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segunda-feira, 4 de maio de 2009

G-20 apoia redução de carbono, mas frustra ambientalistas

Ativistas se queixaram do caráter vago do compromisso dos líderes mundiais contra o aquecimento global.

LONDRES - A cúpula do G20 em Londres frustrou nesta quinta-feira, 2, os grupos ambientalistas que se queixaram do caráter vago do compromisso dos líderes mundiais no combate ao aquecimento global.

Os participantes da cúpula reafirmaram um compromisso anterior de assinar ainda neste ano um novo tratado climático da ONU, algo que o chefe de questões climáticas da entidade global, Yvo de Boer, disse ser útil, embora ele ache que o ideal fosse a adoção de ações concretas.

O objetivo principal da cúpula é buscar saídas para a crise global, o que resultou na promessa de um pacote de 1 trilhão de dólares para salvar a economia mundial e estimular a confiança dos consumidores e empresários.

A respeito das questões ambientais, os líderes reafirmaram um compromisso de 15 meses atrás, relativo à aprovação de um novo tratado que substitua o Protocolo de Kyoto, e resolveram "acelerar a transição" para um modelo econômico de baixa emissão de carbono.

"Ao mobilizar as economias do mundo para reagirem à recessão, estamos resolvidos a ... promover um crescimento com baixo carbono e criar empregos 'verdes', dos quais depende a nossa prosperidade futura", disse o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, na qualidade de anfitrião do encontro.

"Estamos comprometidos a ... trabalharmos juntos para buscar um acordo sobre um regime de mudança climática pós-2012 na conferência da ONU em Copenhague, em dezembro."

Ambientalistas desejavam sinais mais firmes na direção de uma economia mais enxuta, alimentada à base de energia solar e eólica, de modo a evitar uma futura crise climática e uma escassez energética com efeitos ainda piores que os da crise financeira.

"Para fazer a transição para uma economia 'verde' não há dinheiro sobre a mesa, apenas vagas aspirações", disse o diretor-executivo da ONG Greenpeace, John Sauven.

De Boer, da ONU, disse à Reuters que "é sempre útil reiterar o compromisso, melhor (seria) realmente fazê-lo." Ainda assim, qualificou como "bom" o resultado da cúpula. "Este é um bom exemplo das grandes economias do mundo se unindo e desenvolvendo uma compreensão comum."

A cúpula não se destinava a assumir metas para os gastos com o meio ambiente, estimados em até 15% dos atuais planos de recuperação - mas que, segundo os analistas ligados ao setor, deveriam representar 20-50% do total.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Para Brown, domínio de países ricos na economia global acabou

O primeiro-ministro britânico, Gordon Brown (centro), com o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (esq.) e o ex-jogador Sócrates (dir.) na capital paulista

Na passagem por São Paulo, Brown visitou o Estádio do Pacaembu

O primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, disse, em uma palestra em São Paulo nesta quinta-feira, que a era na qual os países mais ricos dominavam a economia mundial chegou ao fim, e que os países emergentes precisam ter mais influência nas decisões econômicas globais.

"O tempo em que poucas pessoas mandavam na economia mundial acabou, o próximo presidente do Banco Mundial não precisa ser americano nem o diretor do FMI, europeu. Estas instituições devem representar os países em desenvolvimento", disse o premiê.

"Temos que entender que nunca retornaremos às velhas ortodoxias do passado, mas sim construiremos uma nova sociedade ao reformular as instituições financeiras, confiando no livre comércio e nos valores que acreditamos."

"A hora do Brasil, de juntar-se à mesa para liderar também a economia mundial, chegou", afirmou.

G20

A visita do premiê britânico ao Brasil antecede a reunião de cúpula do G20 (grupo que reúne os países mais ricos e as principais nações emergentes), que acontece em Londres no próximo dia 2 e deve ser marcada por discussões sobre como combater a crise econômica mundial.

Precedendo a palestra de Brown, o ministro de Negócios, Empreendimentos e Reforma Regulatória da Grã-Bretanha, Peter Mandelson, disse que o maior desafio do encontro do G20 é tomar medidas corajosas para a recuperação do sistema financeiro global.

O ministro britânico defendeu a ideia de que a crise atual apresse a mudança no equilíbrio de forças econômicas globais.

"Em termos de liderança da economia mundial, a era do G8 acabou. O que vai substituí-lo, no final, vai nos oferecer, tanto no Brasil como na Grã-Bretanha, com um desafio político de primeira grandeza", disse ele. "O Brasil e outros países em desenvolvimento estão sendo vistos como possíveis líderes."

Mas Mandelson disse que o encontro em Londres não deve produzir "respostas em um único dia". "É um processo no qual estamos no início e não no fim. Talvez os resultados do G20 só sejam sentidos dentro de um ano."

Também em sua palestra, Gordon Brown disse que tanto ele como o presidente Lula se comprometeram em rejeitar o protecionismo e apostar no comércio para reaquecer a economia mundial.

Ele também reafirmou seu "apoio total" ao desejo brasileiro de ocupar uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU, como hoje ocupam Estados Unidos, Rússia, China, Grã-Bretanha e França.


sexta-feira, 10 de abril de 2009

G-20 não apresenta planos para meio ambiente

As ações anunciadas para enfrentar a crise financeira foram inovadoras, ambiciosas e aplaudidas mundo afora, já para combater o aquecimento global sobrou apenas um discurso breve, vago e sem objetivos.

Ambientalistas previam que o encontro das maiores economias mundiais seria totalmente voltado para a crise financeira. E os líderes reunidos em Londres não desapontaram, realmente foi isso que aconteceu, uma grande estratégia de US$ 1 trilhão para salvar a economia foi anunciada e apenas umas poucas frases perdidas foram dedicadas ao aquecimento global.

O documento final do encontro possui nove páginas e apenas na penúltima delas, em dois itens, aparecem intenções com relação a uma economia de baixas emissões e às mudanças climáticas.

“Nós reafirmamos nosso compromisso para combater a ameaça de uma mudança climática irreversível, baseado no princípio de responsabilidades comuns, porém diferenciadas e também para alcançar um acordo na conferência de mudanças climáticas em Copenhague em dezembro”, afirma a declaração final do evento.

O Secretário Executivo da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCC), Yvo de Boer, comentou que as palavras são bonitas, mas ações seriam mais bem vindas. “É sempre útil reiterar um compromisso, mas muito melhor é realmente colocar em prática.”

Já o diretor da ONG WWF, David Norman, disse que uma decisão mais concreta em relação ao clima era altamente improvável, mas mesmo assim havia esperança de que algo fosse anunciado.

“Foi outra oportunidade perdida pelos países mais ricos do mundo. Eles falharam, de novo, em colocar a sustentabilidade no centro dos esforços da reestruturação da economia mundial. Infelizmente os resultados dessa reunião de Londres foram vagos”, afirmou.

Economia verde

Os líderes parecem ao menos estarem chegando à conclusão que uma economia baseada em baixas emissões e em tecnologias limpas pode ser uma saída para a crise.

“Para lutar contra a recessão nós estamos decididos a promover um crescimento baseado em baixas emissões e criar empregos verdes, ações das quais depende nossa prosperidade no futuro”, disse em discurso o Primeiro-Ministro britânico, Gordon Brown.

Segundo o presidente Barack Obama está na hora dos Estados Unidos liderar pelo exemplo, e assim convencer a China, a Índia e outros países em desenvolvimento a se comprometer a assinar o tratado climático que substituirá Quioto em 2012.

“É muito importante que os EUA reduzam suas emissões para que os outros países também o façam. Entendemos o discurso daqueles que dizem que não querem comprometer seu desenvolvimento por causa de problemas gerados pelos ricos e faremos tudo para ajudá-los”, afirmou Obama.

Porém para a WWF já passou da hora dos países pararem de especular sobre as baixas emissões e realmente buscarem esse novo modelo econômico. “Já deveria estar bem claro que as crises climáticas e financeiras estão ligadas, e tentar resolver uma e deixar a outra para depois não tem como dar certo”, disse Norman.

“Nos próximos meses teremos outras oportunidades, por exemplo, a reunião do G8, para concretizar os estímulos financeiros e de comércio para a criação de uma economia verde. O mundo não pode deixar passar essas últimas chances”, concluiu o ambientalista.


(Envolverde/CarbonoBrasil)

terça-feira, 7 de abril de 2009

Ma Maan!

Não podia faltar aqui no nosso blog, o cumprimento do político mais popular da terra falando que o nosso político é o político mais popular da terra, o que possivelmente torna ele (o nosso) um dos políticos mais populares da terra

Prestem atenção no "handshake" inicial, próprio de líderes de estado com estilo

segunda-feira, 6 de abril de 2009

G20: Um pequeno retoque de pintura em um planeta em ruínas

Tradução: ADITAL

Por Eric Tousssaint e Damien Millet

Adital - Não falta publicidade à Cúpula do G20, que está reunida em Londres desde ontem, 1º de Abril. O grupo dos vinte países mais industrializados e emergentes (G20) reuniu-se para apontar soluções à crise. Porém, muito antes do encerramento da cúpula, a constatação é certa: o G20 não estará à altura do desafio.

Isso porque o G20 não foi organizado com o objetivo de apontar soluções, mas foi convocado às pressas e correndo, em novembro de 2008, para salvar a cara dos poderosos e tentar rechear as brechas de um capitalismo em plena crise. Portanto, é impossível que adote medidas suficientemente radicais para inverter a tendência.

Foi pedido à opinião pública que olhasse em duas direções que serviam para cristalizar a exasperação: os paraísos fiscais e as remunerações dos diretores das grandes empresas.

Supostamente, têm que abolir os paraísos fiscais. Para isso, é suficiente proibir as empresas e os residentes de ter ativos ou manter relações com associados estabelecidos em paraísos fiscais. Os países da União Europeia (EU) que funcionam como paraísos fiscais (Áustria, Bélgica, Reino Unido, Luxemburgo...) e a Suíça devem suspender o segredo bancário e por fim à sua prática escandalosa. Porém, esta não é a orientação tomada pelo G20: serão sancionados alguns casos emblemáticos; será pedido que esses países tomem umas medidas mínimas; e será feita uma ‘lista suja’ de territórios não cooperativos, depurada com todo o cuidado (La City de Londres, Luxemburgo e Áustria conseguiram não aparecer nessa lista).

Por outro lado, as remunerações dos diretores das grandes empresas, que inclui pára-quedas de ouro e bônus diversos, são realmente insuportáveis. Em período de crescimento, os padrões afirmavam que era necessário recompensar os que colaboravam com tantos benefícios à empresa para evitar sua quebra. Agora que a crise está solidamente instalada e que as empresas veem como aumentam suas perdas, os de sempre continuam reclamando o que lhes é devido. O G20 tentará regular essas remunerações durante um curto tempo. O que não será tocado é e própria lógica de tudo isso.

Além dos paraísos fiscais e dos super bônus dos patrões, para quem tampouco foram especificadas as eventuais sanções, os países do G20 continuarão alisando os bancos. O FMI (Fundo Monetário Internacional), apesar de seu descrédito e desletimação em escala mundial, o colocará de novo no centro do jogo político e econômico graças a uma colaboração de fundos que será produzida de agora até 2010.

Um pequeno retoque de pintura em um planeta em ruínas é o que resta ao G20. Somente uma forte mobilização popular poderá permitir a construção de cimentos sólidos para elevar por fim um mundo no qual as finanças estejam a serviço dos seres humanos e não ao contrário. As manifestações de 28 de março a 1º de abril foram muito importantes: 40.000 pessoas em Londres, dezenas de milhares em Viena, Berlim, Stuttgart, Madri, São Paulo, Brasília, Roma, Buenos Aires,... com o lema "Que os ricos paguem a crise!". A Semana de ação mundial convocada pelos movimentos sociais do mundo inteiro durante o Fórum Social Mundial (FSM) de Belém, em janeiro de 2009, teve por conseguinte um eco gigantesco. Aqueles que anunciaram o fim do movimento altermundista se equivocaram. O movimento tem demonstrado que é perfeitamente capaz de conseguir grandes mobilizações e é somente o começo. O êxito das realizadas na França no dia 29 de janeiro e em 19 de março, com três milhões de manifestantes nas ruas demonstra que os trabalhadores, os desempregados, os jovens querem outras soluções para a crise, não as que consistem em salvar os bancos e obrigar os de baixo a ajustar ainda mais o cinto.

De forma simultânea, porém independente do G20, o presidente da Assembleia Geral das Nações Unidas, Miguel D’Escoto, convocou uma reunião geral de chefes de Estado para o próximo mês de junho e pediu ao economista Joseph Stiglitz que presida uma comissão de propostas para responder à crise global. As soluções que se apresentam não são apropriadas, demasiado tímidas, porém, terão o mérito de ser objeto de discussão na Assembleia Geral da ONU.

Uma nova crise da dívida está se preparando no Sul e é a consequência da explosão da bolha da dívida privada imobiliária no Norte. Esta crise que atinge atualmente a economia real de todos os países do Norte tem provocado uma queda nos preços dos produtos primários, o que tem reduzido as entradas de divisas com as quais os governos dos países do Sul reembolsam sua dívida externa. A contração do crédito tem conduzido a um aumento do custo dos empréstimos aos países do Sul. Esses dois fatores já estão produzindo suspensões do pagamento da dívida por parte dos governos dos países mais expostos à crise (começando pelo Equador). Dentro de um ou dois anos, outros estarão na mesma situação.

A situação é absurda: os países do Sul são prestadores netos em relação ao Norte, em primeiro lugar Estados Unidos, com uma dívida externa total de mais de 6 bilhões de dólares (o dobro da dívida externa do Terceiro Mundo). Os Bancos Centrais dos países do Sul compram bônus do Tesouro dos Estados Unidos. Ao contrário, deveriam formar um Banco do Sul, democrático (um país = um voto), com o objetivo de financiar projetos de desenvolvimento humano; sair do Banco Mundial, do FMI e do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), que são instrumentos de dominação; desenvolver as relações de solidariedade Sul-Sul, como o estão fazendo os países membros da Alba (Venezuela, Cuba, Bolívia, Nicarágua, Honduras, Dominica); realizar auditorias das dívidas que lhes reclamam e deixar de pagar as dívidas ilegítimas.

O G20 vigiará para que se preserve o essencial da lógica neoliberal. OS princípios são de novo apontados, mesmo que seu fracasso esteja claro. O G20 reafirma seu apego a "uma economia mundial aberta baseada nos princípios do mercado". Portanto, seu suporte ao deus mercado não é negociável. O resto é mero palavrório.

[Eric Toussaint, doutor em ciências políticas, é presidente de CADTM Bélgica (Comitê para a Anulação da Dívida do Terceiro Mundo, www.cadtm.org), autor de ‘El Banco del Sur y la nueva crisis internacional’, El Viejo Topo, 2008, 230 páginas (también publicado em 2008 no Equador por Abya Yala e na Bolívia pelo Observatorio DESC). Damien Millet, matemático, é portavoz de CADTM França, autor de ‘África sin Deuda’, Icaria, Barcelona, 2007. Conjuntamente, escreveram 60 perguntas, 60 respostas sobre a dívida, o FMI e o Banco Mundial, próxima edição Icaria/Intermón Oxfam. Traduzido por Griselda Pionero e Raúl Quiroz].

* Comitê pela Anulação da Dívida do Terceiro Mundo

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Entenda o que está em jogo na Cúpula do G20, em Londres

Líderes de países industrializados e emergentes que formam o G20 reúnem-se no próximo dia 2 de abril, em Londres, para discutir medidas para combater a crise econômica internacional.

Este é o segundo encontro de chefes de Estado do G20 desde o início da crise, em setembro do ano passado.

No início de novembro, os representantes dos países do grupo se encontraram em Washington e concordaram com um plano de ação de seis pontos para estimular o crescimento da economia mundial.

A crise econômica, no entanto, se agravou, e os líderes agora enfrentam a ameaça de uma recessão global e de um colapso no sistema financeiro.

A BBC preparou uma série de perguntas e respostas sobre a cúpula do G20 em Londres.

O que é o G20?

O G20 é o grupo dos 20 países mais ricos do mundo, que juntos representam cerca de 85% da economia global.

Ele inclui tanto os países industrializados, como os Estados Unidos e a Alemanha, como economias emergentes, como o Brasil e China.

O grupo surgiu logo após a crise asiática, em 1999, como um fórum de discussões sobre cooperação internacional entre ministros das Finanças e presidentes de Bancos Centrais.

A crise econômica internacional, no entanto, deu um novo ímpeto ao grupo, e a primeira reunião de chefes de Estado do G20 aconteceu no último mês de novembro, em Washington.

Os líderes comprometeram-se neste primeiro encontro a usar ações coordenadas para combater a crise.

Agora, o governo da Grã-Bretanha, que ocupa a Presidência rotativa do G20, convocou uma nova cúpula em Londres para discutir outras maneiras de enfrentar a turbulência econômica.

Quais são estes países?

Os membros plenos do G20 são África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Rússia, Turquia e a União Europeia.

Quais são os objetivos do encontro em Londres?

O primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, já afirmou que o principal objetivo da cúpula de Londres é nada menos do que redesenhar o sistema financeiro mundial.

Primeiramente, os líderes pretendem chegar a um acordo sobre uma ação mais coordenada para estimular a economia global, usando tanto cortes nas taxas de juros como maiores gastos governamentais para tirar os países da recessão.

Em segundo lugar, os participantes tentarão elaborar medidas para evitar crises futuras, entre elas um reforço à regulamentação internacional de bancos e outras instituições financeiras.

Os participantes também esperam alcançar um acordo sobre um plano de reformas, que inclui mudanças em instituições internacionais que regulam a economia, como o FMI (Fundo Monetário Internacional), para dar mais voz aos países mais pobres.

Acima de tudo, espera-se que o encontro ajude a evitar que os países adotem medidas protecionistas, tentando convencê-los de que o trabalho coordenado é mais efetivo no combate à crise.

Quais são os principais obstáculos para um acordo?

Há vários obstáculos para que os países do G20 possam chegar a um acordo amplo para um reforma da economia global.

Em primeiro lugar, qualquer plano só funcionará se tiver a participação completa dos Estados Unidos, a maior economia do mundo.

Até o momento, o novo presidente dos EUA, Barack Obama, não expressou de maneira firme suas visões ou o quanto apoiaria um acordo do tipo.

Em particular, devem aparecer grandes divergências sobre como regular a economia global.

Acredita-se que os Estados Unidos dificilmente apoiariam um padrão único de regulação, que pudesse também ser aplicado a seu setor financeiro doméstico, como querem alguns países europeus.

A reestruturação dos organismos financeiros internacionais também deve ser controversa.

Dar mais poder a economias emergentes, como Brasil e China, significaria tirar poder e influência de países europeus do FMI e do Banco Mundial.

O que deve acontecer?

Pelo fato de muitos países já terem lançado planos de estímulo à economia, deve ser relativamente fácil que eles concordem em apoiar medidas do tipo, em princípio.

Mas ainda não está claro até que ponto o encontro vai realmente levar a comprometimentos de novos gastos por parte dos governos - e também até que ponto eles seriam aceitos pelos mercados financeiros.

É improvável que alguma medida concreta seja tomada para frear as flutuações nas taxas de câmbio, por exemplo, que atingem de forma dura muitos países em desenvolvimento.

As economias menores também devem sair da reunião desapontadas com a sua pouca influência na cúpula.

Além disso, planos para desenvolver um novo sistema global de regulação financeira devem demorar para se materializar, já que, primeiramente, precisaria haver um consenso sobre os princípios da regulação e se estas medidas substituiriam regras já existentes, como os Acordos de Basileia, que regulam bancos.

Entenda os protestos marcados para o G20

Diversas organizações planejam realizar protestos nesta semana, às vésperas do encontro de líderes do G20, grupo formado pelas nações mais ricas e as principais economias emergentes do mundo.

A reunião está marcada para quinta-feira, em Londres. No sábado passado, uma marcha batizada de Put People First (Coloquem as Pessoas em Primeiro Lugar, em tradução livre) reuniu dezenas de milhares de pessoas no centro da capital britânica e marcou o início do que promete ser uma temporada de manifestações.

Veja abaixo os principais protestos programados, os grupos envolvidos na organização e o que eles querem dos líderes mundiais.

PUT PEOPLE FIRST (Coloquem as Pessoas em Primeiro Lugar, em tradução livre) - As principais reivindicações desse movimento são governança democrática da economia global, empregos decentes e serviços públicos para todos, o fim da pobreza global e da desigualdade e o estabelecimento de uma economia verde. Seu principal protesto foi uma marcha realizada no sábado.

ActionAid: "Os líderes do G20 que se reunirão em Londres têm uma oportunidade única de criar um sistema novo, mais justo, que coloque as pessoas em primeiro lugar. Uma maneira de começar é reformar os paraísos fiscais."

"Nós queremos que o G20 acabe com o véu de sigilo que permite que as empresas soneguem impostos. Isso permitiria que os países em desenvolvimento reivindicassem o dinheiro a que têm direito e usassem esse dinheiro para construir hospitais, cavar poços e empregar professores."

TUC (Trades Union Congress, a central sindical britânica): "Nós precisamos de um novo começo por parte de Barack Obama, Gordon Brown e os outros líderes mundiais que virão a Londres para o encontro do G20."

"Eles precisam reconhecer os erros do passado mas, mais importante do que isso, construir um futuro diferente, que combata a recessão ao fazer do mundo um lugar mais justo e mais verde."

Save the Children: "O encontro do G20 deve fazer mais do que resgatar o sistema bancário. Precisa estar também preocupado em proteger os mais pobres das graves consequências de uma crise econômica e financeira que não foi criada por eles."

"Em primeiro lugar, um pacote de estímulo econômico global deve oferecer algo muito tangível aos países mais pobres do mundo, principalmente recursos adicionais para lidar com os efeitos da crise econômica. Em segundo lugar, as propostas de reformas na governança econômica global devem incluir mais voz para os países mais pobres do mundo. Em terceiro lugar, precisa haver um novo foco em ajudar as comunidades mais pobres."

Stop Climate Chaos Coalition: "Os líderes mundiais devem aproveitar a oportunidade de combater as mudanças climáticas e a crise econômica conjuntamente."

"Somente investindo em empregos verdes e economias com baixa emissão de carbono será possível assegurar um modo de vida sustentável para as gerações futuras."

Plan: "Enquanto as pessoas estão sentindo o problema aqui na Grã-Bretanha, são os mais pobres entre os mais pobres do mundo em desenvolvimento que enfrentam as piores dificuldades, até mesmo a morte."

"Crianças e jovens representam metade da população no mundo em desenvolvimento, mas apesar disso suas vozes são raramente ouvidas. Nós acreditamos que é vital que os líderes mundiais presentes neste encontro do G20 em Londres ouçam o que os jovens têm a dizer."

Salvation Army (Exército de Salvação): "O culto religioso e a manifestação em Londres são uma oportunidade perfeita de pedir aos membros do G20 que levem em consideração o bem-estar das pessoas mais vulneráveis do mundo."

"O Exército de Salvação é um movimento internacional, parte da Igreja cristã universal, comprometido com as necessidades humanas e com o trabalho pela justiça social, sem discriminação. É um privilégio nos unirmos às vozes de tantos outros para pedir ações contra a pobreza e as mudanças climáticas."

WWF: "Nós acreditamos que a resposta dos líderes do G20 à crise econômica precisa nos levar adiante, para um novo sistema econômico e que um retorno à ideia de que tudo continuará normalmente apesar dos contratempos simplesmente não é mais uma opção."

"Medidas para reformar a economia global para alcançar segurança econômica só serão bem-sucedidas se tiverem sustentabilidade ambiental e igualdade em sua essência."

YES WE CAN (Sim, Nós Podemos, em tradução livre), coalizão com protesto marcado para a tarde de 1° de abril, quarta-feira, no centro de Londres

CND (Campaign for Nuclear Disarmament, ou Campanha para o Desarmamento Nuclear): "Nós queremos enviar ao líderes do G20 uma mensagem clara sobre guerra e paz. Eles não conseguirão combater a crise econômica corretamente sem abordar as causas fundamentais da instabilidade entre as nações - por exemplo, a desconfiança entre Estados Unidos e Rússia sobre a expansão da Otan e o sistema de defesa anti-mísseis, que impede a cooperação em outras áreas."

"Nós queremos especialmente dar as boas-vindas ao presidente Obama e dizer que a agenda de paz, e não de guerra, de trabalhar em direção a um mundo livre de armas nucleares e de criar empregos, não bombas, é uma agenda popular na maior parte do mundo."

Stop the War Coalition: "Esta é a nossa primeira oportunidade de pedir uma mudança em relação às políticas de guerra do governo Bush."

"Nossa mensagem será: Sim, Nós Podemos... encerrar o cerco a Gaza e libertar a Palestina, retirar as tropas do Iraque e do Afeganistão, criar empregos, e não bombas, abolir as armas nucleares e parar de armar Israel."

British Muslim Initiative: "Enquanto o mundo vê com horror centenas de bilhões de libras sendo despejadas para resgatar estabelecimentos financeiros fajutos e cobrir bônus milionários para seus executivos, pouca menção é feita às centenas de bilhões de libras que continuam a ser despejadas na máquina de guerra global, que tira milhares de vidas a cada dia."

"A menos que a ocupação, em todas as suas formas, seja vista como uma manifestação repugnante da ambição humana e desejo de subjugar... e a menos que cuidemos para que a pobreza, a doença, o analfabetismo e a injustiça social sejam combatidos corretamente e de maneira responsável, nós jamais seremos capazes de solucionar a crise na qual o mundo está mergulhado pelo fracasso de suas principais políticas econômicas e instituições."

CLIMATE CAMP

"Nós temos como alvo a mais séria tentativa no curto prazo por parte de líderes mundiais de colocar a ideologia econômica à frente da realidade física, o uso de complexos mercados de carbono para tentar solucionar as mudanças climáticas."

"Além disso, este ano verá um novo acordo global para limitar as emissões o qual, sem grande polêmica, será um desastre ao estilo europeu e baseado no mercado."

"Colocar a sociedade em um novo rumo vai exigir um movimento social de escala global para mudar as ideias econômicas dominantes e implementar soluções que funcionem e ao mesmo tempo sejam socialmente justas. O dia 1º de abril (data do encontro do G20) será mais um passo importante nesta direção."

G20 MELTDOWN - Os principais objetivos desse movimento são tirar os banqueiros do poder, livrar o mundo de políticos corruptos, garantir emprego, moradia e um futuro para todos, tornar as pessoas patriotas pelo planeta, e não por países, acabar com o caos climático e fazer com que o capitalismo vire história. A coalizão planeja um protesto para o meio-dia na quarta-feira na City, o centro financeiro da capital britânica.

"Nós pedimos aos ministros do G20 que confessem seus erros e admitam que seu domínio global - o domínio do capitalismo financeiro - é o problema, não a solução para a atual crise econômica, ecológica e política."

"Enquanto neste momento há 2 milhões de desempregados somente na Grã-Bretanha, os ministros do G20 ainda resistem em nacionalizar os bancos e continuam a despejar trilhões no buraco sem fundo das dívidas podres dos banqueiros."

"Esses ministros devem dar lugar a governos pelo povo, para o povo e do povo ao redor do planeta."

"Sejamos patriotas pelo único país que temos: o Planeta Terra. Somente assim poderemos responder adequadamente à mensagem dos cientistas do clima sobre o perigo para a nossa biosfera, investindo em vida para nossos netos, não em morte e em guerras por petróleo."

quinta-feira, 19 de março de 2009

Banco Mundial: G-20 adotou novas restrições comerciais

WASHINGTON - Apesar de, em novembro do ano passado, os países do G-20 (Grupo dos 20, que reúne grandes economias industrializadas e emergentes) terem assumido o compromisso de evitar a adoção de medidas protecionistas, 17 países do grupo implementaram novas restrições comerciais desde então, afirmou o Banco Mundial em um relatório.



"Com a economia mundial à beira de uma grave recessão, as pressões políticas exigindo proteção da competição promovida pelas importações a fim de preservar os empregos surgiram com maior intensidade em todo o mundo", disseram Richard Newfarmer e Elisa Gamberoni, autores do relatório.



Ao todo, foram introduzidas 47 restrições comerciais desde outubro, ainda que resultando em efeitos marginais sobre o comércio. Os países desenvolvidos criaram 12 medidas, todas baseadas no aumento de subsídios, enquanto os países em desenvolvimento aplicaram 35 medidas, sendo aproximadamente metade delas relacionadas a tarifas.



"A indústria está imersa em excesso de capacidade, e os subsídios atrasam o ajuste e impedem a saída" desta capacidade, afirmou o relatório. "Pior, os subsídios podem estar vinculados a condições" que forcem as empresas a preservar a mão de obra doméstica, "mesmo que isso signifique o desaparecimento de uma unidade mais eficiente nos países em desenvolvimento."



Os subsídios para impulsionar o setor automotivo somam US$ 48 bilhões - US$ 43 bilhões apenas em países desenvolvidos e, destes, US$ 17,4 bilhões nos EUA.



O Banco Mundial estima que neste ano a economia mundial sofrerá contração - algo que não ocorria desde o final da Segunda Guerra Mundial - e que o comércio mundial pode registrar o maior declínio em 80 anos.



No fim de semana, os ministros de finanças do G-20 reiteraram durante uma reunião o compromisso de evitar medidas protecionistas. Apesar disso, o Banco Mundial exortou o G-20 a tomar atitudes que fortaleçam o "frágil consenso" a respeito do comércio, entre elas a aceleração das negociações da Rodada Doha de negociações na Organização Mundial do Comércio (OMC) e a implementação de relatórios trimestrais sobre restrições ao comércio. "O custo da inércia em relação à agenda de Doha está crescendo", acrescentou. As informações são da Dow Jones.

quarta-feira, 18 de março de 2009

Banco Mundial pede que G20 lute contra protecionismo

WASHINGTON - O Banco Mundial clamou às nações desenvolvidas e em desenvolvimento integrantes do G20 que fortaleçam suas posições contra o protecionismo, concordando em relatar qualquer caso de novo subsídio ou restrição comercial à Organização Mundial do Comércio (OMC), a cada três meses.

"O isolacionismo econômico pode levar a uma espiral negativa de eventos como vimos na década de 1930, que tornou a situação muito, muito pior", afirmou o presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick. A instituição observou ainda que os países do G20 adotaram 47 novas restrições comerciais desde que prometeram evitar o protecionismo.

Líderes do G20, em encontro em Washington em novembro, em meio à crescente crise financeira global, prometeram não impor nenhuma nova medida de restrição ao comércio por 12 meses. Mas desde então 17 membros do G20 e outros países implementaram um total de 47 medidas que restringem o comércio, mostrou o relatório de acordo com o banco. O aumento de tarifas responde por cerca de um terço das novas medidas, que incluem a elevação, pela Rússia, de taxas para automóveis usados, além de maiores tarifas pelo Equador para mais de 600 itens, disse o banco.

A Argentina impôs novas "barreiras não-tarifárias" à importações de peças para automóveis, têxteis, TVs, brinquedos, calçados e artigos em couro, e a Indonésia anunciou que a entrada de certos produtos estrangeiros --incluindo vestuário, calçados, brinquedos, eletrônicos, alimentos e bebidas-- será permitida apenas por cinco portos e aeroportos, segundo o banco.

"Subsídios propostos para a indústria automobilística se espalharam e chegam a cerca de 48 bilhões de dólares em todo o mundo, grande parte (42,7 bilhões de dólares) em países ricos", disse o banco.

Isso inclui um subsídio direto dos EUA de 17,4 bilhões de dólares a suas três grandes montadoras e outros subsídios oferecidos pelo Canadá, França, Alemanha, Reino Unido, China, Argentia, Brasil, Suécia e Itália, disse o banco.

No próximo encontro dos líderes do G20 em Londres no início de abril, países deveriam se comprometer em entregar à Organização Mundial do Comércio relatórios trimestrais sobre novas restrições ao comércio e subsídios agrícolas e industriais, afirmou o banco.

(Reportagem de Doug Palmer)