Por Andrew Heavens
CARTUM (Reuters) - Três funcionários da seção belga da ONG Médicos Sem Fronteiras foram sequestrados na região de Darfur, complicando ainda mais os trabalhos humanitários no Sudão, disseram autoridades na quinta-feira.
Os três trabalhadores foram levados junto com dois sudaneses, liberados pouco depois, no momento em que aumentam as tensões no Sudão por causa do mandado internacional de prisão em vigor contra o presidente Omar Al Bashir, acusado de crimes de guerra em Darfur.
"Isso representará mais um golpe para a prestação de assistência humanitária naquela área, de modo que as consequências são extremamente preocupantes para a população, os civis de Darfur", disse Christopher Strokes, diretor geral da MSF Bélgica, a jornalistas em Bruxelas.
"Podemos confirmar que um grupo de homens armados foi ao local e ordenou que cinco pessoas os seguissem. Eram três funcionários internacionais e dois funcionários nacionais", disse Kemal Saiki, diretor de comunicações da força de paz Unamid.
O MSF na Bélgica disse que os dois sudaneses foram rapidamente libertados, mas os três estrangeiros permaneciam detidos. A organização disse que os reféns são uma enfermeira canadense, um médico italiano e um coordenador francês.
A agência de notícias missionária católica Misna os identificou como sendo Laura Archer, Mauro D'Ascanio e Raphael Meonier, respectivamente.
"O MSF está profundamente preocupado com a segurança (dos reféns) e está fazendo tudo o que pode para descobrir seu paradeiro e assegurar seu retorno seguro e tranquilo", disse a organização em um comunicado.
Cartum fechou 16 entidades humanitárias depois da decisão do Tribunal Penal Internacional, alegando que elas haviam ajudado a corte da ONU em Haia.
Duas filiais dos Médicos Sem Fronteiras foram convidadas a se retirar do Sudão, mas não foi o caso do MSF-Bélgica.
O MSF disse que retirará a maior parte de seus funcionários do Sudão, onde o conflito chegou a um ponto crítico depois que rebeldes não-árabes pegaram em armas contra o governo, em 2003.
Especialistas internacionais dizem que pelo menos 200 mil pessoas foram mortas na região, enquanto Cartum confirma a morte de 10 mil pessoas.
O Ministério das Relações Exteriores do Sudão condenou os sequestros, e disse que os trabalhadores sequestrados estariam em boa saúde e não teriam se ferido.
"Eu prometo que essa conduta não se repetirá jamais. Eu quero confirmar que o governo do Sudão está pronto para fornecer segurança para todas as ONGs", disse o chefe da Comissão Humanitária do Sudão, Hassabo Mohamed Abd el-Rahman, a jornalistas.
Ele afirmou acreditar que o sequestro pode ter sido motivado por dinheiro.
(Reportagem de Andrew Heavens, em Cartum, Phill Stewart, em Roma, Philip Blenkinsop, em Bruxelas, e Emma Bath)
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