terça-feira, 8 de junho de 2010

Iara Lee e Giora Balash: dois brasileiros

por Marcos Guterman

Seção: América Latina

Oriente Médio

05.junho.2010 18:52:20

A cineasta Iara Lee, única brasileira a bordo da “Flotilha da Liberdade”, descreveu sua experiência durante a abordagem da Marinha israelense, em texto publicado pela Folha. Sem ter visto o confronto, ela fez suas deduções como se a tudo tivesse testemunhado. “Ouvi tiros e temi pela vida dos meus companheiros de viagem. Mais tarde vi os corpos sendo carregados para dentro. Podia esperar que os soldados atirassem para o ar, ou nas pernas das pessoas, mas em vez disso vi que tinham atirado para matar.”

A frase mostra que ela não viu os soldados atirando, apenas ouviu. Em seguida, viu os corpos de seus “companheiros” sendo carregados. Isso foi o suficiente para que ela denunciasse, com a firmeza de quem assistiu a tudo: “Vi que (os soldados) tinham atirado para matar”. O problema é que Iara Lee não viu nada, como ela mesma admite. Não viu, por exemplo, soldados israelenses sendo espancados e esfaqueados. Ela apenas ouviu tiros e tirou suas conclusões, contaminadas por sua militância. A equação, para ela, era simples: soldados israelenses + tiros + corpos de pacifistas desarmados = massacre premeditado.

Como cineasta, ofício em que a imagem é tudo, Iara Lee deveria saber bem a diferença entre ver e não ver alguma coisa. Para ela, porém, parece que basta acreditar em algo para que isso se torne verdade. Resta só o trabalho de recolher “evidências” para fundamentar a crença.

De todo modo, pelo menos Iara Lee sobreviveu para contar o que acha que viu. Deu mais sorte que outro brasileiro, Giora Balash, assassinado pelo Hamas num atentado a bomba numa pizzaria em Jerusalém, em 2001. Balash não sobreviveu para contar o que efetivamente viu: a cara do terror.

domingo, 6 de junho de 2010

Israel reitera bloqueio a Gaza e desvia navio de ajuda

AE-AP - Agência Estado

Israel reiterou o bloqueio do acesso à Faixa de Gaza ao interceptar neste sábado outro navio de ajuda e desviá-lo para o porto de Ashdod. A ação durou poucos minutos e transcorreu sem violência. Os 11 passageiros e oito membros da tripulação serão deportados. Entre eles, Mairead Corrigan, que ganhou o prêmio Nobel da Paz em 1976, e o ex-coordenador de ajuda humanitária das Nações Unidas no Iraque, Denis Halliday, estavam a bordo.

A operação ocorreu quase uma semana após Israel abordar agressivamente uma frota de seis embarcações, também em águas internacionais. No confronto, forças israelenses abriram fogo contra ativistas de um navio turco, matando nove deles. Um relatório preliminar da autópsia revelou que houve um total de 30 disparos. Dentre as vítimas, cinco levaram tiros na cabeça e nas costas e um foi baleado de perto, de acordo com o relatório. Israel informou que os militares agiram em defesa própria contra o que descreveu como extremistas islâmicos.

Contudo, o incidente causou muita indignação internacional e intensificou as exigências para que o país suspenda a obstrução que confina 1,5 milhão de palestinos a um espaço mínimo de terras.

Por enquanto, os confrontos em águas marítimas devem continuar. Os organizadores da frota interceptada hoje disseram que planejam despachar mais três embarcações nos próximos meses e que quatro capitães já se dispuseram a participar das missões. "O que Israel precisa entender é que não se consegue nada com força", disse Greta Berlin, do grupo cipriano Free Gaza, que enviou o último navio de ajuda, o "Rachel Corrie".

Israel disse que bloqueará qualquer tentativa de alcançar a Faixa de Gaza pelo mar, de modo a impedir a chegada de armamentos para os militantes do grupo islâmico Hamas. "Israel...não permitirá o estabelecimento de um porto iraniano em Gaza", afirmou o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.

Ao mesmo tempo, o país sinalizou neste sábado que considera aliviar o bloqueio, embora as autoridades não tenham fornecido detalhes sobre o assunto. Israel e Egito fecharam as fronteiras de Gaza, depois que o Hamas tomou o território do presidente palestino, Mahmoud Abbas, três anos atrás. As informações são da Associated Press.



Tráfico de drogas é fortemente retomado na Guiné-Bissau

O tráfico de drogas foi fortemente retomado na Guiné-Bissau, onde o comércio de cocaína ameaça desestabilizar ainda mais um país que se recupera do assassinato do presidente e da subsequente tentativa de golpe de Estado, disseram autoridades. No começo do ano passado, os traficantes pareciam ter abandonado a pequena nação africana, após a atenção internacional se concentrar na punição e começar a colaborar com o treinamento da polícia local. Dezenas de ilhas inabitadas serviram como depósitos convenientes para as drogas da América do Sul, que transitam anualmente pelo país no caminho para Europa e movimentaram mais de US$ 1 bilhão em 2009.

"O tráfico de drogas foi novamente retomado" na Guiné-Bissau, afirmou Alexandre Schmidt, representante regional do Escritório de Drogas e Crime das Nações Unidas na África Ocidental, nesta semana. Este é um fenômeno preocupante em um país onde o dinheiro da droga serve apenas para incentivar autoridades militares, que há muito têm o habito de destituir líderes eleitos, acrescentou ele.

No ano passado, o presidente e o diretor das forças armadas foram assassinados, crimes que mal parecem ter sido investigados. Apesar da bem sucedida eleição de Malam Bacai Sanha três meses atrás, o primeiro-ministro e o chefe do exército foram detidos em abril em uma nova tentativa de golpe. O premiê foi liberado, mas está fora do país há um mês.

Em meio ao caos político, a comunidade internacional estava treinando autoridades policiais para investigar o tráfico de drogas na Guiné-Bissau, dobrando o tamanho da força para 160 homens. Mas o alcance ainda é limitado e Schmidt disse que os traficantes voltaram por causa da impunidade. Ele teme que o país seja uma "narco-economia", o que envolve sérias implicações: "Toda a desestabilização do governo está relacionada às drogas." As informações são da Associated Press.

sábado, 5 de junho de 2010

Sharp Increase in Lethal Violence in Darfur

posted by Alex de Waal

May 2010 saw the largest number of recorded violent fatalities in Darfur since the arrival of UNAMID in January 2008. According to the figures compiled by the Joint Mission Analysis Centre (JMAC), there were 491 confirmed fatalities and 108 unconfirmed but very probable fatalities during the month, about five times higher than the average for the last year.

The reason for the increase in violence is fighting between JEM and the Sudan Armed Forces, which accounts for 440 deaths. At the time of the ceasefire agreement signed in N’djamena in February (and subsequently in Doha), JEM was required to relocate inside Darfur and joint Sudanese and Chadian forces began patrolling the border. A large and well-equipped JEM force established itself at Jebel Moon. The ceasefire lasted two months, and after it collapsed, with no additional progress in the Doha talks, the fighting rapidly resumed, alongside GoS efforts to prevent Khalil Ibrahim from returning to the field. Unwilling to fight defensively, JEM preferred to go on the offensive. It was forced out of Jebel Moon and instead dispersed across Darfur and into parts of Kordofan, taking the war to these areas. The largest number of clashes has been in south-east Darfur but JEM has also been active in the vicinity of al Fashir.

Reports indicate that JEM has made alliances, possibly tactical and operational, with the SLA in Jebel Marra and with disgruntled Arab groups.

JEM forces have also been responsible for an upsurge in carjacking, capturing 13 vehicles. Among them were UNAMID supply trucks carrying fuel and other provisions. Cut off from its Chadian supply base, JEM is now resupplying itself from whatever resources it can find in Darfur and Kordofan, and UNAMID supplies are an attractive target.

Even without this, May would have been an above-average month for lethal violence, because of an increase in inter-tribal fighting in West Darfur, which caused 119 fatalities (monthly total for inter-tribal fighting: 126). The previous two months have actually seen even higher levels of inter-tribal violence, including fighting in the Kass-Jebel Marra area between the Missiriya and Nuwaiba Arab tribes. The repercussions of the collapse of the Suq al Mawasir pyramid scheme in al Fashir also have security repercussions, first in that the angry defrauded investors have been mobilizing to make their case to the authorities, and second in that commanders of armed groups had been profiting from the scheme and are now left without that source of easy income.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

5 BEST STORIES YOU MIGHT HAVE MISSED THIS WEEK

Posted by Laura Heaton for ENOUGH

Here at Enough, we often swap emails with interesting articles and feature stories that we come across in our favorite publications and on our favorite websites. We wanted to share some of these stories with you as part of our effort to keep you up to date on what you need to know in the world of anti-genocide and crimes against humanity work.

In a counter-intuitive move, the Sudanese government ordered the country’s main daily newspapers to print additional pages in each issue. Sudan is notorious for its lack of press freedom, so what’s the deal? One conclusion journalists in Sudan are drawing, according to Alsanosi Ahmed in a blog post for the LATimes: the government is trying to boost the revenue for the printing houses, many of which are owned by wealthy Sudanese businessmen with ties to the ruling party.

Marking the passage of the LRA bill in the U.S. Congress, a group of human rights defenders from northeastern Congo sent a direct appeal to President Obama (via Human Rights Watch) for attention to mounting LRA violence. The authors bravely included their individual names, making a personalized and powerful plea: “Your Excellency, this letter is a cry for help. We know the goodness of your heart and we know that you alone can bring a concrete, rapid and decisive response before our women and children are wiped out.”

Jason Stearns relays some interesting insights about Congolese and Rwandan intelligence agencies, particularly in the role they may have played in the assassination of Congo’s previous president (and the father of the current), Laurent Kabila. Stearns also shares some amusing anecdotes about Congolese spooks he has met.

The new documentary Benda Bilili! got rave reviews at Cannes this year, and BBC arts editor Will Gompertz’s take is particularly colorful. The film tells the story of a group of musicians in Kinshasa called Staff Benda Bilili, which means ‘beyond appearances.’ The band’s original members are paraplegic street musicians, who are joined by two young boys who play the drums and a homemade instrument fashioned from a tin can, a stick, and string. (No word yet on wider distribution, but here’s an audio clip from the band’s appearance on NPR last year.)

NBC’s Ann Curry interviewed actor Ben Affleck about his new organization in eastern Congo that will seek out and support local organizations. Affleck seems to be on point with his idea of empowering people who are already in the region doing great work, and he makes some earnest remarks about how he wishes that he had gotten involved in this work years ago.