terça-feira, 8 de junho de 2010

Iara Lee e Giora Balash: dois brasileiros

por Marcos Guterman

Seção: América Latina

Oriente Médio

05.junho.2010 18:52:20

A cineasta Iara Lee, única brasileira a bordo da “Flotilha da Liberdade”, descreveu sua experiência durante a abordagem da Marinha israelense, em texto publicado pela Folha. Sem ter visto o confronto, ela fez suas deduções como se a tudo tivesse testemunhado. “Ouvi tiros e temi pela vida dos meus companheiros de viagem. Mais tarde vi os corpos sendo carregados para dentro. Podia esperar que os soldados atirassem para o ar, ou nas pernas das pessoas, mas em vez disso vi que tinham atirado para matar.”

A frase mostra que ela não viu os soldados atirando, apenas ouviu. Em seguida, viu os corpos de seus “companheiros” sendo carregados. Isso foi o suficiente para que ela denunciasse, com a firmeza de quem assistiu a tudo: “Vi que (os soldados) tinham atirado para matar”. O problema é que Iara Lee não viu nada, como ela mesma admite. Não viu, por exemplo, soldados israelenses sendo espancados e esfaqueados. Ela apenas ouviu tiros e tirou suas conclusões, contaminadas por sua militância. A equação, para ela, era simples: soldados israelenses + tiros + corpos de pacifistas desarmados = massacre premeditado.

Como cineasta, ofício em que a imagem é tudo, Iara Lee deveria saber bem a diferença entre ver e não ver alguma coisa. Para ela, porém, parece que basta acreditar em algo para que isso se torne verdade. Resta só o trabalho de recolher “evidências” para fundamentar a crença.

De todo modo, pelo menos Iara Lee sobreviveu para contar o que acha que viu. Deu mais sorte que outro brasileiro, Giora Balash, assassinado pelo Hamas num atentado a bomba numa pizzaria em Jerusalém, em 2001. Balash não sobreviveu para contar o que efetivamente viu: a cara do terror.

domingo, 6 de junho de 2010

Israel reitera bloqueio a Gaza e desvia navio de ajuda

AE-AP - Agência Estado

Israel reiterou o bloqueio do acesso à Faixa de Gaza ao interceptar neste sábado outro navio de ajuda e desviá-lo para o porto de Ashdod. A ação durou poucos minutos e transcorreu sem violência. Os 11 passageiros e oito membros da tripulação serão deportados. Entre eles, Mairead Corrigan, que ganhou o prêmio Nobel da Paz em 1976, e o ex-coordenador de ajuda humanitária das Nações Unidas no Iraque, Denis Halliday, estavam a bordo.

A operação ocorreu quase uma semana após Israel abordar agressivamente uma frota de seis embarcações, também em águas internacionais. No confronto, forças israelenses abriram fogo contra ativistas de um navio turco, matando nove deles. Um relatório preliminar da autópsia revelou que houve um total de 30 disparos. Dentre as vítimas, cinco levaram tiros na cabeça e nas costas e um foi baleado de perto, de acordo com o relatório. Israel informou que os militares agiram em defesa própria contra o que descreveu como extremistas islâmicos.

Contudo, o incidente causou muita indignação internacional e intensificou as exigências para que o país suspenda a obstrução que confina 1,5 milhão de palestinos a um espaço mínimo de terras.

Por enquanto, os confrontos em águas marítimas devem continuar. Os organizadores da frota interceptada hoje disseram que planejam despachar mais três embarcações nos próximos meses e que quatro capitães já se dispuseram a participar das missões. "O que Israel precisa entender é que não se consegue nada com força", disse Greta Berlin, do grupo cipriano Free Gaza, que enviou o último navio de ajuda, o "Rachel Corrie".

Israel disse que bloqueará qualquer tentativa de alcançar a Faixa de Gaza pelo mar, de modo a impedir a chegada de armamentos para os militantes do grupo islâmico Hamas. "Israel...não permitirá o estabelecimento de um porto iraniano em Gaza", afirmou o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.

Ao mesmo tempo, o país sinalizou neste sábado que considera aliviar o bloqueio, embora as autoridades não tenham fornecido detalhes sobre o assunto. Israel e Egito fecharam as fronteiras de Gaza, depois que o Hamas tomou o território do presidente palestino, Mahmoud Abbas, três anos atrás. As informações são da Associated Press.



Tráfico de drogas é fortemente retomado na Guiné-Bissau

O tráfico de drogas foi fortemente retomado na Guiné-Bissau, onde o comércio de cocaína ameaça desestabilizar ainda mais um país que se recupera do assassinato do presidente e da subsequente tentativa de golpe de Estado, disseram autoridades. No começo do ano passado, os traficantes pareciam ter abandonado a pequena nação africana, após a atenção internacional se concentrar na punição e começar a colaborar com o treinamento da polícia local. Dezenas de ilhas inabitadas serviram como depósitos convenientes para as drogas da América do Sul, que transitam anualmente pelo país no caminho para Europa e movimentaram mais de US$ 1 bilhão em 2009.

"O tráfico de drogas foi novamente retomado" na Guiné-Bissau, afirmou Alexandre Schmidt, representante regional do Escritório de Drogas e Crime das Nações Unidas na África Ocidental, nesta semana. Este é um fenômeno preocupante em um país onde o dinheiro da droga serve apenas para incentivar autoridades militares, que há muito têm o habito de destituir líderes eleitos, acrescentou ele.

No ano passado, o presidente e o diretor das forças armadas foram assassinados, crimes que mal parecem ter sido investigados. Apesar da bem sucedida eleição de Malam Bacai Sanha três meses atrás, o primeiro-ministro e o chefe do exército foram detidos em abril em uma nova tentativa de golpe. O premiê foi liberado, mas está fora do país há um mês.

Em meio ao caos político, a comunidade internacional estava treinando autoridades policiais para investigar o tráfico de drogas na Guiné-Bissau, dobrando o tamanho da força para 160 homens. Mas o alcance ainda é limitado e Schmidt disse que os traficantes voltaram por causa da impunidade. Ele teme que o país seja uma "narco-economia", o que envolve sérias implicações: "Toda a desestabilização do governo está relacionada às drogas." As informações são da Associated Press.

sábado, 5 de junho de 2010

Sharp Increase in Lethal Violence in Darfur

posted by Alex de Waal

May 2010 saw the largest number of recorded violent fatalities in Darfur since the arrival of UNAMID in January 2008. According to the figures compiled by the Joint Mission Analysis Centre (JMAC), there were 491 confirmed fatalities and 108 unconfirmed but very probable fatalities during the month, about five times higher than the average for the last year.

The reason for the increase in violence is fighting between JEM and the Sudan Armed Forces, which accounts for 440 deaths. At the time of the ceasefire agreement signed in N’djamena in February (and subsequently in Doha), JEM was required to relocate inside Darfur and joint Sudanese and Chadian forces began patrolling the border. A large and well-equipped JEM force established itself at Jebel Moon. The ceasefire lasted two months, and after it collapsed, with no additional progress in the Doha talks, the fighting rapidly resumed, alongside GoS efforts to prevent Khalil Ibrahim from returning to the field. Unwilling to fight defensively, JEM preferred to go on the offensive. It was forced out of Jebel Moon and instead dispersed across Darfur and into parts of Kordofan, taking the war to these areas. The largest number of clashes has been in south-east Darfur but JEM has also been active in the vicinity of al Fashir.

Reports indicate that JEM has made alliances, possibly tactical and operational, with the SLA in Jebel Marra and with disgruntled Arab groups.

JEM forces have also been responsible for an upsurge in carjacking, capturing 13 vehicles. Among them were UNAMID supply trucks carrying fuel and other provisions. Cut off from its Chadian supply base, JEM is now resupplying itself from whatever resources it can find in Darfur and Kordofan, and UNAMID supplies are an attractive target.

Even without this, May would have been an above-average month for lethal violence, because of an increase in inter-tribal fighting in West Darfur, which caused 119 fatalities (monthly total for inter-tribal fighting: 126). The previous two months have actually seen even higher levels of inter-tribal violence, including fighting in the Kass-Jebel Marra area between the Missiriya and Nuwaiba Arab tribes. The repercussions of the collapse of the Suq al Mawasir pyramid scheme in al Fashir also have security repercussions, first in that the angry defrauded investors have been mobilizing to make their case to the authorities, and second in that commanders of armed groups had been profiting from the scheme and are now left without that source of easy income.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

5 BEST STORIES YOU MIGHT HAVE MISSED THIS WEEK

Posted by Laura Heaton for ENOUGH

Here at Enough, we often swap emails with interesting articles and feature stories that we come across in our favorite publications and on our favorite websites. We wanted to share some of these stories with you as part of our effort to keep you up to date on what you need to know in the world of anti-genocide and crimes against humanity work.

In a counter-intuitive move, the Sudanese government ordered the country’s main daily newspapers to print additional pages in each issue. Sudan is notorious for its lack of press freedom, so what’s the deal? One conclusion journalists in Sudan are drawing, according to Alsanosi Ahmed in a blog post for the LATimes: the government is trying to boost the revenue for the printing houses, many of which are owned by wealthy Sudanese businessmen with ties to the ruling party.

Marking the passage of the LRA bill in the U.S. Congress, a group of human rights defenders from northeastern Congo sent a direct appeal to President Obama (via Human Rights Watch) for attention to mounting LRA violence. The authors bravely included their individual names, making a personalized and powerful plea: “Your Excellency, this letter is a cry for help. We know the goodness of your heart and we know that you alone can bring a concrete, rapid and decisive response before our women and children are wiped out.”

Jason Stearns relays some interesting insights about Congolese and Rwandan intelligence agencies, particularly in the role they may have played in the assassination of Congo’s previous president (and the father of the current), Laurent Kabila. Stearns also shares some amusing anecdotes about Congolese spooks he has met.

The new documentary Benda Bilili! got rave reviews at Cannes this year, and BBC arts editor Will Gompertz’s take is particularly colorful. The film tells the story of a group of musicians in Kinshasa called Staff Benda Bilili, which means ‘beyond appearances.’ The band’s original members are paraplegic street musicians, who are joined by two young boys who play the drums and a homemade instrument fashioned from a tin can, a stick, and string. (No word yet on wider distribution, but here’s an audio clip from the band’s appearance on NPR last year.)

NBC’s Ann Curry interviewed actor Ben Affleck about his new organization in eastern Congo that will seek out and support local organizations. Affleck seems to be on point with his idea of empowering people who are already in the region doing great work, and he makes some earnest remarks about how he wishes that he had gotten involved in this work years ago.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Comunidade internacional critica ataque israelense à frota humanitária

Washington, EUA, 31 Mai 2010 (AFP) -O ataque de comandos israelenses contra a frota internacional que levava ajuda humanitária ao território de Gaza - no qual morreram 19 pessoas - foi alvo de críticas de toda a comunidade internacional.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, declarou estar chocado com o sangrento ataque israelense e pediu ao Estado hebreu que realize uma investigação a fundo sobre o fato.

"Estou chocado pelas informações de que há mortos e feridos nos barcos que levavam ajuda a Gaza", declarou Ban a imprensa em Campala, capital de Uganda, onde assiste à abertura de uma conferência sobre a Corte Penal Internacional.

"Condeno estas violências. É vital que se realize uma investigação completa", enfatizou.

Os Estados Unidos também lamentaram o ocorrido.

"Os Estados Unidos lamentam profundamente a perda de vidas humanas e o saldo de feridos, e atualmente tentam entender as circunstâncias nas quais aconteceu a tragédia", afirmou o porta-voz da Casa Branca, Bill Burton, em um comunicado.

A ação violenta aconteceu na véspera de um encontro em Washington entre o presidente americano Barack Obama e o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu.

O presidente francês Nicolas Sarkozy censurou o uso desproporcional da força contra a frota humanitária em Gaza e exigiu que esta tragédia seja esclarecida.

"Toda a luz deve ser lançada sobre as circunstâncias desta tragédia, que enfatiza a urgência de reativar o processo de paz israelense-palestino", afirmou o chefe de Estado francês.

O ministério das Relações Exteriores convocou o embaixador de Israel em Paris, Daniel Shek, para pedir explicações sobre o ocorrido.

Em Londres, o ministro das Relações Exteriores, William Hague, pediu ao Estado hebreu que ponha fim às "inaceitáveis e contraproducentes restrições impostas às ajudas encaminhadas ao território palestino".

"Há uma clara necessidade de que Israel atue com moderação e de acordo com as normas internacionais", declarou.

A Turquia, por sua vez, chamou para consultas seu embaixador em Israel. O vice-primeiro-ministro turco, Bulent Arinc, confirmou que a Turquia pediu uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU e anunciou ter ordenado também que os preparativos para as manobras militares conjuntas com Israel fossem anulados.

Já a Alemanha - país que raramente critica Israel -comentou que a letal intervenção israelense contra um comboio pró-palestino é, "à primeira vista, de caráter desproporcional", segundo o porta-voz do governo, Ulrich Wilhelm, .

"Os governos da Alemanha sempre reconheceram o direito de defesa de Israel, mas este direito deve acontecer dentro de uma resposta proporcional", disse Wilhelm em uma entrevista coletiva.

O presidente palestino Mahmud Abbas qualificou a ação de massacre e decretou três dias de luto.

"Teremos que tomar algumas decisões difíceis esta tarde", disse uma fonte do gabinete palestino, mas sem revelar quais as medidas.

A Autoridade Palestina também pediu uma reunião de urgência ao Conselho de Segurança da ONU para "debater a pirataria, o crime e o massacre israelense", nas palavras do principal negociador palestino, Saeb Erakat.

Por fim, o inimigo declarado de Israel, o presidente do Irã, Mahmud Ahmadinejad, denunciou o ataque do Exército israelense como "um ato desumano do regime sionista", informou a agência oficial Irna.

"O ato desumano do regime sionista contra o povo palestino e o fato de impedir que a ajuda humanitária destinada à população chegasse a Gaza não é um sinal de força, e sim de fragilidade deste regime", declarou Ahmadinejad.

"Tudo isto mostra que o fim deste sinistro regime fantoche está mais perto do que nunca", completou.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

EUA revelam pela 1ª vez total de ogivas nucleares

Seg, 03 Mai, 06h56

WASHINGTON (Reuters) - Os Estados Unidos divulgaram nesta segunda-feira pela primeira vez o tamanho do seu arsenal nuclear: 5.113 ogivas operacionalmente mobilizadas, mantidas na reserva ativa ou armazenadas de forma inativa.

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Segundo os dados divulgados pelo Pentágono, o arsenal nuclear do país chegou a 31.225 ogivas no ano fiscal de 1967, e desde então foi reduzido em 84 por cento.

Analistas dizem que os Estados Unidos, ao divulgarem esses dados durante a revisão de conferência do Tratado de Não-Proliferação (TNP), estão tentando enfatizar a redução do seu arsenal, de modo a convencer outros países a reforçar o regime de não proliferação nuclear.

O total revelado pelo Pentágono não inclui ogivas "aposentadas" ou destinadas ao desmanche, cerca de 4.600, segundo a ONG Federação dos Cientistas Americanos.

Washington anteriormente havia divulgado o número de ogivas estratégicas operacionalmente instaladas em 1.968 no fim de 2009, bem menos que as 10 mil de 1991. Esta é a primeira vez, no entanto, que o total geral é revelado.

O TNP tem o objetivo de impedir a disseminação de armas nucleares e encorajar a eliminação de arsenais existentes.

"É enormemente importante para os Estados Unidos conseguirem dizer: 'Olhem, estamos cumprindo nossas obrigações sob o TNP'", disse Hans Kristensen, diretor do Projeto de Informação Nuclear da Federação dos Cientistas Americanos. Só assim, segundo ele, Washington conseguirá convencer outros países a adotar novas medidas para limitar a proliferação.

Outros analistas, no entanto, acham que a divulgação da cifra pode ter efeito contrário, demonstrando que, duas décadas após o fim da Guerra Fria, os Estados Unidos ainda preservam milhares de armas nucleares.

"Acho que os Estados que estão mais preocupados com o desarmamento nuclear vão ficar mais focados no número que permanece, em vez do número (reduzido)", disse George Perkovich, diretor do Programa de Política Nuclear do Fundo Carnegie para a Paz Internacional.

Historicamente, o tamanho total do arsenal nuclear dos EUA era mantido em sigilo para impedir que adversários usassem essa informação para tentar neutralizá-lo de modo mais preciso. Para analistas, a manutenção dessa postura até agora era uma relíquia da Guerra Fria.

(Reportagem de Arshad Mohammed e de Phil Stewart)

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Reunião debate expulsão de ONGs em Darfur

6/03/2009
Representante da Grã-Bretanha disse que países-membros estão preocupados sobre decisão do governo sudanês de revogar atuação de 13 ONGs humanitárias.

Carlos Araújo & Mônica Villela Grayley, da Rádio ONU em Nova York*.

O embaixador britânico nas Nações Unidas, John Sawers, afirmou que os países-membros do Conselho de Segurança estão preocupados com a situação humanitária na província de Darfur.

Ele falou a jornalistas durante uma reunião do conselho, a portas fechadas, nesta sexta-feira, com representantes do Escritório de Assistência Humanitária das Nações Unidas, Ocha, depois da expulsão, pelo governo sudanês, de 13 ONGs em Darfur.

O embaixador do Sudão na ONU, Abdalmahmood Abdalhaleem Mohamad, disse que as agências expulsas estariam representando governos e que já era hora de o Sudão colocar ordem na própria casa.

Indiciamento

Mohamad afirmou que não entende como os países podem apoiar o indiciamento de um chefe de Estado em exercício e protestar pela expulsão do que ele chamou de "algumas ONGs irresponsáveis". Ele informou que teria recebido uma ligação da embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Susan Rice, para discutir o assunto.

O anúncio de expulsão das ONGs foi feito horas após o Tribunal Penal Internacional, TPI, emitir um mandado de prisão contra o presidente sudanês, Omar al-Bashir, por crimes contra a Humanidade e de guerra.

Para o embaixador da França, Jean-Maurice Ripert, as ONGs forneciam mais de metade da ajuda humanitária à população de Darfur.

Ele revelou que até 1,5 milhão de pessoas estavam agora em risco de não ter comida, acesso à agua e saneamento.

O embaixador da França disse que o Conselho de Segurança tinha apelado ao governo sudanês para respeitar os compromissos que assumiu na área humanitária.

Já o representante do Sudão afirma que outras agências como o Programa Mundial de Alimentos, PMA, continua a atuar no país e a distribuir comida a quem precisa em Darfur.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Henry Kissinger: "Arms control is not a bi-partisan issue, it is a non-partisan issue"

(via Nukes of Hazard blog)


Senate Committee on Foreign Relations Hearing: The Role of Strategic Arms Control in a Post-Cold War World (The New START Treaty)
May 25, 2010


On Tuesday May 25, Former Secretary of State and National Security Advisor Henry Kissinger testified before the Senate Foreign Relations Committee on the New START Treaty, unequivocally recommending the treaty’s ratification.

Secretary Kissinger is experienced in the field of arms control and nuclear security—he is author of Nuclear Weapons and Foreign Policy, he negotiated the first agreement to limit U.S. and Soviet nuclear weapons through the SALT I accord, and in 2007 he became one of the most well known figures to endorse the goal of creating a world free of nuclear weapons...

He referred to the New START Treaty as a continuation of decades of work by previous administrations and “a modest step forward” in “somewhat” reducing the number of nuclear weapons in the world and stabilizing American and Russian relations, both of which improve transparency and stability and support the current administration’s objectives. He emphasized the importance in continuing dialogue with the Russians, without which the world would be subject to the greatest dangers, devoid of regulation. He said this cooperative relationship is important for success in arms control as well as in solving other global concerns.

Secretary Kissinger emphasized repeatedly that the consequences of non-ratification, saying that this would signal to both allies and enemies abroad a change in American polity and a new inclination to use of nuclear weapons.

Secretary Kissinger brought up concerns that he said relate not to the text of the treaty, but to the international system in which the treaty will exist. He commented that when arms control started, the Soviet Union was a global enemy, but that today, war with Russia is a negligible danger. Similarly, when arms control began, the world was of a bipolar structure; today’s nuclear threat is multifaceted.

From these considerations, he gave two recommendations which he said should guide future nuclear discussions: today’s bilateral discussions should eventually be transformed into multilateral discussions, and tactical nuclear weapons must play a part of any future nuclear arms discussions.

Lastly he added that our goals should include: the elimination of the use of nuclear weapons by choice, the removal of any incentive to initiate nuclear war, and the elimination of the risk of war by miscalculation.

In response to Senate Committee member’s questions, substantive comments from Secretary Kissinger included:

•The treaty does not limit missile defense or modernization; “a robust program of modernization” should be part of these discussions.
•Modernization is a unilateral decision and taken by the Executive branch; as such, Republicans should not fear that this bilateral treaty limits our capacity to modernize.
•No one should ever envision a world with unlimited use of tactical nuclear weapons.
•We have enough nuclear weapons today to maintain deterrence.
•U.S. and Russian negotiations on nuclear weapons should become a pattern for the rest of the world.
•Agrees with Secretary Baker that we should not limit the flexibility of future Presidents in regard to missile defense, but in regards to the treaty this is “not important.”
•Agrees with Secretary Gates that the goal of our missile defense program is NOT to create an invulnerable defense, but to defend ourselves against rogue states and terrorist groups.
•In today’s international system, the U.S. would not gain by building more missiles than the Russians.
•In regards to Iran, the control of Iran’s behavior will be more important to Russian security than to American security, and Russia knows this.
•The argument for this treaty is not to placate Russia, but to improve American national security. It is in the American interest.
•The language in the NPR concerning the use of chemical and biological weapons by non-nuclear states is dangerous, and “incentivizes” states to pursue biological or chemical weapons programs.
•Arms control is not a bi-partisan issue, it is a non-partisan issue.

Secretary Kissinger concluded: “I recommend the ratification of this treaty.”

Especialistas discutem impacto dos biocombustíveis sobre a produção de alimentos e habitats naturais

Convenção Latino-Americana do projeto Global Sustainable Bioenergy (GSB) aconteceu na FAPESP, em São Paulo

A substituição de 25% da gasolina utilizada no planeta por biocombustíveis - dos quais o mais cotado é o etanol de cana-de-açúcar - poderá se tornar uma realidade, satisfazendo boa parte da demanda energética no futuro. Mas muita pesquisa ainda é necessária para calcular com exatidão o impacto desse novo cenário nas mudanças de uso da terra e, consequentemente, na economia.

Essas foram algumas das conclusões apresentadas nesta quarta-feira (24/3) por especialistas em bioenergia na Convenção Latino-Americana do projeto Global Sustainable Bioenergy (GSB), realizada na sede da FAPESP, em São Paulo.

O principal desafio proposto pelo GSB consiste em responder, de forma consistente, se é possível substituir 25% do petróleo utilizado no setor de transportes por biocombustíveis, sem comprometer a produção de alimentos e os habitats naturais.

Para Roldolfo Quintero, professor da Universidade Autônoma Metropolitana (México), um grande número de estudos, levando em conta diferentes cenários, indica que é possível realizar a substituição de 25% de biocombustíveis em todo o mundo.

"Acredito ser mesmo possível atingir essa marca com um esforço científico que aumente a produtividade dos insumos utilizados para fazer o biocombustível. É necessário, no entanto, que nos afastemos das culturas empregadas na alimentação. Entre os biocombustíveis, o etanol é a melhor opção, mas o etanol feito de milho não é, definitivamente, uma boa resposta para o problema", disse.

Segundo Quintero, há um consenso geral em relação à capacidade dos biocombustíveis para contribuir com a segurança energética, com a mitigação das mudanças climáticas e com o desenvolvimento social e rural.

"Na minha opinião, o foco deve ser o etanol, que hoje corresponde a 77% da produção de biocombustíveis. Essa produção é liderada pelos Estados Unidos e pelo Brasil, que, juntos, dominam 81% dos biocombustíveis e 91% do etanol. No entanto, precisamos observar que a porcentagem de redução de gases de efeito estufa obtida com o etanol de cana-de-açúcar é expressivamente maior do que a obtida com o etanol de milho", disse.

Os questionamentos relacionados às mudanças no uso da terra provocadas pelo etanol - cuja produção poderia substituir o uso da terra para agricultura - são decorrentes unicamente do uso de milho para fabricação do biocombustível, na opinião do mexicano. "Só o etanol de milho ameaça a agricultura e a segurança alimentar", afirmou.

Segundo ele, os Estados Unidos são os maiores exportadores do mundo de milho, vendendo o produto para mais de 90 países. "Esses países importadores podem sofrer as consequências se a produção de etanol de milho tentar suprir a demanda mundial de etanol", disse.

O México, segundo Quintero, importa dos Estados Unidos 10 milhões de toneladas anuais de milho - o equivalente a um terço do consumo mexicano do cereal. "Em 2009, os Estados Unidos produziram 10,6 bilhões de galões de etanol, o que necessitou de 18 milhões de acres de plantio de milho, ou cerca de 21% da área total dedicada à cultura", afirmou.

Quintero acrescentou que o desenvolvimento tecnológico terá um papel crucial no futuro dos biocombustíveis. "A tecnologia tem muito potencial nesse campo. Se a segunda geração de biocombustíveis entrar em cena nos próximos anos, o cenário será consideravelmente alterado. Há grande progresso nesse sentido. O número de patentes relacionadas a biocombustíveis cresceu de 147, em 2002, para 1.045 em 2007. Já existem mais de 60 plantas piloto para testes com etanol celulósico em países como Brasil, Estados Unidos, Canadá, Espanha, Alemanha, Dinamarca, Suécia e Japão", destacou. Relevância da economia

Para André Meloni Nassar, diretor-geral do Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais (Icone), a utilização de modelos econômicos é absolutamente necessária para avaliar de forma eficiente as mudanças de uso da terra que serão causadas pela futura produção em larga escala de biocombustíveis.

"A análise econômica é imprescindível para a análise da mudança do uso da terra, porque não é possível explicar as causas e efeitos dessas mudanças sem considerar as alterações dos preços dos produtos em questão. Por outro lado, é preciso dispor de dados locais para alimentar os modelos econométricos. Se usarmos dados genéricos de organizações internacionais, teremos um número tão grande de hipóteses que dificilmente será possível estimar as mudanças no uso da terra", afirmou.

Sob coordenação de Nassar, o Icone desenvolveu um novo modelo econométrico que, ao contrário dos utilizados anteriormente, leva em conta a realidade brasileira no que diz respeito à modificação do uso da terra pelo aumento da demanda de produção de etanol.

O modelo demonstrou que o etanol brasileiro reduz as emissões de gases de efeito estufa em 61% - e não em 26%, como estabeleciam os cálculos anteriores -, convencendo a Agência Norte-Americana de Proteção Ambiental (EPA, na sigla em inglês) a reconsiderar sua avaliação sobre o etanol de cana-de-açúcar, classificando o produto brasileiro como "biocombustível avançado".

A questão dos preços, segundo Nassar, é crucial. "No caso do Brasil, a discussão sobre o impacto do aumento de produção de biocombustíveis sobre a disponibilidade de alimentos, em longo prazo, não é tão importante como parece, porque mesmo que haja substituição do uso da terra há ainda disponibilidade de terras agricultáveis e a produção de alimentos pode ser transferida. O verdadeiro problema nessa questão são os efeitos de curto prazo dessa dinâmica, decorrentes dos preços."

De acordo com Nassar, para que os modelos sejam bem-sucedidos, é preciso combinar a análise econômica a dados geoespaciais. "Construir um modelo não é tão difícil - com uma equipe de quatro pessoas conseguimos fazer em apenas dois anos um modelo bem-sucedido", disse.

"O mais difícil é conseguir os dados para explicar os padrões de mudanças do uso da terra. O principal desafio é que não se pode usar dados globais. E fazer isso em nível nacional exige grande esforço, com uso de imagens de satélite e informações georreferenciadas", afirmou.

Leia um relatório interessante da FGV sobre o tópico aqui.