sábado, 1 de novembro de 2008

Situação no Congo é 'catastrófica', diz Cruz Vermelha

Dezenas de milhares foram obrigados a se deslocar por causa de conflitos.

Os conflitos entre forças rebeldes e o exército na República Democrática do Congo causaram uma "catástrofe humanitária" no país, afirmou o Comitê Internacional da Cruz Vermelha.

Esforços diplomáticos estão sendo feitos para tentar solucionar a crise, que pode se espalhar pelo país vizinho, Ruanda.

Um cessar-fogo foi declarado pelos rebeldes na última quarta-feira na cidade de Goma, no leste do país, de onde dezenas de milhares de congoleses foram obrigados a se deslocar com o avanço das tropas rebeldes.

Apesar do cessar-fogo, o general rebelde Laurent Nkunda ameaçou tomar a cidade, a menos que as tropas da ONU garantam a trégua.

Assassinatos e estupros foram reportados na cidade e a ajuda humanitária não está chegando aos desabrigados.

Agências de ajuda humanitária como a Oxfam decidiram retirar seus funcionários estrangeiros de Goma.

Michael Khambatta, do Comitê Intenacional da Cruz Vermelha, disse à BBC que a prioridade agora é fornecer comida, remédios, abrigo e alguma forma de segurança aos civis que foram forçados a deixar suas casas.

Cessar-fogo

Na última quarta-feira, depois de dias de combates com as tropas governamentais, o general Nkunda declarou um cessar-fogo e suas tropas ficaram posicionadas a cerca de 15 quilômetros de Goma, capital da província de Kivu do Norte.

Ele prometeu abrir um "corredor humanitário" para que a ajuda possa chegar aos refugiados, que estão entre seus soldados e membros das forças de paz da ONU, que estão dando cobertura às tropas governamentais.

A ONU está considerando reposicionar parte de seus 17 mil soldados no país para dar reforço aos 5 mil homens que estão na cidade.

O general rebelde Nkunda disse à BBC que suas forças pretendem proteger a minoria tutsi do país de ataques de rebeldes hutus de Ruanda, acusados de participarem do genocídio de tutsis no país em 1994.

As tropas de de Nkunda são acusadas de receber apoio do governo de Ruanda, atualmente governada pelos tutsis, o que o país nega.

Analistas afirmam que além das diferenças étnicas, o conflito também se deve à disputa pelas riquezas minerais da região.

Esforços diplomáticos

Nesta quinta-feira, a Organização das Nações Unidas (ONU) anunciou estar mandando delegados para a República Democrática do Congo e para Ruanda para tentar dar uma solução diplomática para os conflitos que se intensificaram nas últimas semanas.

Os dois países se acusam mutuamente de estarem promovendo incursões além de suas fronteiras.

O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, alertou que a violência está criando uma crise de "dimensões catastróficas" no país.

Um dos porta-vozes de Ban disse que delegados estão sendo enviados para Kinshasa, capital da República Democrática do Congo, e Kigali, em Ruanda.

O ministro das Relações Exteriores da França, Bernard Kouchner, também declarou que a União Européia estuda o envio de soldados e ajuda humanitária ao país.

Ele afirmou que o eventual envio de uma força européia pode contar com 1.500 homens, mas eles não participariam dos combates.

Kouchner ainda afirmou que o Comitê de Segurança da União Européia vai se encontrar em Bruxelas para discutir a idéia.

Mas, o que quer que aconteça, o final dos conflitos pode não vir tão rápido quanto necessário, diz o correspondente da BBC Peter Greste, na fronteira da República Democrática do Congo com Ruanda.

Nos dois últimos meses, mais de 200 mil pessoas foram obrigadas a deixar suas casas no leste do Congo.

Enquanto muitas procuraram abrigo em Goma, outras se refugiaram nas florestas, onde não podem ser alcançadas pelas milícias. Mas lá, também não podem ser auxiliadas pelas agências humanitárias.

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