O pacto britânico com o Jaish al-Mahdi
Escapou essa semana a notícia de que as forças de ocupação britânicas no Iraque haviam feito um pacto secreto com a milícia xiita Jaish al-Mahdi, do clérigo Muqtada as-Sadr, símbolo da resistência xiita à ocupação estrangeira, que manteve os soldados britânicos fora da área de combate de Al-Basra nas batalhas de março desse ano. A novidade comprovou a força da milícia no Iraque, que havia expulsado os britânicos da província em setembro de 2007.
O exército do governo-fantoche iraquiano coordenou em março deste ano a sua maior ofensiva até então: o ataque a Al-Basra, a segunda maior cidade iraquiana. A operação tinha a intenção de
“expulsar todos os membros da milícia Jaish al-Mahdi”, como afirmou na ocasião o primeiro-ministro iraquiano, Nouri al-Maliki, que visitou a região pessoalmente para avaliar a ofensiva. Oficiais britânicos descreveram a operação como “planejada, liderada e executada por forças iraquianas”, negando que as forças estrangeiras, britânicas ou estadunidenses, estivessem envolvidas.
O exército do governo-fantoche iraquiano coordenou em março deste ano a sua maior ofensiva até então: o ataque a Al-Basra, a segunda maior cidade iraquiana. A operação tinha a intenção de
“expulsar todos os membros da milícia Jaish al-Mahdi”, como afirmou na ocasião o primeiro-ministro iraquiano, Nouri al-Maliki, que visitou a região pessoalmente para avaliar a ofensiva. Oficiais britânicos descreveram a operação como “planejada, liderada e executada por forças iraquianas”, negando que as forças estrangeiras, britânicas ou estadunidenses, estivessem envolvidas.
Mas essa história foi desmentida recentemente. O jornal inglês The Times confirmou que, ao contrário do que os militares haviam declarado em março, o que manteve os soldados britânicos fora de combate em Al-Basra foi um acordo secreto com a milícia Jaish al-Mahdi. O resultado das batalhas foi a derrota das tropas iraquianas
não somente em Al-Basra, mas também em Bagdá, Kut, Amarah, Nasiriyah e Diwaniya, capitais de quatro importantes províncias no sul do país.
não somente em Al-Basra, mas também em Bagdá, Kut, Amarah, Nasiriyah e Diwaniya, capitais de quatro importantes províncias no sul do país.
O Ministério da Defesa do Reino Unido rejeitou a acusação do The Times, afirmando que o único motivo pelo qual as forças britânicas se mantiveram distantes das batalhas de Al-Basra, território que supostamente controlavam, era para que a ofensiva do governofantoche
iraquiano fosse reconhecida pelo povo iraquiano como uma missão nacionalista, sem apoio estrangeiro. Mas não demorou muito até que fontes da inteligência militar britânica confirmassem para a rede de notícias BBC que as conversas com o Jaish al-Mahdi
aconteciam há alguns anos, tempos antes da ofensiva de Al-Basra, contradizendo o próprio ministério e colocando as forças britânicas sob suspeita.
iraquiano fosse reconhecida pelo povo iraquiano como uma missão nacionalista, sem apoio estrangeiro. Mas não demorou muito até que fontes da inteligência militar britânica confirmassem para a rede de notícias BBC que as conversas com o Jaish al-Mahdi
aconteciam há alguns anos, tempos antes da ofensiva de Al-Basra, contradizendo o próprio ministério e colocando as forças britânicas sob suspeita.
Ali al-Salman, comandante do Jaish al-Mahdi na província de Al-Basra, conversou pessoalmente com a BBC e confirmou que atendeu a reuniões com “oficiais militares britânicos e contratantes
civis” entre os dias 8 e 10 de fevereiro, pouco antes da ofensiva.
Salman detalhou o acordo conseguido com os britânicos, e afirmou que “ambos pareceriam vencedores”. Segundo ele, 60 prisioneiros do Jaish al-Mahdi detidos pelos britânicos foram libertados e oficiais militares prometeram que soldados britânicos não iriam mais
patrulhar as ruas de Al-Basra, deixando a região sob controle da milícia. Em troca, o Jaish al-Mahdi, responsável por cerca de 20% das baixas invasoras no Iraque desde a invasão em 2003, havia concordado em não atacar posições britânicas. Ali al-Salman foi capaz de detalhar fatos do acordo secreto, e ainda culpou os britânicos por “não cumprirem com seu papel” por terem, nos últimos dias de batalha, apoiado as forças do governo-fantoche na
ofensiva.
civis” entre os dias 8 e 10 de fevereiro, pouco antes da ofensiva.
Salman detalhou o acordo conseguido com os britânicos, e afirmou que “ambos pareceriam vencedores”. Segundo ele, 60 prisioneiros do Jaish al-Mahdi detidos pelos britânicos foram libertados e oficiais militares prometeram que soldados britânicos não iriam mais
patrulhar as ruas de Al-Basra, deixando a região sob controle da milícia. Em troca, o Jaish al-Mahdi, responsável por cerca de 20% das baixas invasoras no Iraque desde a invasão em 2003, havia concordado em não atacar posições britânicas. Ali al-Salman foi capaz de detalhar fatos do acordo secreto, e ainda culpou os britânicos por “não cumprirem com seu papel” por terem, nos últimos dias de batalha, apoiado as forças do governo-fantoche na
ofensiva.
Pensamos que, se saíssemos da região, removeríamos a fonte dos nossos problemas. Mas na realidade, o Jaish al-Mahdi tem nos combatido porque nós somos o único obstáculo para que eles
tenham o controle total de Al-Basra”, afirmou. A região, que conta com o principal porto do país e é rica na produção de petróleo, era a única parte do Iraque que se mantinha sob controle de forças britânicas. Após a retirada em setembro de 2007, o Jaish al-Mahdi assumiu o controle da região. Na ocasião, generais do governo fantoche criticaram o Reino Unido, afirmando que teriam deixado a milícia xiita reinar em Al-Basra.
tenham o controle total de Al-Basra”, afirmou. A região, que conta com o principal porto do país e é rica na produção de petróleo, era a única parte do Iraque que se mantinha sob controle de forças britânicas. Após a retirada em setembro de 2007, o Jaish al-Mahdi assumiu o controle da região. Na ocasião, generais do governo fantoche criticaram o Reino Unido, afirmando que teriam deixado a milícia xiita reinar em Al-Basra.
O Ministério da Defesa do Reino Unido continua a negar que o suposto acordo tenha acontecido. Apesar da retirada britânica de Al-Basra no ano passado, mais de 4 mil soldados permaneceram
ativos na base instalada no aeroporto local. Segundo Tom Holloway, porta-voz dos militares britânicos, “pelo menos 1800 soldados estavam prontos para combate” durante a ofensiva de março. É interessante então que nenhum deles interveio a favor das
forças iraquianas quando os mesmos se mostravam derrotados.
ativos na base instalada no aeroporto local. Segundo Tom Holloway, porta-voz dos militares britânicos, “pelo menos 1800 soldados estavam prontos para combate” durante a ofensiva de março. É interessante então que nenhum deles interveio a favor das
forças iraquianas quando os mesmos se mostravam derrotados.
Apesar das recentes afirmações do governo estadunidense de que a maioria das batalhas no país acontece “entre iraquianos” – um fraco argumento para tirar a responsabilidade do caos no país dos ombros da ocupação – fontes do governo iraquiano confirmaram que aproximadamente 90% dos ataques em Al-Basra eram mesmo contra as forças britânicas. Ao que tudo indica, os britânicos secretamente negociaram com o Jaish al-Mahdi para poupar seus próprios homens de mais baixas, e abandonaram o caos de Al-Basra para o frágil governo pró-ocupação imposto pelos Estados Unidos.
Autores:
Humam al-Hamzah
Zaid Muhammad
Fonte: Jornal Oriente médio Vivo - edição 117 - 20 de outubro de 2008
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