e a continua detenção do ganhador do Nobel da Paz, Aung San Suu Kyi, o que levou a uma ampla gama de sanções por parte dos EUA e a UE.

A China, tipicamente cautelosa em ajudar ou impor sanções, é uma das poucas aliadas diplomáticas de Mianmar, e nao tem demonstrado nenhuma reserva em investir em seu vizinho governado por uma ditadura militar, visando o seu gás natural, petróleo, minério e madeira.


Fonte: CHINA DAILY/ASIA NEWS NETWORK, REUTERS, AGENCE FRANCE-PRESSE

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