quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

República Tcheca, próxima a presidir a UE, apóia ofensiva israelense

da Reuters, em Praga

A República Tcheca, que assumirá a próxima Presidência rotativa da União Européia (UE) na quinta-feira (1º), apoiou a grande ofensiva militar de Israel contra alvos do movimento islâmico radical Hamas, na faixa de Gaza, que já deixam 340 mortos.

A defesa da ofensiva contradiz a opinião do Executivo da UE, que pediram também nesta terça-feira o fim dos ataques entre Hamas e Israel.

O ministro de Relações Exteriores tcheco, Karel Schwarzenberg, afirmou que Israel tem o direito de se defender. "Vamos pensar uma coisa: Hamas aumentou o número de foguetes lançados em Israel desde que a trégua acabou, em 19 de dezembro. Isso não é aceitável", disse Schwarzenberg, em entrevista.

Desde sábado (27), Israel lança bombardeios aéreos contra ao menos 16 pontos da faixa de Gaza em uma grande ofensiva contra o movimento radical islâmico Hamas. Os bombardeios já causaram mais de 340 mortes e deixaram ao menos 1.400 feridos.

Segundo Israel, a ofensiva é uma resposta à suposta violação --e lançamento de foguetes-- do Hamas da trégua de seis meses assinada com Israel e que acabou oficialmente no último dia 19. Trata-se da pior ofensiva realizada por Israel desde a Guerra dos Seis Dias, em 1967.

Schwarzenberg, aliado fiel dos Estados Unidos, afirmou que Hamas se excluiu de um debate político sério graças aos ataques com foguetes contra território de Israel. O ministro tcheco culpou indiretamente o grupo pelo número crescente de mortos ao dizer que eles estabelecem suas bases e depósitos de armas em locais populosos.

"Por que eu sou um dos poucos que expressaram entendimento por Israel? Eu estou aproveitando a luxúria de dizer a verdade", disse Schwarzenberg.

O ministro tcheco afirmou, contudo, que quando o país assumir a Presidência rotativa da UE, tentará impor uma política que leve a paz na região. "Eu ficaria muito feliz de ajudar os palestinos".

Apesar da defesa de Israel, que vai contra os pedidos de cessar-fogo da comunidade internacional, Schwarzenberg diz que trabalharia como um mediador das negociações de paz na região e não defenderia nenhum lado.

UE Missions - Missões da União Européia

This footage was made on October 9 and 10 in the buffer zone bordering South Ossetia. Russian checkpoints are being dismantled, EU monitors are patrolling and Georgian police moves in. Displaced persons return to their villages in the buffer zone.





Para ver mais sobre missões européias: br.youtube.com/user/EUSecurityandDefence

Ishmael Beah fala para UNICEF na abertura do NZ Model UN

Ishmael Beah fala para a abertura do NZ Model UN

A ONU em outra perspectiva...

Trecho do programa Da Ali G Show em que ele visita as Nações Unidas e faz uma entrevista com o ex-Secretário Geral: Boutros-Boutros Ghali. Em inglês, prestem atenção no United Nation of Bennetton e no Boutros Boutros Boutros falando sobre as línguas oficiais da ONU. Divirtam-se!


Mudanças do clima, mudanças de vidas

Documentário de 2006 do Greenpeace sobre como as mudanças climáticas vêm afetando a vida da população mundial, contudo esse documentário tem seu foco nas mudanças que estão acontecendo no Brasil.


Europa faz reunião de emergência para pedir cessar-fogo na Faixa de Gaza

Chanceleres do bloco europeu pedem fim de ataques e do bloqueio a Gaza. Representantes do Quarteto têm contatos telefônicos para tratar da crise.

Do G1, com agências internacionais


Os minitros das Relações Exteriores da União Européia (UE) fazem uma reunião de emergência nesta terça-feira, em Paris, para analisar a situação em Gaza, em uma tentativa de encontrar uma saída para a crise entre Israel e os islamitas palestinos do Hamas.

A União Européia, que nunca teve um verdadeiro peso político no Oriente Médio, deve pedir um cessar-fogo dos ataques israelenses e dos disparos de foguetes palestinos. Também deve pedir o envio de ajuda humanitária e defender que se alivie o bloqueio israelense de Gaza.

Os chanceleres se reunião na sede do ministério francês das Relações Exteriores durante a tarde.

Pouco antes da reunião, o bloco divulgou um comunicado.

"A Comissão pede a suspensão imediata de hostilidades militares que estão causando um forte impacto sobre a população civil em Gaza. Também faz um apelo firme para que suspendam os ataques com foguetes a alvos civis israelenses", disse.

O comunicado cita ainda a "situação dramática" em hospitais de Gaza e pede acesso a suprimento de bens essenciais para ajuda humanitária.

Muitos dos 27 governos integrantes da União Européia já pediram individualmente o fim das hostilidades em Gaza, e alguns condenaram os ataques de Israel.

Por telefone

Representantes do Quarteto de mediadores internacionais para o Oriente Médio também deveriam fazer uma reunião telefônica para tratar da crise. Da conversa telefônica multilateral participaria, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon; o chefe da diplomacia da União Européia, Javier Solana, o ministro de Relações Exteriores russo e a secretária de Estado americana, Condoleezza Rice.

Possivelmente, também tomariam parte o ministro de Relações Exteriores da França, Bernard Kouchner, cujo país preside a União Européia neste semestre, e o enviado especial do Quarteto para Oriente Médio, o ex-premiê britânico Tony Blair.

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

China sobre oleodutos em Mianmar



PEQUIM: A China vai começar a construir dutos de gás e óleo através de Mianmar no ano que vem, permitindo-a evitar o estreito de Malacca para a importação de petróleo bruto direto do Oriente Médio, a mídia estatal afirmou ontem.

Os dutos, que passar pela província de Yunnan, no Sudoeste da China, também vão fortalecer o acesso do país para as ricas reservas de energia em Mianmar, afirmam relatos.

Yuunnan vai começar a construção dos dutos no primeiro semestre do próximo ano. O Sr. Mi Dongsheng, chefe da Comissão de Reforma e Desenvolvimento da Província de Yunnan, foi citado pelo China Daily ao dizer que a obra faz parte de um plano de gastar 72 bilhões de yuan (16,1 bilhões de dólares) em progetos de energia no próximo ano.

Saindo da cidade portuária de Kyaukphkyu, na Baía de Bengal, em Mianmar, e indo para a capital provinciana de Yunnan, Kumming, gaseoduto custará 1 bilhão de dólares, e o óleoduto, 1,5 bilhão, afirmou o jornal japonês Nikkei.

A Estatal CNPC (China National Petroleum Corporation), a maior produtora de óleo da China, será dona de 50,9% do projeto, numa cooperação com a Myanmar Oil&Gas Enterprise, afirmou o jornal.

Em Maio, a CNPC disse que iria explorar as reservas de petróleo e gás em Mianmar ,e no leito do mar do país, juntamente com a Daewoo International Sul-Coreana, mas não forneceu detalhes.

Analistas afirmam que além de Yunnan, as outras províncias e regiões do Sudoeste da China também se beneficiariam dos dutos.

Os dutos tem sido discutidos em Yunnan, bem como entre entre essa província e Mianmar, por pelo menos cinco anos, mas eles foram colocados em espera. A razão do projeto ter sido revivido pode ser a tentativa da China de aquecer a sua economia para aguentar o esfriamento da crise financeira internacional.

A demanda da China por petróleo tem se expandido rapidamente nos últimos anos para manter seu enorme crescimento econômico, com importações que beiraram 200 milhões de toneladas no ano passado, subindo mais de 10% em relação a 2006, afirmou o China Daily

"
Geopoliticamente, possuir rotas alternativas de suprimento de energia para a China é atraente," disse o Sr. Jason Feer, um analista de Cingapura trabalhando para a Argus Media, uma firma de pesquisa para o mercado de energia. "O Estreito de Malacca é uma via muito ocupada. É também muito estreita. Sempre houve preocupações de que ela poderia ser interrompida devido a terrorismo ou pirataria."

Aproximadamente 80% das importações de petróleo da China de áreas como o Oriente Médio e África são transportadas atraves do Estreito, relatos da mídia chinesa reportam. Mas alguns analistas duvidam que o projeto de Mianmar vai virar realidade, já que o investimento é tão grande que poderia ser uma melhor opção continuar a depender do Estreito de Malacca.

A rota marítima tem se mantido com um bom nível de segurança, apesar de que as importações demorariam sete dias a mais para chegar a China.

Poucas Companhias ocidentais investem em Mianmar devido ao seu péssimo registro de direitos humanos, e a continua detenção do ganhador do Nobel da Paz, Aung San Suu Kyi, o que levou a uma ampla gama de sanções por parte dos EUA e a UE.

A China, tipicamente cautelosa em ajudar ou impor sanções, é uma das poucas aliadas diplomáticas de Mianmar, e nao tem demonstrado nenhuma reserva em investir em seu vizinho governado por uma ditadura militar, visando o seu gás natural, petróleo, minério e madeira.


Fonte: CHINA DAILY/ASIA NEWS NETWORK, REUTERS, AGENCE FRANCE-PRESSE

Análise: Batalha não será a última entre Hamas e Israel


Todo o caos e o sangue derramado na Faixa de Gaza não significam que esta será a última batalha entre Israel e o Hamas.

Este é apenas mais um enfrentamento, ainda que seja o mais violento, em um conflito esporádico cada vez mais intenso entre o país e o grupo islâmico palestino, que controla o território desde junho de 2007.

Israel e o Hamas estão deixando bem claras suas posturas. A do Hamas é de desafio – eles não pretendem se curvar a Israel, e foguetes continuarão a ser disparados contra o sul israelense.

Israel, por sua vez, indicou que esta ofensiva irá continuar por algum tempo, e a mobilização de reservistas e o envio de tanques para a fronteira com Gaza sugere que a batalha pode ser travada também por terra, não só com bombardeios de aviões.

Entretanto, os pelo menos 6,5 mil reservistas convocados não são suficientes para nocautear o Hamas, o que exigiria nada menos do que a reocupação da Faixa de Gaza, de onde Israel se retirou em 2005.

Algumas operações limitadas por terra podem ser lançadas. Mas o objetivo delas seria o mesmo dos bombardeios aéreos: forçar o Hamas a parar com seus ataques com foguetes e restabelecer algum tipo de cessar-fogo.

Interesse comum

Uma trégua interessaria a ambos os lados.

O governo israelense precisa parar os foguetes contra o sul do país. Sim, uma eleição geral será realizada em fevereiro, mas esta não é simplesmente ou verdadeiramente uma questão de conquistar ou não o eleitorado.

Os foguetes palestinos disparados de Gaza podem atingir até 40 km dentro do território israelense, ameaçando de forma significativa uma vasta área que inclui as cidades de Beersheba e Ashdod.

As mortes israelenses em decorrência desses foguetes foram poucas. Bem poucas em comparação com as mortes de palestinos. Mas, sob a ótima israelense, essa não é a questão.

O problema é que a ameaça dos mísseis palestinos está tornando impossível se ter uma vida normal em uma parte grande do país, e a pressão popular para que algo fosse feito vinha crescendo.

A trégua seria boa para o Hamas, que permanece relativamente isolado no mundo árabe.

O grupo precisa reconstruir e reassegurar seu controle do poder e quer manter os postos de fronteira da Faixa de Gaza abertos com muito mais regularidade, a fim de mostrar que pode trazer benefícios econômicos para os palestinos.

Condições para a paz

O que levou ao aumento da violência na região foi, paradoxalmente, uma disputa para estabelecer os termos de um novo acordo de paz. O Hamas estava muito insatisfeito com a situação no cessar-fogo que foi abandonado em 19 de dezembro.

O número de foguetes disparados contra Israel chegou a diminuir consideravelmente, como pedia o cessar-fogo que expirou neste mês. Mas a fronteira de Gaza só foi aberta esporadicamente por Israel e, em termos práticos, o bloqueio econômico ao Hamas até piorou.

Não é à toa, então, que muitos palestinos viram a retirada israelense da Faixa de Gaza como praticamente irrelevante. Israel ainda controla o espaço aéreo de Gaza e suas fronteiras marítimas, assim como a maioria dos seus postos de fronteira terrestres.

Os palestinos se vêm como detentos em uma vasta prisão e pagando o preço da inimizade entre Israel e o Hamas.

Obviamente, há uma outra importante fronteira terrestre, entre a Faixa de Gaza e o Egito. Mas esta também permaneceu fechada a maior parte do tempo, já que o Egito teme que os militantes islâmicos do Hamas incentivem o desenvolvimento de grupos semelhantes dentro do território egípcio.

O Hamas também não aceita o comportamento de soldados do Exército israelense, que atacam qualquer militante armado do Hamas que se aproxima da cerca na fronteira com Israel. As autoridades israelenses consideram isso direito legítimo de defesa, para prevenir atentados com bombas ou tentativas de seqüestro de seus soldados.

Com o acordo de cessar-fogo chegando ao final, os palestinos passaram a disparar mais foguetes contra Israel e Israel passou a intensificar suas respostas. O Hamas procurou ampliar o conflito gradualmente por meio de sua escolha de alvos e pelo alcance de seus mísseis, ansiando por uma nova trégua em seus próprios termos.

Objetivos alcançáveis?

Israel claramente previu essa possibilidade e não iria aceitar isso. As autoridades do país estavam determinadas a estabelecer as regras do jogo e, assim, lançaram a ofensiva contra o Hamas. O objetivo: forçar o grupo palestino a recuar.

A questão fundamental é se esse objetivo é alcançável. Trata-se de uma questão de tempo e poderio militar. Quanto mais tempo durar a operação, maior será a pressão internacional para que Israel pare.

Há amplos indícios de que a força, sozinha, não irá acabar com os ataques palestinos com foguetes. Uma grande incursão israelense na Faixa de Gaza em 2008 foi saudada como um sucesso relativo, mas nunca foi capaz de deter completamente os ataques. O cessar-fogo de seis meses, patrocinado pelo Egito, se seguiu a essa operação.

Os líderes israelenses parecem ter discutido com cuidado a atual ofensiva antes de ela começar, em contraste com o que acontecera em 2006, quando o governo de Ehud Olmert correu para a guerra contra o Hezbollah, no Líbano.

Mas muitos analistas israelenses estão perguntando se uma das principais lições daquela guerra foi realmente aprendida: os líderes israelenses, quando embarcam em uma ação militar, sabem quando parar?

O fim do conflito atual vai exigir alguma ginástica diplomática de atores externos – do Egito, certamente; provavelmente dos Estados Unidos e talvez até da Turquia. Não deve ser fácil. O Hamas quer se salvar, não irá capitular.

Muito depende da complexa política interna da organização, com suas divisões em lideranças políticas e militares dentro da Faixa de Gaza e seus líderes em Gaza e na Síria.

A batalha vai terminar, mas apenas lançará as bases para futuros enfrentamentos. Enquanto isso, a situação da população da Faixa de Gaza se torna ainda mais precária.

Se alguma trégua provisória ou algum acerto for sobreviver, ele terá que abordar as preocupações israelenses com respeito à segurança, que são bastante reais.

Mas terá também que incluir uma mudança total no tocante aos postos de fronteira de Gaza, para permitir que os palestinos da Faixa possam ter estabilidade e oportunidades econômicas de verdade.

Israel anuncia que vai convocar 6,5 mil reservistas para ação militar em Gaza

Número de mortos pelos bombardeios a alvos do Hamas passa de 270. Ataques seguem neste domingo, e Israel concentra tropas na fronteira.

Israel vai mobilizar 6.500 reservistas do Exército para participar dos ataques contra a Faixa de Gaza, iniciados no sábado, informou neste domingo (28) o gabinete do premiê Ehud Olmert.

A decisão é mais um indício de que a ofensiva israelense ao território palestino, controlado pelo movimento islâmico Hamas, deve se ampliar e também que ela pode incluir o uso de forças terrestres, que já começam a se concentram em pontos da fronteira entre Israel e Gaza.

Foto: AFP

Palestino caminha neste domingo (28) entre destroços de prédio destruído pelo bombardeio de Israel na Cidade de Gaza. (Foto: AFP)


Já atinge 270 o número de mortos nos bombardeios a alvos militares do movimento islâmico em Gaza, informaram neste domingo os serviços de emergência palestinos. É o mais intenso ataque de Israel a alvos palestinos pelo menos desde a Primeira Intifada, em 1987.

Foto: Arte G1

Foto: Arte G1

Mapa da Faixa de Gaza localiza cidades alvejadas nos ataques deste sábado (27). (Foto: Arte G1)

O número de feridos passa de 750, 120 deles em estado grave, segundo o médico Muawiya Hassanein, responsável pelos serviços de emergência no território.

Em represália ao ataque israelense, o Hamas voltou a lançar foguetes contra Israel no sábado. Uma civil israelense morreu e quatro pessoas ficaram feridas em uma casa atingida em cheio na cidade de Netivot.

Novos bombardeios

O Hamas e testemunhas relataram novos ataques aéreos israelenses a Gaza neste domingo. Teriam sido atacadas a Cidade de Gaza, o campo de refugiados de Jabaliyah, e o norte e o sul do território, nas cidades de Khan Yunes e Rafah. Israel não confirmou oficialmente os ataques.


Um dos ataques teria ferido 10 policiais do Hamas. Outra ação teve como alvo o edifício do "conselho de ministros" do Hamas em Gaza. As ruas da cidade de Gaza estavam praticamente desertas, com lojas e escolas fechadas em sinal de luto.

Israel também começou a concentrar tanques e tropas na fronteira com a Faixa de Gaza, segundo fotógrafos da France Presse.

Na fronteira norte, próximo à passagem de Erez, havia ao menos 16 tanques, e outros chegavam, transportados por caminhões militares. Vários veículos de transporte de tropas também estavam estacionados na região.

ONU pede fim dos ataques

Também neste domingo, o Conselho de Segurança da ONU pediu o fim imediato de todas as atividades militares na Faixa de Gaza e apelou para que todos levem em conta a crise humanitária no território de 1,5 milhão de habitantes.

O embaixador da Croácia na ONU, Neven Jurica, leu um comunicado em nome dos 15 integrantes do conselho, no qual pede "o cessar imediato de toda violência" e a interrupção imediata de todas as atividades militares.

O texto não menciona explicitamente Israel nem o Hamas.

Antes da reunião em caráter de urgência, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, declarou em comunicado que estava "profundamente alarmado" pela "dura violência e o derramamento de sangue em Gaza, assim como pela violência no sul de Israel".

Ele pediu o "fim imediato da violência" e, embora tenha reconhecido as preocupações em matéria de segurança de Israel "pelo contínuo lançamento de foguetes de Gaza", reiterou a obrigação desse país de "respeitar os direitos humanos e o direito humanitário internacional".

Ban assegurou que entraria em contato imediato com líderes regionais e internacionais, incluindo os membros do quarteto de mediadores internacionais para o Oriente Médio (ONU, Estados Unidos, União Européia e Rússia), "em um esforço para dar fim à violência".

O presidente palestino, Mahmoud Abbas, disse neste domingo que o Hamas poderia ter impedido o ataque israelense a Gaza. "Nós falamos com eles e pedimos que não terminassem a trégua, para que pudéssemos ter evitado o que aconteceu", disse ele no Cairo.

Abbas referia-se à trégua de seis meses no território, patricinada pelo governo egípcio, e que foi rompida unilateralmente pelo Hamas no último dia 19. O fim da trégua provocou uma escalada de violência na região, com militantes palestinos lançando ataques contra território israelense. Isso levou o governo de Israel aos ataques do sábado, após alguns dias de ameaças.

O premiê de Israel, Ehud Olmert, disse neste domingo que seu governo vai agir com "sensatez, paciência e firmeza" até "alcançar os resultados desejados" na ofensiva militar. A declaração foi feita durante a reunião semanal com o conselho de ministros.

Os ministros de Relações Exteriores dos países árabes devem se reunir na próxima quarta-feira no Cairo a fim de analisar os ataques, informou o secretário-geral da Liga Árabe, Amre Moussa. Na reunião, será buscada uma posição de consenso no caso.

O chanceler do Egito, Ahmed Abul Gheit, disse que está tentando obter um novo cessar-fogo entre as partes que possa ser transformado em uma trégua.

O ministro de Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, pediu à sua colega de Israel, Tzipi Livni, que "detenha urgentemente" a operação militar em Gaza, informou a chancelaria russa em comunicado.


Como foram os ataques de sábado

A Força Aérea de Israel lançou um ataque aéreo com aviões e helicópteros contra alvos do movimento islâmico Hamas em toda a Faixa de Gaza às 11h30 locais (7h30 de Brasília) do sábado. Foi o maior ataque israelense a forças palestinas desde março deste ano.

Mais de 270 pessoas morreram vítimas do ataque na Cidade de Gaza e em outras cidades e campos de refugiados, principalmente no norte do território. Os hospitais confirmam mortes na Cidade de Gaza e também em Khan Younis e Rafah, no sul do território. Muitos civis e crianças estão entre as vítimas, e os hospitais estão lotados, segundo testemunhas.

O ministério israelense da Defesa confirmou o ataque, informou que não houve baixas israelenses e disse que mais ações militares contra alvos do Hamas serão tomadas se for julgado necessário para interromper os ataques com mísseis a Israel, feitos por militantes do Hamas a partir da Faixa de Gaza.

A aviação israelense atacou 230 objetivos do Hamas, informou o Exército de Israel no domingo. Segundo o porta-voz, os alvos foram infra-estruturas militares do movimento islâmico como edifícios, arsenais e zonas de lançamento de foguetes.

O ministro israelense da Defesa, Ehud Barak, disse que a operação israelense no território vai ser ampliada e expandida. "Não vai ser fácil e não vai ser curto", disse Barak. "Há tempo para a calma e tempo para a luta, e agora chegou a hora de lutar."

Hamas, Jihad Islâmica e outros grupos islâmicos prometeram "vingança". O Hamas pediu a seus integrantes que "vinguem pela força" a agressão de Israel, segundo comunicado difundido por rádio.

"Todos os combatentes estão autorizados a responder à matança israelense", disse um comunicado divulgado pela Jihad Islâmica.

As declarações levaram Israel a deixar a polícia em estado de alerta em todo o território do país.

Ainda no sábado, o governo do Egito abriu a passagem de Rafah, na fronteira com Gaza, para permitir a entrada de ajuda humanitária e a saída de feridos pelo bombardeio. No domingo, o ministro egípcio de Relações Exteriores acusou o Hamas de estar impedindo a evacuação de feridos.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Reportagem da CBS: Crianças Soldado





Violência israelense em Gaza

280 pessoas morreram e 600 ficaram feridas no último bombardeio israelense. É previsto que o número de mortos e feridos aumente... Reportagem da Al Jazeera, em inglês.




Crianças Soldado - Entrevista com Ishmael Beah

Ataques aéreos de Israel à Faixa de Gaza mataram 57 civis, dizem Nações Unidas

Israel declarou fronteira 'zona militar fechada' e prepara ataque aéreo. Três dias de bombardeios já mataram 320 pessoas e feriram mais de 1.420.

Do G1, com agências internacionais

A ofensiva aérea de Israel contra alvos do movimento islâmico Hamas na Faixa de Gaza deixou desde sábado pelo menos 57 civis mortos, entre eles 21 crianças, de um total de ao menos 310 mortos, afirmou nesta segunda-feira (29) a ONU, citando dados obtidos de fontes médicas.

"Fizemos um levantamento de vítimas civis com fontes médicas. É de 57 mortos, entre eles 21 crianças, e pelo menos sete mulheres", disse Christopher Gunness, porta-voz da agência da ONU de ajuda aos refugiados palestinos.

Segundo o último balanço fornecido pelo chefe dos serviços de emergência na Faixa de Gaza, Muawiya Hasanein, os ataques aéreos israelenses, iniciados sábado, deixaram ao menos 320 mortos e 1.420 feridos.


Ataque terrestre iminente

Mais cedo nesta segunda, a área de fronteira entre Israel e a Faixa de Gaza foi declarada "zona militar fechada" pelo Exército de Israel, informou um porta-voz militar israelense.

Com isso, as estradas de uma área distante entre 2 km e 4 km da fronteira ficam fechadas para os civis que não tenham salvo-condutos militares, e só moradores da região podem transitar por lá. Jornalistas também são banidos.

Foto: AFP
Soldado israelense descansa diante de fila de veículos militares na fronteira com a Faixa de Gaza nesta segunda-feira (29). (Foto: AFP)


A justificativa é que militantes palestinos podem retaliar, lançando foguetes, os ataques israelenses ao território ocorridos desde sábado. Esse tipo de medida costuma prenunciar o lançamento de operações terrestres. O Exército de Israel concentra tropas na fronteira desde o início da ofensiva aérea.

As operações aéreas israelenses em Gaza já mataram mais de 320 pessoas e deixaram ao menos 1.420 feridos, segundo Muauiya Hasanein, chefe dos serviços médicos palestinos.

Ao mesmo tempo, segundo testemunhas, os bombardeios a alvos do Hamas na Faixa de Gaza continuaram nesta segunda, matando pelo menos sete palestinos, sendo seis crianças, segundo fontes médicas.

Um ataque na cidade de Jabaliyah, na zona norte do território palestino, matou quatro meninas, com idades entre um e 12 anos, da mesma família, que morava perto de uma mesquita que foi alvo dos ataques.

Outros dois menores faleceram em uma ação em Rafah, sul da Faixa de Gaza. O sétimo morto era um ativista do Hamas.

Um avião israelense bombardeou a Universidade Islâmica de Gaza, um dos redutos do Hamas, sem deixar vítimas, disseram testemunhas. Aviões de guerra bombardearam a sede do Ministério do Interior em Gaza, segundo fonte palestina.

Por outro lado, o lançamento de um foguete palestino matou um homem insraelense na cidade de Ashkelon, no sul de Israel, segundo autoridades locais. No sábado, uma mulher morreu e quatro pessoas ficaram feridas na queda de foguete sobre casa em Netivot.

Na Cisjordânia, um palestino feriu a facadas quatro israelenses no assentamento de Modin Illit.


'Guerra sem trégua'

O ministro israelense da Defesa, Ehud Barak, disse ao Parlamento nesta segunda que Israel está comprometida em uma guerra "sem trégua" contra o Hamas na Faixa de Gaza.

Não temos nada contra os habitantes de Gaza, mas estamos comprometidos em uma guerra total contra o Hamas e seus aliados", declarou Ehud Barak.

"A contenção que temos observado é uma fonte de força. Lutamos com uma vantagem moral. Eles disparam contra civis deliberadamente. Nós encurralamos os terroristas e evitamos, na medida do possível, atingir civis quando a gente do Hamas atua e se esconde intencionalmente em meio à população", acrescentou.

Já o negociador chefe palestino, Ahmed Qurie, disse que o processo de paz patrocinado pelos EUA está suspenso por causa das ofensivas em Gaza. "Não há negociações e não há maneira de haver negociações enquanto estivermos sendo atacados", disse a jornalistas.

A operação "Chumbo endurecido" é a mais violenta pelo menos desde a ocupação israelense dos territórios palestinos, em 1967.

A tensão cresce na região desde o fim, em 19 de dezembro, da trégua de seis meses entre Israel e o Hamas na região. O frágil cessar-fogo foi rompido unilateralmente pelo Hamas. Nos dias seguintes, houve ataques com foguetes palestinos a Israel, seguidos de ameaças de reação israelense, até o ataque iniciado no dia 27.

O enviado especial da ONU para o Oriente Médio, Robert Serry, disse à AFP que Israel permitiu, neste domingo, a passagem de 21 caminhões com utensílios médicos e grãos para a população de 1,5 milhão de pessoas do empobrecido território palestino.

Foto: Reuters
Palestino prepara-se para atirar pedra contra policiais israelenses de fronteira no campo de refugiados de Shuafat, na Cisjordânia, próximo a Jerusalém, nesta segunda-feira (29). (Foto: Reuters)


'Holocausto'

O porta-voz do Hamas, Fawzi Barhum, acusou Israel de "cometer um Holocausto aos olhos do mundo inteiro, que não mexeu um único dedo para evitar a ofensiva".

"A resistência palestina se reserva o direito de responder a essa agressão com operações de mártires", ou seja, atentados suicidas, anunciou o porta-voz.

Reunido em caráter de urgência, o Conselho de Segurança da ONU pediu na manhã de domingo o fim imediato de todas as atividades militares na Faixa de Gaza e exigiu que todas as partes enfrentem a crise humanitária no território.


Pressão internacional

No Egito, o chanceler Ahmed Abul Gheit afirmou que seu país está tentando obter um cessar-fogo entre Israel e o Hamas e acusou o movimento palestino de impedir a transferência de centenas de feridos para o território egípcio. Segundo testemunhas, na manhã de hoje, nenhum ferido de Gaza havia entrado no vizinho Egito.

O Crescente Vermelho (a Cruz Vermelha nos países islâmicos) do Irã informou que enviará dois aviões com ajuda humanitária para Gaza através do Egito. Na Líbia, a Fundação Kadhafi divulgou a criação de uma ponte aérea para a retirada dos feridos palestinos.

Na ONU, uma declaração não vinculante, sem o mesmo peso de uma resolução, pede "o cessar imediato de toda violência" e, às duas partes, que "interrompam imediatamente todas as atividades militares".

O comunicado, um raro exemplo de unidade sobre o tema de Gaza, foi aprovado após cinco horas de consultas a portas fechadas, a pedido da Líbia, único membro árabe do Conselho, mas não menciona diretamente Israel, nem o Hamas.

O Papa Bento XVI também condenou a violência entre Israel e os palestinos do Hamas, pedindo "um ímpeto de humanismo e de sabedoria por parte de todos os que têm alguma responsabilidade nesta situação trágica no Oriente Médio".

"Rogo pelo fim desta violência, que deve ser condenada em todas as suas manifestações e pelo restabelecimento da trégua na Faixa de Gaza. Peço um ímpeto de humanismo e de sabedoria por parte de todos os que têm alguma responsabilidade nesta situação", afirmou, durante a benção dominical do Angelus.

O presidente eleito dos Estados Unidos, Barack Obama, monitora a situação na Faixa de Gaza, informou uma porta-voz no Havaí, onde o futuro chefe de Estado americano passa as festas de fim de ano.

O líder do Hamas no exílio, Khaled Mechaal, pediu aos palestinos que iniciem a terceira Intifada contra Israel e que cometam atentados suicidas.

ONGS ALERTAM PARA CATÁSTROFE CIVIL EM GAZA

LONDRES, 27 DEZ (ANSA) - ONGs e grupos humanitários pediram neste sábado a Israel e ao Hamas que coloquem fim à violência, sob o perigo de uma eventual catástrofe civil.
Os organismos Oxfam, CARE International, Cafod, Médico International e Diakonia indicaram que se a situação não for normalizada, Gaza terminará vivendo uma catástrofe humanitária.
Jeremy Hobbs, diretor da Oxfam International, afirmou que Gaza "já estava paralisada pelos bloqueios israelenses".
"Um ataque militar em Gaza poderia destruir completamente a infraestrutura essencial de esgoto, água e eletricidade para hospitais e casas, com um impacto devastador para os civis", alertou.
"Nossos governos devem ajudar todas as partes envolvidas no conflito a descobrir uma solução genuína e duradoura. Uma ofensiva militar atingirá pessoas comuns, as mesmas pessoas que necessitamos como sócios na construção de um mundo melhor para a região", acrescentou Hobbs. (ANSA)

domingo, 28 de dezembro de 2008

Ofensiva em Gaza 'pode demorar', diz premê israelense

O primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert, advertiu neste sábado que a ofensiva israelense contra o Hamas na Faixa de Gaza “pode demorar algum tempo”, em meio a relatos de fontes médicas palestinas de que os bombardeios aéreos já deixaram mais de 200 mortos.

“Há um tempo para trégua e um tempo para a luta, e agora é o momento da luta”, disse o premiê em uma coletiva em Tel Aviv. “Todos nós estamos preparados para encarar o fardo e as dores que são parte inseparável desta situação.”

Os ataques com caças F-16, que também teriam deixado centenas de feridos, são os mais intensos realizados por Israel em meses e se seguem ao fim, neste mês, do acordo de cessar-fogo entre o governo israelense e o grupo palestino Hamas, que controla a Faixa de Gaza.

Imagens exibidas pela TV mostram cenas de caos nas ruas da Faixa de Gaza e pessoas ensangüentadas sendo levadas para hospitais.

Funcionários do principal hospital de Gaza disseram que as salas de cirurgia estão superlotadas, que os remédios estão acabando e que não há cirurgiões suficientes.

Fontes médicas em Gaza disseram ainda que a maioria das vítimas dos ataques são policiais ligados ao Hamas, mas haveria também mulheres e crianças.

“Desastre”

Israel alega ter lançando os ataques como retaliação pelos ataques com foguetes lançados da Faixa de Gaza contra o sul de seu território. Militantes palestinos realizam esse tipo de ataque freqüentemente, e grande número de disparos foi efetuado nos últimos dias, causando vítimas do lado israelense.

Falando diretamente aos moradores de Gaza, Olmert enfatizou que o inimigo de Israel na ofensiva não é a população do território, mas o “Hamas, Jihad (Islâmico) e outras organizações terroristas”.

“Eles trouxeram desastre para vocês, e eles tentaram trazer desastre para o povo de Israel, e é nosso objetivo comum realizar todo o esforço que for possível para pará-los.”

Olmert e a chanceler israelense, Tzipi Livni, enfatizaram que as forças israelenses estão procurando minimizar o número de vítimas entre os civis – “muito embora isso seja difícil”, disse Livni.

“Nós atacamos apenas alvos que são parte de organizações ligadas ao Hamas”, disse Olmert.

O Hamas prometeu buscar uma revanche pelos ataques e lançou mais ataques contra o território israelense, matando pelo menos uma pessoa na cidade de Netivot.

O líder do movimento em Gaza, Ismail Haniyeh, também fez um pronunciamento e convocou uma nova intifada, ou levante, contra Israel. Segundo ele, “a Palestina nunca testemunhou um massacre mais feio”.

“Nós não vamos aceitar um acordo ou recuar em nossa religião ou causa”, afirmou, antes de se dirigir diretamente aos líderes de Israel. “Se vocês matarem milhares de nós e de nosso povo, vocês não serão capazes de matar nosso espírito.”

Alvos

Os bombardeios atingiram várias áreas na Faixa de Gaza, visando os locais mais povoados: a Cidade de Gaza, Khan Younis e Rafah.

Em um comunicado, as forças armadas israelenses disseram que os ataques tiveram como alvo membros do Hamas responsáveis por operações de “terror”, além de campos de treinamento de militantes e depósitos de armas.

A maioria das vítimas teriam sido atingidas na Cidade de Gaza e, entre os mortos, acredita-se que esteja Tawfik Jaber, diretor da polícia da Faixa.

Antes da coletiva, Livni disse que não havia outra alternativa a não ser lançar os ataques. “Nós estamos fazendo o que temos que fazer para defender nossos cidadãos”, disse.

Os ataques aéreos ocorrem em meio a boatos, em Israel, de que uma operação militar por terra contra o Hamas na Faixa de Gaza seja iminente.

A TV israelense informou neste sábado que tropas israelenses estão se dirigindo para a fronteira com Gaza em preparação para a nova ofensiva, mas a BBC não conseguiu checar a alegação de forma independente.

1967

Segundo um analista da BBC, se o balanço de mortos e feridos revelado por fontes palestinas se confirmar, este pode ter sido o pior ataque israelense contra a Faixa de Gaza desde 1967, em termos de número de vítimas.

O acordo de cessar-fogo de seis meses entre Israel e o Hamas expirou no dia 19 deste mês. O Hamas culpou Israel pela não renovação do tratado, dizendo que o governo israelense não cumpriu a promessa de levantar o bloqueio à Faixa de Gaza.

Com o bloqueio, Israel permite a entrada de poucos itens na Faixa de Gaza, tornando a vida muito difícil para os palestinos. O governo israelense diz que ele é necessário para isolar e pressionar o Hamas.

Israel disse que chegou a começar a levantar as restrições, mas voltou atrás ao ver que os palestinos não estavam cumprindo o que prometeram, parar com os disparos de foguetes contra alvos israelenses e abandonar o contrabando de armas.

Reações

Na Cisjordânia, o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas – cuja facção política, o Fatah, foi afastada do governo da Faixa de Gaza pelo Hamas em 2007 – condenou os ataques e pediu calma.

O presidente da Liga Árabe, Amr Moussa, disse que os ataques israelenses foram assustadores e convocou uma reunião de emergência da organização para discutir a escalada da violência. A reunião deve ser realizada neste domingo, no Cairo.

“Agora estamos lidando com uma situação muito perigosa e real, uma grande tragédia humana… Haverá muitas vítimas em Gaza e os árabes precisam assumir uma posição”, disse Moussa.

Por sua vez, o governo dos Estados Unidos manteve a posição de que Israel tem o direito de se defender, mas pediu que o país faça tudo o possível para preservar a vida de inocentes.

A secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, divulgou um comunicado em que diz que o Hamas é culpado pela escalada da violência na região.

“Nós condenamos de forma veemente os ataques repetidos com foguetes e tiros de morteiro contra Israel e consideramos o Hamas responsável por romper o cessar-fogo e pela retomada da violência. O cessar-fogo deve ser restaurado imediatamente e respeitado em sua integridade.”

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Brasil e UE atuarão juntos para enfrentar crise e mudança climática

Carlos A. Moreno.


Rio de Janeiro, 22 dez (EFE).- Brasil e União Européia (UE) se comprometeram hoje a atuar juntos no combate à crise financeira internacional e aos efeitos da mudança climática no planeta, assim como para retomar as negociações da Rodada de Doha, que visa à liberalização do comércio mundial.


Os compromissos foram anunciados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os líderes francês Nicolas Sarkozy - cujo país exerce a Presidência semestral européia - e da Comissão Européia (CE, órgão executivo da UE), José Manuel Durão Barroso.


Os dirigentes estiveram reunidos nesta segunda no Rio de Janeiro por ocasião do encerramento da 2ª Cúpula Brasil-UE.


Sarkozy disse que espera que o Brasil e a UE levem propostas conjuntas à próxima Cúpula do Grupo dos Vinte (G20, que reúne os países mais ricos e os principais emergentes), que será realizada em 2 de abril próximo em Londres, inclusive sobre reformas no sistema financeiro internacional.


"Europa e Brasil têm de ter a mesma visão na cúpula (do G20). Estamos decididos a fazer com que as coisas mudem profundamente", afirmou o presidente francês, ao referir-se ao encontro entre chefes de Estado do G20 para definir medidas contra a crise financeira.


Tais propostas, acrescentou Sarkozy, incluem a definição de um novo papel para o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o "lançamento das bases de um sistema financeiro mais equilibrado, com mais controle e mais fiscalização das instituições financeiras".


A reunião do G20 em Washington realizada em novembro último "demonstrou que há espaço para uma resposta comum dos países desenvolvidos e em desenvolvimento frente aos complexos desafios da atualidade", disse, por sua vez, Lula.


"O diálogo regular sobre assuntos macroeconômicos e financeiros que lançamos (entre Brasil e UE) representará um canal adicional importante para a discussão desses assuntos", acrescentou.


"Para evitar que a crise (financeira) se repita, (os presidentes) reiteram a necessidade de se (...) auxiliar na reforma da arquitetura financeira global e promover princípios comuns para a reforma dos regimes reguladores e institucionais dos mercados", assegura declaração conjunta divulgada após o encontro de hoje.


Sarkozy comentou ainda que a Europa trabalhará com o Brasil "em futuras iniciativas relativas à Organização Mundial do Comércio (OMC)".


"Acreditamos na liberdade do comércio e não queremos o protecionismo", comentou a respeito.


"Temos de trabalhar juntos na OMC. Nós, como chefes de Estado, temos de assumir a responsabilidade" para levar adiante a Rodada de Doha, acrescentou o presidente francês.


"Coincidimos sobre a importância de se concluir a Rodada de Doha e de se fortalecer o sistema mundial de comércio", disse Lula sobre o tema.


Ambas as partes, completa a declaração conjunta da reunião de hoje, dizem estar dispostas a "encontrar soluções que promovam a conclusão bem-sucedida e equilibrada da rodada".


Tanto o presidente da França como o da CE destacaram a enorme convergência que existe entre Brasil e UE em temas da agenda internacional.


"Diante de uma agenda na qual temos grandes coincidências, decidimos trabalhar juntos para combater a crise financeira e os efeitos da mudança climática", avaliou Durão Barroso.


Os presidentes se comprometeram também a trabalhar em conjunto para ajudar a conquistar um resultado ambicioso na luta contra a mudança climática no próximo ano. 

China pede que OMC crie grupo de especialistas para investigar medidas anti-subsídio e anti-dumping dos EUA

A China pediu ontem (22) que a Organização Mundial do Comércio (OMC) crie um grupo de especialistas para avaliar a legalidade das medidas anti-subsídio e anti-dumping adotadas pelos EUA contra produtos chineses como tubos de aço padronizados e tubos de aço retangulares.

Numa reunião para solução de conflitos, o representante chinês na OMC, Lu Xiankun, apontou que as medidas dos EUA levantaram uma série de dúvidas em relação à organização. A China está especialmente preocupada com a conformidade das medidas em relação aos regulamentos da entidade.

Lu afirmou que a China já expressou a sua preocupação aos EUA em diversas ocasiões, sem que uma solução tenha sido apresentada pela outra parte. Em vista desta situação, a China não tem outra opção senão exigir que a organização para solução de conflitos designe um grupo de especialistas para investigar o assunto.

Na reunião, os EUA impediram a criação do grupo de especialistas. No entanto, caso a China volte a formular o pedido na próxima reunião, o grupo de especialistas vai ser criado.

Fonte: http://portuguese.cri.cn/101/2008/12/23/1s100764.htm

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Carvão vegetal seqüestra 16 toneladas de CO2

Ambientalistas ainda não conseguem fazer projeções sobre o que vai representar a crise mundial para as emissões de gases que causam o aquecimento global. Se, por um lado, queda na economia pode significar redução nas emissões, via produção menor, por outro, há o risco de a busca por custos menores representar também a opção por fontes mais poluentes de energia, por exemplo, por serem mais baratas. O equilíbrio para países emergentes como o Brasil poderia vir da opção pela produção limpa, subsidiada por recursos advindos, por exemplo, de créditos de carbono.

Um estudo do professor Omar Campos Ferreira, anterior à crise financeira mundial, mas muito atual, é o exemplo que pode ser seguido, ao comparar as emissões de gases-estufa na siderurgia com uso de carvão vegetal, mais caro, mas altamente benéfico ao meio ambiente, e carvão mineral, mais barato, porém com graves danos, por não ser fonte renovável de energia e porque contribui muito para as mudanças climáticas.

"Há informações de que a cidade mineira de Sete Lagoas reduziu em 90% a produção de ferro-gusa, por causa da crise que atingiu fortemente a indústria siderúrgica", informa Ferreira, aposentado pela engenharia nuclear da Universidade Federal de Minas Gerais e hoje professor a PUC-MG. O carvão é componente básico na fabricação de gusa e a dúvida é se, diante de dificuldades financeiras, essas siderúrgicas vão escolher o carvão mineral como insumo. Hoje, calcula Ferreira, a produção se faz meio a meio, com queima do carvão vegetal e mineral.

No trabalho, Ferreira informa que enquanto o coque (carvão mineral) emite, desde sua extração até a queima nos fornos siderúrgicos, 1,65 tonelada de dióxido de carbono (CO2), o principal gás de efeito estufa, e fixa 1,53 tonelada oxigênio por tonelada de aço produzida, o carvão vegetal seqüestra 16,33 toneladas de CO2 e regenera a mesma quantidade de oxigênio por tonelada de aço. Adicionalmente, afirma, a rota do coque ainda libera 7 quilos de óxido de enxofre (SO2), emissão praticamente inexistente na rota do carvão vegetal.

O carvão vegetal a ser usado é o de florestas plantadas de eucalipto que, com cortes em 7, 14 e 21 anos, "sem necessidade de replantio (rebrota), mantém-se um estoque permanente de madeira em pé, enquanto perdura a produção da siderúrgica, correspondente aos 6 anos de crescimento da planta". Segundo o professor, as condições singulares do Brasil mostram que o País pode liderar "um movimento no sentido do estabelecimento do sistema de bônus pelo seqüestro de carbono¿.

O mecanismo de desenvolvimento limpo (MDL) previsto no Protocolo de Kyoto, acordo global para combater a emissão de gases de efeito estufa, contempla substituição de fontes de energia na produção siderúrgica, com a exigência de que o carvão vegetal tenha origem certificada, de florestas plantadas e não fruto de derrubada de matas nativas.

DiárioNet

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Jornalista brasileiro é nomeado presidente de órgão da Unesco para Comunicação

Por Ana Luiza Moulatlet/Redação Portal IMPRENSA

O jornalista e professor Rosental Calmon Alves, diretor do Centro Knight para Jornalismo nas Américas na Universidade de Austin, no Texas, foi eleito para a Presidência da Orbicom. Trata-se de uma rede que congrega todas as Cátedras de Comunicação mantida pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura.

A junta de diretores da entidade reúne líderes internacionais em comunicação, que escolheram Alves por unanimidade. Tais líderes são devotados para atingir justiça social, democracia e boa governança. Alves sucede nos próximos dois anos o suíco Alain Modoux, e vai trabalhar com o secretariado da organização, em Montreal, no Canadá, coordenando os esforços da rede de comunicação, especialmente em pesquisas de fluxo de comunicação globais.

Há quatro anos ocupando a Cátedra da Unesco na Universidade de Austin, o jornalista afirmou ao Portal IMPRENSA que a eleição o deixou "muito satisfeito como um reconhecimento do trabalho que temos realizado na Universidade, principalmente na área de Jornalismo na Internet".

Segundo Alves, a Presidência da Orbicom será um trabalho paralelo, junto às responsabilidades como professor de Jornalismo, diretor do Centro Knight e uma série de conselhos de fundações e organizações internacionais ligadas ao Jornalismo.


Rosental Calmon Alves
"A Orbicom já vem realizando um longo trabalho de pesquisa e contribuindo para a discussão mundial sobre comunicação. Minha idéia [para este mandato] é ajudar os ocupantes das cátedras Unesco e os demais participantes da rede a prosseguir os projetos existentes e lançar outros, principalmente nas áreas onde há maior impacto da Revolução Digital na comunicação", declarou o professor.

Segundo ele, "estamos iniciando uma nova era, que só e comparável a outros momentos cruciais de transição para a humanidade, como foi por exemplo o caso da invenção da imprensa por Gutenberg, que transformou o mundo em tantos aspectos. É muito importante que possamos concentrar todos os nossos esforços no sentido de estudar os fenômenos atuais da comunicação, que surgem em conseqüência da Revolução Digital".

O jornalista explicou que o Brasil está muito bem representado na Orbicom, pois tem uma das mais ativas Cátedras Unesco em Comunicação em todo o mundo, ocupada desde 1994 por José Marques de Melo, "um dos mais respeitados pesquisadores e professores de Jornalismo da America Latina". "Como um dos países emergentes mais importantes, naturalmente o Brasil continuará no foco das atenções da rede", declarou.

Criada em 1994 pela Unesco e pela Universidade de Quebec, em Montreal, a Orbicom é uma rede com 250 membros associados de todo o mundo. A entidade trata, entre outros assuntos, de comunicação e desenvolvimento internacional; acesso, transferência e uso de novas tecnologias e desenvolvimento estratégico em treinamento de comunicação, resolução de conflitos e comunicação intra e inter institucional.

Conferência da ONU destaca plano brasileiro de redução do desmatamento

O plano brasileiro contra o desmatamento foi citado como exemplo na 14ª Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, em Poznan (Polônia). A Conferência, que teve a participação de mais de 190 países e terminou semana passada, destacou temas como a Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação (REDD), transferência de tecnologia entre países, financiamento de ações de mitigação e adaptação e metas quantitativas de redução de emissões de gases de efeito estufa.

Em evento paralelo promovido pelo governo brasileiro, foi apresentado aos participantes da Conferência o Plano Nacional sobre Mudança do Clima e o Fundo Amazônia. O objetivo foi demonstrar a relação entre os dois instrumentos para a redução do desmatamento.

Durante discurso na Conferência, o ex-vice-presidente dos EUA, Al Gore, elogiou o fato de o Brasil ter se comprometido com metas de redução do desmatamento. “O Brasil propôs um impressionante plano para enfrentar o desmatamento", disse. Ainda no evento, o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-Moon, afirmou que o Brasil "construiu uma das economias mais verdes do mundo". 

Lançado em 1º de dezembro deste ano, o plano brasileiro para o clima foi elaborado por 17 ministérios e contou també4m com a participação popular. A iniciativa prevê a redução dos índices de devastação em 40% no primeiro quadriênio, 30% no segundo e 30% no terceiro, o que equivale a 4,8 bilhões de toneladas de dióxido de carbono (Co2) a menos na atmosfera. 

O plano também aponta outras medidas a serem tomadas nas áreas de produção de energia elétrica, álcool, biodiesel e carvão. A secretária de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental do Ministério do Meio Ambiente, Suzana Kahn, destacou a importância de o País manter sua matriz energética majoritariamente renovável. "Hoje, 77,3% da nossa matriz é de hidroeletricidade".

Fundo Amazônia - O diretor do Serviço Florestal Brasileiro, Tasso Azevedo, apresentou o Fundo Amazônia, criado em agosto de 2008 com o objetivo de captar doações para investimentos em ações de combate ao desmatamento e a promoção da conservação e do uso sustentável das florestas no bioma amazônico. A expectativa é de que até 2021 o Brasil consiga captar com o fundo cerca de US$ 21 bilhões de recursos, nacionais e estrangeiros. 

Em sessão promovida pelo Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, durante a Conferência, o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, afirmou que é necessário que os países desenvolvidos cheguem a um acordo com os países em desenvolvimento para definir os mecanismos de financiamento internacional de combate ao efeito estufa.“Queremos que o G-20, em sua próxima reunião, avance nesses mecanismos de financiamento". 

Segundo o ministro, as transferências de recursos podem ter simultaneamente vários modelos. Um deles seria um Fundo Público Voluntário para redução de emissões por desmatamento e degradação e para conservação. Para ele, sem o aporte significativo de recursos financeiros dos países desenvolvidos é impossível reorientar o desmatamento ilegal para uma economia sustentável. Como modelo para essa iniciativa, citou o Fundo Amazônia. "Os recursos somente serão utilizados caso no ano anterior o desmatamento tenha sido reduzido em relação à média dos dez anos anteriores, e comprovado por cientistas independentes", explicou.

COP-14 - O encontro de Poznan, na Polônia, é mais uma jornada de negociações entre os países para definir um acordo substituto ao Protocolo de Kyoto - que atualmente regula as emissões de gases de efeito estufa e vence em 2012 - e pretende avançar em decisões para a próxima reunião em dezembro de 2009, em Copenhagen (Dinamarca), prazo final para se chegar a um novo acordo global sobre o clima.

Criado em 1997, o acordo de Kyoto determina que as nações industrializadas devem reduzir, até 2012, as emissões de gases de efeito estufa em aproximadamente 5% em relação aos níveis registrados em 1990. Para o próximo período de compromisso, a expectativa é de que as metas sejam mais ambiciosas.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Evo Morales anuncia o fim do analfabetismo

Jornal do Brasil

LA PAZ - O governo boliviano anunciou o fim do analfabetismo no país e planeja agora ajudar o Paraguai e a Nicarágua a alcançar a mesma meta. O objetivo de colaborar com esses países foi divulgado pelo ministro venezuelano de Educação, Héctor Navarrona, em Cochabamba, como medida relacionada à Alba (Alternativa Bolivariana das Américas), já que foi alcançada com a cooperação da Venezuela e de Cuba.

– Missão cumprida diante do povo boliviano e do mundo inteiro – exclamou o presidente da Bolívia, Evo Morales, ao lembrar que erradicar o analfabetismo sempre foi um de seus objetivos desde que era candidato.

Numa festa realizada no sábado em Cochabamba, da qual também participou o presidente do Paraguai, Fernando Lugo, cerca de 5 mil pessoas, muitos deles cubanos e venezuelanos, se concentraram em um complexo poliesportivo para celebrar o fim oficial do analfabetismo no país. O líder paraguaio destacou que a Bolívia é o terceiro país da América Latina, após Cuba e Venezuela, a alcançar um dos Objetivos do Milênio das Nações Unidas.

– Quando cada paraguaio, cada boliviano, cada argentino e cada brasileiro puder escrever com próprio punho a história de seu futuro ninguém mais poderá roubar deles a esperança – disse o paraguaio.

Lugo também afirmou receber com muita alegria a proposta de Morales de estender o projeto ao Paraguai, o que qualificou de desejo generoso do líder boliviano. No sábado, o governo da Bolívia anunciou oficialmente o início dos trabalhos de cooperação com o vizinho em uma campanha de alfabetização.

– Cuba fez isso com a Venezuela, Venezuela e Cuba fizeram com a Bolívia, e agora cremos que é uma obrigação nos incorporarmos a esses processos onde a experiência boliviana pode ser útil – disse o ministro da Educação, Roberto Aguilar. – O presidente Morales já está vendo os mecanismos para ajudar o Paraguai.

A Bolívia, usando o método audiovisual cubano “Eu posso” e contando com apoio financeiro da Venezuela, alfabetizou em 33 meses quase 820 mil pessoas –10% da população. O programa de alfabetização, que Morales transformou em um assunto de Estado, recebeu a doação de 3 mil televisores e videocassetes de Cuba, além de 8 mil painéis geradores de energia para que se pudesse chegar à área rural.

Cerca de 80% dos alfabetizados pelos quase 50 mil facilitadores foram mulheres, majoritariamente indígenas da área rural, o que para o ministro boliviano de Educação, Roberto Aguilar, demonstra a exclusão à qual estiveram condenadas. Participaram do programa praticamente a totalidade dos iletrados do país nos mais de 50 mil pontos de alfabetização que foram instalados por todo o país e que resultaram em um índice de alfabetização de 96% da população.

O “Eu posso”, segundo explicou o embaixador cubano na Bolívia, Rafael Dausá, se caracteriza também por ser uma versão adaptada à realidade e necessidades do país. Segundo números oficiais, 13,6 mil pessoas foram alfabetizadas no idioma quíchua e quase 25 mil em aimará. Entre as lembranças mais comentadas está o fato de que inclusive crianças se tornaram alfabetizadores como foi o caso de Tupiza, povoado do departamento (Estado) de Potosí, no sul, onde houve um alfabetizador de 8 anos e uma de 12, segundo o ministro Aguilar.

Apesar de ser um dos países mais pobres do continente junto com Guiana e Haiti, após a campanha que custou US$ 36 milhões, a Bolívia atingiu um marco histórico na frente de potências econômicas da região como Brasil, Argentina e México. Entretanto, o anúncio foi julgado com cautela por alguns analistas, que consideram que o ensino foi muito elementar, e é apenas um passo prévio para a alfabetização total.

Na celebração de sábado, também estiveram o diretor da Unesco para a região andina, Edouard Matoco, e o ex-chanceler argentino Dante Caputo, representando a Organização dos Estados Americanos (OEA). O vice-presidente do Conselho de Ministros de Cuba, José Ramón Fernández, a titular de Educação desse país, Ena Elsa Velásquez, e seu colega venezuelano Navarro também compareceram.

Direitos Humanos: crianças e mulheres violentadas em Serra Leoa

   A violação de mulheres e crianças era uma prática sistemática durante a brutal guerra civil em Serra Leoa, tanto pelos rebeldes, como pelas forças do governo. Um acordo de paz pôs fim ao conflito, em janeiro de 2002, mas, não a esse crime. "As violações aumentaram de maneira assustadora desde o final da guerra civil há dois anos", disse Amie Tejan-Kellah, do Centro Arco-Íris, que dá assistência a mulheres vítimas de crimes sexuais. "Nosso centro atende centenas de casos nas províncias do leste do país, bem como no ocidente", explicou. A organização, com sede em Freetown, fornece às mulheres tratamento médico, ajuda psicológica e assessoria legal. "É algo que desanima. Acabamos de ajudar 198 vítimas no distrito de Kenema, no leste, e aqui em Freetown. Nossa cliente mais jovem tem três meses e meio", ressaltou.
   A polícia de Serra leoa parece compartilhar da preocupação do Centro Arco-Íris, pois estabeleceu 24 Unidades de Apoio à Família em todo o país para investigar e prevenir as violações. "Essas unidades são uma espécie de equipes especiais que seguem os passos dos violadores. Estou seguro de que reduziremos a violência sexual", disse à IPS o oficial de polícia encarregado dessas unidades, Simeon Kamanda. "A polícia resolveu recentemente 58 casos de violação e os apresentou à Justiça. Em particular, colaboramos em julgamentos que culminaram com 19 condenações com penas entre seis e 22 anos de prisão", acrescentou.
   O Centro Arco-Íris uniu forças com Kamanda e com o Ministério do Bem-Estar Social, Gênero e Infância para ajudar mulheres violentadas ou vítimas de outras formas de violência. Até esta data, capacitou 150 funcionários em escolas de todo o país, que tem 4,8 milhões de habitantes. Por outro lado, o Fórum de Educadoras Africanas (FASE, sigla em inglês também estar preocupado com o alto índice de violações no país, e por isso criou escolas especiais para meninas e meninos vítimas desses crimes. "Esta causa vale a pena. Muitas dessas meninas têm traumas, e nosso trabalho é reabilitá-las", disse a diretora da FAWE, Christina Thorpe, ex-ministra de Governo de Serra Leoa.
   O Fórum é uma organização não-governamental que trabalha em 30 países africanos para reformar políticas públicas e garantir o acesso à educação em todo o continente. Alguns dos alunos das escolas criadas pelo FAWE em Serra Leoa foram escravos sexuais dos rebeldes ou das milícias do governo. A guerra civil nesse país da África subsaariana começou em 1991, quando a Frente Unida Revolucionária (RUF), apoiada desde a Libéria pelo então presidente Charles Taylor, lançou uma ofensiva para derrubar o governo e reter o controle das zonas produtoras de diamantes. O conflito deixou 75 mil mortos.
   "Na maioria dos casos de violação denunciados neste país as vítimas são meninas e meninos com idades entre seis e 16 anos, e 40% deles já haviam sido atacados antes", disse o sociólogo Michael Tommy. "A maioria dos responsáveis é de adultos que enganam as crianças oferecendo balas, dinheiro ou, simplesmente, as intimidam. Creio que devem ser tomadas medidas mais severas contra esses desalmados", acrescentou. Por sua vez, o Ministério do Bem-Estar Social trabalha com a Comissão de Reforma de Leis para fortalecer as normas referentes à Proteção dos direitos das meninas e dos meninos. O promotor-geral de Serra Leoa, Abdulai Timbó, destacou a necessidade de aumentar as penas para os violadores. O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento anunciou que dará ajuda financeira ao sistema judicial de Serra Leoa para garantir que os processos contra os violadores tenham maior rapidez. 
   Nas ruas, a indignação é cada vez maior. Os violadores "deveriam ser castrados. É um crime abominável. Creio que se deve ser estipulada nenhuma fiança quando são levados ao tribunal", disse Musu Mansaray, mãe de uma menina de 12 anos violentada em Freetown. Por sua vez, a professora Bassie Sesay afirmou que "o único lugar para os violadores é uma prisão de segurança máxima. Convivemos com essa ameaça por muito tempo. Durante a guerra civil nossas crianças eram seqüestradas. Agora há paz, e as autoridades devem agir com toda firmeza", acrescentou. Em junho foi criado em Freetown um tribunal especial, com apoio da Organização das Nações Unidas, para julgar as violações dos direitos humanos cometidos durante a guerra civil. Mas, os principais responsáveis nunca passaram pelo tribunal. O líder do RUF, Foday Sankoh, morreu por causas naturais antes de ser julgado, e Taylor está exilado na Nigéria. (IPS/Envolverde)

Secretário Geral da ONU vai visitar a Birmânia novamente, quando o momento estiver certo


Nações Unidas, 6 de dezembro de 2008

O Secretário Geral da ONU Ban Ki-moon tem expressado uma crescente frustração com o governo militar na Birmânia, convocando mais uma vez a sua liderança para libertar todos os prisioneiros políticos e começar um diálogo genuíno com a oposição. O secretário Geral convocou uma reunião na última sexta-geira com representantes de vários países que são considerados amigos no grupo de Mianmar. Mianmar é o outro nome pela qual a Birmânia é conhecida.

Ele disse no último encontro do grupo em Setembro que há uma crescente frustração entre ele e alguns membros de que os seus esforços ainda não deram resultado. "O governo de Mianmar declarou oficialmente que uma cooperação com a ONU é um importante pilar em sua política externa. Nós aceitamos isso de bom grado e esperamos poder continuar e esperar ações concretas da parte deles para implementar seus compromissos".

A reunião do grupo vem dias depois que 112 ex-presidentes e primeiros ministros de todo o mundo enviaram uma carta ao secretário-geral pressionando-o a fazer uma viagem à Birmânia para se assegurar da libertação de todos os prisioneiros políticos até o fim desse ano.

Grupos de direitos humanos dizem que ainda se tem mais de dois mil "prisioneiros de consciência" nas prisões da Birmânia.

O Sr. Ban disse aos repórteres após uma reunião privada que, apesar dele estar pronto para retornar a Birmânia para continuar as discussões com a liderança em relação a questões humanitárias e políticas, o tempo teria que estar certo. "Nesse momento não é apropriado para realizar a minha viagem para lá. Mas eu me comprometo e estou pronto para fazê-la a qualquer hora sempre que eu tiver expectativas razoáveis de que a minha visita será produtiva e significante".

O Sr. Ban visitou a Birmânia e se encontrou com líderes após o Ciclone Nargis ter devastado o país em Maio. Seu enviado especial, Ibrahim Gambari, já fez quatro visitas ao país no ano passado. A sua última viagem foi amplamente criticada por não ter conseguindo quaisquer resultados.

O Secretário Geral convocou todos os países que tem influência com o governo da Birmânia para usa-la, e fazer com que o governo respeito os seus compromissos.


Margaret Besheer
Fonte: VOA News






Os Contras da Clonagem Humana

Os Contras da Clonagem Humana

Foram necessárias 276 tentativas para a duplicação da ovelha Dolly. Recentemente, uma gata doméstica chamada Cc foi clonada, após 87 tentativas – menos que no caso de Dolly, mas ainda apresentando uma média baixa de sucesso. (Veja o artigo: Conheça Cc, o primeiro animal doméstico clonado). Será que a sociedade permitiria a morte de tantos embriões e de recém-nascidos até que a tecnologia da clonagem se aperfeiçoasse? O próprio Ian Wilmut disse que os projetos de clonagem humana são um crime irresponsável. A tecnologia de clonagem está ainda em seus estágios iniciais, e quase 98% das tentativas de clones não obtêm sucesso. Os embriões geralmente não são adequados para serem implantados no útero, ou morrem durante a gestação ou pouco antes do nascimento.
Os poucos clones que sobrevivem ao processo costumam não ter vida longa ou saudável. Normalmente têm problemas com órgãos tais como o coração, sofrem de sistema imunológico fraco e morrem pouco após o nascimento. É quase certo que o mesmo venha o ocorrer com os primeiros clones humanos. As crianças poderiam morrer no parto, nascer com deficiências físicas, e provavelmente faleceriam prematuramente. Pode nossa sociedade permitir o sofrimento dos primeiros clones humanos para colher os benefícios quando a clonagem estiver aprimorada? Esta provavelmente é a questão mais difícil a respeito da clonagem humana.
Também existe a polêmica de que a clonagem de seres humanos produziria bebês planejados. As crianças se tornariam como qualquer outra comodidade que adquirimos: tamanho, cor e outros traços seriam pré-determinados pelos pais. O mistério da individualidade humana seria uma coisa do passado. Ademais, crianças que forem clones de pessoas que já faleceram poderão ser consideradas meramente a continuação da vida daqueles que já se foram.
Porém, deve-se lembrar que clonagem humana não significa ressurreição. Um clone pode ser idêntico a um ser humano clonado, mas isto não significa que são a mesma pessoa. Irmãos gêmeos, por exemplo, são duas pessoas diferentes. Se um gêmeo morresse, nenhum pai ficaria intocado porque uma pessoa fisicamente idêntica permanece viva.
Sempre há uma questão religiosa relativa à clonagem de seres humanos. Muitos acreditam que a criação de vida é assunto exclusivo do Criador. Eles acreditam que a vida é uma dádiva Divina, que deveria estar além dos poderes humanos. A Igreja acredita que a alma é criada no momento da concepção, e por isto o embrião merece proteção. Para aqueles que concordam com a Igreja, a tecnologia não-aperfeiçoada da clonagem significa assassinato em massa.
Quando a possibilidade de duplicar seres humanos foi anunciada, muitos temeram que vilões de nossa história seriam trazidos de volta à vida. Mas, a não ser que acreditemos que o mal está presente no gene de uma pessoa, isto não é um motivo de preocupação. Como discutimos acima, a clonagem somente duplica o corpo, não necessariamente o caráter ou personalidade de uma pessoa. A mesma pessoa não voltaria ao mundo, e sim alguém fisicamente idêntico seria criado.
A clonagem de seres humanos pode causar graves efeitos em nossos relacionamentos familiares. Um pai pode ter um filho idêntico a ele, e estar feliz com o fato, mas como isso afetará a relação entre filho e mãe? Ele crescerá e ficará igual a seu pai – o homem pelo qual ela se apaixonou e com quem se casou. O mesmo também vale para uma filha que nasceria fisicamente idêntica à sua mãe. Como isso afetaria o seu relacionamento com o seu pai? Ao analisar os prós e contras da clonagem humana, temos que pensar como isto afetaria outras pessoas em nossa sociedade. Um outro exemplo: um casal tem um filho clonado igual ao pai, e o casal eventualmente se divorcia. A esposa agora odeia seu ex-marido, mas seu filho é fisicamente idêntico ao homem que ela menospreza. Como isso influirá em seu relacionamento?
Todos nós devemos analisar as possíveis conseqüências da clonagem humana, pois ela é sem dúvida, uma das mais controversas e revolucionárias novidades da nossa história.