sábado, 30 de agosto de 2008

Acordo Estratégico entre FRANÇA-BRASIL

20h32 Nesta quarta-feira, a Força Aérea Brasileira (FAB) recebeu os dois últimos aviões Mirage 2000, de um total de 12 já em uso, comprados da França. A entrega ocorreu na Base Aérea de Anápolis (GO).

Esses aviões farão a ponte até a chegada dos novos modelos que serão adquiridos através do projeto FX2 e que têm entrega prevista para 2015.

Durante o evento, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, confirmou que em dezembro os presidentes Lula e Nicolas Sarkozy irão assinar um acordo estratégico que vai permitir a ampliação da base industrial de defesa do Brasil.

Depois de voar por cerca de 50 minutos num Mirage, o ministro afirmou que o Brasil não vai mais realizar compras de prateleira e que as novas aquisições serão feitas com a garantia de transferência de tecnologia por parte dos fabricantes.

“Significa a importância de nós encerrarmos um ciclo, que é o ciclo do Brasil comprador. Agora nós deveremos começar um novo ciclo, que é o ciclo do Brasil Parceiro”, afirmou.

Jobim explicou que o Brasil deverá adquirir um pequeno lote inicial do avião escolhido e passar a desenvolver uma plataforma que participe da produção das unidades seguintes.

Segundo ele, “a nova estratégia de Defesa significa que nós seremos produtores”.

Participam da disputa do FX2 as empresas norte-americanas Boeing (F/A-18 E/F Super Hornet) e Lockheed Martin (F-35 Lightning II), a francesa Dassault (Rafale), a russa Rosoboronexport (Sukhoi SU-35), a sueca Saab (Gripen) e o consórcio europeu Eurofighter (Typhoon).

O ministro deixou claro que a transferência de tecnologia será fundamental na definição do modelo que vai operar no Brasil e lembrou que recentemente o governo dos Estados Unidos dificultou a remessa de componentes adquiridos para o Super Tucano, da Embraer.

Nelson Jobim elogiou a transparência da França e sua disposição de avançar neste projeto da mesma maneira que avançou no acordo para a transferência de tecnologia destinada à produção de um submarino brasileiro de propulsão nuclear.

No entanto, negou que haja decisão tomada em relação aos franceses para a aquisição dos novos aviões. “A partir de janeiro nós vamos abrir a discussão em relação ao FX. Evidentemente os franceses estão na concorrência, agora, tudo vai depender das conveniências ao Brasil”, afirmou.

Para o ministro, é fundamental que o Brasil tenha autonomia tecnológica e industrial para a consolidação da defesa. “O país que tem a capacitação nacional tem poder dissuasório real”, destacou.

Ele também fez questão de esclarecer que o fortalecimento da defesa do país não tem nenhuma causa específica.
“Não estamos organizando e transformando as Forças Armadas pela perspectiva de um inimigo ou de uma ameaça. Estamos transformando na perspectiva da capacitação”, afirmou.

O ministro lembrou que o país tem muitas riquezas a defender, como as áreas juridicionais de sua plataforma marítima, que somam 3,5 milhões de km2, e que deverão subir para 4,5 milhões. “São grandes riquezas. Só os leigos é que acreditam que não precisam estar capacitados para responder a qualquer ameaça”.

IV Frota

Nesta quinta-feira, Nelson Jobim participa de audiência pública na Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional do Senado, sobre a reativação da IV Frota da Marinha dos Estados Unidos.

Ele fez questão de afirmar que não há qualquer vínculo entre o fortalecimento da Defesa brasileira e a criação da IV Frota.

“Não vamos nos conduzir da perspectiva de que os Estados Unidos estejam nos conduzindo. Nós vamos nos conduzir dentro das nossas condições e da nossa perspectiva de capacitação”, ressaltou o ministro.

Ele explicou que a decisão do governo norte-americano não preocupa.

Segundo Jobim, “isso é uma decisão americana. O americano toma as decisões que bem quer. Nós não gostaríamos que as decisões que o Brasil está tomando agora no Plano de Defesa fossem objeto de objeções americanas. A autodeterminação dos povos é vital, e eu não vejo nenhuma dificuldade em relação à IV Frota. Fica nítido e claro que as relações com o Brasil continuarão sendo amistosas”.

Pré-sal

Nelson Jobim explicou que as Forças Armadas devem estar preparadas para defender a área do pré-sal, mas que não há preocupação exclusiva da Defesa com as reservas.

“Nós temos que nos lembrar que a América do Sul é a maior reserva de energia do mundo hoje, é a maior reserva de produção de alimentos e a maior reserva de água doce. Nós temos a Amazônia e o aqüífero Guarani. Isto basta para que nós tenhamos capacitação”, esclareceu.


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Fonte: www.inforel.org

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