sábado, 11 de julho de 2009

A sinuca de Obama

Eric Camara

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E se um presidente do Brasil decidisse ignorar esse papo de preservação e urbanizar, industrializar a Amazônia. Será que conseguiria se reeleger, visto que grande parte da população acha que a floresta deve continuar de pé?

O presidente Barack Obama está numa situação parecida, mal comparando. Veja só: ele quer dar uma guinada nos Estados Unidos, rumo a uma economia de baixas emissões, mas grande parte da população - 49%, segundo uma pesquisa recente do Centro de Pesquisas Pew e da Associação Americana pelo Progresso da Ciência - acha que o aquecimento global não é provocado pela atividade humana.

Ou seja: será que vale a pena para o presidente americano jogar seu peso político nessa causa? No momento em que o desemprego beira os 10%, será que apostar em uma "economia verde" seria uma decisão sábia politicamente?

Al Gore e os defensores da mudança dizem que é justamente essa guinada que vai tirar os americanos do buraco. E se não for?

Na reunião do G8 que acabou hoje em Áquila, na Itália, Obama foi criticado duramente por não ter "assumido a liderança" na luta contra as emissões nos países industrializados. Os mais exaltados dizem até que um possível acordo em Copenhague, em dezembro, ficou mais distante.

Isso porque os países ricos se recusaram a anunciar metas de redução de emissões até 2020, embora tenham aceitado o compromisso de não deixar o aquecimento global ultrapassar os 2ºC.

Os principais culpados por isso são os americanos. Afinal, o governo ainda nem conseguiu passar a sua lei de mudança climática pelo Congresso (falta o Senado), e mesmo se tivesse, o documento do jeito que está só prevê cortes expressivos nas emissões americanas a partir de 2050.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, líderes europeus, notadamente França e principalmente a Alemanha, também estão frustrados com Obama.

Parece sinuca de bico: como tirar o país da crise, aprovar mudanças que incentivem uma "economia verde", liderar o mundo nas negociações por um acordo pós-Kyoto e ainda manter vivo o sonho da reeleição?

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