Enquanto milhares de monges Budistas cantavam "democracia, democracia" em Mianmar, que muitos ainda lembrar carinhosamente como Birmânia, "petróleo, petróleo" deveriam ser as palavras pronunciadas pelos líderes mundiais contemplando em como responder ou o que fazer com os eventos que se desenrolam no empobrecido país asiático. Quem disse que é a preocupação da humanidade pelo próximo que leva à intervenção humanitaria? Os pedidos de um povo oprimido só importam quando servem ao poder intervencionista. Nenhum país quer arriscar enviar suas forças armadas para libertar os oprimidos em outro país a não ser que benefícios econômicos estejam associados com tal ação.
A situação em Mianmar certamente pede uma intervenção internacional. Os gritos por liberdade do povo Mianmarense - liberdade de uma opressão formada por uma junta corrupta até o seu núcleo. Mas não terá intervenção militar - a lá Operação "Iraq Freedom". Uma das justificativas usadas pela administração Bush para defender a sua invasão ilegal do Iraque foi que o povo iraquiano estava sendo oprimido e precisava ser libertado. Mas tais afirmações não eram nada mais que uma tentativa de uma superpotência arrogante de adicionar um véu de moralidade para seus atos descaradamente imorais.
O povo de Mianmar também quer democracia. Mas por que não tentaram criar uma coalizão internacional para intervir militarmente na Birmânia e introduzir a democracia? Por 42 anos, Mianmar tem estado sob o julgo de militares, mas os esforços da comunidade internacional em restaurar a democracia naquele país deixam muito a desejar. Em outras palavras, não houve nenhum esforço genuíno. Não terá enquanto a junta de Mianmar é protegida pela China uma potência nuclear e uma superpotência em ascenção.
Qualquer tentativa ocidental ou dos EUA de interver militarmente em Mianmar, como foi feito no Iraque, e nos Balcãs antes disso, vão desencadear um grande conflito, porque, para a China, Mianmar é uma propriedade muito querida para ser entregada para o ocidente em uma bandeja. China e Rússia expressaram a sua oposição em relação à imposição de novas medidas contra Mianmar em face de uma violência generalizada contra monges Budistas e ativistas políticos.
O Presidente George W. Bush em conferência a ONU na Quinta pediu novas sanções contra a Junta governante de Mianmar, e pediu uma pressão global para reformas democráticas para acabar com o "reino do medo" por ela imposto, que já dura décadas. Mas as medidas que ele anunciou - um enrijecimento de sanções econômicas já existentes e a expansão de um embargo contra a liderança vigente - parecem apenas fachada. Sanções econômicas vão certamente aumentar os apelos do povo miserável de Mianmar, que já foi uma vez tratado como a tigela de arroz da Ásia. Hoje, a sua renda per capita é de meros 175 dólares, muito menos do que seu vizinho, Bangladesh.
A liderança militar de Mianmar, General Than Shwe, um homem de 70 anos expert em operações psicológicas, poderia dar a sua filha um colar de diamante como presente de casamento, mas muitos Mianmarenses vivem abaixo da linha da pobreza. Eles tem acesso à eletricidade apenas duas horas por dia, apesar de Mianmar ser abençoado com o maldito líquido - petróleo - a causa de muitos conflitos dos dias de hoje.
O Ocidente, com seus olhos no petróleo, não vão agir com firmeza. Se o fizerem, só vão aumentar os laços da junta com a China. O povo de Mianmar diz que logo a China vai dominar o país. Eles chamam a China de "paizão". Em uma entrevista para o New York Times no ano passado, uma mulher disse que a China era uma boa amiga do governo de Mianmar, não de seu povo. "Eles são como irmão e cunhado," disse ela sobre os dois governos.
A Corrida pela energia
A junta se sente mais segura do que nunca porque eles sabem que todos os grande poderes querem um pedaço do petróleo. Nos anos 90, enormes bolsões de gás natural foram encontrados em Mianmar, que também possui vastas reservas de petróleo além da costa.
A descoberta de petróleo e gás mudaram a maneira das potências globais e regionais de olharem ou de agirem com Mianmar. E verdade que desde que começou a corrida pela energia, os poderes regionais e ocidentais tem tentado criticar Mianmar pela sua ficha de direitos humanos. Mas tais críticas terminam sem efeito. Elas não são convertidas em ações fortes e significantes, como as que o Iraque de Saddam Hussein foi submetido, a um custo de meio milhão de crianças iraquianas mortas, por longos 12 anos. Ao invés de quaisquer ações militares em território humanitário, todos os poderes regionais e globais lutaram para assinar acordos de petróleo e gás com Mianmar. Até mesmo a Índia, a maior democracia do mundo, abandonou a sua política de apoiar os movimentos democráticos em Mianmar. Mesmo enquanto os monges budistas estavam levando os protestos para as ruas semana passada, o Ministro de Energia da Índia estava em Mianmar, negociando acordos de gás multibilionários.
A Cinha, é claro, tem a maior parte do bolo. Ela esta planejando a construção de uma grande usina em Sittwe, para mandar petróleo não so de Mianmar, mas do Oriente Médio para a China através de um novo óleoduto.
A administração Busg tem tentado isolar a China. Ela sabe que não pode fazer isso sem poderio militar. Então, ela está tentando incentivar ações internacionais e apoiando o movimento pró-democracia liderado por Aung San Suu Syi, o nomeado ao Prêmio Nobel da Paz que tem passado os últimos 17 anos em prisão domiciliar. Ano passado, no encontro da APEC em Hanoi, o Presidente Bush falhou nos seus esforços de obter apoio dos países do pacífico asiático para condenar a junta pois, além da China, países como Cingapura, Malásia, Indonésia, Austrália, Tailândia e Canadá não queriam antagozinar o regime de Mianmar e perder seus acordos comerciais. A China, especificamente, trata a região como o seu domínio. O sudeste asiático é para a China o que o Oriente Médio é para os EUA. Ela não vai permitir que outras super potências dominem a região. Do jeito que as coisas vão hoje, a China sente que seus interesses sejam melhores servidos sob uma junta militar.
A China provavelmente percebe que uma Mianmar democrática pode produzir uma série de mandantes que logo pagarão obediência à washington em retorno de dólares, Até lá, e a não ser que os chineses estejam certos de que a democracia vai produzir um regime pró-Pequim, eles vão proteger a junta, custe o que custar. Mas isso não significa que a China e junta de Mianmar bloquearam os outros atores de entrar no setor de energia. Sim, os EUA, a Inglaterra e a França estão todos lá. Incidentalmente, foram esses três países que, essa semana, assumiram preponderância moral para condenar as forças armadas de Mianmar e chamaram uma dura ação internacional.
Desde que Mianmar liberalizou seu código de investimento no final de 1988, ela atraiu seus maiores investimentos estrangeiros no setor energético. Entre essas companias que assinaram contratos de exploração de petróleo e gás com Mianmar estão a francesa Total SA, a Chevron dos EUA, a Petronas da Malásia, a PTT Exploration & Production PCL ta Tailândia, a Daewoo da Coréia do Sul, a Rimbunam Petronas Ltd das Ilhas virgens Britânicas, e a UNOG Pte Ltd de Cingapura. Mianmar ten assinado também contratos com companias da Índia, Austrália, Canadá e Indonésia.
Rússia também um ator importante
A França essa semana requisitou que a Total SA se retirasse de Mianmar. Mas a Inglaterra e os EUA tem evitado medidas similares. A França pode fazer isso pois os investimentos da Toal em Mianmar são uma porção insignificante de suas operações globais. Mas a gigante americana do petróleo, a Chevron, formalmente Unocal, não pode copiar a Total. A Chevron está desenvolvendo o campo marítimo de gás de Yadana. A inglaterra, enquanto isso, é considerada a segunda maiora investidora em Mianmar, sua antiga colônia.
Não é só a China e o Ocidente que jogam na política do petróleo. A Rússia também é um ator importante. Ano passado, o segundo em comando da junta militar de Mianmar visitou Moscou e assinou uma série de contratos de gás e petróleo com o governo e investidores privados. A Rússia também é uma importante exportadora de armas para Mianmar. A velocidade que a junta assina estes tratados com companias estrangeiras levaram a alegações pelo povo de Mianmar de que os mandantes - um Conselho Estatal de Paz e Desenvolvimento composto por 12 membros - estão se enriquecendo ao permitir que corporações multinacionais explorem a riqueza natural do país. Incidentalmente, é a decisão da junta de aumentar o preço do combustível em 500% que levou ao atual protesto por monges.
Então é mais uma vez a política do petróleo que molda as políticas de Mianmar e as internacionais. Os movimentos pró-democracia estão sendo esmagados e a juta está se divertindo com a falha dos EUA e outros grandes poderes de prevalecerem.
Global Policy forum
28 de Setembro de 2007
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