terça-feira, 28 de outubro de 2008

A Guerra do Golfo

Invasão do Kuwait decretou o início da I Guerra do Golfo

Em 02 de agosto de 1990, o Iraque invadia o Kuwait. A ocupação era o estopim da primeira Guerra do Golfo, liderada pelos Estados Unidos, então governado por George Bush, pai do atual presidente americano. Saddam Hussein justificou a invasão afirmando que o Kuwait praticava uma política de superextração de petróleo, para fazer o preço cair no mercado e prejudicar a economia iraquiana.

A primeira Guerra do Golfo foi um conflito militar ocorrido inicialmente entre o Kuwait e o Iraque de 2 de agosto de 1990 a 27 de fevereiro de 1991, que acabou por envolver outros países. Saddam Hussein exigia que o Kuwait perdoasse a dívida de US$ 10 bilhões contraída pelo Iraque durante a guerra com o Irã (1980) e também cobrava indenização de US$ 2,4 bilhões, alegando que os kuwaitianos extraíram petróleo de campos iraquianos na região fronteiriça de Rumaila. Estavam ainda em jogo antigas questões de limites, como o controle dos portos de Bubiyan e Uarba, que dariam ao Iraque novo acesso ao Golfo Pérsico.

A invasão aconteceu apesar das tentativas de mediação da Arábia Saudita, do Egito e da Liga Árabe. As reações internacionais foram imediatas. O Kuwait é grande produtor de petróleo e país estratégico para as economias industrializadas na região. Em 6 de agosto, a ONU impõe um boicote econômico ao Iraque. No dia 28, Hussein proclama a anexação do Kuwait como sua 19ª província. Aumenta a pressão norte-americana para a ONU autorizar o uso de força. Hussein tenta em vão unir os árabes em torno de sua causa ao vincular a retirada de tropas do Kuwait à criação de um Estado palestino. A Arábia Saudita torna-se base temporária para as forças dos EUA, do Reino Unido, da França, do Egito, da Síria e de países que formam a coalizão anti-Hussein. Fracassam as tentativas de solução diplomática, e, em 29 de novembro, a ONU autoriza o ataque contra o Iraque, caso seu Exército não se retire do Kuwait até 15 de janeiro de 1991. Em 16 de janeiro, as forças coligadas de 28 países liderados pelos EUA dão início ao bombardeio aéreo de Bagdá, que se rende em 27 de fevereiro. Como parte do acordo de cessar-fogo, o Iraque permite a inspeção de suas instalações nucleares.

Tecnologia na guerra – A Guerra do Golfo introduziu recursos tecnológicos sofisticados, tanto no campo bélico como em seu acompanhamento pelo resto do planeta. A TV transmitiu o ataque a Bagdá ao vivo, e informações instantâneas sobre o desenrolar da guerra espalharam-se por todo o mundo. A propaganda norte-americana anunciava o emprego de ataques cirúrgicos, que conseguiriam acertar o alvo militar sem causar danos a civis próximos. Tanques e outros veículos blindados tinham visores que enxergavam no escuro graças a detectores de radiação infravermelha ou a sensores capazes de ampliar a luz das estrelas. Mas o maior destaque era o avião norte-americano F-117, o caça invisível, projetado para minimizar sua detecção pelo radar inimigo.

Conseqüências – O número estimado de mortos durante a guerra foi de 100 mil soldados e 7 mil civis iraquianos, 30 mil kuwaitianos e 510 homens da coalizão. Após a rendição, o Iraque enfrentou problemas internos, como a rebelião dos curdos ao norte, dos xiitas ao sul e de facções rivais do partido oficial na capital. O Kuwait perdeu US$ 8,5 bilhões com a queda da produção petrolífera. Os poços de petróleo incendiados pelas tropas iraquianas em retirada do Kuwait e o óleo jogado no golfo provocaram um grande desastre ambiental.

Em tempo: Segundo analistas, a eleição de George W. Bush para a presidência dos Estados Unidos foi fundamental para a realização da "segunda edição" do conflito, ocorrida esse ano. Bush é filho do presidente que conduziu os americanos na primeira Guerra do Golfo. Segundo eles, o atual líder pretendia reparar o fracasso do pai, que não conseguiu eliminar Saddam Hussein.
Além disso, os principais assessores de George W. Bush participaram do conflito anterior e consideram que a missão americana no Iraque está inacabada. Em 1991, Dick Cheney, atual vice-presidente, era secretário de Defesa; Donald Rumsfeld, atual secretário de Defesa, era assessor militar; Condoleezza Rice, assessora de Segurança Nacional, era assessora para assuntos externos; Colin Powell, hoje secretário de Estado, era comandante das tropas no Iraque.

INVASÃO DO KUWAIT (1990)

Às 2h da manhã (hora local do Kuwait), do dia 2 de agosto de 1990, tropas iraquianas atravessaram a fronteira com o Kuwait e assumiram o controle da capital do país, a Cidade do Kuwait. As forças armadas kuwaitianas, em número muito inferior, não puderam oferecer grande resistência. O líder do Kuwait, Sheik Jaber Al-Ahmed Al-Sabah, fugiu para a Arábia Saudita, onde obteve asilo. Saddam Hussein argumentou, na época, que seu ataque foi em apoio a um levante que vinha sendo planejado contra o governo do pequeno emirado. Assassinatos e maus tratos contra kuwaitianos que resistiram à ocupação iraquiana foram ocorrências comuns. Centenas de estrangeiros foram mantidos em fábricas e bases militares kuwaitianas como escudos humanos, mas foram libertados antes do início da campanha militar dos países ocidentais contra o Iraque. A invasão do Kuwait ocorreu num momento em que o Iraque enfrentava uma crise econômica em decorrência de suas dívidas de guerra. Saddam acusou o Kuwait de manter os preços do petróleo em baixa e de explorar mais petróleo do que tinha direito em um campo de extração dividido pelos dois países. O Iraque nunca aceitou as fronteiras entre os dois países, estabelecidas pelos britânicos, que defendiam a independência do Kuwait. Então, quando o Kuwait se recusou a perdoar as dívidas de guerra do Iraque, foi a deixa que Bagdá esperava para realizar a invasão. O Conselho de Segurança da ONU impôs sanções econômicas e aprovou uma série de resoluções condenando o Iraque. Uma coalizão de vários países então foi formada e milhares de soldados foram enviados para a região do Golfo Pérsico. Os Estados Unidos conceberam um plano de batalha, e o general americano Norman Schwartzkopf foi colocado em controle das operações. Em novembro de 1990, depois que foram abandonadas as tentativas de resolver a crise através dos canais diplomáticos, a ONU estabeleceu um prazo final para que o Iraque saísse do Kuwait e autorizou o uso de “todos os meios necessários” para forçar o Iraque a obedecer a determinação.

TEMPESTADE NO DESERTO

Em 17 de janeiro de 1991, aviões dos Estados Unidos, da Grã-Bretanha e de outros países aliados realizaram o primeiro ataque ao Iraque. Na ocasião, enquanto o presidente americano George Bush prometia que os Estados Unidos “não iriam falhar”, Saddam Hussein anunciou que “a mãe de todas as batalhas estava em andamento”. Mísseis de cruzeiro foram usados pela primeira vez num cenário real, disparados dos navios de guerra americanos no Golfo Pérsico. Imagens dos mísseis cruzando o céu de Bagdá foram filmadas e vistas nas TVs de todo o mundo. Os caças, bombardeiros e helicópteros aliados visaram centenas de alvos, como bases militares, campos de pouso, pontes, prédios do governo e usinas. Os aviões dos países do ocidente realizaram mais de 116 mil viagens de ataque nas seis semanas seguintes e lançaram sobre seus alvos um total de 85 mil toneladas de bombas. Cerca de 10% dessas bombas eram dotadas de tecnologia que lhes permitia acertar com precisão seus alvos, guiadas por uma mira a laser. Eram as chamadas “bombas inteligentes”.

MÍSSEIS SCUD

Na quinta-feira, dia 17 de janeiro, o Iraque lançou sua primeira onda de ataques com mísseis Scud contra alvos em Tel Aviv e Haifa, em Israel. Um outro Scud, disparado contra as forças americanas estacionadas na Arábia Saudita, foi interceptado no ar por um míssil americano Patriot. Israel disse que não iria retaliar, confiando nas baterias de mísseis Patriot instaladas às pressas em seu território. Uma missão das forças americanas para identificar e destruir os lançadores portáteis de mísseis Scud no Iraque foi logo iniciada, enquanto os mísseis continuaram sendo disparados contra Israel e Arábia Saudita. O ataque mais bem-sucedido foi em 25 de fevereiro, quando um Scud acertou um prédio na base americana de Dhahran, na Arábia Saudita, matando 28 militares dos Estados Unidos. No total, 39 mísseis Scud foram disparados contra Israel, causando prejuízos mas poucas vítimas.


VÍTIMAS CIVIS

O número de vítimas civis da Guerra do Golfo, classificadas como “efeito colateral” pelas Forças Armadas americanas, aumentou à medida em que os ataques continuavam. Refugiados que chegavam à fronteira da Jordânia relatavam casos de mortes de civis. Eles contavam também que Bagdá estava sem água e energia elétrica. Segundo o governo iraquiano, os Estados Unidos destruíram também uma fábrica de leite em pó para bebês. Já os americanos insistiram que se tratava de um centro de produção de armas biológicas. Em 13 de fevereiro, um bombardeiro “invisível” americano bombardeou um local onde, segundo forças aliadas, funcionaria um importante centro de comando iraquiano. Houve, porém, um erro na identificação do alvo. As bombas atingiram um abrigo antiaéreo utilizado por civis. Pelo menos 315 pessoas morreram, entre elas, 130 crianças. Saddam Hussein aproveitou o máximo que pôde os erros dos aliados para fazer propaganda de seu regime. O líder iraquiano também usou um crescente número de civis kuwaitianos como escudos humanos em importantes instalações militares e industriais do Iraque.

A GRANDE OFENSIVA

No domingo, 24 de fevereiro, as tropas aliadas lançaram a ofensiva aérea, terrestre e marítima, que, cem horas mais tarde, derrotou o Exército iraquiano. No dia anterior, o Iraque havia ignorado o prazo imposto para retirada de suas tropas do Kuwait e incendiado centenas de poços de petróleo kuwaitianos. Durante a ofensiva, as tropas aliadas tomaram o Iraque e o Kuwait a partir de vários locais ao longo da fronteira dos dois países com a Arábia Saudita. Centenas de tanques avançaram em direção ao norte para combater a Guarda Republicana do Iraque. Tropas aliadas também ocuparam a estrada que liga o sul do país ao Kuwait para interromper a entrega de equipamentos e suprimentos aos soldados inimigos que ocupavam o território kuwaitiano. No dia 26 de fevereiro, o Iraque anunciou que retiraria todas suas tropas do Kuwait, mas ainda se recusava aceitar todas as medidas impostas pela ONU. Durante a retirada, as forças aliadas bombardearam a longa coluna de tanques, veículos blindados, caminhões e tropas iraquianas, que fugiam do Kuwait em direção à cidade iraquiana de Basra. Milhares de soldados iraquianos morreram durante o ataque na rodovia que, desde então, é conhecida como “Estrada da Morte.” Estima-se que entre 25 mil e 30 mil iraquianos tenham morrido apenas na ofensiva terrestre.

CESSAR-FOGO IRAQUIANO

Em 27 de fevereiro de 1991, os kuwaitianos comemoraram a chegada de comboios americanos à capital. As forças especiais chegaram primeiro, seguidas por tropas kuwaitianas e pelos fuzileiros navais dos Estados Unidos. Às 21 horas (hora de Washington, 23h, hora de Brasília), o presidente George Bush anunciou um cessar-fogo, com início previsto para as quatro da madrugada (6h em Brasília). Tropas aliadas capturaram milhares de soldados iraquianos. Muitos deles se renderam sem resistência, afinal, estavam exaustos, famintos e com baixo moral. Segundo estimativas dos Estados Unidos, 150 mil soldados do Iraque desertaram. Os aliados haviam perdido 148 soldados em batalha e outros 145 em outras situações, como, por exemplo, ataques realizados por engano por suas próprias tropas. Já do lado iraquiano, as estimativas apontam para algo entre 60 mil e 200 mil soldados mortos. Milhares de corpos foram enterrados no deserto em valas comuns. No dia dois de março, o Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou uma revolução com as condições do cessar-fogo. Entre as exigências, estavam o fim de todas as ações militares iraquianas, o fim da anexação do Kuwait e a libertação de prisioneiros. O Iraque também ficava obrigado a admitir a responsabilidade pelos danos e mortes provocados no Kuwait e a destruir suas armas químicas e biológicas. No dia seguinte, comandantes iraquianos aceitaram formalmente os termos do cessar-fogo durante encontro com militares americanos em uma base militar iraquiana capturada. Saddam Hussein não compareceu.

Um comentário:

Anônimo disse...

muito boa essas informações !
valeu!