quarta-feira, 13 de maio de 2009

EUA exigem que opositora birmanesa possa ver seu médico

WASHINGTON (AFP) — Autoridades americanas exigiram nesta segunda-feira que Aung San Suu Kyi, líder da oposição birmanesa em prisão domiciliar, possa ver "imediatamente" seu médico particular, atualmente preso, e se disseram preocupadas com a saúde da ganhadora do Nobel da Paz.

"Os Estados Unidos estão preocupados com as informações segundo as quais Aung San Suu Kyi está precisando de um acompanhamento médico, e as autoridades birmanesas prenderam Tin Myo Win, seu médico particular", declarou o novo porta-voz do departamento de Estado, Ian Kelly.

"Conclamamos o regime de Mianmar a permitir que Aung San Suu Kyi receba imediatamente cuidados de seu médico particular", acrescentou Kelly durante uma entrevista coletiva.

"Também pedimos ao regime que autorize Aung San Suu Kyi a se encontrar com seu advogado particular imediatamente", prosseguiu.

"Num momento em que está se aproximando o aniversário de sua detenção, tudo isso nos lembra que a prisão domiciliar de Aung San Suu Kyi é injusta", destacou o porta-voz.

"Nós nos unimos aos apelos da comunidade intermacional para pedir sua libertação imediata, assim como a de pelo menos 2.000 prisioneiros políticos do regime birmanês", finalizou.

Aung San Suu Kyi, 63 anos, "não está bem", não consegue se alimentar, está desidratada e com pressão baixa, avisou sábado à AFP Nyan Win, porta-voz da Liga Nacional pela Democracia (LND), o partido da opositora birmanesa.

Prêmio Nobel da Paz em 1991, esta mulher de olhar doce e silhueta frágil, sempre advogou pela não-violência em um país que vem sendo governado por juntas sucessivas a partir de 1962.

Nascida em 19 de junho de 1945, Suu Kyi, filha de Aung San, herói da independência birmanesa assassinada em 1947, teve acesso às melhores escolas de Rangun, prosseguindo seus estudos na Índia - país onde sua mãe foi nomeada embaixadora - e depois seguiu para Oxford.

Assistente da Escola de Estudos Orientais de Londres, ele se casou em 1972 com o britânico Michael Aris, universitário especialista em Tibete e budismo, com quem teve dois filhos.

De volta à Birmânia em abril de 1988 para cuidar de sua mãe doente, Aung San Suu Kyi fez um discurso público pela primeira vez.

Em um país submetido à lei marcial, ele reivindicava a formação de um governo interino e eleições livres antes de fundar, com outros militantes, a Liga Nacional pela Democracia (LND).

Em maio de 1990, seu partido foi muito votado nas eleições pluralistas. A junta, mesmo com o resultado, se negou a deixar o governo. Até hoje os generais continuam no poder.

Mas a líder da oposição birmanesa sempre se disse convencida de ter "o povo ao seu lado", apesar da repressão promovida pela junta.

Suu Kyi teve a prisão domiciliar decretada de 1989 até meados de 1995. Depois disso, chegou a ter um breve período de "liberdade" até 2000. Neste ano, porém, ela foi novamente confinada entre as quatro paredes de sua residência por mais 19 meses.

Presa novamente em maio de 2003, depois de um ataque assassino contra seu carro, ela foi condenada a um terceiro período de prisão domiciliar e, a partir desse momento, sua pena não parou de ser prolongada.

Certa de sua causa e com o apoio ocidental, em particular o norte-americano e o europeu, Aung San Suu Kyi abandonou a queda-de-braço com o governo depois da abertura, no fim de 2000, de discussões históricas sobre a "reconciliação nacional".

Comparada no Ocidente com figuras como Mandela ou Gandhi, Suu Kyi sempre se mostrou confiante de que o tempo jogaria em favor da democracia.

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