Agente que matou Jean Charles nunca tinha atirado em ninguém antes
Sex, 24 Out, 10h21
Londres, 24 out (EFE).- Um dos policiais que mataram o brasileiro Jean Charles de Menezes nunca tinha atirado em ninguém antes, conforme admitiu hoje sobre a operação que matou o eletricista, então com 27 anos, em 22 de julho de 2005.
Ao depor hoje na investigação pública sobre o caso Jean Charles, o agente disse que utilizou pela primeira vez sua arma contra um suspeito na manhã desse dia, quando a Polícia confundiu o brasileiro com um terrorista suicida.
Esta é a primeira vez em que o agente, identificado sob o código "C12", depõe na investigação sobre Jean Charles, realizado no estádio de críquete de Oval (sul de Londres), próximo à estação de metrô de Stockwell, onde o jovem foi baleado.
"C12", que falou atrás de um biombo para ocultar seu rosto, entrou na Polícia Metropolitana de Londres (MET, na sigla em inglês) em 1983, passou em 1996 a fazer parte da unidade armada C019 da Polícia, responsável pela operação do trágico 22 de julho.
Em seu relato, assistido pela mãe de Jean Charles - Maria Otone de Menezes- "C12" disse que em princípio não foi informado da "urgência" de seu trabalho naquele dia e que no dia anterior tinha trabalhado durante 14 horas.
Ele também informou que portava uma pistola "Glock" e uma espingarda, além de munição especial que permitia "incapacitar imediatamente" e era mais adequada se a pessoa que seguiam fosse um terrorista suicida.
Sobre a informação que recebeu na manhã daquele dia em relação à vigilância de um suposto terrorista, "C12" explicou que foi breve e que se referia a como deveria proceder.
Perguntado sobre se lhe informaram da urgência da operação pela unidade armada, "C12" contestou: "Nada, nada".
Mas admitiu que a Polícia enfrentava um grande perigo, já que no dia anterior -21 de julho- quatro terroristas tentaram atentar sem sucesso contra a rede de transporte de Londres.
"Estavam preparados, eram muito perigosos e talvez tivéssemos que enfrentá-los", acrescentou.
Cerca de 100 pessoas, entre elas 65 policiais, foram intimadas a depor nesta investigação pública, na qual ninguém é processado, mas se pretende averiguar a verdade sobre o ocorrido naquele 22 de julho.
A investigação começou no mês passado de setembro e espera-se que dure em torno de três meses.
Diversos agentes fizeram sete disparos contra Jean Charles ao confundi-lo com Hussain Osman, um dos terroristas que participaram dos atentados fracassados de 21 de julho de 2005 (21-J) contra a rede de transporte de Londres.
O brasileiro vivia no mesmo bloco de apartamentos que Osman no bairro de Tulse Hill, no sul de Londres.
A morte de Jean Charles aconteceu um dia depois dos ataques do 21-J, nos quais não houve feridos porque só explodiram os detonadores e não as bombas, e que pretendiam ser uma seqüência dos atentados do 7 de julho de 2005 (7-7) na capital britânica.
No ano passado, a Polícia Metropolitana de Londres (MET) foi declarada culpada de violar os artigos 3 e 33 da Lei de Saúde e Segurança no Trabalho de 1974, que obriga as forças da ordem a garantir a segurança tanto dos agentes como de terceiras pessoas.
sexta-feira, 24 de outubro de 2008
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