segunda-feira, 31 de maio de 2010

Comunidade internacional critica ataque israelense à frota humanitária

Washington, EUA, 31 Mai 2010 (AFP) -O ataque de comandos israelenses contra a frota internacional que levava ajuda humanitária ao território de Gaza - no qual morreram 19 pessoas - foi alvo de críticas de toda a comunidade internacional.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, declarou estar chocado com o sangrento ataque israelense e pediu ao Estado hebreu que realize uma investigação a fundo sobre o fato.

"Estou chocado pelas informações de que há mortos e feridos nos barcos que levavam ajuda a Gaza", declarou Ban a imprensa em Campala, capital de Uganda, onde assiste à abertura de uma conferência sobre a Corte Penal Internacional.

"Condeno estas violências. É vital que se realize uma investigação completa", enfatizou.

Os Estados Unidos também lamentaram o ocorrido.

"Os Estados Unidos lamentam profundamente a perda de vidas humanas e o saldo de feridos, e atualmente tentam entender as circunstâncias nas quais aconteceu a tragédia", afirmou o porta-voz da Casa Branca, Bill Burton, em um comunicado.

A ação violenta aconteceu na véspera de um encontro em Washington entre o presidente americano Barack Obama e o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu.

O presidente francês Nicolas Sarkozy censurou o uso desproporcional da força contra a frota humanitária em Gaza e exigiu que esta tragédia seja esclarecida.

"Toda a luz deve ser lançada sobre as circunstâncias desta tragédia, que enfatiza a urgência de reativar o processo de paz israelense-palestino", afirmou o chefe de Estado francês.

O ministério das Relações Exteriores convocou o embaixador de Israel em Paris, Daniel Shek, para pedir explicações sobre o ocorrido.

Em Londres, o ministro das Relações Exteriores, William Hague, pediu ao Estado hebreu que ponha fim às "inaceitáveis e contraproducentes restrições impostas às ajudas encaminhadas ao território palestino".

"Há uma clara necessidade de que Israel atue com moderação e de acordo com as normas internacionais", declarou.

A Turquia, por sua vez, chamou para consultas seu embaixador em Israel. O vice-primeiro-ministro turco, Bulent Arinc, confirmou que a Turquia pediu uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU e anunciou ter ordenado também que os preparativos para as manobras militares conjuntas com Israel fossem anulados.

Já a Alemanha - país que raramente critica Israel -comentou que a letal intervenção israelense contra um comboio pró-palestino é, "à primeira vista, de caráter desproporcional", segundo o porta-voz do governo, Ulrich Wilhelm, .

"Os governos da Alemanha sempre reconheceram o direito de defesa de Israel, mas este direito deve acontecer dentro de uma resposta proporcional", disse Wilhelm em uma entrevista coletiva.

O presidente palestino Mahmud Abbas qualificou a ação de massacre e decretou três dias de luto.

"Teremos que tomar algumas decisões difíceis esta tarde", disse uma fonte do gabinete palestino, mas sem revelar quais as medidas.

A Autoridade Palestina também pediu uma reunião de urgência ao Conselho de Segurança da ONU para "debater a pirataria, o crime e o massacre israelense", nas palavras do principal negociador palestino, Saeb Erakat.

Por fim, o inimigo declarado de Israel, o presidente do Irã, Mahmud Ahmadinejad, denunciou o ataque do Exército israelense como "um ato desumano do regime sionista", informou a agência oficial Irna.

"O ato desumano do regime sionista contra o povo palestino e o fato de impedir que a ajuda humanitária destinada à população chegasse a Gaza não é um sinal de força, e sim de fragilidade deste regime", declarou Ahmadinejad.

"Tudo isto mostra que o fim deste sinistro regime fantoche está mais perto do que nunca", completou.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

EUA revelam pela 1ª vez total de ogivas nucleares

Seg, 03 Mai, 06h56

WASHINGTON (Reuters) - Os Estados Unidos divulgaram nesta segunda-feira pela primeira vez o tamanho do seu arsenal nuclear: 5.113 ogivas operacionalmente mobilizadas, mantidas na reserva ativa ou armazenadas de forma inativa.

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Segundo os dados divulgados pelo Pentágono, o arsenal nuclear do país chegou a 31.225 ogivas no ano fiscal de 1967, e desde então foi reduzido em 84 por cento.

Analistas dizem que os Estados Unidos, ao divulgarem esses dados durante a revisão de conferência do Tratado de Não-Proliferação (TNP), estão tentando enfatizar a redução do seu arsenal, de modo a convencer outros países a reforçar o regime de não proliferação nuclear.

O total revelado pelo Pentágono não inclui ogivas "aposentadas" ou destinadas ao desmanche, cerca de 4.600, segundo a ONG Federação dos Cientistas Americanos.

Washington anteriormente havia divulgado o número de ogivas estratégicas operacionalmente instaladas em 1.968 no fim de 2009, bem menos que as 10 mil de 1991. Esta é a primeira vez, no entanto, que o total geral é revelado.

O TNP tem o objetivo de impedir a disseminação de armas nucleares e encorajar a eliminação de arsenais existentes.

"É enormemente importante para os Estados Unidos conseguirem dizer: 'Olhem, estamos cumprindo nossas obrigações sob o TNP'", disse Hans Kristensen, diretor do Projeto de Informação Nuclear da Federação dos Cientistas Americanos. Só assim, segundo ele, Washington conseguirá convencer outros países a adotar novas medidas para limitar a proliferação.

Outros analistas, no entanto, acham que a divulgação da cifra pode ter efeito contrário, demonstrando que, duas décadas após o fim da Guerra Fria, os Estados Unidos ainda preservam milhares de armas nucleares.

"Acho que os Estados que estão mais preocupados com o desarmamento nuclear vão ficar mais focados no número que permanece, em vez do número (reduzido)", disse George Perkovich, diretor do Programa de Política Nuclear do Fundo Carnegie para a Paz Internacional.

Historicamente, o tamanho total do arsenal nuclear dos EUA era mantido em sigilo para impedir que adversários usassem essa informação para tentar neutralizá-lo de modo mais preciso. Para analistas, a manutenção dessa postura até agora era uma relíquia da Guerra Fria.

(Reportagem de Arshad Mohammed e de Phil Stewart)

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Reunião debate expulsão de ONGs em Darfur

6/03/2009
Representante da Grã-Bretanha disse que países-membros estão preocupados sobre decisão do governo sudanês de revogar atuação de 13 ONGs humanitárias.

Carlos Araújo & Mônica Villela Grayley, da Rádio ONU em Nova York*.

O embaixador britânico nas Nações Unidas, John Sawers, afirmou que os países-membros do Conselho de Segurança estão preocupados com a situação humanitária na província de Darfur.

Ele falou a jornalistas durante uma reunião do conselho, a portas fechadas, nesta sexta-feira, com representantes do Escritório de Assistência Humanitária das Nações Unidas, Ocha, depois da expulsão, pelo governo sudanês, de 13 ONGs em Darfur.

O embaixador do Sudão na ONU, Abdalmahmood Abdalhaleem Mohamad, disse que as agências expulsas estariam representando governos e que já era hora de o Sudão colocar ordem na própria casa.

Indiciamento

Mohamad afirmou que não entende como os países podem apoiar o indiciamento de um chefe de Estado em exercício e protestar pela expulsão do que ele chamou de "algumas ONGs irresponsáveis". Ele informou que teria recebido uma ligação da embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Susan Rice, para discutir o assunto.

O anúncio de expulsão das ONGs foi feito horas após o Tribunal Penal Internacional, TPI, emitir um mandado de prisão contra o presidente sudanês, Omar al-Bashir, por crimes contra a Humanidade e de guerra.

Para o embaixador da França, Jean-Maurice Ripert, as ONGs forneciam mais de metade da ajuda humanitária à população de Darfur.

Ele revelou que até 1,5 milhão de pessoas estavam agora em risco de não ter comida, acesso à agua e saneamento.

O embaixador da França disse que o Conselho de Segurança tinha apelado ao governo sudanês para respeitar os compromissos que assumiu na área humanitária.

Já o representante do Sudão afirma que outras agências como o Programa Mundial de Alimentos, PMA, continua a atuar no país e a distribuir comida a quem precisa em Darfur.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Henry Kissinger: "Arms control is not a bi-partisan issue, it is a non-partisan issue"

(via Nukes of Hazard blog)


Senate Committee on Foreign Relations Hearing: The Role of Strategic Arms Control in a Post-Cold War World (The New START Treaty)
May 25, 2010


On Tuesday May 25, Former Secretary of State and National Security Advisor Henry Kissinger testified before the Senate Foreign Relations Committee on the New START Treaty, unequivocally recommending the treaty’s ratification.

Secretary Kissinger is experienced in the field of arms control and nuclear security—he is author of Nuclear Weapons and Foreign Policy, he negotiated the first agreement to limit U.S. and Soviet nuclear weapons through the SALT I accord, and in 2007 he became one of the most well known figures to endorse the goal of creating a world free of nuclear weapons...

He referred to the New START Treaty as a continuation of decades of work by previous administrations and “a modest step forward” in “somewhat” reducing the number of nuclear weapons in the world and stabilizing American and Russian relations, both of which improve transparency and stability and support the current administration’s objectives. He emphasized the importance in continuing dialogue with the Russians, without which the world would be subject to the greatest dangers, devoid of regulation. He said this cooperative relationship is important for success in arms control as well as in solving other global concerns.

Secretary Kissinger emphasized repeatedly that the consequences of non-ratification, saying that this would signal to both allies and enemies abroad a change in American polity and a new inclination to use of nuclear weapons.

Secretary Kissinger brought up concerns that he said relate not to the text of the treaty, but to the international system in which the treaty will exist. He commented that when arms control started, the Soviet Union was a global enemy, but that today, war with Russia is a negligible danger. Similarly, when arms control began, the world was of a bipolar structure; today’s nuclear threat is multifaceted.

From these considerations, he gave two recommendations which he said should guide future nuclear discussions: today’s bilateral discussions should eventually be transformed into multilateral discussions, and tactical nuclear weapons must play a part of any future nuclear arms discussions.

Lastly he added that our goals should include: the elimination of the use of nuclear weapons by choice, the removal of any incentive to initiate nuclear war, and the elimination of the risk of war by miscalculation.

In response to Senate Committee member’s questions, substantive comments from Secretary Kissinger included:

•The treaty does not limit missile defense or modernization; “a robust program of modernization” should be part of these discussions.
•Modernization is a unilateral decision and taken by the Executive branch; as such, Republicans should not fear that this bilateral treaty limits our capacity to modernize.
•No one should ever envision a world with unlimited use of tactical nuclear weapons.
•We have enough nuclear weapons today to maintain deterrence.
•U.S. and Russian negotiations on nuclear weapons should become a pattern for the rest of the world.
•Agrees with Secretary Baker that we should not limit the flexibility of future Presidents in regard to missile defense, but in regards to the treaty this is “not important.”
•Agrees with Secretary Gates that the goal of our missile defense program is NOT to create an invulnerable defense, but to defend ourselves against rogue states and terrorist groups.
•In today’s international system, the U.S. would not gain by building more missiles than the Russians.
•In regards to Iran, the control of Iran’s behavior will be more important to Russian security than to American security, and Russia knows this.
•The argument for this treaty is not to placate Russia, but to improve American national security. It is in the American interest.
•The language in the NPR concerning the use of chemical and biological weapons by non-nuclear states is dangerous, and “incentivizes” states to pursue biological or chemical weapons programs.
•Arms control is not a bi-partisan issue, it is a non-partisan issue.

Secretary Kissinger concluded: “I recommend the ratification of this treaty.”

Especialistas discutem impacto dos biocombustíveis sobre a produção de alimentos e habitats naturais

Convenção Latino-Americana do projeto Global Sustainable Bioenergy (GSB) aconteceu na FAPESP, em São Paulo

A substituição de 25% da gasolina utilizada no planeta por biocombustíveis - dos quais o mais cotado é o etanol de cana-de-açúcar - poderá se tornar uma realidade, satisfazendo boa parte da demanda energética no futuro. Mas muita pesquisa ainda é necessária para calcular com exatidão o impacto desse novo cenário nas mudanças de uso da terra e, consequentemente, na economia.

Essas foram algumas das conclusões apresentadas nesta quarta-feira (24/3) por especialistas em bioenergia na Convenção Latino-Americana do projeto Global Sustainable Bioenergy (GSB), realizada na sede da FAPESP, em São Paulo.

O principal desafio proposto pelo GSB consiste em responder, de forma consistente, se é possível substituir 25% do petróleo utilizado no setor de transportes por biocombustíveis, sem comprometer a produção de alimentos e os habitats naturais.

Para Roldolfo Quintero, professor da Universidade Autônoma Metropolitana (México), um grande número de estudos, levando em conta diferentes cenários, indica que é possível realizar a substituição de 25% de biocombustíveis em todo o mundo.

"Acredito ser mesmo possível atingir essa marca com um esforço científico que aumente a produtividade dos insumos utilizados para fazer o biocombustível. É necessário, no entanto, que nos afastemos das culturas empregadas na alimentação. Entre os biocombustíveis, o etanol é a melhor opção, mas o etanol feito de milho não é, definitivamente, uma boa resposta para o problema", disse.

Segundo Quintero, há um consenso geral em relação à capacidade dos biocombustíveis para contribuir com a segurança energética, com a mitigação das mudanças climáticas e com o desenvolvimento social e rural.

"Na minha opinião, o foco deve ser o etanol, que hoje corresponde a 77% da produção de biocombustíveis. Essa produção é liderada pelos Estados Unidos e pelo Brasil, que, juntos, dominam 81% dos biocombustíveis e 91% do etanol. No entanto, precisamos observar que a porcentagem de redução de gases de efeito estufa obtida com o etanol de cana-de-açúcar é expressivamente maior do que a obtida com o etanol de milho", disse.

Os questionamentos relacionados às mudanças no uso da terra provocadas pelo etanol - cuja produção poderia substituir o uso da terra para agricultura - são decorrentes unicamente do uso de milho para fabricação do biocombustível, na opinião do mexicano. "Só o etanol de milho ameaça a agricultura e a segurança alimentar", afirmou.

Segundo ele, os Estados Unidos são os maiores exportadores do mundo de milho, vendendo o produto para mais de 90 países. "Esses países importadores podem sofrer as consequências se a produção de etanol de milho tentar suprir a demanda mundial de etanol", disse.

O México, segundo Quintero, importa dos Estados Unidos 10 milhões de toneladas anuais de milho - o equivalente a um terço do consumo mexicano do cereal. "Em 2009, os Estados Unidos produziram 10,6 bilhões de galões de etanol, o que necessitou de 18 milhões de acres de plantio de milho, ou cerca de 21% da área total dedicada à cultura", afirmou.

Quintero acrescentou que o desenvolvimento tecnológico terá um papel crucial no futuro dos biocombustíveis. "A tecnologia tem muito potencial nesse campo. Se a segunda geração de biocombustíveis entrar em cena nos próximos anos, o cenário será consideravelmente alterado. Há grande progresso nesse sentido. O número de patentes relacionadas a biocombustíveis cresceu de 147, em 2002, para 1.045 em 2007. Já existem mais de 60 plantas piloto para testes com etanol celulósico em países como Brasil, Estados Unidos, Canadá, Espanha, Alemanha, Dinamarca, Suécia e Japão", destacou. Relevância da economia

Para André Meloni Nassar, diretor-geral do Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais (Icone), a utilização de modelos econômicos é absolutamente necessária para avaliar de forma eficiente as mudanças de uso da terra que serão causadas pela futura produção em larga escala de biocombustíveis.

"A análise econômica é imprescindível para a análise da mudança do uso da terra, porque não é possível explicar as causas e efeitos dessas mudanças sem considerar as alterações dos preços dos produtos em questão. Por outro lado, é preciso dispor de dados locais para alimentar os modelos econométricos. Se usarmos dados genéricos de organizações internacionais, teremos um número tão grande de hipóteses que dificilmente será possível estimar as mudanças no uso da terra", afirmou.

Sob coordenação de Nassar, o Icone desenvolveu um novo modelo econométrico que, ao contrário dos utilizados anteriormente, leva em conta a realidade brasileira no que diz respeito à modificação do uso da terra pelo aumento da demanda de produção de etanol.

O modelo demonstrou que o etanol brasileiro reduz as emissões de gases de efeito estufa em 61% - e não em 26%, como estabeleciam os cálculos anteriores -, convencendo a Agência Norte-Americana de Proteção Ambiental (EPA, na sigla em inglês) a reconsiderar sua avaliação sobre o etanol de cana-de-açúcar, classificando o produto brasileiro como "biocombustível avançado".

A questão dos preços, segundo Nassar, é crucial. "No caso do Brasil, a discussão sobre o impacto do aumento de produção de biocombustíveis sobre a disponibilidade de alimentos, em longo prazo, não é tão importante como parece, porque mesmo que haja substituição do uso da terra há ainda disponibilidade de terras agricultáveis e a produção de alimentos pode ser transferida. O verdadeiro problema nessa questão são os efeitos de curto prazo dessa dinâmica, decorrentes dos preços."

De acordo com Nassar, para que os modelos sejam bem-sucedidos, é preciso combinar a análise econômica a dados geoespaciais. "Construir um modelo não é tão difícil - com uma equipe de quatro pessoas conseguimos fazer em apenas dois anos um modelo bem-sucedido", disse.

"O mais difícil é conseguir os dados para explicar os padrões de mudanças do uso da terra. O principal desafio é que não se pode usar dados globais. E fazer isso em nível nacional exige grande esforço, com uso de imagens de satélite e informações georreferenciadas", afirmou.

Leia um relatório interessante da FGV sobre o tópico aqui.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

The battle of Bangkok

An all-out massacre in the capital has been avoided, but Thailand is not beyond the risk of civil war

May 20th 2010 | From The Economist print edition

THE best that can be said about this week’s bloody street battles in Bangkok is that they could have been so much bloodier. In the end, red-shirt protesters, after camping out in the Thai capital for more than two months, surrendered in the face of the overwhelming might of the Thai army (see article). Thanks to that last-ditch display of common sense and common humanity, the protests ended with dozens dead, not hundreds. That is still a catastrophe for a country that seemed to be rushing towards prosperity and pluralism.

Indeed, the fact that the scale of the disaster has so far been contained should not deflect attention from the dangers ahead. With the stock exchange and several other treasure palaces of Thailand’s globalised elite in flames, unrest spreading outside the capital and a curfew in effect in much of the country, it is not scaremongering to worry that civil war may ensue.

The government would pooh-pooh such a notion. It has all along played down the seriousness of the crisis, preferring to pin the blame on a few “terrorists”, a rent-a-mob—and, above all, on its supposed paymaster, Thaksin Shinawatra, a former prime minister toppled in a coup in 2006 who is now in exile. In one way, the yellow-shirted elite is right: Mr Thaksin probably did play a malign role, especially in helping scupper attempts at a negotiated end to the protests. At the very least, he did not call on his supporters, as he could have done, to go home to avoid bloodshed. But however self-seeking and power-hungry Mr Thaksin may be, the red-shirt movement now dwarfs his individual ambition. It has become a broad-based response to a broken political system.

That breakdown explains why the risks remain so high. The obvious solution to the crisis in the short term is for parliament to be dissolved and fresh elections held. But the evidence of four elections since 2001 is that a fair one would probably be won by parties loyal to Mr Thaksin. The royalist elite might not accept that. After all, they ousted him in 2006, and saw off subsequent governments led by his proxies through street protests, airport sieges, quirky court rulings and parliamentary horse-trading—any means, it seemed, other than the ballot. No wonder some of the red shirts, even after coming close to achieving their main demand, for an early election, seemed to give up on parliamentary democracy.

With so much blood spilled, they will now be even less inclined to trust the government of Abhisit Vejjajiva, the prime minister, to organise a free and fair vote, and to respect the outcome. An interim government of national unity is needed. Sadly, Mr Abhisit’s ministers have set their face against any foreign involvement in helping arrange such an administration. “Thailand is not a failed state,” they say. Better, as proof of that assertion, to accept outside intervention when it is necessary. An interim government should have a remit not just to arrange a new election, but to discuss amending the constitution adopted under military rule in 2007, and to consider the transition few Thais want to talk about: the royal succession.

We’re not in 1992 any more

As the stand-off and then the fighting in Bangkok dragged on, many recalled the last time the city endured a massacre, in 1992. Then, tensions were calmed when the king, Bhumibol Adulyadej, berated both the protest leader and the then military dictator on television. An interim government under a respected technocrat, enjoying the royal seal of approval, took over. This time any hopes that the king might work the same magic came to nought.

It is of course unfair to criticise him for this. He is 82, has been in hospital and may simply not be up for active political intervention. But it is not unfair to criticise the monarchy and its advisers for having created a system where the king is so sorely needed. Thai officials argue that the king is above politics and an important guarantor of stability. One lesson of the latest tragedy is that he cannot be both these things, and in fact, the monarchy is no longer either.

Brasil no controle de armas nucleares

Em 08/05/2010

O encontro é motivado pela Conferência de Revisão do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP) O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, será ouvido pela Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional, em data a ser marcada, sobre a posição brasileira na Conferência de Revisão do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP). A Conferência começou na segunda-feira passada (3), em Nova York, e prossegue até o próximo dia 28.

As conferências são realizadas a cada cinco anos, reunindo delegados das 189 nações signatárias do tratado. Seu principal objetivo é impedir a proliferação de armas e da tecnologia nucleares, promover a cooperação para o uso pacífico desse tipo de energia e alcançar o desarmamento em geral, não só o nuclear.

Ao falar na abertura da conferência, no dia 3 deste mês, Amorim reafirmou a posição do governo brasileiro de que a melhor garantia para a não proliferação de armas nucleares é sua completa eliminação. "Enquanto alguns Estados possuírem armamentos nucleares, haverá outros tentados a adquiri-los ou desenvolvê-los", disse Amorim.

O ministro afirmou que o Tratado de Não Proliferação é a expressão dos desequilíbrios do sistema internacional. "É o produto de uma era na qual o poderio militar, principalmente o das armas nucleares, era a principal - senão a única - fonte de prestígio e de poder político. O próprio fato - lamentável - de que os membros permanentes do Conselho de Segurança são justamente os cinco Estados nucleares reconhecidos pelo tratado reforça a percepção de que armas nucleares são um meio para obter proeminência política".

Amorim lembrou que dez anos antes de aderir ao tratado, o Brasil já tinha proibido, por meio de dispositivo constitucional, atividades nucleares para fins não pacíficos. "Mesmo antes disso", acrescentou o ministro, "Brasil e Argentina haviam se engajado em processo sem precedentes de confiança, implementando um sistema abrangente de controle e contabilidade de materiais nucleares". Agência Brasil Versão para Impressão Enviar para um Amigo Comentar Compartilhar


Redação Guia com WSCom

domingo, 23 de maio de 2010

Child brides give voice to their defiance in Yemen

JIBLA, Yemen — One morning last month, Arwa Abdu Muhammad Ali walked out of her husband's house here and ran to a local hospital, where she complained that he had been beating and sexually abusing her for eight months.

That alone would be surprising in Yemen, a deeply conservative Arab society where family disputes tend to be solved privately. What made it even more unusual was that Arwa was 9 years old.

Within days, Arwa - a tiny, delicate-featured girl - had become a celebrity in Yemen, where child marriage is common but has rarely been exposed in public. She was the second child bride to come forward in less than a month; in April, a 10-year-old named Nujood Ali had gone by herself to a courthouse to demand a divorce, generating a landmark legal case.

Together, the two girls' stories have helped spur a movement to put an end to child marriage, which is increasingly seen as a crucial part of the cycle of poverty in Yemen and other developing countries.

Pulled out of school and forced to have children before their bodies are ready, many rural Yemeni women end up illiterate and with serious health problems. Their babies are often stunted, too.

The average age of marriage in Yemen's rural areas is 12 to 13, a recent study by Sana University researchers found. The country, at the southern corner of the Arabian Peninsula, has one of the highest maternal mortality rates in the world.

"This is the first shout," said Shada Nasser, a human rights lawyer who met Nujood, the 10-year-old, after she arrived at the courthouse to demand a divorce. Nasser decided instantly to take her case. "All other early marriage cases have been dealt with by tribal sheiks, and the girl never had any choice."

But despite a rising tide of outrage, the fight against the practice is not easy. Hard-line Islamic conservatives, whose influence has grown enormously in the past two decades, defend it, pointing to the Prophet Muhammad's marriage to a 9-year-old. Child marriage is deeply rooted in local custom here, and even enshrined in an old tribal expression: "Give me a girl of 8, and I can give you a guarantee" for a good marriage.

"Voices are rising in society against this phenomenon and its catastrophes," said Shawki al-Qadhi, an imam and opposition member in Parliament who has tried unsuccessfully to muster support for a legal ban on child marriage in Yemen in the past. "But despite rejections of it by many people and some religious scholars, it continues."

The issue first arose because of Nujood, a bright-eyed girl barely 1.2 meters, or 4 feet, tall. Her ordeal began in February, when her father took her from Sana, the Yemeni capital, to his home village for the wedding.

She was given almost no warning.

"I was very frightened and worried," Nujood recalled as she sat cross-legged on the floor in her family's bare three-room home in a slum not far from Sana's airport. "I wanted to go home."

As she told her story, Nujood gradually gained confidence, smiling shyly as if she were struggling to hold back laughter. Later, she removed her veil, revealing her shoulder-length brown hair.

The trouble started on the first night, when her 30-year-old husband, Faez Ali Thamer, took off her clothes as soon as the light was out. She ran crying from the room, but he caught her, brought her back and forced himself on her. Later, he beat her as well.

"I hated life with him," she said, staring at the ground in front of her. The wedding came so quickly that no one bothered to tell her how women become pregnant, or what a wife's role is, she added.

Her father, Ali Muhammad al-Ahdal, said he had agreed to the marriage because two of Nujood's older sisters had been kidnapped and forcibly married, with one of them ending up in jail. Al-Ahdal said he had feared the same thing would happen to Nujood, and early marriage had seemed a better alternative.

A gaunt, broken-looking man, Ahdal once worked as a street sweeper. Now he and his family beg for a living. He has 16 children by two women.

Poverty is one reason so many Yemeni families marry their children off early. Another is the fear of girls being carried off and married by force. But most important are cultural tradition and the belief that a young virginal bride can best be shaped into a dutiful wife, according to a comprehensive study of early marriage published by Sana University in 2006.

Nujood complained repeatedly to her husband's relatives and later to her own parents after the couple moved back to their house in Sana.

But they said they could do nothing. To break a marriage would expose the family to shame. Finally, her uncle told her to go to court. On April 2, she said, she walked out of the house by herself and hailed a taxi.

It was the first time she had traveled anywhere alone, Nujood recalled, and she was frightened. On arriving at the courthouse, she was told the judge was busy, so she sat on a bench and waited.

Suddenly he was standing over her, imposing in his dark robes.

"You're married?" he said, with shock in his voice.

Right away, he invited her to spend the night at his family's house, she said, since court sessions were already over for the day.

There, she spent hours watching television, something she had never known in her family's slum apartment, which lacks even running water.

When Nujood's case was called on the next Sunday, the courtroom was crowded with reporters and photographers, alerted by her lawyer. Her father and husband were also there; the judge had jailed them the night before to ensure that they would appear in court. (Both were released the next day.) "Do you want a separation, or a permanent divorce?" Qadhi asked the girl, after hearing her testimony and that of her father and her husband.

"I want a permanent divorce," she replied, without hesitation.

The judge granted it.

Afterward, Nasser, the lawyer, took Nujood to a celebratory party at the offices of a local newspaper, where she was showered with dolls and other toys. Nujood lived with her uncle for a time after the ruling but then insisted on returning to her father's house. "I have forgiven him," she said. She swears she will never marry again, and she wants to become a human rights lawyer, like Nasser, or perhaps a journalist.

Despite the victory, Nasser and other advocates say they are worried about the lack of legal means to fight early marriage. Nujood's case only reached the court because she took such a wildly unusual step and happened on a sympathetic judge.

"We were lucky with this judge," Nasser said. "Another judge might not have accepted her in court and would have asked her father or brother to come instead," and Nujood would probably still be married today.

A 1992 Yemeni law set the minimum legal age of marriage at 15. But in 1998 Parliament revised it, allowing girls to be married earlier as long as they did not move in with their husbands until they reached sexual maturity.

That change reflected the triumph of northern Yemen's more conservative Islamic culture over the secular and Marxist south after North and South Yemen united in 1990. In South Yemen, the government had passed a law in 1979 setting the age of marriage at 16 for women and 18 for men. An extensive public awareness campaign, including songs and television spots with titles like "The Victimized Daughter of the Tribe" and "Traditions and Rituals" helped educate people about the dangers posed by early marriage and pregnancy.

But in Yemen, as in Afghanistan - another country where child marriage is common - the fight against Communism ended with the triumph of a hard-line form of Islam. After war between the south and the north broke out in 1994, Ali Abdullah Saleh, then North Yemen's president, sent jihadists to fight South Yemen, and critics say he has become politically indebted to conservative Islamists.

After Nujood's case became public, Nasser said she received angry letters from conservative women denouncing her for her role. But she has also begun receiving calls about girls, some younger than Nujood, trying to escape their marriages.

One of them was Arwa, who was married last year at the age of 8 here in the ancient town of Jibla, four hours south of Sana. As with Nujood's case, Arwa's situation aroused a legal and social outrage.

Standing outside a relative's house here, her hands clasped in front of her, Arwa described how surprised she was when her father arranged her marriage to a 35-year-old man eight months ago. Like Nujood, she did not know the facts of life, she said. The man raped and beat her.

Finally, after months of misery, she ran to a hospital. Employees there took her to a police station, she said. A local judge, on receiving her case, briefly jailed the judge who had approved the marriage contract. Arwa is living with relatives while her case awaits a resolution. But her relatives rarely let her out of the house, fearing that her husband, who has refused the judge's demands that he appear in court, may take her again.

Asked what made her flee her husband after so many months, Arwa gazed up, an intense, defiant expression in her eyes.

"I thought about it," she said in a very quiet but firm voice. "I thought about it."

sábado, 22 de maio de 2010

Europe's three great delusions

The continent’s leaders have still not grasped how much they need to do to save the euro

May 20th 2010 | From The Economist print edition

IT HAS been another turbulent week for the euro. Investors have pondered the €750 billion ($950 billion) rescue plan devised by euro-zone finance ministers—and remain nervous (see article). The euro has fallen sharply. Fears that the rescue plan will not be implemented may grow. But the real worry is that the time the plan should buy may be wasted as a result of three delusions which have overtaken European leaders.

The first is shoot-the-messenger syndrome. Too many European politicians lay all the blame on speculators, hedge funds, rating agencies and the rest for “unwarranted” attacks on the euro. Such thinking has informed Germany’s decision to ban “naked” short-selling of government bonds. The German regulator itself admits that this practice played little part in the Greek mess. The ban will apply only in Germany, whereas most short-selling happens in London. If it has any impact at all, it will merely make it harder to sell government bonds.

The decision in Brussels to push through tough rules on hedge funds and private equity reflects an equally gormless view that such firms caused the financial crisis (see article). Nobody can deny that financial regulation needs to be improved. But to attribute the woes of euro-zone government-bond markets solely to evil speculators is dangerously misguided. In fact, investors everywhere (not least at home) have woken up, belatedly, to the extreme fiscal vulnerability of some euro-zone countries—and are now forcing budget cuts.

The second delusion might be termed excessive faith in shock-and-awe. Although the euro’s rescue plan took weeks to devise, €750 billion is an undeniably big number. The European Commission’s president, José Manuel Barroso, claimed it showed the euro zone would do “whatever it takes” to defend itself. Even less troubled euro-zone countries like Italy are pushing new fiscal austerity. Yet for Greece, faith in shock-and-awe seems misplaced. Even if it does everything it has promised (and it may well not), Greece will end up with public debt over 150% of GDP and at best meagre growth prospects. In truth, Greece’s debt problem is one of insolvency, not illiquidity—and insolvency cannot be rectified by piling on more debt, however shocking and awesome the amount. Instead, euro-zone governments and regulators should start planning now for an orderly debt restructuring, including the imposition of losses (“haircuts”) on banks that hold Greek debt.

Burying Greek busts

The third and most disturbing delusion is that deeper structural reform is not necessary; everything will be fine if only Greece and other euro-zone laggards cut their budget deficits. Several notorious fiscal reprobates are promising Angela Merkel that they will whip themselves into line. This is both masochistic and cowardly. On the one hand, sharply reducing demand in economies that are recovering only weakly from recession may cause much unnecessary pain. But an obsession with fiscal discipline may also be an excuse for politicians to run away from tackling Europe’s chronic imbalances and the loss of competitiveness in southern Europe.

Greece, Spain and Italy all made strenuous efforts to qualify for the euro. But once in, they relaxed and gave up the tiresome business of pushing through reforms to enhance competition, hold down labour costs and boost productivity. In fact their loss of monetary and exchange-rate flexibility makes these reforms more pressing—as the euro crisis has underlined. It also makes it imperative that Germany do more to boost domestic demand. How sad that most euro-zone governments still do not seem to get it; how pathetic that they cover their ignorance by blaming hedge-fund managers in London.

Combates na fronteira de Darfur com o sul do Sudão deixam 55 mortos

Combates na fronteira de Darfur com o sul do Sudão deixam 55 mortos

Outras 85 ficaram feridos em combate entre exército do Sudão e nômades. Segundo líder tribal, disputa por terra em fronteira provocou enfrentamentos.

Pelo menos 55 pessoas morreram e 85 ficaram feridas em combates entre o exército do sul do Sudão e árabes nômades da região ocidental de Darfur, anunciou um líder tribal.

"Temos 55 mortos e 85 feridos em nosso campo. Há atualmente um grande número de (membros da tribo dos) 'rezeigat' que se deslocam à região com o objetivo de ajudar os seus. Também há reforços do exército sulista que vêm das cidades de Raja, Aweil e Wau. Há uma grande tensão", declarou Mohamed Isa Aliu, líder da tribo árabe rezeigat, estabelecida principalemente em Darfur.

Segundo Aliu, os combates começaram quando os nômades árabes buscavam terrenos para pastorear e água para seu gado, perto da fronteira com o estado de Bahr al-Ghazal Ocidental.

O exército do sul do Sudão informou no sábado (24) que havia sido atacado na área de Bahr al-Ghazal Ocidental, mas que acreditava que os agressores não eram membros das tribos nômades rezeigat, e sim soldados do exército do norte do Sudão.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Os Estados Unidos e os Subsídios Agrícolas

Pio Penna Filho*

A Organização Mundial do Comércio (OMC) deu ganho de causa ao Brasil numa disputa comercial com os Estados Unidos, autorizando que o país exerça o direito a retaliação comercial, a título de medidas compensatórias. O montante chega a 830 milhões de dólares e pode ser aplicado na forma de aumento de impostos de importação sobre uma série de produtos norte-americanos. Tal decisão da OMC e, principalmente, a atitude do governo brasileiro de colocar em prática a retaliação, chamou a atenção de diversos analistas internacionais.

A atitude brasileira, todavia, não é vista de forma positiva por vários analistas. Alguns discordam da decisão de retaliar, chamando a atenção para o risco potencial de que ela possa desencadear uma “guerra comercial” com os Estados Unidos, o que traria grandes prejuízos à economia brasileira. Noutro caminho, existem aqueles que acham mais do que justo que a retaliação seja aplicada, uma vez que quem está desrespeitando as regras liberais da economia mundial são os Estados Unidos, e não o Brasil.

No centro da discórdia entre os dois países está a usual prática norte-americana (e também européia) de utilização em larga escala da política de subsídios agrícolas, prática que afeta enormemente a economia dos países menos desenvolvidos e que tem na agricultura um dos pilares de suas economias nacionais. Nesse sentido, não é só o Brasil que se sente prejudicado pelos subsídios agrícolas. Há uma vasta legião de descontentes que, infelizmente, ainda não tiveram força suficiente para reverter essa tendência num espectro mais amplo.

É curioso, na verdade até mesmo contraditório, que os países mais ricos do mundo são aqueles que mais subsídios destinam ao setor agrícola. A contradição está no fato de pregarem a liberalização econômica global ao mesmo tempo em que estimulam a defesa do setor menos produtivo de suas economias, que no caso é o agrícola. Esses países, dentre eles os Estados Unidos, gastam bilhões de dólares anualmente para manter a competitividade de sua produção agrícola, que de outra forma não suportaria a concorrência internacional.

O caso em questão está vinculado à produção do algodão. Os norte-americanos foram acusados pelo Brasil de dificultarem e prejudicarem as exportações brasileiras ao manterem seus preços competitivos de maneira artificial.

O setor algodoeiro é seleto, uma vez que a maior parte da produção mundial está concentrada em apenas 7 países. Juntos, China, Estados Unidos, Índia, Paquistão, Uzbequistão, Brasil e Turquia respondem por cerca de 80% da produção mundial. Outros países, por sua vez, dependem muito da receita do algodão na formação do seu produto interno bruto, como é o caso de Burkina Faso, Chade, Mali e Benin na África, apenas para citarmos alguns mais pobres e que são muito prejudicados no comércio mundial por causa dos subsídios dos ricos.

No caso do Brasil é evidente a participação de Mato Grosso como grande Estado produtor de algodão. Certamente, o Estado pode sair beneficiado a longo prazo, uma vez que um dos objetivos da reivindicação brasileira junto a OMC é conseguir manter uma pressão sobre os países ricos para que mudem suas legislações nacionais e as tornem adequadas ao mundo liberal que tanto prezam.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Marching through Red Square

A pragmatic new foreign policy may be a plus, but it does not mean that Russia is ready to make any changes at home

May 20th 2010 | From The Economist print edition

ON MAY 9th soldiers from NATO countries, including America, Britain and Poland, marched across Red Square in Russia’s Victory Day parade. Beethoven’s “Ode to Joy”, the anthem of the European Union, was played along with the Soviet-era national anthem. Military parades are symbolic and the Kremlin has long put Russia’s wartime victory at the centre of its post-Soviet identity. But this parade was meant to project the image of a self-confident, powerful country seeking better relations with the West.

A year ago it symbolised Russia’s victory over Georgia and its American backers. These days Dmitry Rogozin, Russia’s ambassador to NATO, talks of common values and the trustworthiness of America. And Radek Sikorski, the Polish foreign minister, praises the openness of the Kremlin in investigating the Smolensk air crash and says Poland is an ally.

Russia’s foreign policy has changed—and the change goes beyond rhetoric. After 40 years of tedious talks, Russia has signed a maritime border agreement with Norway. It is using soft power in Ukraine. Perhaps most significant is the improvement in relations with Poland, a centuries-old irritant. After years of exploiting differences between old and new members of the European Union, Vladimir Putin, Russia’s prime minister, has realised that EU solidarity is more than mere rhetoric.

Germany’s Angela Merkel made clear two years ago that, if Russia wanted better relations with the EU, it had to mend fences with Poland. That required a shift in the Kremlin’s historical discourse and its taste for Stalin. Mr Putin has been remarkably flexible. Last year he went to Gdansk to mark the start of the war; this year he knelt to commemorate victims of the Katyn massacre ordered by Stalin in 1940. The importance of Poland in the Kremlin’s eyes has grown along with the prospects of shale gas in the country. Gazprom is now said to be sweet-talking the Poles into a long-term gas contract. In the contest between gas interests and Stalin, Stalin loses.

There is no point sulking or being belligerent with the West, the Kremlin seems to have decided. As Mr Putin has said, Russia should present a smiling face to the world. A smile, however, does not alter nature; the Russian shift has occurred without significant change inside the country. Russia has not become less corrupt or more democratic. Russian troops remain in part of Georgia; Mikhail Khodorkovsky, the former Yukos boss, is still in jail. Russia has not abandoned its claim to a privileged interest in the neighbourhood.

Dmitry Trenin, head of the Moscow Carnegie Centre, argues that Russian foreign policy under Mr Putin has always been more defensive than offensive. It is shaped more by vested financial and political interests than by ideology or geopolitics. Russia’s return to business as usual was made easier by Barack Obama’s reset policy (seen in Moscow as an admission of past mistakes) and the shelving of NATO expansion. The financial crisis has also shown up Russia’s vulnerability.

After a decade of rising oil prices and budget surpluses, Russia is running a deficit and looking to borrow money. The crisis has exploded a model of economic growth that relied on rising oil and gas prices. To keep its grip on power, the Kremlin has now come up with a different idea: modernisation to renew the Russian economy without changing its political system.

Russia’s new pragmatism is set out in a leaked foreign-ministry paper. The document is not an example of liberalism and openness, but it argues that Russia must form modernisation alliances with leading countries and attract Western technologies while advancing the interests of Russian companies abroad. In a sign of desperation, even Armenia is seen as a channel for the transfer of technology to Russia. Russia’s wish list includes visa-free travel, the adoption of EU standards and membership of the World Trade Organisation and the OECD rich-country club.

The EU’s attitude has been cautious and more realistic than many suppose. Progress in EU-Russia relations has been painfully slow. Barring a few appeasers, most governments in Europe, including Germany’s, have no illusions left about Mr Putin’s Russia: its weak property rights, high corruption and the symbiosis of state power with private financial interests. Yet most EU governments also embrace the idea of modernisation. A large emerging market with a huge demand for technological catch-up serves the interests of European companies. Adopting EU standards would also curb Russia’s ability to impose arbitrary trade sanctions. And many see Russia’s slogan of modernisation as a chance, however feeble, to push for its political transformation.

Talk of modernisation has not removed basic disagreements. Mr Medvedev’s November proposal for a new European security treaty focuses on hard power and implies a veto on NATO expansion which is unpalatable to the West. It is being discussed as part of the so-called Corfu process, but one European politician likens it to a perpetuum mobile that will go on forever without reaching a conclusion.

From Russia’s viewpoint, Mr Medvedev’s scheme has helped to divert attention from Georgia. “[They] stopped discussing Georgia and started discussing this proposal,” Mr Rogozin says. Russia has kept its military presence not just in Georgia but in other former Soviet republics. It has just agreed an extension of the Black Sea fleet’s lease in Sebastopol, in Ukraine.

As the foreign-ministry document asserts, Russia needs to consolidate the former Soviet space by, for example, pushing the customs union between Russia, Belarus and Kazakhstan. Brussels has warned Ukraine that, were it to join this customs union, it would jeopardise its partnership with the EU. Russia itself sees the EU as a source of innovation, but not a model for democracy. Talk of common values and the rule of law causes heartburn among such Russian officials as Vladimir Chizhov, a smiling and impenetrable ambassador to the EU. Asked what Russia wants from the EU, he starts with what it does not want: to have it as a bossy patron come to modernise Russia. “We see it as a purely utilitarian initiative,” he says.

The main problem is not that Russia defends its own values (it has few) but that its leaders think the values gap does not exist and the West is hypocritical to talk of it. Unlike Mikhail Gorbachev’s policy of openness, which was inseparable from domestic liberalisation, Russia’s new détente implies no political change at home. The foreign-ministry document talks of the need to project the image of Russia as a democratic state with a socially oriented market economy—but says nothing about the need actually to become one. Russia’s rapprochement is fragile since it hinges on an idea of modernisation that is unlikely to succeed without liberalisation. The risk is that when modernisation fails, Russia will blame the West for sabotaging it.

Tropa especial russa invade petroleiro tomado por piratas somalis

Forças especiais da Rússia invadiram um petroleiro russo que tinha sido sequestrado por piratas da Somália na costa do Iêmen em uma dramática operação de resgate.

Os soldados russos foram para a região no navio de guerra Marechal Shaposhnikov e se aproximaram do petroleiro sequestrado com um helicóptero.

Assim que eles se aproximaram os piratas dispararam, iniciando um tiroteio. Além dos piratas também estavam no petroleiro 23 tripulantes russos.

As forças russas então invadiram o petroleiro libertando a tripulação, que tinha se trancado em uma das salas seguras do navio.

Dez piratas foram presos e um morreu durante o tiroteio. De acordo com um porta-voz do Ministério da Defesa russo, coronel Alexei Kuznetzov, os piratas estão detidos no próprio petroleiro e serão transferidos depois para Moscou, onde serão julgados.

O petroleiro "Universidade de Moscou" foi tomado por piratas na quarta-feira, no Golfo de Áden, no Oceano Índico, uma das rotas marítimas mais movimentadas e perigosas do mundo.

O navio fazia um carregamento para a China, levando uma carga de mais de 80 mil toneladas de petróleo cru, avaliadas em cerca de US$ 50 milhões.

O Marechal Shaposhnikov foi enviado na quarta-feira resgatar o petroleiro sequestrado.

Resgate raro

Russos, europeus e americanos enviaram para o Golfo de Áden destacamentos da Marinha, depois do aumento do número de ataques de piratas contra cargueiros comerciais, de acordo com o correspondente da BBC em Nairóbi, no Quênia, Will Ross.

Mas, mesmo com a presença de forças de tantos países, os piratas somalis estariam mantendo mais de 20 navios estrangeiros com quase 400 tripulantes.

Segundo Will Ross, é rara a realização de uma operação de resgate depois que piratas tomam um navio, pois muitos especialistas avaliam que uma intervenção iria pôr os reféns em risco.

Mas, no caso do petroleiro Universidade de Moscou, a tripulação tinha se trancado em uma sala segura, com porta reforçada.

Esta tática de se trancar em uma sala segura, de acordo com Ross, já evitou duas tentativas de sequestro anteriores, em outros cargueiros.

Para mais notícias, visite o site da BBC Brasil



Infográfico elaborado pela Editora Abril:

http://veja.abril.com.br/educacao/piratas-somalia/piratas-somalia.html

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Waltz with Bashir (crítica de cinematograficamente falando)

Muitas vezes o cinema tem necessidade de afirmar, denunciar, apontar o dedo aos culpados, mostrar horrores e testemunhar consciências, a isto chama-se filme-denúncia, que tem o intuito de exibir o que de errado se passa pelo Mundo. Claro que os tempos são diferentes do outrora e no que requer a denunciar temos a televisão, nomeadamente os telejornais que sensacionalizam os temas que mais preocupam a sociedade, mas existe algo mais vulgar que um telejornal? Claro que não, e conforme seja o destaque da noticia como é o caso dos intensivos confrontos na faixa de Gaza ou das atrocidades cometidas no Médio Oriente, um simples espectador apenas o encara como uma informação daquilo que se passa, nada mais, sem o intuitivo de comover-se ou de uma futura intervenção. Uma personagem de Joaquim Phoenix no filme de Terry George, Hotel Rwanda, citou o seguinte acerca de uma reportagem de um genocídio com o intuito de ser exibido num dito telejornal “I think if people see this footage, they'll say Oh, my God, that's horrible. And then they'll go on eating their dinners”, penso que a frase não precisa de comentários.

Ao contrário dos filmes-denúncia ainda temos os testemunhos em forma de película, relatos de vivências que na actualidade parecem ser motivo para a concepção de novas animações convencionais, Waltz with Bashir de Ari Folman é um narro na primeira pessoa em forma de documentário dos massacres ocorridos em Beirute, Líbano levada a cabo por soldados falangistas cristãos e soldados israelitas, o qual Ari Folman (realizador e protagonista) integrava. O massacre foi cometido de forma barbara, matando milhares de palestinos civis e fazendo com inúmeros jovens soldados de Israel quisesse forçosamente esquecer o sucedido. Uma das nódoas da história do século XX, contada, testemunhada por um “filho de Israel” como uma confissão se tratasse. A verdade é que não haveria melhor altura deste filme ter surgido nas nossas salas, num momento em que os conflitos ena faixa de Gaza, israelita contar palestinianos parece intensificara dia-a-dia, Waltz with Bashir tem o mérito de não escolher lados, de não encaminhar o espectador para o culpado e de não sensacionalizar o sucedido, o que o documentário misto animação consegue fazer com o espectador é lançar um «BASTA”, um apelo ao fim de um confronto que parece virar rotina nos telejornais.

Poderá assemelhar-se ao aclamado Persepolis, mas ao contrário da fita da autoria de Marjane Satrapi ser um testemunho animado aos tons de preto-e-branco no que requer a denunciar, sem nunca evitar os maniqueísmos, em Waltz with Bashir não existe tempo para julgamentos. A animação é talvez das mais vivas e artísticas do novo milénio, esquecendo um pouco do lançamento em massa dos gráficos digitais, a sua narrativa via documentaria é um dos grandes exemplos que o cinema se encontra em movimento e sempre em evolução. Com cenas animadas capazes de surpreender, algum humor negro a criar mise-en-scené incontornáveis, e uma noção histórica imaculada em que qualquer pormenor não é deixado para trás. Foi com a valsa por Bashir que se encontrou a graciosidade da esperança, essa, de um dia dois povos viverem em coexistência e não em guerra. No final fiquei comovido, nunca me senti assim desde há muitos anos atrás, pela primeira vez senti triste pelo que se está a passar no Médio Oriente, encarei o conflito com outro olhar e atitude. Foi cerca de duas horas tenebrosas, nesta “A Lista de Schindler” da animação.

PS – O Bashir do título é referente a Bashir Gemayel, um comandante das forças milícias falangistas que subiu á presidência do Líbano, mas cujo seu assassinato foi catalisador dos massacres representados no filme, o título por inteiro é a referência a uma cena da película em que exibe um soldado israelita a “enfrentar” a morte, disparando sobre o inimigo em terreno aberto, e para evitar as balas dos palestinos, movimentava-se hiperactivamente para que soa-se uma dança, por outras palavras uma valsa, Bashir deve-se ao enorme cartaz que se encontrava no momento da sequência. Para finalizar só quero dizer que começamos já o ano em grande.

O melhor – A atribuição de responsabilidades levado a cabo pela fita sem nunca recorrer ao maniqueísmo


O pior –
O fato de ser uma animação e ter sido ignorado pela grande cadeia de cinemas, irá fazer com que Waltz with Bashir não encontre o seu público merecido.


Pra quem ainda não teve tempo de ver, disponibilizamos todas as partes do documentário aqui (em inglês):
























terça-feira, 18 de maio de 2010

Iêmen: civis obrigados a fugir dos crescentes confrontos

Existem milhares de deslocados internos no Iêmen, onde a situação humanitária tem piorado devido aos novos conflitos nas províncias de Saada e Amran. O chefe da delegação do CICV no Iêmen, Jean-Nicolas Marti, descreve o que está acontecendo com aqueles que tiveram que se deslocar.

Jean-Nicolas Marti, chefe da delegação no Iêmen.

ICRC photo
Jean-Nicolas Marti, chefe da delegação no Iêmen.


Como é a atual situação em Saada e em outras áreas afetadas pelo conflito no norte do Iêmen?

Houve uma escalada dos confrontos armados nas últimas semanas e continua aumentando enquanto estamos aqui falando. Como consequência, milhares de pessoas fugiram do conflito para buscar refúgio na cidade de Saada e arredores. Em Amran (Harf Sufyan), também, centenas de pessoas foram deslocadas pelo conflito e estão espalhadas agora pela província. Esses deslocados internos provavelmente não puderam levar seus pertences, o que me leva a crer que precisam de assistência urgente. O CICV não sabe ainda o número exato de deslocados internos. Nosso acesso às áreas mais afetadas está limitado no momento, mas aproveitaremos qualquer oportunidade possível de prestar assistência humanitária sempre que a situação permitir que nossa equipe transite em segurança.

O CICV, em parceira com o Crescente Vermelho iemenita, assiste as pessoas afetadas pelo conflito no norte do país, em particular levando atendimento médico, itens básicos de socorro e água limpa.

Através de seu serviço de rastreamento, o CICV ajuda a restabelecer contato entre os que buscam asilo e refugiados e seus parentes que ficaram no país, além de permitir que famílias iemenitas mantenham laços com parentes detidos no exterior. O CICV visitou dois detidos que foram levados de Guantanamo para o Iêmen e espera retomar as visitas aos prisioneiros em todo o Iêmen.

O CICV promove o conhecimento do Direito Internacional Humanitário, sua integração à legislação nacional e sua incorporação aos programas de ensino e treinamento em escolas e universidades e das forças armadas e policiais.

O primeiro trabalho do CICV no Iêmen foi durante a guerra civil na década de 60. Atualmente, a organização tem um total de 117 funcionários no país: 20 internacionais e 52 nacionais baseados em Sanaa; outros 5 internacionais e 40 nacionais na subdelegação em Saada, no norte do Iêmen.
O CICV, em parceira com o Crescente Vermelho iemenita, assiste as pessoas afetadas pelo conflito no norte do país, em particular levando atendimento médico, itens básicos de socorro e água limpa.

Através de seu serviço de rastreamento, o CICV ajuda a restabelecer contato entre os que buscam asilo e refugiados e seus parentes que ficaram no país, além de permitir que famílias iemenitas mantenham laços com parentes detidos no exterior. O CICV visitou dois detidos que foram levados de Guantanamo para o Iêmen e espera retomar as visitas aos prisioneiros em todo o Iêmen.

O CICV promove o conhecimento do Direito Internacional Humanitário, sua integração à legislação nacional e sua incorporação aos programas de ensino e treinamento em escolas e universidades e das forças armadas e policiais.

O primeiro trabalho do CICV no Iêmen foi durante a guerra civil na década de 60. Atualmente, a organização tem um total de 117 funcionários no país: 20 internacionais e 52 nacionais baseados em Sanaa; outros 5 internacionais e 40 nacionais na subdelegação em Saada, no norte do Iêmen.

Soubemos que muitas pessoas fugiram de suas casas. Quais são suas necessidades hoje?

O CICV está muito preocupado com o destino dos civis afetados pelo conflito nas províncias de Saada e Amran e arredores. Pedimos às partes envolvidas no conflito que tomem as medidas necessárias para poupar as vidas e os bens dos civis.

Até o momento, milhares de famílias já chegaram à cidade de Saada. Elas estão procurando um lugar seguro para ficar. Suas necessidades imediatas mais importantes são abrigo, água, alimentos e acesso à saúde. O CICV, junto com o Crescente Vermelho iemenita, tem administrado vários campos para deslocados nos últimos anos na cidade de Saada. Várias novas famílias deslocadas se mudaram para esses campos. Foi fornecido material médico básico para alguns campos e para uma clínica do Crescente Vermelho iemenita que cuida dos deslocados e entregamos água diariamente. Também entregamos cem barracas para os recém-chegados.

Dado o alto número de novos deslocados, estamos em processo de reabertura de um campo que havia sido fechado no ano passado para acomodar cerca de 2.800 novas pessoas. Nas províncias de Amran e Hajjah, noroeste de Sanaa, o CICV e o Crescente Vermelho iemenita estão avaliando as necessidades da população. Está prevista uma distribuição emergencial de água e artigos essenciais nos próximos dias.

O CICV e o Crescente Vermelho administram campos para deslocados na província de Saada. Já foi possível ir até lá desde a semana passada?

O acesso aos campos na cidade de Saada nao tem sido um problema para o CICV e para o Crescente Vermelho iemenita. No entanto, temos enfrentado problemas para chegar aos campos localizado fora da cidade.

Soubemos que 15 voluntários do Crescente Vermelho iemenita foram sequestrados na semana passada. Sua equipe tem enfrentando algum problema de segurança?

Estamos satisfeitos de poder dizer que os voluntários do Crescente Vermelho foram liberados e estão sãos e salvos. A situação nessa região do Iêmen é muito volátil atualmente. Desde que nove estrangeiros foram sequestrados há dois meses e três deles foram mortos, a movimentação do CICV – em especial de sua equipe internacional – tem estado muito limitada na região. O CICV e o Crescente Vermelho iemenita estão tomando todas as precauções possíveis para assegurar que sua equipe se movimente em segurança. Isso inclui lembrar às partes em conflito que elas devem respeitar os profissionais humanitários e garantir que aqueles que têm o emblema do crescente vermelho tenham passagem segura para chegar às vítimas do conflito.

O que o CICV tem feito para as pessoas afetadas pelo conflito no norte nos últimos anos?

O CICV tem trabalhado no Iêmen desde 2004. Em cooperação com o Crescente Vermelho iemenita, a organização tem ajudado as pessoas a lidarem com os efeitos do conflito. Além de outras de nossas atividades, estamos atualmente fornecendo água limpa e utensílios domésticos básicos para os mais afetados e apoiamos diversos centros médicos, incluindo os que atendem os deslocados na cidade de Saada city.

Comissão Européia avalia impacto dos biocombustíveis na agricultura

A Comissão Européia publicou um relatório sobre o impacto dos biocombustíveis no preço dos alimentos e na agricultura do continente. O estudo toma como base a meta de uso de 10% de biocombustíveis em 2020. As conclusões do relatório, elaborado pelo Diretório Geral para Agricultura e Desenvolvimento Rural (DG AGRI), indicam que a meta não deve aumentar muito a necessidade de área nem o preço dos alimentos.

Para elaborar o estudo, o DG AGRI assumiu sete premissas:

:: Adoção da segunda geração de tecnologia para biocombustíveis. Segundo o estudo, em 2020, 30% do biocombustíveis usados no Velho Continente serão de 2ª geração.
:: Terra arável disponível. Assume-se que terra não usada para produção de alimentos e ração pode ser usada para a produção de biocombustíveis, embora atualmente exista legislação que limite este uso. A premissa tecnológica também tem impacto direto sobre o uso da terra, pois com as novas técnicas, a mesma área deve produzir de 30% a 40% a mais de energia.
:: Participação do diesel e da gasolina no mercado europeu. O DG AGRI assumiu 55% do total para o diesel em 2020.
:: Política comercial para importação de matéria-prima e biocombustível. O estudo leva em conta que as atuais políticas irão permanecer, com mercado liberado para importação de oleaginosas, óleos e biodiesel. O mercado de etanol deve continuar protegido. O relatório considera que para a segunda geração de biocombustíveis, o custo de transporte e não as tarifas serão o fator limitador da oferta.
:: Localização das indústrias de biocombustíveis. Este fator tem impacto nos sub-produtos da indústria de biocombustíveis. O DG AGRI considera que a demanda por biodiesel continuará a ser suprida pela produção local.
:: Mercado global de commodities. O relatório considera a competitivadade da indústria de biocombustíveis em relação aos derivados de petróleo e à produção de combustíveis renováveis para outros fins como aquecimento e refrigeração.
:: Preço do petróleo. O preço do barril foi estimado em € 45 (US$ 51,75, pela cotação do dólar usada no estudo).

Diante deste cenário, a adição de biodiesel nos países da União Européia deve ser de 9,5% em 2020, enquanto a do etanol será de cerca de 8%. Assim, o consumo de biocombustíveis totalizaria cerca de 35 milhões de toneladas equivalentes de petróleo (mtoe).

As importações previstas pelos países da UE para 2020 são as seguintes:

:: Trigo: 5 milhões de toneladas;
:: Milho: 2,5 milhões de toneladas;
:: Canola: 12,26 milhões de toneladas;
:: Girassol: 1,94 milhões de toneladas;
:: Soja, 17,53 milhões de toneladas;
:: Açúcar: 2,12 milhões de toneladas;
:: Óleo de canola: 0,09 milhões de toneladas;
:: Óleo de girassol: 0,39 milhões de toneladas;
:: Óleo de soja: 0,80 milhões de toneladas;
:: Óleo de dendê (palma): 3,62 milhões de toneladas.

Relatório da União Européia sobre impacto dos biocombustíveis nos alimentos. (Em inglês, PDF).

segunda-feira, 17 de maio de 2010

2006 tem 500 ataques terroristas na União Européia

Houve quase 500 atentados terroristas no território da União Européia em 2006, mas apenas um deles, um complô para explodir uma bomba transportada em uma mala que foi impedido pelas autoridades da Alemanha, se relacionava ao terrorismo islâmico, de acordo com um novo relatório da União Européia. Enquanto isso, o julgamento de um dos principais suspeitos pelo complô na Alemanha foi adiado, no Líbano.

Quase nenhum dos atentados realizados na União Européia em 2006 tinha relação com o terrorismo islâmico, mas o potencial impacto de um ataque cujo objetivo seria gerar grande número de vítimas faz do terrorismo islâmico uma prioridade para os investigadores europeus, ainda assim.

De acordo com relatório divulgado na terça-feira pela Europol, a organização policial da União Européia, houve 498 atentados terroristas em território da União em 2006. Apenas um ¿o caso alemão já mencionado- foi perpetrado por terroristas islâmicos.

A vasta maioria dos ataques terroristas foram executados por grupos separatistas e tiveram por alvo a Espanha e a França. Quase todos eles "resultaram apenas em danos materiais e não tinham a morte por objetivo", de acordo com os autores do relatório.

Mas ataques islâmicos como o caso da mala explosiva na Alemanha e os atentados em massa contra aviões que foram impedidos no Reino Unido tinham por objetivo causar grande número de vítimas, de acordo com o estudo, e como resultado "investigações sobre o terrorismo islâmico são claramente uma prioridade para as agências policiais dos países membros".

Metade das 706 detenções relacionadas a terrorismo, em 2006, tinham conexão com o terrorismo islâmico, e França, Espanha, Itália e Holanda lideraram em termos de número de suspeitos de terrorismo islâmico detidos.

Alguns poucos ataques por grupos anarquistas ou de extrema esquerda também foram registrados na Alemanha, Grécia, Itália e Espanha. O relatório concluiu que Espanha, França e o Reino Unido são os países da União Européia mais "severamente afetados" pelo terrorismo.

Um dos dois principais suspeitos no complô da mala explosiva alemã, Jihad Ahmad, foi colocado em julgamento na capital libanesa, Beirute, na quarta-feira, em companhia de três outros suspeitos libaneses.

No entanto, o julgamento foi imediatamente adiado para o dia 18 de abril, porque a defesa pediu que o caso fosse transferido para a cidade de Trípoli, no norte do país, a região de origem dos acusados. O outro principal suspeito, Youssef Mohammed el-Hajdib, está preso na Alemanha, mas será julgado in absentia pelo tribunal libanês, de acordo com informações veiculadas pela imprensa.

Enquanto isso, um novo relatório do Oxford Research Group, uma organização britânica de pesquisa, alertou que a política britânica e norte-americana quanto ao Iraque "gerou mais terrorismo na região". O relatório, intitulado "Beyond Terror: The Truth About the Real Threats to Our World" para além do terror: a verdade sobre as ameaças reais ao nosso mundo, afirma que a guerra contra o terrorismo que está em curso e, especialmente, a guerra no Iraque estão elevando o risco de futuros ataques terroristas em escala semelhante ao de 11 de setembro de 2001.

"Tratar o Iraque como parte da guerra contra o terrorismo... criou uma zona de treinamento de combate para os combatentes da jihad", afirma o estudo, alertando igualmente que qualquer intervenção militar no Irã seria "desastrosa". O relatório acrescentou que os Estados Unidos "são cada vez mais vistos como maior ameaça à paz mundial".

Why so serious?

Um momento divertido no blog, resolvemos postar essa resenha Antropológica sobre o clássico da música brasileira Eduardo e Mônica... Via Scream & Yell, divirtam-se!

Mônica e Eduardo
Por Adolar Gangorra
18/05/01


Esse texto é uma análise comportamental crítica sobre Eduardo e Mônica (aquela música que todo mundo tem obrigação de tocar em churrascos, ao lado de Wish You Were Here, Stairway to Heaven, etc ....) A música Eduardo e Monica da banda Legião Urbana esconderia uma implicância com o sexo masculino? É o que garante Adolar Gangorra. Leia e confira.


O falecido Renato Russo era, sem dúvida, um ótimo músico e um excelente letrista. Escreveu verdadeiras obras de arte cheias de originalidade e sentimento. Como artista engajado que era, defendia veementemente seus pontos de vista nas letras que criava. E por isso mesmo, talvez algumas delas excedam a lógica e o bom senso.

Como no caso da música Eduardo e Monica, do álbum Dois da Legião Urbana, de 1986, onde a figura masculina (Eduardo) é tratada sempre como alienada e inconsciente enquanto a feminina (Monica) é a portadora de uma sabedoria e um estilo de vida evoluidíssimos.

Analisemos o que diz a letra. Logo na segunda estrofe, o autor insinua que Eduardo seja preguiçoso e indolente ("Eduardo abriu os olhos mas não quis se levantar; Ficou deitado e viu que horas eram") ao mesmo tempo que tentar dar uma imagem forte e charmosa à Monica ("enquanto Monica tomava um conhaque noutro canto da cidade como eles disseram"). Ora, se esta cena tiver se passado de manhã, como é provável, Eduardo só estaria fazendo sua obrigação: acordar. Já Mônica revelaria-se uma cachaceira profissional, pois virar um conhaque antes do almoço é só para quem conhece muito bem o ofício.

Mais à frente, vemos Russo desenhar injustamente a personalidade de Eduardo de maneira frágil e imatura ("Festa estranha, com gente esquisita..."). Bom, "Festa Estranha" significa uma reunião de porra-loucas atrás de qualquer bagulho para poder fugir da realidade com a desculpa esfarrapada de que são contra o sistema. "Gente esquisita" é, basicamente, um bando de sujeitos que têm o hábito gozado de dar a bunda após cinco minutos de conversa. Também são as garotas mais horrorosas da Via-Láctea. Enfim, esta era a tal "festa legal" em que Eduardo estava. O que mais ele podia fazer? Teve que encher a cara pra agüentar aquele pesadelo, como veremos a seguir.

Assim temos ("- Eu não estou legal. Não agüento mais birita"). Percebe-se que o jovem Eduardo não está familiarizado com a rotina traiçoeira do álcool. É um garoto puro e inocente, com a mente e o corpo sadios. Bem ao contrário de Monica, uma notória bêbada sem-vergonha do underground. Adiante, ficamos conhecendo o momento em que os dois protagonistas se encontraram ("E a Monica riu e quis saber um pouco mais Sobre o boyzinho que tentava impressionar"). Vamos por partes: em "E a Monica riu" nota-se uma atitude de pseudo-superioridade desumana de Monica para com Eduardo. Ela, bêbada inveterada, ri de um bêbado inexperiente!

Mais à frente, é bom esclarecer o que o autor preferiu maquiar. Onde lê-se "quis saber um pouco mais" leia-se "quis dar para"! É muita hipocrisia tentar passar uma imagem sofisticada da tal Monica. A verdade é que ela se sentiu bastante atraída pelo "boyzinho que tentava impressionar"! É o máximo do preconceito leviano se referir ao singelo Eduardo como "boyzinho"... Não é verdade. Caso fosse realmente um playboy, ele não teria ido se encontrar com Monica de bicicleta, como consta na quarta estrofe ("Se encontraram então no parque da cidade A Monica de moto e o Eduardo de camelo"). A não ser que o Eduardo fosse um beduíno, e estivesse realmente de camelo, mas ainda nesse caso não seria um "boyzinho". Se alguém aí age como boy, esta seria Monica, que vai ao encontro pilotando uma ameaçadora motocicleta. Como é sabido, aos 16 ("Ela era de Leão e ele tinha dezesseis") todo boyzinho já costuma roubar o carro do pai, principalmente para impressionar uma maria-gasolina como Monica.

E tem mais: se Eduardo fosse mesmo um playboy, teria penetrado com sua galera na tal festa, quebraria tudo e ia encher de porrada o esquisitão mais fraquinho de todos na frente de todo mundo, valeu? Na ocasião do seu primeiro encontro, vemos Monica impor suas preferências, uma constante durante toda a letra, em oposição a uma humilde proposta do afável Eduardo ("O Eduardo sugeriu uma lanchonete, mas a Monica queria ver um filme do Godard"). Atitude esta nada democrática para quem se julga uma liberal. Na verdade, Monica é o que se convencionou chamar de P.I.M.B.A (Pseudo Intelectual Metido à Besta e Associados, ou seja, intelectuerdas, alternativos, cabeças e viadinhos vestidos de preto, em geral), que acham que todo filme americano é ruim e o que é bom mesmo é filme europeu, de preferência francês, preto e branco, arrastado pra caralho e com muitas cenas de baitolagem.

Em seguida Russo utiliza o eufemismo "menina" para se referir suavemente à Monica ("O Eduardo achou estranho e melhor não comentar, mas a menina tinha tinta no cabelo"). Menina? Pudim de cachaça seria mais adequado. À pouco vimos Monica virar um Dreher na goela logo no café da manhã e ele ainda a chama de menina? Note que Russo informa a idade de Eduardo, mas propositadamente omite a de Monica. Além disto, se Monica pinta o cabelo é porque é uma balzaca querendo fisgar um garotão viril ou porque é uma baranga escrota mesmo.

O autor insiste em retratar Monica como uma gênia sem par. ("Ela fazia Medicina e falava alemão") e Eduardo como um idiota retardado ("E ele ainda nas aulinhas de inglês"). Note a comparação de intelecto entre o casal: ela domina o idioma germânico, sabidamente de difícil aprendizado, já tendo superado o vestibular altamente concorrido para medicina. Ele, miseravelmente, tem que tomar aulas para poder balbuciar "iéis", "nou" e "mai neime is Eduardo"! Incomoda como são usadas as palavras "ainda" e "aulinhas", para refletir idéias de atraso intelectual e coisa sem valor, respectivamente. Coitado do Eduardo, é um jumento mesmo...

Na seqüência, ficamos a par das opções culturais dos dois ("Ela gostava do Bandeira e do Bauhaus, Van Gogh e dos Mutantes, de Caetano e de Rimbaud"). Temos nesta lista um desfile de ícones dos P.I.M.B.As, muito usados por quem acha que pertence a uma falsa elite cultural. Por exemplo, é tamanha uma pretensa intimidade com o poeta Manuel de Souza Carneiro Bandeira Filho, que usou-se a expressão "do Bandeira". Francamente, "Bandeira" é aquele juiz que fica apitando impedimento na lateral do campo. O sujeito mais normal dessa moçada aí, cortou a orelha por causa de uma sirigaita qualquer. Já viu o nível, né? Só porra-louca de primeira. Tem um outro peroba aí que tem coragem de rimar "Êta" com "Tiêta" e neguinho ainda diz que ele é gênio!

Mais uma vez insinua-se que Eduardo seja um imbecil acéfalo ("E o Eduardo gostava de novela") e crianção ("E jogava futebol de botão com seu avô"). A bem da verdade, Eduardo é um exemplo. Que adolescente de hoje costuma dar atenção a um idoso? Ele poderia estar jogando videogame com garotos de sua idade ou tentando espiar a empregada tomar banho pelo buraco da fechadura, mas não. Preferia a companhia do avô em um prosaico jogo de botões! É de tocar o coração. E como esse gesto magnânimo foi usado na letra? Foi só para passar a imagem de Eduardo como um paspalho energúmeno. É óbvio, para o autor, o homem não sabe de nada. Mulher sim, é maturidade pura.

Continuando, temos ("Ela falava coisas sobre o Planalto Central, também magia e meditação"). Falava merda, isso sim! Nesses assuntos esotéricos é onde se escondem os maiores picaretas do mundo. Qualquer chimpanzé lobotomizado pode grunhir qualquer absurdo que ninguém vai contestar. Por que? Porque não se pode provar absolutamente nada ... Vale tudo! É o samba do crioulo doido. E quem foi cair nessa conversa mole jogada por Monica? Eduardo é claro, o bem intencionado de plantão. E ainda temos mais um achincalhe ao garoto ("E o Eduardo ainda estava no esquema "escola - cinema - clube - televisão"). O que o Sr. Russo queria? Que o esquema fosse "bar da esquina - terreiro de macumba - sauna gay - delegacia"?? E qual é o problema de se ir a escola, caramba?!?

Em seguida, já se nota que Eduardo está dominado pela cultura imposta por Monica ("Eduardo e Monica fizeram natação, fotografia, teatro, artesanato e foram viajar"). Por ordem: 1) Teatro e artesanato não costumam pagar muito imposto. 2) Teatro e artesanato não são lá as coisas mais úteis do mundo. 3) Quer saber? Teatro e artesanato é coisa de viado!!!

Agora temos os versos mais cretinos de toda a letra ("A Monica explicava pro Eduardo Coisas sobre o céu, a terra, a água e o ar"). Mais uma vez, aquela lengalenga esotérica que não leva a lugar algum. Vejamos: Monica trabalha na previsão do tempo? Não. Monica é geóloga? Não. Monica é professora de química? Não. Mônica é alguma aviadora? Também não. Então que diabos uma motoqueira transviada pode ensinar sobre céu, terra, água e ar que uma muriçoca não saiba? Novamente, Eduardo é retratado como um debilóide pueril capaz de comprar alegremente a Torre Eiffel após ser convencido deste grande negócio pelo caô mais furado do mundo. Santa inocência ...

Ainda em "Ele aprendeu a beber", não precisa ser muito esperto pra sacar com quem... é claro, com Monica, a campeã do alambique! Eduardo poderia ter aprendido coisas mais úteis como o código morse ou as capitais da Europa, mas não. Acharam melhor ensinar para o rapaz como encher a cara de pinga. Muito bem, Monica! Grande contribuição!

Depois, temos "deixou o cabelo crescer". Pobre Eduardo. Àquela altura, estava crente que deixar crescer o cabelo o diferenciaria dos outros na sociedade. Isso sim é que é ativismo pessoal. Já dá pra ver aí o estrago causado por Monica na cabeça do iludido Eduardo. Sempre à frente em tudo, Monica se forma quando Eduardo, o eterno micróbio, consegue entrar na universidade ("E ela se formou no mesmo mês em que ele passou no vestibular"). Por esse ritmo, quando Eduardo conseguir o diploma, Monica deverá estar ganhando o seu prêmio Nobel. Outra prova da parcialidade do autor está em ("porque o filhinho do Eduardo tá de recuperação"). É interessante notar que é o filho do Eduardo e não de Monica, que ficou de segunda época. Em suma, puxou ao pai e é burro que nem uma porta.

O que realmente impressiona nesta letra é a presença constante de um sexismo estereotipado. O homem é retratado como sendo um simplório alienado que só é salvo de uma vida medíocre e previsível graças a uma mulher naturalmente evoluída e oriunda de uma cultura alternativa redentora. Nesta visão está incutida a idéia absurda que o feminino é superior e o masculino, inferior. Bem típico de algum recalque homossexual do autor, talvez magoado com a natureza masculina. É sabido que em todas culturas e povos existentes, o homem sempre oprimiu amulher. Porém, isso não significa, em hipótese alguma, que estas sejam melhores que os homens. São apenas diferentes. Se desde o começo dos tempos o sexo feminino fosse o dominador e o masculino o subjugado, os mesmos erros teriam sido cometidos de uma maneira ou de outra.

Por quê? Ora, porque tanto homens, mulheres e colunistas sociais fazem parte da famigerada raça humana. E é aí que sempre morou o perigo. Não importa que seja Eduardo, Mônica ou até... Renato!

Adolar Gangorra tem 71 anos, é editor do periódico humorístico Os Reis da Gambiarra e não perde um show sequer dos The Fevers.



Nota do Editor: Este texto caiu em minhas mãos em 1999. A idéia seria publicá-lo na versão "on paper" do S&Y, a sétima. Porém, era um texto muito extenso para uma publicação em papel, e ficou guardado. Na época, chegamos a tentar contatar o autor, sem sucesso. O texto ficou guardado, até que surgiu a oportunidade de publicá-lo aqui, na versão online. Novamente foi tentado um contato com o autor, sem sucesso. Mesmo assim, decidimos publicar o texto em maio de 2001, tal qual recebemos, dando crédito ao autor, e mantendo sua assinatura no fim. Cerca de dois anos depois, Adolar nos procurou, agradeceu a publicação, o crédito, e disse que iria mandar mais material, mas acabou não mandando. Um tempo atrás, o amigo Alexandre Inagaki - que tocava o Spam Zine, e agora distribui pérolas de sabedoria em seu blog, o "Pensar Enlouquece, Pense Nisto" - comentou sobre "Monica e Eduardo", o que rendeu novas leituras. Assim, aproveitando a fase de textos antológicos publicados nos cinco anos do S&Y em sua versão online, nada melhor do que destacar esse pequeno tratado comportamental sobre um dos grandes sucessos da Legião Urbana. Mais uma vez: obrigado Adolar. E valeu Inagaki. Abraços. Marcelo Costa - 29/03/05