Ivo Sanader parece pronto para ver o país – a Croácia – juntar-se à NATO, no mês que vem.
O primeiro-ministro está também a postos para que a Croácia se torne o vigésimo oitavo país da União Europeia.
Mas outros países podem não estar tão preparados para isso. Como a Eslovénia.
Estes vizinhos dos Balcãs estão embrenhados numa disputa territorial.
Ambos reclamam a Baía de Piran, na Costa Adriática. O diferendo envolve alguns pontos na fronteira e remonta ao desmoronamento da Jugoslávia, em 1991.
Em Dezembro, a tensão entre os dois países voltou a aumentar e a Eslovénia decidiu bloquear alguns capítulos das negociações europeias da Croácia.
Na semana passada, Ivo Sanader encontrou-se com o homólogo croata Borut Pahor, mas os primeiros-ministros não chegaram a acordo. Um facto que coloca em risco a integração da Croácia na União, prevista para 2011.
Em Zagreb, o primeiro-ministro Sanader falou com a euronews. Os pontos quentes da conversa? A disputa com a Eslovénia e a entrada para a NATO.
euronews – A disputa fronteiriça com a Eslovénia é sobre uma pequena parte do Mar Adriático, que se tornou numa grande questão. E agora a Eslovénia, como estado-membro, ameaça vetar a integração do seu país na União Europeia. Como é que as coisas chegaram a este ponto?
Ivo Sanader – Primeiro, acredito, e concordo consigo, que esta questão relativamente pequena tomou proporções maiores porque é uma ferramenta política nas nossas negociações com a União Europeia, o que não deveria acontecer.
euronews – Mas esta é realmente a primeira vez que vemos nos Balcãs, um diferendo entre um estado-membro e um estado não membro e isso pode criar precedentes. Para si, qual é a solução?
Ivo Sanader – Para mim a solução, em primeiro lugar, é traçar uma linha de separação entre as conversações para a integração e a questão da fronteira. E segundo, apelar ao tribunal de justiça internacional, que faz parte das Nações Unidas e que já lidou com mais de 50 casos deste tipo. O último caso que o tribunal resolveu com sucesso foi uma disputa fronteiriça no mar entre a Roménia e a Ucrânia.
euronews – Pelo que percebi, o seu governo acredita que esta é uma questão legal, enquanto a Eslovénia a considera uma questão política e por isso pede a mediação da UE. É contra esta mediação?
Ivo Sanader – Não somos contra qualquer envolvimento da Comissão Europeia. Neste caso, somos contra o facto de a Eslovénia ter trazido a questão fronteiriça para a mesa de negociações. Colocar obstáculos à Croácia e como disse na primeira pergunta, vetar a integração por uma questão bilateral, não é uma atitude muito europeia, nem justa, nem correcta”.
euronews – Outra questão que tem a ver com o veto, mas relacionada com a integração na NATO. No próximo mês, em Estrasburgo, está previsto o seu país tornar-se membro da NATO. Mas há alguns partidos nacionalistas eslovenos que estão a tentar angariar assinaturas para realizar um referendo contra a vossa integração. Como reage a esta questão?
Ivo Sanader – Essa não é a forma correcta de fazê-lo. A Croácia já faz parte de muitas missões de manutenção de paz, como no Afeganistão, entre outras. Eu já discuti isto com o primeiro-ministro esloveno e ele disse-me que era contra este referendo. Ele está contra as forças nacionalistas que pedem o referendo, o que significaria, de certa forma, um veto para a integração da Croácia.
euronews – E ele disse estar preocupado com isso?
Ivo Sanader – Ele disse que estava contra. Vamos ver o que acontece. Espero que corra tudo bem e que a Croácia possa celebrar com os outros aliados os 60 anos desta grande Aliança Atlântica.
euronews – Outra grande questão que preocupa a União Europeia é a corrupção e o crime organizado no país. No ano passado, aconteceu uma série de assassinatos de jornalistas e advogados e o senhor disse que não queria que a Croácia se transformasse numa Beirute…
Ivo Sanader – Essa foi a minha primeira reacção depois desses assassinatos, e como sabe, reformulámos o governo depois desses episódios. Nomeei dois novos ministros, o ministro da Justiça e o ministro do Interior, que resolveram esses casos. Os assassinos estão na prisão e agora gostaríamos de continuar a aplicar estas medidas duras para lutar contra a corrupção e o crime organizado.
euronews – Li recentemente que apenas 25% dos croatas são entusiastas da adesão à União Europeia. Como explica este número?
Ivo Sanader – Explico-o muito facilmente. É muito simples. Sempre que a Croácia tem problemas no processo de adesão à UE, o apoio das pessoas diminui. As últimas sondagens apontam para 35 ou 40 % de apoio, mas mesmo que seja 25 %, deve-se ao facto a Eslovénia ter bloqueado 11 capítulos das negociações por causa da questão bilateral fronteiriça. Por isso esse sentimento é psicológico. Se existe um bloqueio na nossa direcção, o apoio desce, mas se há uma luz no fundo do túnel, se há luz no horizonte, o apoio público aumenta. Vamos ver o que acontece nos próximos meses.
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