A Anistia Internacional (AI) afirmou que forças de segurança acompanhadas por curandeiros em Gâmbia realizaram uma série de batidas em aldeias numa busca por suspeitos de bruxaria.
Segundo a organização de defesa dos direitos humanos, pelo menos mil aldeões gambianos foram levados para campos secretos de detenção e obrigados a beber poções que provocavam alucinações.
Pelo menos dois deles morreram em virtude de problemas nos rins causados pela ingestão das poções.
Testemunhas disseram que grupos formados por soldados, policias e membros da guarda pessoal do presidente, Yahya Jammeh, iam de aldeia em aldeia em busca de suspeitos, sempre acompanhados por curandeiros trazidos da vizinha Guiné. Entre os detidos estavam vários idosos.
Os curandeiros vieram a Gâmbia depois da morte - atribuída a feitiçaria - de uma tia do presidente no início do ano.
A diretora da Anistia Internacional, Kate Allen, disse que centenas de gambianos fugiram para o Senegal quando viram suas aldeias sendo atacadas.
"O governo de Gâmbia tem que por um fim a essa campanha, investigar os ataques imediatamente e levar os responsáveis à Justiça", disse ela.
O governo não quis comentar as alegações.
A ONG conversou com aldeões que contaram ter ficado presos por até cinco dias e forçados a beber substâncias desconhecidas, que provocavam alucinações, diarreia e vômitos.
Muitos foram forçados a confessar que praticavam bruxaria. Outros foram espancados brutalmente.
As detenções em massa ocorreram no distrito de Foni Kansal, perto da cidade natal do presidente, Kanilai.
Com uma área equivalente à metade do Estado de Sergipe, Gâmbia é o menor país continental da África.
Em 2007, a enviada da ONU ao país foi expulsa por ter condenado declarações do presidente Jammeh, que dizia poder curar a Aids.
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