A cineasta Iara Lee, única brasileira a bordo da “Flotilha da Liberdade”, descreveu sua experiência durante a abordagem da Marinha israelense, em texto publicado pela Folha. Sem ter visto o confronto, ela fez suas deduções como se a tudo tivesse testemunhado. “Ouvi tiros e temi pela vida dos meus companheiros de viagem. Mais tarde vi os corpos sendo carregados para dentro. Podia esperar que os soldados atirassem para o ar, ou nas pernas das pessoas, mas em vez disso vi que tinham atirado para matar.”
A frase mostra que ela não viu os soldados atirando, apenas ouviu. Em seguida, viu os corpos de seus “companheiros” sendo carregados. Isso foi o suficiente para que ela denunciasse, com a firmeza de quem assistiu a tudo: “Vi que (os soldados) tinham atirado para matar”. O problema é que Iara Lee não viu nada, como ela mesma admite. Não viu, por exemplo, soldados israelenses sendo espancados e esfaqueados. Ela apenas ouviu tiros e tirou suas conclusões, contaminadas por sua militância. A equação, para ela, era simples: soldados israelenses + tiros + corpos de pacifistas desarmados = massacre premeditado.
Como cineasta, ofício em que a imagem é tudo, Iara Lee deveria saber bem a diferença entre ver e não ver alguma coisa. Para ela, porém, parece que basta acreditar em algo para que isso se torne verdade. Resta só o trabalho de recolher “evidências” para fundamentar a crença.
De todo modo, pelo menos Iara Lee sobreviveu para contar o que acha que viu. Deu mais sorte que outro brasileiro, Giora Balash, assassinado pelo Hamas num atentado a bomba numa pizzaria em Jerusalém, em 2001. Balash não sobreviveu para contar o que efetivamente viu: a cara do terror.
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