segunda-feira, 2 de março de 2009

Líderes da UE rejeitam protecionismo para enfrentar crise

Em Bruxelas, prevaleceu o discurso de que bloco precisa se manter unido para enfrentar as dificuldades.



BRUXELAS - Os líderes dos países da União Europeia (UE), reunidos neste domingo, 1, em Bruxelas, concordaram que a adoção de medidas protecionistas não deve ser o caminho para enfrentar os efeitos da crise econômica sobre o bloco. "O protecionismo não é a resposta à crise atual", afirmaram os 27 Estados-membros do bloco em comunicado conjunto ao término de uma breve cúpula extraordinária realizada em Bruxelas.


No encontro, prevaleceu o discurso de que os países do bloco precisam se manter unidos para enfrentar as dificuldades financeiras.





Todos prometeram "utilizar ao máximo o mercado único como motor da recuperação para respaldar o crescimento e o emprego", e expressaram publicamente sua "confiança nas perspectivas em médio e longo prazo de todas as economias da UE".





"Houve um consenso quanto à necessidade de evitar medidas protecionistas unilaterais", disse o português José Manuel Durão Barroso, presidente da Comissão Europeia, o órgão executivo da UE.

O primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, reforçou a mensagem. "Nós enfrentamos a ameaça de uma volta ao protecionismo", disse. "Hoje foi o início de um consenso europeu no tocante a todos esses temas importantes que a comunidade mundial está enfrentando."



A reunião ocorreu depois de o presidente francês, Nicolas Sarkozy, ter lançado um pacote de três bilhões de euros para as montadoras do país, a fim de garantir que não haverá cortes de vagas de trabalho.



O pacote de Sarkozy gerou temores de que um movimento protecionista nos países-membros possa ameaçar a recuperação do bloco como um todo.

Sarkozy negou acusações de protecionismo, mas disse que, se os Estados Unidos estão agindo para defender suas indústrias, a Europa deveria ter o mesmo direito.

"Nós precisamos de uma Europa sem barreiras, mas também justa", disse Mirek Topolanek, presidente da Republica Checa, que detém a presidência rotativa da UE.

Muitos dos mais recentes membros da UE no centro e no leste da Europa têm sido duramente afetados pela crise financeira.

A Hungria e a Letônia são dois exemplos. Amargando a falta de liquidez no mercado, os dois países já estão recebendo bilhões de euros de um fundo de emergência do bloco.

Os presentes à cúpula de Bruxelas rejeitaram uma proposta apresentada pela Hungria para a criação de um pacote de ajuda de emergência, de US$ 230 bilhões, para ajudar os países do centro e do leste europeu que enfrentam dificuldades.

Comentando o impacto da crise, o primeiro-ministro húngaro, Ferenc Gyurcsany, advertiu que existe o risco de surgir uma nova "cortina de ferro" na Europa - uma referência à fronteira imaginária que dividia os países do bloco comunista dos países da Europa Ocidental durante os anos da Guerra Fria.

Apesar disso, a proposta defendida por Gyurcsany esbarrou na resistência da chanceler da Alemanha, Angela Merkel.



Neutralidade



Os 27 países-membros colocaram em sua declaração uma frase na qual expressam sua "confiança na função da Comissão como guardiã dos tratados", ou seja, em sua capacidade para examinar com neutralidade a ajuda a todos.



Cinco países ainda esperam pelo sinal verde da CE a seus respectivos planos de ajuda para o setor automobilístico.



A CE também está antecipando 11 bilhões de euros dos fundos estruturais que tinha previsto desembolsar até 2013. Desse valor, 7 bilhões serão para os novos Estados-membros.



(Com EFE)



Texto atualizado às 19h20



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