quarta-feira, 30 de abril de 2008

Desafios da França na União Européia

  Em um desses dias frios em Paris, fui tomar chocolate quente com uma amiga brasileira e outra mexicana em um café. Estávamos conversando sobre política, quando o dono do bar(que também é garçon e caixa) entrou na conversa.Perguntamos a ele o que achava do presidente Nicolas Sarkozy, e ele respondeu que tinha votado nele. Ele foi a primeira pessoa que me respondeu isso aqui em Paris. Todas as pessoas, quando indagadas sobre ele, respondem sempre a mesma coisa: que é horrível e que não aguentam mais ouvir falar sobre ele e a Carla Bruni. Os jornais chamam Sarkozy de presidente "bling-bling": esse termo é ligado a dinheiro, que tudo que ele pensa é dinheiro, que ele só quer dinheiro. E, freqüentemente em seus discursos, ele diz que o povo francês tem que trabalhar mais para ganhar mais.

  Mas, voltando ao bar, o dono do estabelecimento nos disse que a vida anda difícil na França; e isso não foi só ele que disse, várias outras pessoas que moram aqui, de diferentes classes, me disseram que a vida aqui anda cara, tudo aqui anda subindo de preço, e mesmo para os turistas esse aumento do custo de vida é perceptível.O preço de alimentação e de alojamento cresceu em praticamente toda a Europa.O que reclamam os franceses é que os preços aumentam mas o salário continua o mesmo,pelo motivo do atual “congelamento” dos salários na França, devido entre outros fatores,ao dinheiro que sai dos países membros da União Européia para ajudar os países que recentemente aderiram a União, como Bulgária e Romênia.E além desse problema,outro fator incomoda os franceses, a desigualdade dos países na União Européia faz com que países como a França, tenham várias taxas e salários altos, comparados aos dos países que entraram recentemente, fazendo assim, com que muitas empresas instaladas no país prefiram esses países.

  Nessa mesma conversa com o dono do bar, o indagamos sobre a vida pós-euro. A resposta foi rápida: pior. A vida com o euro ficou mais cara. Ele disse que com o euro a vida triplicou. O preço que ele pagava pelo pequeno estabelecimento que têm, agora é o triplo,1.200 euros por mês. E o futuro não traz melhoras para os franceses e os europeus em geral: pelo menos nos próximos 10 anos parte do dinheiro vai continuar sendo utilizado para que os novos países da U.E. possam crescer e se eqüalizar aos outros. Só posso desejar Bonne Chance aos franceses.


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