Conselho de Segurança e Ban Ki-moon condenam atentado de Damasco
NOVA YORK (AFP) — O Conselho de Segurança da ONU condenou, neste sábado, o atentado com carro-bomba que deixou 17 mortos, em Damasco, e pediu que os responsáveis sejam levados à Justiça.
Os 15 membros do Conselho "condenaram o atentado nos termos mais enérgicos", disse à imprensa o embaixador de Burkina Fasso, Michael Kafando, presidente do órgão neste mês.
"Destaca-se a necessidade de levar perante a Justiça os autores, organizadores, financiadores e patrocinadores desse ato de terrorismo e exorta-se todos os países a cooperar ativamente com as autoridades sírias, seguindo esse objetivo", acrescenta a declaração.
Em um outro comunicado, o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, "condenou duramente o atentado com carro-bomba nos arredores de Damasco hoje (sábado)" e pediu que "os autores desse crime sejam levados à Justiça".
No mais sangrento ataque na Síria desde os anos 1980, a detonação de um carro-bomba com 200 kg de explosivos matou 17 pessoas e deixou outras 14 feridas.
Segundo os meios de comunicação oficiais, o veículo estava estacionado em uma rua perto de um posto dos serviços de segurança, em um cruzamento que dá acesso ao aeroporto internacional de Damasco e ao túmulo de Sayyeda Zeinab, um lugar de peregrinação xiita.
"Dezessete pessoas morreram e 14 ficaram feridas", informaram a televisão e a agência de notícias Sana.
"Está claro que se trata de uma operação terrorista. Infelizmente, todas as vítimas são civis", afirmou na televisão o ministro sírio do Interior, o general Bassam Abdel Majid.
"A investigação dirigida pela unidade de combate ao terrorismo nos levará aos responsáveis pelo ataque", acrescentou.
O ministro sírio das Relações Exteriores, Walid Muallem, denunciou "um ato terrorista e criminoso" em declarações à rede de TV Al-Arabyia.
Muallem, que se encontrou neste sábado em Nova York com a secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, em paralelo à Assembléia Geral da ONU, lamentou que o "terror" tenha "aumentado após a guerra lançada pelos Estados Unidos contra o terrorismo".
Muitos dirigentes mundiais, como os presidentes francês, Nicolas Sarkozy, russo, Dmitri Medvedev, e libanês, Michel Sleimane, condenaram o atentado. Sarkozy efetuou em setembro a primeira visita de um chefe de Estado ocidental à Síria nos cinco últimos anos.
O Irã também condenou duramente o ataque. Citado pela agência Irna, o porta-voz da chancelaria, Hassan Ghshghavi, denunciou um ato "terrorista e desumano" e expressou as condolências do povo iraniano às famílias das vítimas.
"Condenamos este atentado e apresentamos nossos pêsames às famílias das vítimas", também declarou o departamento de Estado americano.
A televisão síria mostrou imagens de carros queimados, de vidros quebrados e de prédios danificados pela explosão.
"A força da deflagração me projetou para fora da minha cama. Achei que fosse um terremoto. Graças a Deus as escolas e as repartições públicas estavam fechadas hoje, o que evitou um massacre maior", relatou uma testemunha.
Outra testemunha, em estado de choque, contou que um de seus amigos, um general do Exército sírio de 53 anos e seu filho de 20 anos, morreu na explosão "quando estava indo para o trabalho".
Este é o ataque mais sangrento desde os anos 80, quando atentados como este eram cometidos pelos Irmãos Muçulmanos.
Os Irmãos Muçulmanos da Síria também condenaram "firmemente" o atentado deste sábado. O chefe deste movimento, Ali Sadreddin al-Bayanuni, no exílio, disse à AFP que o ataque "pode ter sido cometido por pequenos grupos extremistas" ou até "ser a conseqüência de um confronto entre diferentes serviços de segurança".
A Síria foi palco de vários assassinatos e incidentes nos últimos meses.
Em agosto, o general Mohamed Sleimane, responsável pela segurança do Centro de estudos e de pesquisa científica sírio, foi assassinado.
Em 12 de fevereiro, Imad Mughnieh, alto representante do Hezbollah, morreu na explosão de seu carro em Damasco.
Além disso, em julho, as autoridades reprimiram um tumulto na prisão de Saydnaya, uma das maiores do país. Elas acusaram "condenados por crimes de terrorismo e extremismo" de ter provocado a rebelião que deixou 25 mortos, segundo uma ONG.
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