Perfil: Sérgio Vieira de Mello
Sérgio Vieira de Mello trabalhou na ONU por 33 anos |
O carioca Sérgio Vieira de Mello morreu aos 55 anos no cargo que ficará marcado como o ápice dos seus 30 anos de carreira diplomática – representante especial da ONU no Iraque.
Antes de ser indicado para a tarefa pelo secretário-geral da ONU, Kofi Annan, a principal credencial de Vieira de Mello, conhecido por seu estilo duro, porém gentil, foi conseguida no Timor Leste.
Ele foi o titular da entidade na administração de transição que transformou o Timor em um país independente, entre 1999 e 2002.
Antes de assumir o posto no Iraque em maio, Vieira de Mello insistira com Annan para ficar apenas quatro meses, de forma a manter o seu cargo como alto comissário para Direitos Humanos da ONU.
O primeiro cargo de Vieira de Mello na organização foi assumido em 1969, no Alto Comissariado para Refugiados, em Genebra, na Suíça.
Na década de 70, trabalhou em diferentes programas da organização em Bangladesh, Sudão, Chipre, Moçambique e Peru.
Entre 1981 e 83, Vieira de Mello foi conselheiro político das forças interinas do Líbano, na cidade libanesa de Naqoura.
Camboja
Nos anos 90, ele atuou na repatriação de refugiados do Camboja e foi delegado da ONU na província de Kosovo, na antiga Iugoslávia.
No Iraque, o papel desempenhado por Vieira de Mello à frente da ONU foi bem mais complexo do que o que teve em situações anteriores, como no Timor Leste.
A trajetória de Sérgio Vieira de Mello |
1981: Conselheiro das forças da ONU no Líbano 1996: Coordenador humanitário em Ruanda 1999: Representante especial da ONU na Bósnia 2000: Diretor de operações da ONU no Timor Leste 2003: Representante especial da ONU no Iraque |
Segundo a resolução 1483, o representante especial da ONU no país deveria "trabalhar intensamente" com Estados Unidos e Grã-Bretanha para restaurar as instituições iraquianas e zelar pelos direitos humanos, reforma legal e judicial e pela reconstrução do país.
O Timor Leste tem apenas 800 mil habitantes e é pobre em recursos naturais. Já país do Oriente Médio possui a segunda maior reserva de petróleo do mundo e tem uma população de 25 milhões de pessoas.
Além de contar com poderes menores, a gestão da ONU no Iraque terá pela frente um país muito mais turbulento.
No Timor, a entidade administrou uma nação cuja maioria da população é composta por cristãos e que apoiou diretamente a independência.
O Iraque conta com uma população mais dividida política e religiosamente.
Por quase três décadas, os muçulmanos xiitas, que constituem o maior grupo religioso do país, foram oprimidos pela minoria sunita, que exercia postos-chave no governo de Saddam Hussein.
Além de possíveis embates entre xiitas e sunitas, o Iraque ainda conta com um elevado número de curdos, ao norte do país, que dominam uma área de grande autonomia dentro do Iraque e querem garantir sua participação no futuro do Iraque.
Para complicar ainda mais, desde que a guerra acabou os problemas no Iraque – como a insegurança e a falta de recursos básicos para a população – continuam crescendo e parecem ainda longe de uma solução.
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